Anais do I Congresso Nacional de
Pesquisas sobre a Amazônia
A contribuição da Pós-Graduação Brasileira para a
emergência climática e o futuro da região
4 a 8 de novembro de 2024
Organizadores
Edinaldo Nelson dos Santos Silva
Maiby Glorize da Silva Bandeira
Layon Oreste Demarchi
Giselle Moura Guimarães Marques
Bruno Corrêa Barbosa
Diagramação e Editoração
Maiby Glorize da Silva Bandeira
Bruno Corrêa Barbosa
Capa
Ana Flávia Brito
Manaus, AM
2024
Tropical Diversity, 4 (Suplemento): 2-238, 2024
ISSN: 2596-2388
DOI: 10.5281/zenodo.14238836
Ficha catalográfica
*Os autores são responsáveis por todo o conteúdo contido nos respectivos resumos
*A revisão textual é de responsabilidade dos autores
S854c I Congresso Nacional de Pesquisas sobre a Amazônia
(2024: Manaus, AM) Anais do I Congresso Nacional de
Pesquisas sobre a Amazônia: a contribuição da Pós-
Graduação Brasileira para a emergência climática e o
futuro da região / Edinaldo Nelson dos Santos Silva,
Beatriz Ronchi Teles, Maiby Glorize da Silva Bandeira,
Layon Oreste Demarchi, Giselle Moura Guimarães
Marques, Bruno Corrêa Barbosa (organizadores).
Manaus: Centro Cultural dos Povos da Amazônia,
2024.
235 p.
Edição Digital
ISSN: 2596-2388
DOI: 10.5281/zenodo.14238836
1. Amazônia Pesquisas. 2. Pós-graduação Brasil.
3. Mudanças climáticas. 4. Biodiversidade e Ecossistemas. 5.
Conservação ambiental. 6. Agricultura sustentável. 7. Gestão de
recursos naturais. I. Título.
CDD 630.8, 333.7, 551.6
APRESENTAÇÃO
Apresentamos o I Congresso Nacional de Pesquisas sobre a Amazônia (I
CNPA), realizado este ano na cidade de Manaus, Amazonas. Idealizado e
organizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI), o
congresso foi concebido para integrar trabalhos e discussões sobre pesquisas
em andamento e definir medidas necessárias para enfrentar os complexos
desafios das mudanças climáticas com foco na região Amazônica.
O evento ofereceu uma plataforma para estudantes de todos os níveis,
cientistas, legisladores, e representantes de comunidades tradicionais e
indígenas analisarem coletivamente as evidências dos mais recentes estudos
sobre a Amazônia. Ao promover o diálogo e colaborações interdisciplinares, o
congresso torna-se um ponto central para a geração de soluções inovadoras e
planos de ação para minimizar os riscos futuros.
O congresso contou com a participação de 33 pesquisadores de 10
instituições, entre elas IDSM, IJU, INPA, JBRJ, OCA, UEA, UFAM, UFPA, UFRR,
UFSC, UNB e USP, além de representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação (MCTI). Ao todo, o evento contou com a participação de 415
congressistas provenientes de 51 instituições, distribuídas em 12 estados e no
Distrito Federal, que apresentaram mais de 220 trabalhos.
A abertura contou com palestras de renomados cientistas, ambientalistas
e líderes de pesquisa, que compartilharam suas perspectivas, experiências e
visões para uma Amazônia sustentável. As sessões plenárias incluíram painéis
de discussão e mesas-redondas dedicadas a áreas temáticas específicas,
proporcionando aos participantes oportunidades para debates enriquecedores,
troca de experiências e co-criação de estratégias viáveis.
O evento facilitou discussões sobre as incertezas que envolvem a
dinâmica futura da Amazônia. Ao combinar conhecimentos científicos, saberes
tradicionais e o envolvimento comunitário, os participantes puderam
desenvolver estratégias colaborativas para reduzir os impactos ambientais
previstos para a região.
Comissão Organizadora do
I Congresso Nacional de Pesquisas
sobre a Amazônia
Edinaldo Nelson dos Santos Silva (Coordenação de Capacitação – INPA)
Beatriz Ronchi Teles (COBIO – INPA)
Amanda Karla de Souza Monteiro (PPG BADPI – INPA)
Ana Clara Carvalho da Silva (Faculdade Estácio do Amazonas –
PIBIC/PAIC/INPA)
Ândrocles Oliveira Borges (PPG BADPI – INPA)
Bruno Corrêa Barbosa (COBIO – INPA)
Charles Eugene Zartman (PPG Botânica – INPA)
Daniel da Silva (PPG CFT – INPA)
Daniel Vitor Santos Soares (PPG BADPI – INPA)
Emily Lyn leal de Oliveira (Universidade Nilton Lins – PIBIC/PAIC/INPA)
Giselle Moura Guimarães Marques (PPG BADPI – INPA)
Itanna Oliveira Fernandes (PPG Entomologia – INPA)
Layon Oreste Demarchi (PPG Botânica – INPA)
Lídia Aguiar da Silva Borges (PPG BADPI – INPA)
Luana Machado Barros (PPG Entomologia – INPA)
Maiby Glorize da Silva Bandeira (PPG BADPI – INPA)
Matheus da Silva (PPG BADPI – INPA)
Renan Gomes do Nascimento (PPG BADPI – INPA)
Tatiane Tagliatti Maciel (COBIO – INPA)
Waldir Heinrichs Caldas (PPG GCBEV – INPA)
Comitê Científico do
I Congresso Nacional de Pesquisas
sobre a Amazônia
Aline Correa de Sousa (INPA)
Ândrocles Oliveira Borges (INPA)
Beatriz Ronchi Teles (INPA)
Bruna Mendel (UFRR)
Charles Eugene Zartman (INPA)
Clarissa Alves da Rosa (INPA)
Daniel da Silva (INPA)
Daniela Bôlla (INPA)
Edinaldo Nelson dos Santos Silva (INPA)
Giselle Moura Guimarães Marques (INPA)
Izabela Aleixo (INPA)
Kely da Silva Cruz (INPA)
Layon Oreste Demarchi (INPA)
Lídia Aguiar da Silva Borges (INPA)
Luana Machado Barros (INPA)
Maria Fabiele Silva Oliveira (INPA)
Maiby Glorize da Silva Bandeira (INPA)
Raize Castro Mendes (INPA)
Ricardo de Oliveira Perdiz (UFRR)
REALIZAÇÃO
FINANCIAMENTO
PATROCÍNIO
APOIO
GENÔMICA E PROSPECÇÃO DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS DE TRICHODERMA
TM8 UMA LINHAGEM RARA ISOLADA DE SEDIMENTOS DO RIO JURUÁ
Joelma dos Santos Fernandes1,2; Claudia Afras de Queiroz1,2; Lucas do Nascimento de Almeida1; Samara Ferreira
Santos1,2; Annie de Souza da Silva1,2; Rogério Eiji Hanada1; Gilvan Ferreira da Silva2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido
(PPG-ATU), Manaus, AM; 2Embrapa Amazônia Ocidental (CPAA), Manaus, AM.
E-mail: jsan.fernandes@gmail.com
Palavras-chave: BGCs, Bioprospecção, Mineração genômica, Sideróforo.
Apoio: FAPEAM - POSGRAD 2023/2024 e PROSPAM, CAPES, COCAP/INPA, CNPq, PPG-ATU,
Embrapa Amazônia Ocidental (CPAA).
O gênero Trichoderma é amplamente utilizado na agricultura devido às suas propriedades como agente de
biocontrole e promotor de crescimento vegetal. Recentemente, vários isolados de Trichoderma foram obtidos
de sedimentos de diferentes rios da bacia amazônica. Dentre estes, destaca-se o isolado TM8 (INPA0108),
identificado como Trichoderma cyanodichotomum, uma espécie rara previamente isolada apenas na China
em 2018, com capacidade de biocontrole contra Pythium aphanidermatum. Este estudo representa o primeiro
relato de T. cyanodichotomum no Brasil, ampliando significativamente sua distribuição geográfica
conhecida. Este trabalho teve como objetivo realizar a bioprospecção de vias de síntese relacionadas à
produção de metabólitos secundários a partir do genoma completo do isolado TM8. O genoma foi
sequenciado utilizando a plataforma Illumina com paired-end de 2x150pb e montado com SPAdes. A análise
de mineração genômica foi realizada por meio da plataforma fungiSMASH 7.0.1. Para confirmação da
síntese de sideróforo, a análise qualitativa in vitro foi realizada por meio do cultivo em ágar CAS. Foram
identificados 34 clusters de genes biossintéticos (BGCs), sendo 8 da classe dos Terpenos, 11 policetídeo
sintase do tipo 1 (T1-PKS), 10 peptídeos sintase não ribossomais (NRPS), 3 PKS-NRPS, e 2 RiPP
(Ribosomally Synthesized and Post-translationally Modified Peptides). Dos onze BGCs de T1-PKS, três
apresentaram 100% de similaridade com BGCs relacionados à síntese de trichoxide, micotoxina altenariol
(AOH) e ácido clavárico. Trichoxide possui atividade antifúngica contra Saccharomyces cerevisiae e
Candida albicans, enquanto o ácido clavárico é conhecido por suas propriedades antitumorais. Os demais
BGCs desta classe de PKS e de outras classes apresentaram menor similaridade com BGCs identificados em
outras espécies de fungos, apresentando vias de síntese não esclarecidas com indicação de possíveis novas
biomoléculas. Na classe dos NRPS, foi identificado um BGC relacionado à síntese de seis diferentes
sideróforos coprogênicos, incluindo metaquelina A-C e ácidos dimerúmicos. A presença de um cluster
gênico com 100% de similaridade sugere que TM8 possui toda a maquinaria para síntese desses compostos.
A produção de sideróforo in vitro foi confirmada neste estudo. A ntese de sideróforos é considerada
comum em Trichoderma spp., característica que favorece as espécies na aquisição de ferro, fator importante
no processo de competição entre microrganismos, especialmente na rizosfera. Estes achados destacam o
potencial desta espécie rara como fonte de compostos bioativos, enfatizando a importância de explorar a
diversidade microbiana em ecossistemas únicos como a Amazônia para aplicações biotecnológicas. Este
estudo não apenas revela o potencial biotecnológico de T. cyanodichotomum, mas também ressalta a
importância da conservação e exploração responsável da biodiversidade amazônica. As vias biossintéticas
identificadas abrem perspectivas para o desenvolvimento de novos bioprodutos com aplicações na
agricultura sustentável e na indústria farmacêutica.
Trichoderma agriamazonicum: ESPÉCIE AMAZÔNICA
COM POTENCIAL MULTIFACETADO PARA BIOCONTROLE E PROMOÇÃO DE
CRESCIMENTO EM TOMATEIROS
Joelma dos Santos Fernandes1,2; Claudia Afras de Queiroz1,2; Gerodes Vasconcelos da Costa1,2; Lucas do Nascimento de
Almeida1; Samara Ferreira Santos1,2; Annie de Souza da Silva1,2; Rogério Eiji Hanada1; Gilvan Ferreira da Silva2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido
(PPG-ATU), Manaus, AM; 2Embrapa Amazônia Ocidental (CPAA), Manaus, AM.
E-mail: jsan.fernandes@gmail.com
Palavras-chave: BGCs, Bioprospecção, Sideróforos.
Apoio: FAPEAM - POSGRAD 2023/2024 e PROSPAM, CAPES, COCAP/INPA, CNPq, PPG-ATU,
Embrapa Amazônia OcidOs fungos do gênero Trichoderma são conhecidos por sua versatilidade ecológica,
podendo ser encontrados como saprófitos no solo, endófitos em tecidos vegetais, ou como micoparasitas de
outros fungos. Especificamente como endófitos, estes fungos podem sobreviver em várias espécies vegetais,
podendo produzir substâncias que auxiliam a planta, tanto no controle de fitopatógenos por meio do
micoparasitismo e antagonismo, quanto na promoção de crescimento vegetal, aumentando a absorção de
nutrientes e melhorando a produtividade no campo. Trichoderma agriamazonicum (T. F. Sousa & G. F.
Silva) é uma espécie amazônica recentemente descrita, isolada como endófito de Scleronema micranthum,
uma planta nativa da Amazônia. Esta espécie de Trichoderma apresenta potencial para o biocontrole por
meio da produção de compostos voláteis, micoparasitismo e produção de metabólitos secundários. O
presente trabalho teve como objetivo avaliar a habilidade de T. agriamazonicum na promoção de crescimento
vegetal em tomateiros e realizar mineração genômica visando à identificação de vias de biossíntese de
metabólitos secundários. Para avaliar a promoção de crescimento em casa de vegetação, tomateiros
variedade Yoshimatsu com 20 cm de comprimento foram inoculados com 5 mL de suspensão de 106
conídios/mL, o experimento foi realizado em blocos casualizados. A análise estatística foi realizada por meio
do teste de Tukey. A mineração genômica foi realizada por meio da plataforma fungiSMASH 7.0.1, e a
detecção qualitativa de sideróforos foi obtida in vitro por meio do cultivo em ágar CAS. A mineração
genômica permitiu a identificação de 35 clusters de genes biossintéticos (BGCs), dos quais 14 estão
relacionados a policetídeos sintase do tipo 1 (T1-PKS), 6 são terpenos, 10 peptídeos não ribossomais
(NRPS), 3 híbridos PKS-NRPS, 1 RiPP (Ribosomally Synthesized and Post-translationally Modified
Peptides) e 1 classificado como outros, que inclui tipos raros de BGC. Dentre os BGCs observados, um
apresentou similaridade de 62% com um cluster da classe NRPS, identificado em outras espécies de
fungos para a síntese de sideróforos como coprogênios e ácidos dimerúmicos, a síntese de sideróforo foi
confirmada in vitro. Na análise da promoção de crescimento, foi observada a influência do T.
agriamazonicum (INPA 2475) na promoção do crescimento de tomateiro, com média de massa fresca e seca
das partes aéreas diferindo significativamente das testemunhas após 60 dias de inoculação. O
desenvolvimento das partes aéreas das mudas de tomate inoculadas apresentou média de 1,74 m nas mudas
inoculas, com excelente desenvolvimento dos ramos foliares, e 1,22 m nas mudas testemunhas. Foi
comprovada também uma expressiva diferença no peso da massa fresca comparada às plantas controle, com
média de 38,67g e 18,07 g, respectivamente, e da massa seca de 13,50 g nas mudas inoculadas e 10,10 g nas
mudas testemunhas. Os resultados mostraram o potencial desta nova espécie de Trichoderma isolada de
ambiente amazônico para aplicação no biocontrole e na promoção de crescimento de plantas de interesse
para a região, além de demonstrarem que as tecnologias de análise genômica são ferramentas valiosíssimas
no avanço das pesquisas.ental (CPAA).
MORFOLOGIA DE FRUTOS, SEMENTES E PLÂNTULAS DE Tachigali hypoleuca
(BENTH.) ZARUCCHI & HEREND. (FABACEAE)
Fernanda Siza Amaral1; Angela Maria Imakawa2; Maria Anália Duarte de Souza3;
Maria da Glória Gonçalves de Melo2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
2Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, AM. 3Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM.
E-mail: amaralfsiza@gmail.com
Tachigali hypoleuca (Benth.) Zarucchi & Herend, é uma espécie de ampla distribuição e ocorre em áreas
úmidas da Amazônia. Os estudos de morfologia de frutos, sementes e plântulas, auxiliam no entendimento
dos processos ecológicos, estudos taxonômicos e em programas de regeneração florestal. Este trabalho teve
como objetivo descrever a morfologia dos frutos, sementes e plântula de T. hypoleuca, obtidos de matrizes
localizadas no Baixo curso da Bacia Hidrográfica do rio Tarumã-Açu, Manaus-AM. Os frutos foram
coletados em fevereiro de 2024, diretamente da árvore em estádio de maturação fisiológica, acondicionados
em sacos plásticos e direcionadas ao Laboratório de Propagação de Plantas e Recuperação de Áreas
Degradadas LABPRAD/EST-UEA. Utilizou-se 30 frutos e sementes para as determinações de peso fresco,
comprimento, largura, espessura, tipo, coloração e deiscência dos frutos. Para o teor de água utilizou-se cinco
sementes em quatro repetições, em estufa a 105°C, para obtenção da massa seca. O acompanhamento da
germinação e desenvolvimento das plântulas foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com 4
repetições de 25 sementes em viveiro coberto (50%), em bandejas plásticas, contendo substrato de areia e
vermiculita. Avaliou-se o IVE ndice de velocidade de emergência), tempo médio de germinação e
porcentagem de germinação. Os frutos apresentaram média de 51,04 mm de comprimento, 23,57 mm de
largura, 3,61 mm de espessura e 0,99 g de peso fresco, é do tipo criptossâmara, com formato fusiforme,
indeiscente, seco, com um epicarpo de cor marrom escuro que se desprende em placas, contém apenas uma
semente por fruto. As sementes o estenospérmicas, reniformes, lisas, brilhosas, de coloração verde,
tegumento rígido, e apresentam em média 14,12 mm de comprimento, 8,94 mm de largura, 1,87 mm de
espessura e peso de 0,17 g. A germinação é epígea fanerocotiledonar, com emissão do hipocótilo 15 dias
após a semeadura. A plântula formou-se aos 16 dias após a semeadura. O tempo médio de germinação é de
2,7 dias, o IVE de 0,3 e a porcentagem de germinação de 25% com teor de água da semente 51,27%. A
plântula apresenta raiz primária axial, de coloração marrom claro, coleto de coloração bege, hipocótilo
alongado, cotilédones foliáceos com formato reniforme, ápice arredondado e base cordata, epicótilo
herbáceo, de cor verde, liso com indumentos dourados. Os eófilos e protófilos são compostos bifolioladas,
de filotaxia alterna, com consistência papirácea, formato oval, ápice agudo e base assimétrica, face adaxial
com indumento dourado na nervura central e nas margens dos folíolos e face adaxial com indumento. Os
entrenós são verdes com indumento e os pecíolos possuem estípulas na base. O teor de água (51,27%),
sugere que a semente é recalcitrante. Sementes com 1 cm ou menores, em sua maioria, apresentam
germinação do tipo epígea, isso pode estar relacionada com a dispersão onde sementes menores são dispersas
por distâncias maiores, podendo chegar em locais com maior incidência de luz onde seria mais vantajosa.
Palavras-chave: Áreas alagadas, Germinação, Igapó.
Apoio: CAPES, INPA, UEA.
ANÁLISE DE SETORES DE RISCO HIDROLÓGICO NO SÍTIO URBANO DE MANAUS-
AM
Pedro Henrique de Sousa Pereira1; Rogério Ribeiro Marinho2
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Graduando em Geografia, Manaus, AM.
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Docente do Departamento de Geografia, Manaus, AM.
E-mail: phenriquesousa.pe@gmail.com
Episódios de inundações em áreas urbanas estão frequentemente associados ao crescimento desordenado das
cidades e a intervenções antrópicas no meio físico, como ocupações nas margens de canais fluviais e
alterações dos canais de drenagem (como canalização e retificação). A cidade de Manaus enfrenta esse
problema, com a ocorrência de inundações em diversos pontos ao longo dos anos, acompanhando seu
crescimento urbano. O presente trabalho tem como objetivo analisar a dinâmica espaço-temporal das
ocorrências de inundações na área urbana de Manaus. Para alcançar esse objetivo, foi realizada uma análise
dos registros de ocorrências da Defesa Civil de Manaus, entre 2010 e 2022, que possibilitou identificar o tipo
de ocorrência (inundação, deslizamento etc.) e a data de ocorrência. Os dados dos setores de risco de
inundação foram obtidos junto ao Serviço Geológico do Brasil (SGB), conforme o mapeamento de áreas de
risco realizado em 2019. Este conjunto de dados foi analisado em Sistemas de Informações Geográficas
(SIG) para determinar o número de setores de risco de inundação mapeados, sobrepondo-os aos limites das
bacias hidrográficas da cidade de Manaus. Os resultados indicam que o bairro Mauazinho foi o mais afetado
por inundações em 2010 e 2020, com oito ocorrências registradas especialmente entre 2010 e 2012. Estes
eventos ocorreram predominantemente entre janeiro e março, período de elevados índices pluviométricos na
região. As observações sugerem que a densa ocupação urbana das margens dos cursos d’água no entorno
aumenta o risco do bairro a eventos hidrológicos relacionados à inundação, alagamento e enxurrada. Em
relação ao número de setores de risco à inundação por bacia hidrográfica, observou-se que a bacia do Igarapé
do Mindú possui o maior número de setores de risco, totalizando 136. Essa concentração pode ser explicada
pela sua vasta extensão geográfica, a maior área de drenagem no espaço urbano de Manaus, bem como pela
densa ocupação das margens dos seus cursos d’água. Os resultados evidenciam a dinâmica espaço-temporal
das inundações em Manaus, destacando o bairro Mauazinho (Zona Leste) e a bacia do Igarapé do Mindú
(Zonas Norte, Leste e Centro-Sul) como os ambientes de maior risco a desastres relacionados a eventos
hidrológicos extremos. O risco desses ambientes está associado à alta pluviosidade sazonal e à densa
ocupação urbana dos cursos d’água.
Palavras-chave: Amazônia; Inundação; Risco de desastre.
Apoio: Financiamento de bolsa de iniciação científica pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). EDITAL N.º 004/2024 PEX-CT&I/FAPEAM. FIOTEC: Projeto
Fortalecimento de Políticas Públicas de Desastres.
LINHA DE CUIDADO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NO AMAZONAS:
ANÁLISE DO RASTREIO, MONITORAMENTO E MORTALIDADE ENTRE 2018 E 2023
Vinícius Leír Bastos Freitas1; Leidiane Pereira da Silva1; Isabella Christine Lima Maia Lira1; Thais Tibery Espir1;
Vanessa Christina Costa Da Silva1
1Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Faculdade de Medicina, Manaus, AM.
E-mail: vinicius.freitas@ufam.edu.br
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) se caracteriza pelo aumento crônico da pressão arterial e vem
ganhando evidência nos últimos anos, devido à crescente de casos de obesidade e ao envelhecimento da
população. Uma das principais estratégias de prevenção da HAS é o seu rastreamento precoce, seguido pelo
tratamento e monitorização constante. Nesse sentido, a linha de cuidado de HAS age ampliando o acesso da
população aos serviços de Atenção Primária (AP) e minimizando o aumento do número de óbitos por
doenças cardiovasculares. Esse trabalho objetiva analisar a linha de cuidado da HAS no Amazonas entre
2018 e 2023, enfatizando o rastreio, monitoramento e mortalidade. Para tal fim, foram utilizados dados
secundários do Datasus-Tabnet e do IBGE, que foram analisados e agrupados em tabelas e gráficos. As taxas
de rastreio da HAS no estado encontram-se muito longe do esperado, correspondendo 51,86% do necessário,
e com melhora significativa apenas entre os anos de 2022 e 2023 (29,09%). O mesmo acontece com os
indicadores de monitoramento, que tiveram um grande salto desde 2018, mas somente conseguiram atingir
40% no final do ano de 2023. Isso se deve às barreiras observadas na longitudinalidade e na coordenação do
cuidado, que dificultam o funcionamento eficiente do sistema de saúde e impedem que a AP garanta seu
caráter preventivo. Nem a melhora recente do rastreio e nem do monitoramento foram suficientes para
reduzir a prevalência de mortes relacionada a causas cardiovasculares e do aparelho circulatório na
população amazonense, que foram crescentes desde 2018, chegando a 98,34/100.000 habitantes, seguindo
uma tendência mundial e nacional. O Índice de Mortalidade por Doenças no Aparelho Circulatório, que se
encontrava baixo durante a pandemia de COVID-19, superou números anteriores a esse período, mostrando a
influência nesse evento no padrão de mortalidade no estado. Portanto, apesar das melhoras recentes, fica
claro o longo caminho que ainda deve-se percorrer para enfrentar as deficiências da AP em relação ao
controle da HAS no estado do Amazonas. Para tanto, sugere-se o fortalecimento e restruturação do Sistema
Único de Saúde e da AP considerando as particularidades ambientais e sociais do estado. Também se aponta
para institucionalização de uma Linha de Cuidado da Hipertensão Arterial no Adulto com estratégias que se
adequem à realidade local, promovendo maior dinamicidade ao rastreio e monitoramento do agravo no
estado, impendido o óbito como desfecho. Por fim, ressalta-se a importância da educação continuada e da
implementação e desenvolvimento de novas tecnologias em saúde como saída para suplantar o atual
empasse.
Palavras-chave: Atenção primária, Doença crônica, Indicadores, Pressão arterial.
HUMAITÁ AM E A NOVA FRONTEIRA AGROPECUÁRIA DA AMAZÔNIA
Matheus Mendes Nina¹, Valéria Fernanda da Silva Martins², Viviane Vidal da Silva¹
¹Universidade Federal do Amazonas, Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA), Humaitá.
²Universidade Federal do Amazonas, Programa de Pós-graduação em Zoologia (PPGZOO), Manaus.
E-mail: matheusmn888@gmail.com
A Amazônia, que representa mais de 30% das florestas tropicais do mundo e abriga mais da metade da
biodiversidade global, desempenha um papel crucial na manutenção dos ecossistemas terrestres, fornecendo
uma vasta gama de serviços ambientais essenciais para a subsistência humana. A complexidade das causas
do desmatamento na Amazônia é destacada por Diniz et al. (2009), que classifica as causas em três grandes
grupos: a expansão da agricultura, a extração de madeira e a expansão da infraestrutura; forças subjacentes
como fatores demográficos, econômicos, institucionais e culturais; e um terceiro grupo de fatores
heterogêneos. Em agosto de 2021, o estado do Amazonas foi o segundo que mais desmatou na Amazônia,
com 1.336,76 km² de floresta derrubada, destacando-se quatro municípios amazonenses entre os dez que
mais desmatam: Lábrea, Apuí, Novo Aripuanã e Humaitá, todos localizados no sul do estado. O estudo sobre
o desmatamento deve ser abordado de maneira holística, considerando não apenas os aspectos ambientais,
mas também as dinâmicas políticas, sociais, culturais e econômicas. Nesse contexto, a pesquisa em questão
visa caracterizar o município de Humaitá, no Amazonas, no contexto da nova fronteira agropecuária da
região. A pesquisa adota uma abordagem metodológica tanto qualitativa quanto quantitativa, utilizando
dados de diversas fontes, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), e o Banco Central do Brasil (BCB), entre outros. A análise se concentra no
período de 2009 a 2023, buscando correlacionar o desmatamento com outras variáveis econômicas e sociais.
Metodologicamente, a pesquisa se baseia em procedimentos documentais e bibliográficos, com foco na
análise de dados sobre desmatamento e índices socioeconômicos da região. A Análise de Componentes
Principais (PCA) será utilizada para identificar as relações entre as variáveis e simplificar a interpretação dos
dados. Este método, amplamente empregado em estudos sobre a Amazônia, permite entender a estrutura de
covariância entre as variáveis, reduzindo a dimensão original dos dados e facilitando a compreensão das
dinâmicas territoriais. A pesquisa revela que o desmatamento na Amazônia segue um padrão de degradação,
começando com a exploração madeireira ilegal, seguida pela abertura de estradas e queimadas, culminando
na conversão da floresta em áreas agrícolas e de pastagem. A conclusão da recuperação da BR-319, que liga
Porto Velho a Humaitá, é apontada como um fator que contribui para a expansão econômica e o aumento do
desmatamento na região. A análise também sugere uma mudança na dinâmica econômica de Humaitá, com
um aumento significativo nos investimentos na agricultura e pecuária, especialmente após 2020. Além disso,
a pesquisa identifica uma relação direta entre o desmatamento e variáveis econômicas, como o investimento
na agricultura, na pecuária e o preço da arroba bovina, enquanto a extração de madeira não está diretamente
associada à taxa de desmatamento, sugerindo a prevalência de práticas ilegais na exploração madeireira. A
análise preliminar conclui que o desmatamento na região pode ser um indicador útil para estudos futuros,
permitindo relacionar outros aspectos econômicos e sociais às dinâmicas de ocupação territorial na
Amazônia.
Palavras-chave: Sociedades Amazônicas; Desmatamento; Políticas ambientais; Sustentabilidade.
Apoio: A Universidade Federal do Amazonas – UFAM e ao Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente
IEAA pelo apoio logístico e estrutural; e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
FAPEAM pelo apoio financeiro por meio da concessão da bolsa de mestrado.
PRODUÇÃO LOCAL DE ABSORVENTES SUSTENTÁVEIS NA COMUNIDADE
INDÍGENA SOROCAIMA-I EM RORAIMA
Noemi Franco1
1 Universidade Federal de Roraima (UFRR), Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena.
E-mail: nalvesfranco@gmail.com
A educação ambiental é tida como uma possível solução para inúmeros problemas socioambientais. A
produção local de absorventes sustentáveis na comunidade Indígena sorocaima-I, surge como uma proposta à
crescente preocupação ambiental e à necessidade de alternativas à indústria tradicional de produtos de
higiene feminina. Este trabalho tem como objetivo principal desenvolver e implementar uma metodologia de
produção de absorventes reutilizáveis, promovendo a autonomia das mulheres na comunidade e reduzindo o
impacto ambiental dos resíduos gerados por absorvente descartáveis. Os métodos utilizados envolveram uma
abordagem participativa com a colaboração das moradoras da comunidade. As etapas incluíram a realização
de oficinas de capacitação, onde foram ensinadas técnicas de confecção de absorventes utilizando materiais
sustentáveis, como algodão orgânico e tecidos reutilizáveis. Amostra incluiu 30 mulheres da comunidade,
que participaram ativamente do processo, desde a escolha dos materiais até a produção final dos absorventes.
As técnicas empregadas foram baseadas em princípios de costura manual e design sustentável. Os principais
resultados mostraram que, além da redução do custo com produtos de higiene, as participantes relataram um
aumento na conscientização sobre questões ambientais e de saúde. A produção local também gerou um
sentimento de empoderamento entre as mulheres, que passaram a ver a possibilidade de gerar renda a partir
dessa atividade. Ao final do projeto, foram produzidos 200 absorventes, que foram distribuídas entre os
participantes e seus familiares. As conclusões indicam que a iniciativa não apenas atendeu os objetivos de
promover a sustentabilidade, mas também fortaleceu os laços comunitários e a autoestima das mulheres
envolvidas. A experiência demonstrou que a produção local de absorvente sustentáveis pode ser uma
estratégia eficaz para enfrentar questões sociais e ambientais, promovendo a saúde e o bem-estar da
comunidade Indígena Sorocaima-I.
Palavras-chave: Absorventes Sustentáveis; Comunidade Indígena; Educação ambiental, Empoderamento
Feminino.
DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA COMUNIDADE
MANGUEIRA EM AMAJARI RORAIMA
Elessandro dos Santos Pinto1, Mariana Souza da Cunha2
1Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena/ UFRR
E-mail: elessandrosantos456@gmail.com
No contexto atual, nós povos indígenas em sua grande maioria somos detentores de conhecimentos próprios
da natureza, temos uma relação direta com os recursos naturais, muitas vezes dependemos diretamente desse
recurso para nossa sobrevivência, principalmente os povos com menor contato. No entanto, a população das
comunidades cresceu, com isso a demanda por recursos tem sido maior, assim como a degradação dos
recursos naturais também. Mas é importante ressaltar que essa degradação ainda é proporcionalmente menor
que as ações predadoras que o agronegócio, o garimpo e outros. O objetivo deste trabalho é apresentar um
diagnóstico das problemáticas vivenciadas em comunidades e terras indígenas que tem sofrido pelo mal uso
dos recursos naturais, assim como as alternativas para minimizar tais impactos. A metodologia baseou-se em
leituras de textos, aulas de campo, diálogo com os moradores, assim como visitas de fiscalização das matas,
lavrados e demais área da comunidade. Os principais resultados desta pesquisa nos proporcionaram um
melhor conhecimento da nossa área, pois desenvolvemos o PGTA (Plano de Gestão Territorial Ambiental
Indígena) como forma de proteger o ambiente natural da comunidade, imagens e vídeos da degradação foram
gerados e são utilizados no combate a essa degradação. Os principais tipos de degradação constatada dentro
da área foram a mal utilização dos recursos naturais, encontramos uma grande quantidade de matas
derrubadas, madeiras na maioria de lei, bem como árvores centenárias que são destruídas cortadas ou
queimadas, sem contar com uma grande quantidade de lixo e material plástico exposto no meio ambiente,
como recipientes de óleo, sacolas plásticas, garrafas pets, onde muitos desses materiais levam cerca de até
cem anos para se decompor no meio ambiente. Foram realizadas cinco visitas nos locais e observamos que a
degradação e poluição são contínuas por parte de uma pequena minoria da comunidade, que fazem a retirada
ilegal das madeiras para vender para os fazendeiros que estão no entorno da comunidade. Essa ação
predatória provoca não o desmatamento, mas contribui com o aquecimento global, além das queimadas
nos pastos, no revolvimento do solo quando se introduz a monocultura de soja e milho, assim como a
pecuária que é desenvolvida sem nenhum manejo no lavrado (Savanas). Além disso, mas em menor
proporção, os povos indígenas ainda utilizam o fogo para limpeza da roça, que acaba se alastrando e
destruindo os diferentes ecossistemas da comunidade, causando danos irreparáveis para flora e fauna. No
geral, esse diagnóstico gerou imagens e vestígios da destruição e poluição do meio ambiente da nossa
localidade e precisamos tomar decisões sérias de forma coletiva para que essas ações predatórias não venham
prejudicar ainda mais o ambiente natural da comunidade. Trabalhamos a conscientização ambiental,
produzimos material didático para ajudar nesse processo, assim como, realizamos ações pontuais de
educação ambiental como forma de combater ou minimizar esses impactos, além do mais tentamos seguir o
Plano de Gestão Territorial e Ambiental que atualmente se chama plano de vida dos povos indígenas.
Palavras-chave: Comunidade Indígena; Desmatamento; Diagnóstico Ambiental; Meio ambiente; Poluição
ambiental.
Apoio: coordenação local do (PGTAI), Preve fogo, Defesa civil municipal.
CARACTERÍSTICAS FENOLÓGICAS DE SEIS ESPÉCIES DE FABACEAE DA
VEGETAÇÃO RIPÁRIA DO BAIXO CURSO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
TARUMÃ-AÇU
Fernanda Siza Amaral1, Angela Maria Imakawa2, Maria Anália Duarte de Souza3,
Maria da Glória Gonçalves de Melo2.
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
2Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, AM. 3Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM.
E-mail: amaralfsiza@gmail.com
Os ciclos fenológicos de plantas tropicais são complexos, mas são importantes para o entendimento da
dinâmica dos ecossistemas florestais, já que os padrões fenológicos são influenciados por fatores bióticos e
abióticos. A vegetação ripária ocorre ao longo dos cursos de água e atua na estabilização do solo e fornece
abrigo e alimentos para a fauna. O Baixo Curso da Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu (BHRT)
caracteriza-se como um rio de água preta com vegetação ombrófila densa aluvial ou florestas de igapó, com
uma temperatura média de 27 oC, apresentando três meses de seca suave (julho, agosto, setembro), seis
meses de maior umidade, um período de cheia do rio (dezembro a maio) e dois meses de transição (junho e
outubro). A região vem sofrendo influências das ações antrópicas que impactam diretamente a vegetação
ripária. Fabaceae é a terceira maior família de angiospermas, com cerca de 727 gêneros e 19.327 que estão
distribuídas em seis subfamílias, sendo abundante em trabalhos de composição florística na Amazônia. O
estudo foi realizado na BHRT em área de vegetação ripária, selecionando-se cinco matrizes de Hymenaea
courbaril L, Macrolobium multijugum (DC.) Benth., Parkia discolor Spruce ex Benth., Tachigali hypoleuca
(Benth.) Zarucchi & Herend. e Zygia cataractae (Kunth) L. Rico. O acompanhamento do período
reprodutivo, foi feito a partir de observações mensais in loco, no período de abril de 2023 a julho de 2024,
bem como a partir de dados secundários. A ocorrência das fenofases reprodutivas foram observadas
diretamente das árvores, sendo registrada a presença e ausência de flores e frutos. As espécies de maneira
geral, apresentaram floração e frutificação durante o período de acompanhamento, com maior ocorrência da
floração no mês de abril e frutificação no mês de março e julho. As fenofases observadas apresentaram maior
frequência no período de cheia do rio, coincidindo com a estação chuvosa. O processo de floração durante a
cheia do rio, é um período que combina a redução do estresse hídrico com a ocorrência das primeiras chuvas,
o aumento da temperatura e do fotoperíodo, induzindo a floração em florestas tropicais, a frutificação no
período de maior umidade pode favorecer a maturação dos frutos, a distribuição dos frutos por hidrocoria e
ictiocoria assim como a dispersão das sementes e contribuir para a germinação, já que a umidade possibilita
a reidratação para ativação do metabolismo das sementes para a protrusão da raiz, garantindo o
estabelecimento da plântula no período da estiagem. Estas estratégias ecológicas adotadas pelas espécies de
Fabaceae observadas em campo garantem a sobrevivência e adaptação das espécies nativas de áreas
alagáveis.
Palavras-chave: Áreas alagadas, Fenofases, Floração, Frutificação.
Apoio: CAPES, INPA, UEA.
REDES SOCIAIS E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Adele Luiza da Matta Costa1
1Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Amazonas
E-mail: adelemcosta@gmail.com
Durante a pandemia de COVID-19, a expansão do uso de plataformas digitais facilitou a comunicação da
população e sua interação com diversas instituições sejam elas governamentais ou não. Essa experiência do
uso de redes sociais otimizou a divulgação das atividades do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional
do Amazonas nesse período. Trata-se de um relato de experiência sobre o uso do Instagram e Facebook
como estratégia efetiva para promover e divulgar as atividades de segurança alimentar e nutricional (SAN)
do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Amazonas-Consea/AM. Durante a pandemia, a
Secretaria Executiva do Consea/Am mobilizou a sociedade civil para participar de reuniões e ações por meio
de plataformas online. A partir da necessidade de potencializar e promover conteúdos complexos de forma
mais acessível e inovadora, utilizou-se ferramentas mais acessíveis, de baixo custo e de amplo engajamento e
popularização: Instagram e Facebook. De 2021 a 2022, a divulgação com conteúdo fotográfico com textos
objetivos e simples, alcançaram cerca de 300 contas de usuários, entre eles, mulheres (81%) e homens
(19%). Os perfis alcançados são oriundos de cidades como: Manacapuru, Manaus e Rio de Janeiro. Após a
retomada do Consea Nacional, em 2023, o Instagram do Consea/Am foi o mais acessado do que o Facebook,
alcançando mais de 900 usuários, e atingiu o público de países, como Alemanha, Estados Unidos e Portugal.
Os usuários ainda são de maioria mulheres (73%), mas em comparação com anos anteriores, ampliou os
números de usuários do gênero masculino (27%). As principais faixas etárias são de 35 a 44 anos (32,8%),
25 a 34 anos (31,5%), 45 a 54 anos (15%) e 18 a 24 anos (7,8%). Também abrangeram as cidades do interior
do Amazonas, como Coari, Tefé, Parintins, Manacapuru, após a organização de Conferências Sub-regionais
de SAN realizadas nessas cidades. Através do uso dessas redes sociais, possibilitou o contato com várias
organizações nacionais e internacionais, para troca de informações, experiências e parcerias em Advocacy,
além do acesso às informações pela população sobre asões, políticas e programas de segurança alimentar e
nutricional, e que antes desconheciam sobre o papel e a importância do Consea. Percebeu-se o interesse pela
temática de SAN e pelas ações do Consea/Am, após a retomada do Consea Nacional e das conferências
municipais e estadual de SAN. Por serem ferramentas dinâmicas, gratuitas e de fácil acessibilidade, o uso das
redes sociais facilitou a conexão entre vários representantes regionais, nacionais e internacionais, diminuindo
as barreiras geográficas e burocráticas, democratizando as informações e discussões sobre segurança
alimentar e nutricional no Amazonas.
Palavras-chaves: Consea; Redes Sociais; Segurança Alimentar e Nutricional
ESPAÇOS NÃO FORMAIS PARA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA
EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DO GESTOR INDÍGENA EM RORAIMA
Mauricio Diogo Santos Lima1, Mariana Souza da Cunha1
1Universidade Federal de Roraima (UFRR),
Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena/ Gestão Territorial Indígena.
E-mail: mauricio991416824@gmail.com
A educação ambiental é fundamental para promover a conscientização e o engajamento da população em
relação às questões ecológicas, principalmente as mudanças climáticas. Quando falamos sobre espos para a
prática dessa educação, é essencial considerar locais que facilitem a interação, aprendizagem e reflexão sobre
o meio ambiente. As praças, parques, bosques são ambientes ideais, pois oferecem um contato direto com as
formas de vida existentes nesses locais. Nesses espaços, podem ser realizadas atividades como caminhadas
ecológicas, oficinas de jardinagem e palestras sobre a importância da preservação ambiental. Além disso,
esses locais costumam ser frequentados por diversas faixas etárias, permitindo que as ações educativas
alcancem tanto crianças quanto adultos. Nas comunidades indígenas em Roraima, nossa luta tem sido para
manutenção dos espaços naturais, principalmente as ilhas de matas, pois vivemos em região de Lavrado
(Savanas) onde a vegetação é esparça e em sua maioria gramíneo-lenhosa. Nosso principal objetivo foi
mostrar como os espaços não formais são importantes para fortalecer a educação ambiental frente as
mudanças climáticas. Nossa metodologia foi baseada nas pesquisas bibliográficas sobre esses espaços, assim
como visitas e aulas de campo nesses locais, mais especificamente no bosque dos papagaios. Nossos
resultados baseiam nas experiências que vivenciamos no bosque dos papagaios, assim como nas áreas
naturais das nossas comunidades. Por outro lado, acreditamos que a escola promove um papel crucial na
educação ambiental. Ao implementar projetos como hortas escolares e programas de reciclagem, assim as
instituições não apenas ensinam práticas sustentáveis, mas também incentivam os alunos a se tornarem
agentes de mudança em suas próprias casas e comunidades. A integração de conteúdos curriculares com
atividades práticas pode transformar o aprendizado em uma experiência vivencial. Além disso, as hortas,
viveiros etc. promovem a produção sustentável de alimentos e servem como um espaço de aprendizado sobre
biodiversidade e cultivo responsável. A promoção da educação ambiental por meio da educação
contextualizada, intercultural e interdisciplinar, usando os espaços não formais tem sido um viés muito
importante para despertar o interesse pela conservação ambiental. Em geral, os espaços para a prática da
educação ambiental na comunidade são diversos e podem ser adaptados às necessidades locais. Ao promover
ações educativas nesses ambientes, estamos contribuindo para a formação de uma sociedade mais consciente
e responsável em relação ao nosso planeta. E como resultado dessa experiência prática que realizamos no
bosque, produzimos cartilhas de educação ambiental como forma de conscientizar a comunidade indígenas a
preservar os ambientes naturais que ainda existe nessa localidade. Por outro lado, temos como principal
missão criar um espaço como o bosque dos papagaios, que realiza a manutenção da biodiversidade e serve
como um importante espaço de educação e lazer na comunidade indígena Samã II, em Pacaraima.
Palavras-chave: Comunidade Indígena; Bosque; Educação ambiental; Espaços não formais.
PRIMEIRO REGISTRO DO GÊNERO MONOTÍPICO Roquezia WILKERSON, 1985
(DIPTERA: TABANIDAE) PARA O BRASIL
Lia Pereira Oliveira1; Augusto Loureiro Henriques1
1Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPGEnt), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
E-mail: oliveiralp.bio@gmail.com
Tabanidae é uma família da ordem Diptera que agrupa insetos popularmente chamados de mutucas. A família
é reconhecida por apresentar importância médico-veterinária e econômica, atuando como vetores de diversos
patógenos. Tabanidae é bastante diversa, são registradas 4.650 espécies válidas no mundo, 1.205 espécies na
região Neotropical e 496 no Brasil. A tabanofauna brasileira é bem estudada e o bioma amazônico é um dos
que possuem maior diversidade e endemismo, com 222 espécies registradas, sendo 131 endêmicas. Roquezia
Wilkerson, 1985, é um gênero monotípico de Tabanidae, conhecido até então apenas de seu holótipo. No
presente trabalho, fornecemos o primeiro registro de Roquezia signifera Wilkerson, 1985 para o Brasil. Para
isso, foram triados, identificados e fotografados dois espécimes provenientes de coletas realizadas no
município de Manoel Urbano (Acre), no interior da Floresta Amazônica. A identificação dos espécimes foi
feita através das chaves de identificação disponíveis e as fotografias foram obtidas utilizando um
estereomicroscópio Leica M205 acoplado a uma Leica DMC4500. O mapa de distribuição foi elaborado
através do software QGIS, as coordenadas dos espécimes estudados foram extraídas de suas etiquetas e a
coordenada da localidade tipo obtida através do Google EarthTM. Após a identificação e etiquetagem os
espécimes foram acondicionados na Coleção de Invertebrados do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (INPA), que abriga agora os dois únicos exemplares de R. signifera coletados após a descrição da
espécie. Nosso registro amplia a distribuição de R. signifera, antes coletada apenas na localidade tipo (Santa
Cruz, Bolívia), e demonstra que a apesar da tabanofauana do bioma amazônico ser bem explorada, ainda há a
necessidade de mais esforços de coleta na região, que certamente proporcionarão novos registros de gêneros
e espécies pouco conhecidos, bem como a descoberta de novas espécies para ciência. Em um cenário de
mudanças climáticas e perda da biodiversidade trabalhos de cunho taxonômico como este são de
fundamental importância, que servem para mapear a diversidade biológica e são a base para estudos que
visam propor políticas de conservação e para o entendimento acerca dos padrões de distribuição das
espécies.
Palavras-chave: Amazônia brasileira, Biodiversidade, Mutucas, Taxonomia.
DIVERSIDADE DE MACROFUNGOS DO GÊNERO Hymenochaete LÉV.
(Hymenochaetaceae, Basidiomycota) EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA REGIÃO
AMAZÔNICA
Juan Phillipe Marques Laborda¹; Maria Aparecida de Jesus²
¹Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Normal Superior (ENS), Manaus, AM.; ²Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Pesquisa em Produtos Florestais, Manaus, AM.
E-mail: jphillipe.marques@gmail.com1 ranhna@gmail.com2
A família Hymenochaetaceae proposta por Donk (1948) é uma das mais notáveis entre as descritas para os
macrofungos Basidiomicetos. Muitas espécies são de uso medicinal e outras patógenos florestais. Degradam
celulose, hemicelulose e lignina causando podridão branca na madeira de angiospermas e gimnospermas
resultante da ação de suas enzimas. Hymenochaete Lév., gênero tipo de Hymenochaetaceae, representado por
131 espécies, é tipificado por H. rubiginosa (Dicks.: Fr.) Lév. e foi descrito primeiramente por Léveillé em
1846. Devido a importância econômica, ecológica e medicinal desses macrofungos, torna-se importante
ampliar o conhecimento da diversidade deste táxon na Amazônia, de modo que o objetivo deste trabalho foi
identificar espécimes de Hymenochaete depositados na coleção de Fungos de interesse agrossilvicultural do
Laboratório de Patologia da Madeira do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). O acervo é
proveniente de cinco unidades de conservação localizadas nos estados do Amazonas e Roraima, sendo estas:
Estação Experimental de Silvicultura Tropical, Reserva Biológica do Uatumã, Reserva Florestal Adolpho
Ducke no estado do Amazonas, e a Estação Ecológica de Maracá e o Parque Nacional do Viruá em Roraima.
Foram coletados em diferentes substratos lignocelulósicos tais como: árvore morta, galho em decomposição,
galho suspenso, solo, tronco de árvore em decomposição e raízes. Para a identificação dos fungos foram
utilizadas técnicas de taxonomia clássica para macrofungos, assim como chaves dicotômicas específicas
descritas em literaturas e em sites para identificação a nível taxonômico mais específico possível. Foram
analisados e identificados um total de 70 espécimes do acervo de Hymenochaete distribuídos em 6 espécies,
sendo estas: H. carpatica Pilát. (1), H. damicornis (Link) Lév. (18), H. fuscobadia K.S. Thind & Adlakha.
(4), H. luteobadia (Fr.) Höhn. & Litsch. (35), H. reniformis (Fr.) Lév. (11) e H. tenuis Peck. (1). A espécie
mais recorrente é H. luteobadia com 35 espécimes. H. carpatica e H. tenuis estão representadas com apenas
um espécime cada. O substrato mais representativo quanto a preferência dos macrofungos estudados é galho
em decomposição, seguido por solo, tronco em decomposição, galho suspenso e árvore morta. Árvore viva e
raíz, foram substratos atacados por apenas um espécime. O maior número de espécimes é proveniente da
Estação Experimental de Silvicultura Tropical no Amazonas com 20 indivíduos. Para o Brasil, H. fuscobadia
é o primeiro registro. O presente estudo contribui para a ampliação do conhecimento de Hymenochaete na
região amazônica, por meio da identificação e revisão dos macrofungos, com descrição das espécies e relatos
de novos registros para a Amazônia e para o Brasil.
Palavras-chave: Agaricomycetes, Fungos Lignocelulolíticos, Taxonomia.
MODELAGEM PREDITIVA DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE A
DISTRIBUIÇÃO DE Notodiaptomus KIEFER, 1936 (COPEPODA: CALANOIDA,
DIAPTOMIDAE)
Luis José de Oliveira Geraldes Primeiro1, Mauro José Cavalcanti², Edinaldo Nelson dos Santos-Silva³
¹Universidade Estadual de Roraima – UERR, Boa Vista, Roraima, Brasil
²Ecoinformatics Studio, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
³Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Manaus, Amazonas, Brasil.
E-mail: geraldesprimeiro@gmail.com
Notodiaptomus são os copépodes diaptomídeos mais diversos e amplamente distribuídos na região
Neotropical. Atualmente suas espécies são reconhecidas desde as Antilhas Holandesas (Caribe) à Argentina,
ocupando as principais bacias no Brasil. Hipóteses científicas evidenciam que a intensificação das mudanças
do clima são ameaças iminentes para a diversidade e distribuição desses organismos e àqueles em níveis
tróficos deles dependentes. Compreender rapidamente esses efeitos e a abrangência desses impactos é
fundamental para identificar quais variáveis-chave preditoras são influentes e onde estarão os refúgios
climáticos para os organismos destas espécies em cenários futuros. Alinhados a esta perspectiva, técnicas de
modelagem ecológica de nichos foram aplicadas para inferir os efeitos das mudanças climáticas sobre a
distribuição de Notodiaptomus na região Neotropical. A distribuição de 33 espécies a partir de 542 registros
de ocorrência obtidos da literatura e de coleções científicas foram analisadas a partir de sete variáveis
bioclimáticas relativas à temperatura e precipitação, selecionadas do WorldClim v.2.1 (www.worldclim.org)
com resolução espacial de 2.5 minutos de arco. A modelagem preditiva realizada por meio do algoritmo de
máxima entropia (MaxEnt v.3.3.4) teve como base o modelo de circulação global HADGEM3-GC1, a partir
de três trajetórias socioeconômicas compartilhadas: otimista (SSP=126), moderada (SSP=245) e pessimista
(SSP=585), para os anos de 2021-2040, 2041-2060, 2061-2080 e 2081-2100. As variáveis bioclimáticas
preditoras com maior contribuição ao modelo foram a sazonalidade da temperatura (21,8%), precipitação do
trimestre mais frio (9,9%), precipitação anual (9,5%), temperatura média do trimestre mais frio (7,3%) e
precipitação do mês mais seco (6,1%). As previsões do modelo evidenciam uma contração drástica das áreas
de ocorrências até meados do século, em um cenário moderado de mudanças climáticas caracterizado pelo
aumento de 1,7°C na temperatura global entre 2014-2060 e 1,8°C entre 2081-2100. No cenário pessimista o
desaparecimento de condições ecológicas adequadas ao grupo poderá ocorrer até o final do século, com
aumento de 2,4°C na temperatura global entre 2041-2060 e aumento de 4,4°C entre 2081-2100. Estes
resultados sugerem que as mudanças climáticas globais terão um impacto profundo sobre as bacias
hidrográficas ocupadas pelos organismos das espécies de Notodiaptomus. O gradual dessecamento desses
ambientes, como efeito da elevação da temperatura e variação nas taxas de pluviosidade, levará a uma
contração pronunciada na distribuição de Notodiaptomus, que estará restrita às áreas de maior pluviosidade e
ao potencial declínio da sua riqueza. Neste cenário, a estrutura das comunidades aquáticas neotropicais
estarão gravemente comprometidas devido a importância fundamental dos copépodes aos mecanismos de
transferência de energia entre níveis tróficos coexistentes em águas doces neotropicais.
Palavras-chave: Biodiversidade Aquática, Copépodes Neotropicais, Impactos Ambientais, Modelagem de
Distribuição Geográfica, Refúgios Climáticos.
Apoio: Projeto Biotupé/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Ecoinformatics Studio.
ACIDENTES OFÍDICOS EM SANTARÉM ESTÃO RELACIONADOS À CHUVA E AO
NÍVEL DOS RIOS
Jorge Emanuel Cordeiro Rocha1; Ana Carla dos Santos Gomes1; Joacir Stolarz de Oliveira1.
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),
Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Amazônia (PPGRNA), Santarém, PA.
E-mail: jorgerocha.bio@gmail.com
Na Amazônia ocorre oficialmente mais de 10 mil acidentes ofídicos anualmente, levando a mortes ou
sequelas, sendo o ofidismo uma doença negligenciada e um grave problema de saúde pública. A complexa
ecologia desse agravo aponta, através de dados espaciais, relação com a área de cobertura vegetal, umidade
relativa do ar e precipitação pluvial, e as análises temporais convergem com essa informação. No entanto, a
estatística empregada nas pesquisas do bioma em análises temporais é basicamente descritiva ou com testes
não-paramétricos de correlação simultânea, limitando o entendimento da relação entre as variáveis. Este
trabalho objetiva responder se existe uma associação entre ofidismo e o nível da água dos rios e a
pluviosidade, de 2007 a 2023, no município de Santarém, que soma o maior número de registros de acidentes
ofídicos no Pará. Para isso, utilizou-se dados públicos de registros de ofidismo do Sistema Nacional de
Agravos de Notificação (SINAN) e as ries históricas fluviais e pluviais da Agência Nacional das Águas e
Saneamento Básico (ANA), estratificados por mês. Os testes estatísticos empregados consistiram na função
de autocorrelação (ACF) e função de correlação cruzada (CCF), elaborados no software R versão 4.4.0. Com
95% de confiança, o valor crítico resultou em ± 0,137. A ACF demonstrou valores significativos nos lags 1
(+0,337), 2 (+0,311), 3 (+0,286), 4 (+0,259) e 5 (+0,207). A CCF evidenciou correlação de 2 meses antes das
chuvas (0,230), 1 mês antes (0,264), simultânea, (+0,243) e com 1 mês após (0,199). com a cota d’água,
não houve correlação instantânea, mas defasagens de 1 mês (0,214), 2 meses (0,302) e 3 meses (0,335). Os
números da ACF indicam clara sazonalidade desses acidentes, sendo que os índices fluviométricos e
pluviométricos apresentaram correlações significativas moderada e fraca, respectivamente. Provavelmente, a
relação com a pluviosidade se deve ao fato de o inverno amazônico ser o período de maior atividade desses
animais: nos estudos de levantamento de fauna são nos meses mais chuvosos que se capturam mais
serpentes. Estudos prévios sugerem que a correlação entre acidentes ofídicos e chuva esrelacionada às
inundações, que obrigam as serpentes a procurarem por terra firme, aumentando a probabilidade de contato
com humanos e da ocorrência de envenenamentos. Entretanto, como na Amazônia os padrões fluviais e
pluviais divergem, há a necessidade de estudos mais aprofundados para corroborar tais fenômenos.
Palavras-chave: Clima, Bothrops, Envenenamento humano, Ofidismo, Pluviosidade.
A EXPORTAÇÃO DE PEIXES ORNAMENTAIS PELO ESTADO DO AMAZONAS: UMA
ANÁLISE TEMPORAL DA DIVERSIDADE
João Victor Silva de Souza1; Anderson Barroso Maquiné1; João Marcos Miranda Nogueira1; Karla Garcia
Vasconcelos1; Rômulo Ferreira dos Santos1; Francinete Tobar Bernardo1; Marcelo Lima de Barros1; Kedma Cristine
Yamamoto2
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), graduando de Engenharia de Pesca, Manaus, AM.
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Departamento de Ciências Pesqueiras, FCA, Manaus, AM.
E-mail: jhon0314ss2@gmail.com;
A Amazônia, com sua rica biodiversidade é uma importante fonte de espécies ornamentais, valorizada no
mercado global. O comércio de peixes ornamentais provenientes de rios e lagos amazônicos geram um
faturamento anual estimado entre 287 e 297 milhões de dólares. Este estudo teve como objetivo analisar a
base de dados do controle de exportações de peixes ornamentais da Coordenação dos Recursos Pesqueiros do
IBAMA no período de 2006 e 2019, abrangendo 13 anos de exportação. Foram investigados as principais
ordens, famílias e espécies, bem como os países de destino. Para a análise da diversidade, foram
considerados seis Estados brasileiros (Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Pará e São Paulo), nos quais
foram calculados os seguintes índices de diversidade: número de espécies e indivíduos, dominância (D),
Shannon-Weaver (H’), evenness (e^H/S), Menhinick, Margalef, equitabilidade (J) e Berger-Parker (d).
Durante o período analisado, foram exportados um total de 202.270.232 espécimes, para 53 países. As
principais ordens exportadas foram Characiformes (156.676.560 indivíduos) e Siluriformes (41.671.235
indivíduos), com destaque para as famílias: Characidae (95 espécies e 147.553.193 indivíduos), Loricariidae
(134 espécies e 27.063.952 indivíduos) e Callichthyidae (90 espécies e 14.419.293 indivíduos). Os resultados
dos índices de diversidade mostraram diferenças significativas entre os estados analisados. O Pará
apresentou a maior riqueza de espécies (528) e o maior número de indivíduos exportados (10.513.143),
seguido por São Paulo, com 341 espécies e 1.253.356 indivíduos. O Amazonas, embora tenha exportado o
maior número total de indivíduos (167.285.738), exibiu o menor índice de diversidade de Shannon-Weaver
(H’=1,702), refletindo uma baixa equitabilidade e uma alta dominância de poucas espécies (D=0,4198),
provavelmente explicada pelo cardinal, que apresenta alta dominância no volume total exportado. O Espírito
Santo e Goiás, se destacaram com os maiores valores de Shannon-Weaver (H’=3,792 e H’=3,669,
respectivamente), sugerindo uma maior diversidade de espécie exportadas por estes Estados. A
equitabilidade (J) também variou significativamente, sendo mais alta o Espírito Santo (0,2871), evidenciando
um melhor equilíbrio na distribuição de espécies. O índice de dominância de Berger-Parker (d) indicou
menor dominância de poucas espécies no Pará (d=0,1476) e maior no Amazonas (d=0,6374), reforçando a
concentração de exportações em poucas espécies no Amazonas. Os dados obtidos evidenciaram variações
significativas na biodiversidade entre os estados analisados refletindo um cenário influenciado pelas
demandas do mercado internacional e pelas pressões sobre os ecossistemas. Isso destaca a necessidade de
implementar estratégias de manejo que equilibrem o desenvolvimento econômico e a conservação da
biodiversidade, garantindo a sustentabilidade do comércio de peixes ornamentais.
Palavras-chave: Base de dados, Biodiversidade, Comércio, Espécie
Apoio: Ao Programa de Educação Tutorial (PET) do Ministério da Educação, ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) pelo financiamento, à Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
E ao O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) pela
disponibilidade dos dados.
PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O COMBATE AS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS NA COMUNIDADE INDÍGENA NOVO PARAÍSO
Francisco Pereira de Souza1
1Curso de Licenciatura Intercultural/Universidade Federal de Roraima/ UFRR.
E-mail: fpssouza190@gmail.com
Em todos os espaços as questões ambientais têm sido debatidas, seja em Universidades, em seminários, nas
escolas, em assembleias e etc. As queimadas, os desmatamentos, as secas, o lixo tem causado grandes
impactos nos ambientes naturais. Sabe-se que o ensino de Ciências da Natureza na formação superior
indígena tem sido trabalhado na perspectiva de apresentar conceitos na prática que muitas vezes são abstratos
na teoria. Esse processo de formação é essencial, pois o presente trabalho traz para a comunidade alvo do
estudo experiências vivenciadas na formação acadêmica do autor e junto com os conhecimentos tradicionais
dos povos indígenas foram trabalhadas questões ambientais. O objetivo principal deste trabalho, foi a
realização de um levantamento das práticas ambientais desenvolvidas na comunidade. A metodologia
utilizada foram pesquisas bibliográficas, diagnóstico sócio ambiental da comunidade, aulas de campo,
diálogo com os anciãos, assim como estudos teóricos. A comunidade Novo Paraíso está situada no município
de Bonfim, contém vegetação do tipo Floresta Ombrófila Aberta, não possui área de lavrado (Savanas) e nos
últimos anos tem sofrido bastante com os impactos causados pelas queimadas descontroladas. Grande parte
da criação de bovinos, suínos, aves e outras criações se perderam pela falta de água, de pasto, deixando o
ambiente precário para esses animais. A queima das roças, sem ter nenhuma orientação foi uma das causas
principais dos incêndios nessa região. Com isso, causou uma grande nuvem de fumaça que passou meses no
ambiente, tendo que suspender as aulas, e outros eventos. Por meio de pesquisas de campo realizadas,
constatamos algumas práticas ambientais que são trabalhadas, por exemplo, a comunidade possui uma área
com viveiros de pau-rainha (Centrolobium paraense) uma árvore rara que também é muito cobiçada na
região, além de uma área de preservação de madeira conhecida como balatas, uma árvore que dá leite (seiva)
que é usada para fabricação de baldes e cera. Ambas são de grande importância para o meio ambiente.
Algumas ações foram realizadas após a passagem do fogo, reflorestamento com as mudas prontas da árvore
pau-rainha, o ambiente foi arado para que fosse plantado as mudas, e assim envolvendo tanto a comunidade,
como os alunos da escola. Para que todos fossem envolvidos trabalhamos no coletivo na formação e
confecção da cartilha ambiental, destacando os impactos ambientais da comunidade, com pontos positivos e
negativos para cada situação e também algumas medidas de como minimizar esses impactos. Foram
confeccionadas também placas de educação ambiental que foram instaladas em locais visíveis, inclusive nas
áreas de reflorestamento, no entorno de estradas. Estas ações visaram a conscientização de que podemos
cuidar da nossa natureza através de pequenos gestos. A ideia da cartilha ambiental foi justamente trabalhar a
conscientização da população e chamar a atenção aos órgãos fiscalizadores para que possam também
participar, atuando assim, para termos uma melhoria na qualidade de vida e no meio ambiente. A mudança
climática é um problema de todos, se cada um fizer sua parte, podemos juntos fazer a diferença, se não
tomarmos atitude hoje, não haverá o amanhã.
Palavras-chave: Educão ambiental, comunidade indígena, material didático, qualidade de vida.
IMPACTS OF CLIMATE CHANGE AND LOCAL DISTURBANCE ON STREAM FISH
ASSEMBLAGES IN THE AMAZON
Gabriel Gazzana Barros1; Barbara Mascarenhas1; Jansen Zuanon1; Cláudia Pereira de Deus1,2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, AM, Brazil.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM, Brazil.
E-mail: ggbarros00@gmail.com
Freshwater environments are among the most threatened by anthropogenic impacts in the world. Among
these environments, streams are especially vulnerable to structural changes, water pollution, alterations in
food chains and loss of biodiversity, resulting from deforestation, agricultural land use, as well as small dams
and road construction. Changes in rainfall patterns and increased temperature resulting from climate change
may boost the negative effects of local habitat disturbances, and disrupt physiological, biological and
behavioral responses of the aquatic biota, including the instability of seasonal predictability. Here we
evaluate the current knowledge regarding the effects of local anthropogenic disturbances and those from
ongoing planetary climate changes on the aquatic environment and fish fauna of small streams worldwide,
with a special focus on Amazonian forest streams. Our research on 72 showed that various types of
anthropogenic impacts (river impoundment, pollution, urbanization, agriculture, land use etc.) can act
additively or synergistically with the effects of climate change, leading to significant alterations in fish
communities, such as decreased species richness, changes in trophic groups, shifts in species distribution and
abundance, reduced catches, and alterations in functional diversity of assemblages, among others. We
conclude by citing the great vulnerability of fish in Amazonian streams and the importance and need for
more studies with long data series that analyze these synergistic effects of anthropogenic impacts and climate
change on Amazonian aquatic systems.
Palavras-chave: Anthropogenic impacts, Climate events, Dams, Deforestation, Road construction,
Temperature increase.
Apoio: Capes, CNPq, FAPEAM.
“BLOOM” DE ALGAS NOCIVAS NA AMAZÔNIA: AMEAÇA PONTUAL OU A NOVA
REALIDADE?
Raize Castro-Mendes1,2, Renan Gomes do Nascimento1,2, Maiby Glorize da Silva Bandeira1,2, Ayan Fleischmann3,
Fabiane Ferreira de Almeida2, Maria Cecilia Gomes3, Camila Vieira3, Isabela Keppe3, Miriam Marmontel3, Walesca
Gravena4, Edinaldo Nelson dos Santos-Silva2
1Aqua Viridi Microalgas & Soluções Ambientais, Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
3Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Tefé, Am.
4Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Coari, AM.
E-mail raize.mendes@gmail.com
“Bloomsde algas nocivas são frequentemente observados em ecossistemas oceânicos. Em ambientes de
água doce, eles ocorrem principalmente em áreas urbanas afetadas por alterações antrópicas, como o descarte
descontrolado de nitrogênio e fósforo, que estimula o surgimento de “bloomsde cianobactérias tóxicas. No
entanto, esse cenário parece estar se expandindo para ambientes naturais de água doce. O ano de 2023, foi
marcado por uma seca extrema que teve implicações ambientais severas nos ambientes aquáticos
amazônicos. Entre as consequências, além da mortandade dos botos (Inia geoffrensis e Sotalia fluviatilis) nos
lagos Tefé e Coari, Amazonas, observamos o “bloomde três espécies de algas no lago Tefé/AM. O objetivo
deste estudo foi registrar os primeiros “bloomsde algas nocivas em um lago de água preta da Amazônia no
período de seca extrema. O lago Tefé, é um lago de água preta e tem cerca de 60 km de extensão, localizado
na margem direita do médio rio Solimões. As coletas dos “bloomsforam realizadas em outubro de 2023
durante o aparecimento de manchas “coloridasno lago Tefé. As coletas qualitativas foram realizadas por
meio de arrastos horizontais utilizando-se uma rede de fitoplâncton de 20 µm. As coletas quantitativas foram
realizadas com a utilização de um recipiente graduado de 5 L. No laboratório, as análises qualitativas foram
observadas por meio de lâminas em microscópio óptico comum. As análises quantitativas foram realizadas
em uma câmara de Sedgewick rafter. Foram observadas manchas vermelhas e verdes, ambas compostas por
Euglena sanguinea (64666,6 células/mL), enquanto as manchas marrons eram formadas por Pinnularia
gibba (93733,3 células/mL). Também foram identificados "tufos verdes", compostos por filamentos de
Spirogyra sp. (18266,6 células/mL). Entre as espécies observadas, E. sanguinea chamou atenção por ser uma
espécie que produz toxina (euglenoficina) sendo considerada uma espécie de alga nociva. Apesar de produzir
toxina, não existem estudos que abordam a morte de mamíferos aquáticos por toxina de E. sanguinea. O
“bloomde E. sanguinea ocorre quando as temperaturas ultrapassam 25°C, como no lago Tefé, onde foram
registradas temperaturas acima de 39°C. A coloração vermelha é resultado de grânulos (hematocromos) que
protegem a clorofila da radiação solar intensa. As espécies P. gibba e Spirogyra sp. não produzem toxina. O
surgimento de P. gibba pode ter ocorrido devido à maior disponibilidade de sílica, resultante do baixo nível
da água. O “bloomde Spirogyra sp. pode ter ocorrido devido à alta temperatura, a luz solar intensa e baixo
nível da água do lago Tefé. Embora os “bloomsde algas sejam impulsionados por nutrientes e temperaturas
adequadas. E quando esses fatores saturam, as alterações no regime hidrológico se tornam determinantes. Em
cenários naturais da Amazônia, essas variações eram consideradas normais, mas com as mudanças
climáticas, a ocorrência de “bloomsde algas nocivas na Amazônia podem ser tornar frequentes. Portanto,
com o aumento da frequência de “bloomsem ambientes de água doce, é crucial adotar biomonitoramento
de longo prazo para compreender a dinâmica fitoplanctônica e identificar espécies potencialmente tóxicas.
Palavras-chave: Aquecimento das águas, Fitoplâncton, Mudanças climáticas, Seca extrema, Toxinas
Apoio: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - Brasil (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPQ
(Programa PCI) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Bolsa de Pós-graduação do
INPA e EDITAL N.º 006/2022 “Projeto “Mudanças climáticas e recursos hídricos nas várzeas do Solimões
do Instituto Mamirauá).
DAMMING OF STREAMS DUE TO THE CONSTRUCTION OF A HIGHWAY IN THE
AMAZON RAINFOREST FAVORS INDIVIDUAL TROPHIC SPECIALIZATION IN THE
FISH (Bryconops giacopinii)
Gabriel Gazzana Barros1*; Márcio Silva Araújo2; Gilvan Takeshi Yogui3; Jansen Zuanon1; Cláudia Pereira de Deus1,4
1Programa de Pós-graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior,
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA, Manaus, Brazil.
2Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro, SP, Brazil.
3Department of Oceanography, Federal University of Pernambuco, Recife, PE, Brazil.
4Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM, Brazil.
E-mail: ggbarros00@gmail.com
In Amazonian streams, damming caused by road construction changes the system's hydrological dynamics
and biological communities. We tested whether the degree of specialization in fish (Bryconops giacopinii)
individuals is higher in pristine stream environments with intact ecological conditions than in streams
dammed due to the construction of a highway in the Amazon rainforest. To achieve this, stomach content
data and stable isotopes (δ13C and δ15N) in tissues with varying isotopic incorporation rates (liver, muscle,
and caudal fin) were used to assess the variation in consumption of different prey over time. The indices
within-individual component (WIC)/total niche width (TNW) and individual specialization were employed
to compare the degree of individual specialization between pristine and dammed streams. The condition
factor and stomach repletion of sampled individuals were used to infer the intensity of intraspecific
competition in the investigated streams. The species B. giacopinii, typically considered a trophic generalist,
has been shown to be, in fact, a heterogeneous collection of specialist and generalist individuals. Contrary to
our expectations, a higher degree of individual specialization was detected in streams dammed by the
highway. In dammed streams, where intraspecific competition was more intense, individuals with narrower
niches exhibited poorer body conditions than those with broader niches. This suggests that individuals
adopting more restricted diets may have lower fitness, indicating that individual specialization may not
necessarily be beneficial for individuals. Our results support the notion that intraspecific competition is an
important mechanism underlying individual specialization in natural populations. Our results suggest that
environmental characteristics (e.g., resource breadth and predictability) and competition for food resources
interact in complex ways to determine the degree of individual specialization in natural populations.
Palavras-chave: Body condition, Dammed streams, Individual variation, Intraspecific competition, Stable
isotopes.
Apoio: Capes, CNPq, FAPEAM.
MODELAGEM DO NICHO ECOLÓGICO E EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE Serrasalmus rhombeus (LINNAEUS, 1766)
(ACTINOPTERYGII: CHARACIFORMES: SERRASALMIDAE) NA BACIA
AMAZÔNICA
Mauro José Cavalcanti1; Paulo Roberto Duarte Lopes2; Luis José de Oliveira Geraldes Primeiro3
1Ecoinformatics Studio, Caixa Postal 18123, CEP 20720-970, Rio de Janeiro, RJ.
2Universidade Estadual de Feira de Santana, Laboratório de Ictiologia, Feira de Santana, BA.
3Universidade Estadual de Roraima – UERR, Boa Vista, RR.
E-mail: maurobio@gmail.com
A piranha-preta ou piranha-de-olhos-vermelhos, Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766), ocorre nas Bacias
Amazônica, do Orinoco e do Araguaia-Tocantins, no Rio Essequibo e em rios costeiros do Nordeste do
Brasil. Neste trabalho, técnicas de modelagem do nicho ecológico foram aplicadas à análise da distribuição
de S. rhombeus, com o objetivo de inferir os efeitos das mudanças climáticas sobre a distribuição desta
espécie. A modelagem foi efetuada a partir das coordenadas geográficas de suas localidades de ocorrência de
um conjunto de variáveis ambientais relevantes para a espécie em questão. Foram utilizadas na análise 923
registros de distribuição obtidos das bases de dados do Global Biodiversity Information Facility
(www.gbif.org), iDigBio (www.idigbio.org) e VertNet (www.vertnet.org), bem como sete varáveis
bioclimáticas relativas à temperatura e precipitação, selecionadas do WorldClim v.2.1 (www.worldclim.org),
com uma resolução espacial de 2.5 minutos de arco. A modelagem preditiva foi realizada por meio do
algoritmo de máxima entropia (MaxEnt v.3.3.4), com base no modelo de circulação global HADGEM3-
GC1, considerando três trajetórias socioeconômicas compartilhadas: otimista (SSP=126), moderada
(SSP=245) e pessimista (SSP=585), para os anos de 2021-2040, 2041-2060, 2061-2080 e 2081-2100. Os
resultados mostram que a temperatura é o fator ambiental determinante na distribuição desta espécie, seguida
pela precipitação. As variáveis que mais contribuíram para o modelo foram a temperatura do trimestre mais
frio (35,4%), a precipitação do trimestre mais quente (19,9%), a temperatura média do trimestre mais frio
(6,8%) e a precipitação anual (5,8%). O valor da área sob a curva (AUC=0.818) indica que o modelo é
estatisticamente significante. Estes resultados mostram que, mesmo em um cenário otimista (com emissões
de carbono cortadas até 2050 e aumento médio da temperatura global em 1,6°C entre 2041 e 2060), as
mudanças climáticas globais podem levar a uma drástica redução na área de ocorrência de S. rhombeus na
Bacia Amazônica até meados do século, com desaparecimento total de condições ecológicas adequadas para
a espécie até o final do século no cenário pessimista (com emissões de carbono triplicadas até 2075 e
aumento médio da temperatura global em 4,4°C entre 2081 e 2100), devido ao gradual dessecamento na
Bacia Amazônica, como resultado da elevação da temperatura e redução nas taxas de pluviosidade.
Palavras-chave: Distribuição geográfica; Modelagem ecológica; Mudanças climáticas; Peixes.
Apoio: Projeto Biotupé/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
MUDANÇAS NA ICTIOFAUNA: O OLHAR DOS PESCADORES SOBRE AS ESPÉCIES
DE BAIXO VALOR EM DECLÍNIO
Jaciara da Costa Marinho1; Jozinei Ferreira Lopes2; Tony Marcos Porto Braga3; João Vitor Campos Silva4
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Mestranda em Ciência Animal e Recursos Pesqueiros, Manaus, AM.
2Instituto Federal do Pará (IFPA), Mestre em Geofísica, Santarém, PA
3Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Doutor em Ecologia, Santarém, PA
4Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Doutor em Ecologia, Manaus, AM
E-mail: jacimrhep@gmail.com
A pesca na Amazônia desempenha um papel fundamental como fonte de alimento rico em proteínas e como
uma prática extrativista essencial. A ictiofauna da região é conhecida por sua elevada diversidade e riqueza;
no entanto, a atividade pesqueira concentra-se em um número limitado de espécies-alvo. Embora não exista
um sistema confiável de monitoramento da pesca, estudos mostram que a oferta de pescado nos principais
centros urbanos da Amazônia tem diminuído, especialmente para espécies de alto valor comercial, como o
tambaqui (Colossoma macropomum) e o pirarucu (Arapaima gigas). Além disso, evidências de que
espécies de baixo valor comercial também estão suscetíveis à sobrepesca. Este estudo tem como objetivo
identificar, pela percepção dos pescadores, quais são as espécies de baixo valor que estão diminuindo em
quantidade e investigar os fenômenos que podem estar causando essa diminuição no município de Santarém,
Pará. Os dados foram coletados semanalmente em mercados e feiras do município, por meio de entrevistas
com pescadores que possuíam 15 anos ou mais de experiência prática na atividade pesqueira, incluindo
pescadores aposentados que ainda praticam a pesca para comercialização. A coleta ocorreu entre abril e julho
de 2024, utilizando o método "Snowball" para identificar participantes experientes. As informações foram
digitalizadas em planilhas no Excel e, após consultas e elaboração de tabelas dinâmicas, analisadas por meio
de estatística descritiva. Foram realizadas 47 entrevistas, com os participantes apresentando uma idade média
de 54,0 anos 10,6 anos), variando de 31 a 79 anos. Os entrevistados possuem uma média de 34,1 ± 11,1
anos de experiência na atividade pesqueira, com um intervalo de 16 a 60 anos. Em relação ao gênero, a
maioria (91,5%) é do sexo masculino. Os pescadores identificaram as seguintes etnoespécies como de baixo
valor que deixaram de ser capturadas nos últimos anos: aruanã (Osteoglossum bicirrhosum), tamoatá
(Hoplosternum littorale), traíra (Hoplias malabaricus), acará-açu (Astronotus crassipinnis), jaraqui
(Semaprochilodus taeniurus e Semaprochilodus insignis), jeju (Hoplerythrinus unitaeniatus), jatuarana
(Brycon spp.), jacundá (Crenicichla sp.), acaratinga (Geophagus spp.) e aracu (Leporinus sp. e Schizodon
spp.). Essas etnoespécies correspondem a 78% das espécies que deixaram de ser capturadas nas áreas de
pesca. Os pescadores relataram que a diminuição dessas espécies começou a ocorrer por volta dos anos 2000,
com 48,6% indicando que o processo se intensificou desde 2004, 12,1% mencionando 2009 e 16,2%
referindo-se a 2014. Os pescadores associaram a diminuição das capturas ao fenômeno da seca (72,3%), que
tem causado a mortandade de diversas espécies, incluindo aquelas de baixo valor, bem como as enchentes
pequenas (15,4%) e ao fenômeno conhecido como friagem (12,3%). De maneira unânime, os pescadores
afirmaram que a quantidade de peixes de baixo valor está atualmente escassa. A diminuição das espécies de
baixo valor na pesca em Santarém-PA, reflete a complexa interação entre fatores climáticos e práticas
pesqueiras. A percepção dos pescadores sobre a escassez dessas espécies ressalta a necessidade urgente de
estratégias de manejo sustentável e monitoramento da ictiofauna, visando conservar a biodiversidade local e
garantir a segurança alimentar das comunidades que dependem dessa importante fonte vital para sustento e
renda.
Palavras-chave: Amazônia; Captura; Pesca; Percepção de Pescadores; Santarém
Apoio: FAPEAM; PPGCARP; UFAM
TOXICOGÊNOMICA DE ELEMENTOS POTENCIALMENTE TÓXICOS DE
IMPORTÂNCIA PARA A AMAZÔNIA: POTENCIAIS IMPACTOS SOBRE A SAÚDE
HUMANA E BIODIVERSIDADE
Joel Henrique Ellwanger1; Marina Ziliotto1; Philip Martin Fearnside2; José Artur Bogo Chies1
1Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Departamento de Genética, Porto Alegre, RS.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
E-mail: joel.ellwanger@gmail.com
Assim como o desmatamento, a poluição é um dos principais problemas ambientais observados na
Amazônia. Atividades de mineração promovem a contaminação do bioma com mercúrio (Hg), somando-se
ao Hg liberado de estoques naturais nos solos amazônicos. Além dos problemas derivados da contaminação
por Hg, queimadas e outras ações antrópicas poluem ar, solo e água da Amazônia com uma variedade de
elementos potencialmente tóxicos (EPTs), com destaque para o cobre (Cu) e zinco (Zn). Esses três elementos
podem interagir de forma individual e sinérgica com genes de múltiplas espécies, prejudicando o
funcionamento celular e desencadeando diversos efeitos deletérios, muitos deles ainda negligenciados. O
objetivo deste trabalho foi realizar uma análise toxicogenômica dos elementos Cu, Hg e Zn, possibilitando
inferir potenciais impactos sobre a saúde das populações humanas vivendo na região amazônica e na
biodiversidade. Por exemplo, Cu é tóxico para diversas espécies de peixes amazônicos. Foram analisados
dados de interação do tipo “gene-químico disponíveis na The Comparative Toxicogenomics Database
(CTD: https://ctdbase.org/) em setembro de 2024 (CTD_Revision_17474M). A CTD é uma base de dados
robusta, pois compila informações de milhares de estudos realizados com diferentes espécies, contando com
curadoria humana. Dados sobre genes e pathways foram obtidos para os químicos/termos copper”
(CAS_7440-50-8), mercury” (CAS_7439-97-6) e zinc” (CAS_7440-66-6). Dados curados sobre perfis de
interações simultâneas dos três EPTs com múltiplos genes foram obtidos através da função VennViewer.
Observamos que o Cu interage com 6.663 genes de diferentes espécies, com destaque para os seguintes top-5
genes (ranqueados pelo número de interações, mostrados entre parênteses): ATP7A (374), APP (174), ATP7B
(117), SOD1 (114) e SLC31A1 (110). O Hg interage com 651 genes de diferentes espécies, com destaque
para: CYP1A (41), HMOX1 (35), NQO1 (25), TNF (21) e IL6 (19). O Zn interage com 2.702 genes de
diferentes espécies, com destaque para: TNF (88), MTF1 (67), INS1 (66), MT1 (63) e MT1A (59).
Eliminando genes repetidos, os três EPTs juntos afetam a atividade de 8.202 genes de múltiplas espécies.
Muitos dos genes listados entre os top-5 de cada químico estão envolvidos no metabolismo de xenobióticos
(ex.: CYP1A, SOD1) e funções imunológicas (ex.: TNF, IL6). Em concordância, os três EPTs afetam
diferentes vias genéticas (“pathways”) do sistema imune e metabolismo, conforme observado após
ranqueamento das vias com base em valores de p corrigidos. Ainda, os três EPTs podem interagir de forma
simultânea com múltiplos genes, sendo 107 interações do tipo “aumentada
(increases[expression_activity_ANY]), 57 interações do tipo diminuída
(decreases[expression_activity_ANY]) e 55 interações do tipo “complexas
(affects[expression_activity_ANY]). Esses resultados indicam que a poluição por EPTs na Amazônia estimula
genes de metabolismo de xenobióticos e afeta diferentes vias do sistema imune tanto em humanos quanto em
outras espécies. Considerando que o sistema imune é determinante para a diferenciação entre “próprioe
“não próprio”, este estudo ajuda a explicar através de dados toxicogenômicos como a poluição por EPTs
pode afetar o risco de adoecimento de populações humanas da Amazônia e sugere que esse tipo de poluição
pode aumentar a suscetibilidade a doenças infecciosas devido ao enfraquecimento das defesas imunológicas
de diferentes espécies.
Palavras-chave: Cobre, Genética, Mercúrio, Poluição, Zinco.
DIVERSIDADE AGRÍCOLA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS: UM ESTUDO
DAS MULTICULTURAS NA AGRICULTURA FAMILIAR NO AMAZONAS
Nayana de Souza dos Santos¹; Paulo Amaral Júnior²; Jesaias Ismael Costa³; Kedma Cristine Yamamoto4
¹Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Mestranda em Ciência Animal e Recursos Pesqueiros (PPGCARP)
²Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Doutorando em Ciência Animal e Recursos Pesqueiros (PPGCARP)
³Universidade Nilton Lins, Vice-Reitoria para projetos de pós-graduação, pesquisa e inovação (VRPPI-NL)
4Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Professora do Departamento de Ciências Pesqueiras (DEPESCA)
E-mail: nayanadesouza@hotmail.com
A produção rural diversificada em propriedades familiares as torna autossuficiente economicamente, garante
sua segurança alimentar e auxilia na conservação da agrobiodiversidade, ao promover a manutenção das
paisagens dos agroecossistemas e da diversidade das espécies presentes na propriedade e seu entorno. No
Estado do Amazonas, a agricultura familiar corresponde a 86,9% dos estabelecimentos agropecuários,
ocupando 44% da área no estado. Este estudo teve como objetivo analisar o papel das multiculturas
realizadas na propriedade familiar, destacando as práticas de manejo, a integração entre as culturas, a
produtividade e a preservação ambiental como efeito desse modelo de produção rural. Para isso, foram
estudadas vinte propriedades familiares rurais do município de Rio Preto da Eva da região metropolitana de
Manaus-AM. Foi elaborado questionário semiestruturado com perguntas pré determinadas, para a
caracterização da propriedade, culturas agrícolas realizadas, tempo de produção, entre outras, e realização de
análise descritiva. Nossos resultados revelaram que 90% das propriedades apresentam características
semelhantes quanto a área total da propriedade (20 à 25 ha) e realizam multiculturas em áreas que variam de
1 a 5 ha, conforme legislação ambiental. As culturas realizadas em 70% das propriedades são: fruticulturas
(100%), olerícolas (85%), e produção animal (100%), principalmente a piscicultura (100%) e a avicultura
(75%). Foi observado que geralmente um consorciamento entre a agricultura, avicultura e piscicultura. A
água da piscicultura é utilizada para irrigação das plantações, os excedentes de frutos e vegetais produzidos
são ofertados como alimentos para as aves, e o esterco avícola é utilizado como adubo orgânico para as
plantações e piscicultura, gerando na propriedade uma troca e compartilhamento de insumos e recursos entre
as atividades. Mostramos, portanto, que a diversidade de culturas contribui para a manutenção do equilíbrio
ambiental, enquanto assegura a subsistência das famílias e a preservação dos ecossistemas, evidenciando o
papel fundamental dessas pequenas propriedades na promoção do desenvolvimento rural sustentável na
região.
Palavras-chave: Agroecossistemas, Desenvolvimento Rural, Manejo Integrado, Produção Familiar,
Sustentabilidade.
Apoio: CAPES; PPGCARP; LABIC.
VARIABILIDADE DE PRECIPITAÇÃO POR MEIO DO ÍNDICE DE ANOMALIA
PLUVIOMÉTRICA: MANAUS E BELÉM
Roberto Monteiro Siqueira Júnior1; Antônio Marcos Delfino De Andrade1; Diego Pereira Bezerra1; Gabriel Henrique
Pimentel Ramos1; Taiane Santos Imbiriba1
1Universidade Federal do Oeste do Pará, Bacharelado em Ciências Atmosféricas, Santarém, PA.
E-mail: siqueirajunior654@gmail.com
Na Amazônia as alterações climáticas vêm se tornando cada vez mais relevante, visto que, permite identificar
tendencias ou alterações no regime pluviométrico. Com intuito de analisar essas alterações, optou-se por
investigar a influência dos eventos extremos do El-Niño Oscilação Sul na pluviometria em dois pontos da
Amazônia, a saber, Belém (82191-PA) e Manaus (82331-AM), com dados pluviométricos do período de
1990 a julho de 2024 das estações meteorológicas pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia. Para
esta análise serão usados os índices de anomalia de chuva (IAC) mensais e serão confrontadas com as
informações do Índice Oceânico Niño extraídos do National Oceanic and Atmospheric Administration.
Diante disso, os resultados aqui alcançados apontam IAC negativo, indicando que em períodos de fortes El
niños (canônicos), nos anos de 1997 a 1998, 2015 a 2016 e 2023 a 2024, com índices inferiores a 2,0, e nesse
mesmo período se obteve IAC abaixo de -3,0 (Belém) e de -2,3 (Manaus), respectivamente. Vale ressaltar
que no período de agosto de 2018 a julho de 2019 foi marcado pelo evento de El Niño Modoki, que
apresenta características distintas do canônico, na qual apresentou IAC positivo, acima de 1,9 (Belém) e
superior a 0,8 (Manaus). Enquanto que para os eventos de La Niña, nos anos 1998 a 2001, 2007 a 2008, 2010
a 2011 e 2021 a 2023, com índices oscilação sul inferiores a -2,5, apresentaram oscilações IAC. Durante esse
mesmo evento (1998 a 2001), o IAC indicou bastante flutuabilidade, sendo o oposto do que se esperava,
neste caso um índice positivo, mas devido as alternâncias do tipo canônico e de Modoki. Portanto, diante do
que foi exposto fica evidente a influência significativa dos eventos extremos do El-Niño Oscilação Sul na
pluviometria nas cidades de Belém e Manaus, exibindo redução nas precipitações durante o El niño
canônico, demonstrando IAC abaixo de -3,3. Entretanto, no início das ocorrências de La niña canônica, sob a
influência de resquício do forte El niño no primeiro semestre de 1998, se observou variações do IAC ao
longo da sua atuação para ambas cidades, expondo baixos registros pluviométricos. Diante disso, se
observou IAC positivo para Belém no decorrer dos eventos de El niño e La niña do tipo Modoki, e enquanto
em Manaus, se percebeu variações, indicando assim ser mais suscetível a mudanças nos padrões do Pacífico.
Palavras-chave: Amazônia, ENOS, Mudanças Climáticas.
Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico, Universidade Federal do Oeste do
Pará
EDUCAÇÃO AMBIENTAL, SUSTENTABILIDADE E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL:
UMA PROPOSTA DE HORTA ESCOLAR NA COMUNIDADE INDÍGENA ALTO ARRAIA,
BONFIM, RORAIMA
Bruna Myhayla Ramos da Costa1; Palon Magalhães Pereira1;
Kelly Carlos Castello1; Mariana Souza da Cunha1; Ricardo Carvalho dos Santos1
1Universidade Federal de Roraima (UFRR).
E-mail: ricardocs.br@gmail.com
Educação ambiental, sustentabilidade e preservação ambiental são temas cruciais na formação de cidadãos
conscientes e responsáveis em relação ao meio ambiente. A horta escolar surge como uma ferramenta
pedagógica eficaz para incorporar esses conceitos de forma prática no currículo escolar. Ao integrar práticas
agrícolas com ensinamentos sobre sustentabilidade e preservação ambiental, a horta escolar promove uma
educação holística que vai além da teoria, conectando os alunos diretamente com o processo de cultivo e a
natureza. A educação ambiental visa sensibilizar e instruir os alunos sobre a importância da relação entre o
ser humano e o meio ambiente. Em um contexto escolar, a horta oferece uma oportunidade prática para os
alunos vivenciarem conceitos ambientais essenciais, como os ciclos naturais, a biodiversidade e os impactos
das atividades humanas no ecossistema. Desta forma o objetivo principal deste trabalho é o de desenvolver
uma horta escolar para o ensino de ciências e promoção da educação alimentar e nutricional na Escola
Estadual Indígena Vovô Leonardo Gomes na comunidade Indígena Alto Arraia, município de Bonfim-RR,
Região Serra da Lua. Os materiais a serem utilizados são adubo, arame e telas, enxadas, pá, colher, tesoura,
carrinho de mão, enxada, caixa d`água, machado, martelo, prego, telha, regadores, sementes, mudas, giz, data
show, notebook, cartolina. Foi desenvolvido um plano de ação para o desenvolvimento da horta e planos de
aula que abordem conteúdos de forma interdisciplinar de disciplinas como ciências, matemática, geografia,
artes e educação física e a discussão dos temas de educação ambiental, sustentabilidade e preservação
ambiental. Desta forma, através do cultivo de uma horta, os estudantes aprendem sobre os diferentes tipos de
solo, a necessidade de água para o crescimento das plantas e os efeitos das mudanças climáticas sobre as
culturas. A observação direta e a experiência prática permitem que os alunos compreendam a teoria de
maneira mais profunda e significativa. A horta escolar pode servir como um espaço de aprendizado sobre
práticas de conservação, como o controle integrado de pragas, que evita o uso excessivo de pesticidas e
protege os predadores naturais. Assim, a implementação de uma horta escolar na Comunidade Indígena Alto
Arraia, Bonfim, em Roraima poderá oferecer diversos benefícios aos alunos e à toda a comunidade,
incluindo o desenvolvimento de habilidades práticas e a promoção de valores ambientais. Além da
responsabilidade dos cuidados diários sobre a horta e a conexão com a natureza haverá a
interdisciplinaridade entre as áreas da matemática, ciências e artes de forma prática e contextualizada com a
realidade do povo indígena.
Palavras-chave: Contexto indígena, Meio ambiente, Recursos naturais.
ANÁLISE DA DINÂMICA HIDROLÓGICA DO RIO NEGRO/AM: VAZANTE E
ENCHENTE (2023-2024)
Alan Kristian Nunes Machado1; Gabriel Freitas Melo1; Klindy Giovanna da Silva Oliveira1; Vivian Almeida Araújo1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Curso de Licenciatura em Geografia, Manaus, AM.
E-mail alankristian111@gmail.com
O Rio Negro, localizado na Amazônia, é um dos maiores afluentes do Rio Amazonas e tem sofrido, nos
últimos anos, com enchentes de grande magnitude, influenciadas por fatores naturais como a precipitação
elevada e fenômenos climáticos, como El Niño e La Niña. O objetivo do trabalho é analisar e monitorar as
oscilações no nível do Rio Negro, no período de outubro de 2023 a agosto de 2024, abrangendo tanto a
vazante quanto a cheia. O método adotado possui uma abordagem científica de caráter analítico por meio de
coleta de dados para interpretação dos resultados e envolveu pesquisas bibliográficas, acompanhamento do
nível do rio através de dados do Porto de Manaus, além de análises gráficas para interpretar as oscilações
ocorridas. Além disso, foi feito uma comparação dos dados obtidos com as cinco maiores cheias e vazantes
registradas historicamente. Os resultados apontam que o Rio Negro atingiu uma cota mínima histórica de
12,7 metros em outubro de 2023, configurando a maior vazante registrada. No entanto, a partir desse
ponto, observou-se um aumento gradual no nível do rio, alcançando sua cota máxima de 26,85 metros em
junho de 2024. Em comparação com a cota máxima e o comportamento extremo observado na vazante de
2023, o ciclo de vazante iniciado posteriormente demonstra sinais de alcançar os níveis extremos registrados
em anos anteriores, uma vez que a cota máxima em 2023 foi de 28,30 metros e em 2024 de 26,85 metros no
mês de junho. Conclui-se que a dinâmica hidrológica do Rio Negro no período analisado possui um padrão
de picos de cheia entre os meses junho e julho e de vazante entre os meses outubro e novembro. Os
resultados e análises enfatizam a importância do monitoramento contínuo, especialmente diante das
mudanças climáticas e da influência crescente de fatores antropogênicos que afetam o ciclo hidrológico na
Amazônia. Este estudo contribui para a compreensão das dinâmicas hidrológicas do Rio Negro, oferecendo
informações, ilustrações e análises relevantes para a compreensão do modelo de subida e descida do Rio
Negro, além de contribuir para a previsão de eventos futuros e para o planejamento de ações mitigadoras dos
impactos dessas variações sobre as populações ribeirinhas e o ecossistema regional.
Palavras-chave: Amazônia; Cheia; Hidrografia; Rio Negro; Vazante.
Apoio: Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
EXTREMO AMAZÔNICO – SECA NA REGIÃO AMAZÔNICA E SEUS IMPACTOS NO
OESTE DO PARÁ NO ANO DE 2023
Iezabelly Maria Farias Andrade1; João Paulo Soares de Cortes1;
Diani Fernanda da Silva Less1; Gabriel Henrique Pimentel Ramos1
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Engenharia e Geociências, Santarém, PA.
E-mail: fariasiezabelly@gmail.com
A Amazônia, devido à sua vasta extensão territorial, apresenta regimes climáticos distintos, com significativa
variabilidade espacial e temporal da precipitação. Eventos extremos, como secas e cheias, têm gerado
consequências socioeconômicas e impactado diretamente as populações da região. O objetivo deste trabalho
é analisar os impactos causados pela seca nas comunidades ribeirinhas da região Oeste do Pará no ano de
2023. A área de estudo abrange comunidades ribeirinhas situadas às margens dos rios Amazonas e Tapajós,
que foram severamente afetadas pela seca. As principais comunidades analisadas incluem Alter do Chão,
Aracampina, Arapemã, Aritapera Centro, Boca de Cima do Aritapera, Cabeça d’Onça, Enseada do Aritapera,
Piracãoera de Baixo, Piracãoera de Cima, Santa Maria, Tapará Mirim e Tapará Grande. Este trabalho adota
uma abordagem exploratória, com base em pesquisa bibliográfica, conforme definido por Gil (2002),
utilizando materiais previamente publicados, como livros, artigos científicos e veículos de mídia. Os
resultados mostram que diversos setores foram duramente atingidos pela seca. Na pesca, a seca dos rios
afetou várias espécies de peixes, principalmente devido ao aumento da temperatura da água, que reduziu a
oxigenação, causando grande mortalidade. No setor da educação, a diminuição drástica dos níveis dos rios
dificultou o transporte escolar, a entrega de merenda e comprometeu a qualidade da água consumida nas
escolas. Em termos de saúde, a escassez de água potável resultou em problemas como infecções intestinais,
diarreias e vômitos. A falta de profissionais de saúde nas áreas mais afetadas obrigou as populações a buscar
atendimento médico em cidades vizinhas. Além disso, o baixo nível dos rios comprometeu a navegabilidade,
prejudicando o transporte de mercadorias e a locomoção das famílias ribeirinhas, que dependem das
embarcações como principal meio de transporte. Na economia local, fortemente baseada na pesca e na
agricultura, a seca causou uma significativa redução na produção e na renda das famílias, que dependem
dessas atividades tanto para o sustento quanto para o consumo próprio. Conclui-se que a seca registrada em
2023 impactou diretamente as comunidades ribeirinhas da região oeste do Pará, afetando de forma
significativa tanto os aspectos sociais quanto os econômicos dessas populações.
Palavras-chave: Amazônia, Comunidades Ribeirinhas, Impactos, Seca.
Apoio:
CABAS, DE VILÃS A PARCEIRAS: PERSPECTIVAS E ESTADO ATUAL DO USO DE
VESPAS SOCIAIS NO CONTROLE DE PRAGAS AGRÍCOLAS
Ana Paula Dutra Gomes¹; Tatiane Tagliatti Maciel¹; Samanta Brito¹;
Bruno Corrêa Barbosa¹; Marcio Luiz de Oliveira¹
¹Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, Brasil.
E-mail: napaulladut4gomes@gmail.com
O uso excessivo de defensivos químicos na agricultura causa sérios problemas ambientais e à saúde humana.
Além de contaminar solo, água e mortalidade de organismos, esses produtos tornam as pragas mais
resistentes, exigindo doses cada vez maiores. Por isso, há uma necessidade crescente de reduzir o uso de tais
substâncias e adotar alternativas sustentáveis. O controle biológico, que utiliza inimigos naturais para
combater pragas, é uma dessas alternativas. Uma das opções mais promissoras no controle biológico é o uso
de vespas sociais, popularmente chamados de cabas ou marimbondos, esses insetos são predadores que se
alimentam de uma variedade de pragas agrícolas. Conhecidas por sua habilidade e preferência por caçar
insetos de corpo mole, principalmente as lagartas podendo também predar outros insetos pragas comuns em
culturas agrícolas. O nosso objetivo é, portanto, explicitar a importância das vespas sociais como agentes de
controle biológico e apresentar as perspectivas de seu uso integrado ao uso de repelentes naturais em
pequenas propriedades e hortas urbanas. Nossos estudos em diferentes tipos de manejo agrícola na Região
Metropolitana de Manaus mostram que, independentemente do tipo de manejo, uma alta diversidade de
vespas nessas áreas, entretanto diferença na composição. Algumas dessas espécies apresentam grande
potencial para controle biológico, sendo importantes para estudos aplicados, que envolvam o uso de vespas
sociais como potenciais agentes de controle de pragas em culturas, além de avaliar os efeitos de toxicidade e
de repelência a defensivos químicos e naturais. Pesquisas indicam que as vespas podem reduzir em até 75%
as pragas, aumentando a produtividade agrícola em até 15%. Elas são eficazes no controle de pragas como
Spodoptera frugiperda e Helicoverpa armigera, comuns em culturas, atacando os estágios juvenis, como
lagartas e pupas, e impedindo sua proliferação. Nossos testes com defensivos químicos mostraram que todos
são letais para as vespas, demonstrando a não seletividade desses produtos. No entanto, testes iniciais com
bioinseticidas à base de alho e cebola em quatro espécies de vespas mostraram repelência ao extrato de alho
em apenas uma espécie, enquanto as demais não tiveram resposta. A cebola não causou repelência, sendo
uma opção viável em áreas onde é desejada a presença das vespas para o controle biológico. Esses resultados
indicam boas perspectivas para o uso integrado de técnicas sustentáveis. Testes adicionais com bioativos
estão em andamento para expandir a gama de repelentes naturais que possam ser usados sem afetar insetos
não-alvo. Até o momento, os dados indicam que os bioinseticidas testados são eficazes contra pragas e
inofensivos para insetos benéficos. No entanto, o uso em larga escala de vespas sociais ainda enfrenta
desafios, como a necessidade de ambientes complexos para sustentar suas colônias. Para pequenas
propriedades, o uso de vespas é vantajoso, conciliando a preservação da vegetação natural, o que também
beneficia outros insetos úteis. É possível ainda realizar o manejo de colônias em abrigos artificiais, uma
técnica viável, simples, econômica e eficiente, com alta taxa de sucesso. Assim, o uso de vespas sociais no
controle de pragas é uma alternativa sustentável, ajudando a reduzir a dependência de defensivos químicos e
promovendo uma agricultura mais equilibrada e saudável.
Palavras-chave: Controle alternativo, Controle de pragas, Extratos botânicos, Orgânicos; Vespas Sociais.
Apoio: CNPQ, FAPEAM, INPA.
ANÁLISE AMBIENTAL E DESAFIOS DE CONSERVAÇÃO NO PARQUE MUNICIPAL
NASCENTES DO MINDU, MANAUS/AM
Alan Kristian Nunes Machado1; Gabriel Freitas Melo1; Klindy Giovanna da Silva Oliveira1; Vivian Almeida Araújo1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Curso de Licenciatura em Geografia, Manaus, AM.
E-mail: alankristian111@gmail.com
O presente trabalho aborda a análise ambiental do Parque Municipal Nascentes do Mindu, localizado em
Manaus, AM. O principal objetivo do estudo foi compreender a interação entre os elementos naturais e as
atividades humanas dentro dessa área de conservação, identificando problemáticas ambientais e avaliando a
eficácia das estratégias de gestão. O método adotado possui uma abordagem científica de caráter analítico
por meio de coleta de dados para interpretação dos resultados e incluiu uma visita de campo realizada em 15
de julho de 2024, das 08:00h às 12:00h, durante a qual foram observados o uso do solo, as condições da
vegetação e as infraestruturas do parque. O estudo também se valeu de três entrevistas com funcionários do
parque e da análise de imagens temporais obtidas via Google Earth dos anos de 2022, 2023 e 2024, para
identificar mudanças no uso do solo e possíveis impactos ambientais. Foram feitas fotografias e registros de
áreas degradadas, com foco nas nascentes do Igarapé do Mindu e nas trilhas ecológicas. Os resultados
apontam para uma série de problemas que afetam o parque, incluindo a ocupação irregular, o despejo
inadequado de lixo e a poluição das nascentes, intensificada pelo crescimento urbano desordenado observado
por meio de imagens temporais. Por meio das entrevistas, foi discutido sobre a criminalidade e a falta de
segurança, o que agrava a degradação do local. Assim como, sobre a infraestrutura do parque, que conta com
um prédio administrativo e áreas de lazer, encontra-se abandonada em algumas partes, o que compromete sua
funcionalidade. O presente trabalho destaca a necessidade de preservar áreas protegidas em meio ao
crescimento urbano desordenado, como o Parque Municipal Nascentes do Mindu. A análise revela como a
degradação ambiental, a poluição e a falta de gestão impactam negativamente ecossistemas vitais para a
manutenção da biodiversidade e da qualidade dos recursos hídricos na região amazônica. Além disso, a
importância de políticas públicas para equilibrar a preservação ecológica com o desenvolvimento urbano,
contribui diretamente para o debate sobre a sustentabilidade na Amazônia, fornecendo subsídios para a
implementação de práticas de gestão ambiental mais eficientes. Conclui-se que, embora o Parque Municipal
Nascentes do Mindu tenha potencial para a conservação ambiental e educação ecológica, ele enfrenta
grandes desafios de gestão e manutenção. A falta de recursos e apoio governamental, aliada à pressão
antrópica, tem prejudicado a conservação das nascentes e da biodiversidade local, impedindo que o parque
cumpra integralmente seus objetivos de preservação ambiental.
Palavras-chave: Ações antrópicas, Áreas protegidas, Impactos ambientais, Poluição urbana.
Apoio: Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
ETNOECOLOGIA E OCUPAÇÃO DO PEIXE-BOI-DA-AMAZÔNIA (Trichechus inunguis)
NO RIO JURUÁ
Gabriela Borges Vedovello1,2; Andressa Bárbara Scabin3; Andressa Sayori Minato3,4; Camila Duarte Ritter1,3; Carlos
Augusto Peres3; Eduardo Von-Muhlen3; Evandro da Silva Inácio5; Hugo Cardoso de Moura Costa3; Lívia Ribeiro Cruz3;
Sidney do Nascimento Cruz5; João Vitor Campos-Silva
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Brazil.
2 Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
3 Instituto Juruá, Manaus, Brazil.
4 Centro Agronómico Tropical de Investigación y Enseñanza (CATIE), Turrialba, Costa Rica.
5 Comunidade Local no Rio Juruá.
A megafauna aquática amazônica desempenha um papel essencial na manutenção dos ecossistemas e inclui
espécies de importância cultural e socioeconômica. Entre essas espécies, o peixe-boi-da-amazônia
(Trichechus inunguis) destaca-se como um símbolo ecológico e cultural de grande relevância, sendo foco de
estudos que buscam entender tanto sua ocupação quanto as relações de populações ribeirinhas com a espécie.
Combinando conhecimento local a uma abordagem ecológica acadêmica, investigamos aspectos ecológicos
relativos ao peixe-boi-da-amazônia e sua importância cultural para as comunidades locais do Médio Rio
Juruá, um importante afluente do Rio Amazonas. A fim de avaliar a ocupação atual da espécie na região,
percorremos cerca de 600 km do Rio Juruá identificando vestígios (marcas de mordedura e presença de
fezes) de peixe-boi-da-amazônia em 102 transectos de 500 metros nas margens da calha principal do rio.
Nossos modelos de ocupação indicam que os peixes-bois ocorrem em toda a extensão do Juruá, mesmo fora
de áreas de proteção formais. Em entrevistas semi-estruturadas com 274 pescadores de 24 comunidades, os
entrevistados relataram baixas taxas de captura, variando entre 0,0175 e 0,3448 animais da espécie por ano
de pesca, com uma média de 0,1 peixe-boi (um indivíduo abatido por pescador a cada 10 anos). Os
pescadores reportaram ter abatido 119 peixes-bois, uma média de 1,6 indivíduos por ano em toda a extensão
estudada, nos 75 anos (1947-2022) de história reconstruídos pelos moradores locais nas entrevistas. A
tendência populacional histórica da espécie indica estabilidade após um período de declínio, tanto em áreas
protegidas quanto não protegidas da região. No passado, a caça desenfreada da espécie representou um dos
fatores que a levaram a ser classificada como 'vulnerável'. Em decorrência disso, o consumo da carne do
peixe-boi é uma temática controversa, pois apesar de vulnerável e protegida legalmente, sua carne é também
uma fonte de alimento muito apreciada pelas populações ribeirinhas. Nossas descobertas indicam que a caça
de subsistência do peixe-boi no contexto da cultural local não parece exercer pressão significativa sobre suas
populações por acontecer em baixa frequência, segundo reportado pelos entrevistados. No entanto, eventos
climáticos extremos, como secas intensas, podem isolar grupos da espécie em corpos d 'água desconectados
do rio principal, facilitando sua captura. Diante da crise climática na Amazônia, a busca pela sobrevivência
se torna um desafio enfrentado por diversas espécies, incluindo a humana, o que pode alterar os padrões
históricos de consumo de diferentes espécies e culminar em maiores pressões às populações de peixe-boi.
Dessa forma, destaca-se a necessidade de participação dos moradores destas regiões na tomada de decisões
relativas às estratégias de conservação, especialmente no contexto de enfrentamento da crise climática, a fim
de identificar abordagens justas e coerentes nesse contexto.
Palavras-chave: Ecologia, Etnografia, Manati, Sirenia.
ESPÉCIES DO GÊNERO Xylaria EM MANAUS, AM, BRASIL: CONSERVAÇÃO DA
BIODIVERDIDADE EM ÁREAS URBANAS
Suzana Mineiro Ferreira1; Maria Eduarda Pinheiro da Costa2; Maria Aparecida de Jesus3
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Iniciação Científica, Manaus, AM.
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Tecnologia e Inovação (COTEI).
E-mail: suhmicologia@gmail.com
Na família Xylariaceae (Xylariales, Ascomycota) está segregado o gênero Xylaria, popularmente conhecido
como “dedo de homem morto”. Seus representantes são saprófitas, geralmente com ascoma na cor marrom,
preto ou creme, que crescem principalmente em madeira na natureza, mas podem ter como substrato solo,
ninhos, folhas e frutos. Também possuem grande potencial biotecnológico, pois são promissores na produção
de compostos antimicrobianos e antioxidantes. São conhecidas aproximadamente 218 espécies
mundialmente, e de acordo com depósitos em herbários no speciesLink, 105 destas espécies foram
registradas no território brasileiro, entre essas, cerca de 36 na Amazônia. Por isso, o objetivo deste trabalho
foi a identificação de espécies de Xylaria através da taxonomia clássica, visando ampliar o conhecimento da
diversidade de espécies do gênero na área urbana de Manaus. Os macrofungos do gênero Xylaria da Coleção
de Fungos de Interesse Agrossilvicultural do INPA foram acessados. São provenientes de várias zonas da
área urbana da Cidade de Manaus, principalmente no Bosque da Ciência, e em outras áreas do Campus 1 do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Foram feitas análises macroscópicas com o intuito de observar
e mensurar estruturas como: estroma (porção fértil e estipe), assim como presença ou ausência de
pubescência, peritécio (comprimento e espessura), além de checar a liberação de pigmento em reagente KOH
10%, para fungos com coloração clara. As análises microscópicas foram feitas através da análise de lâminas
com água destilada estéril para visualizar a fenda germinativa (retilínea, sigmóide ou espiral) nos ascósporos
(30), os quais foram medidos utilizando o programa computacional ImageJ. Outra lâmina em reagente de
Melzer foi montada para observar a reação amilóide dos aparatos apicais e fazer as respectivas medições.
Foram identificados 41 espécimes, distribuídos em 15 espécies, sendo estas: X. subcoccophora (8), X. curta
(7), X. allantoidea (5), X. scruposa (5), X. polymorpha (4), X. feejeensis (2), X. multiplex (2), X. ianthinu-
velotina (1), X. laevis (1), X. obovata (1), X. tucumanensis (1), X. aff polymorpha (1), X. formosana (1), X.
vinosa (1), X. gracilima (1). A localidade com maior ocorrência de espécimes de Xylaria (21) é o Bosque da
Ciência (INPA). As espécies X. tucumanensis, X. formosana e X. laevis são primeiro registro para o estado
do Amazonas, enquanto X. vinosa é registrada pela primeira vez para o Brasil, cuja coloração rosada do
estroma é uma característica incomum para o gênero. Este estudo corrobora com o conhecimento sobre 15
espécies de Xylaria no estado do Amazonas, e revela a importância da taxonomia de macrofungos
(Ascomycetes) em ambientes urbanos ou fragmentos florestais, uma vez que estas áreas podem abrigar
táxons ainda desconhecidos, ou não descritos pela ciência, mostrando a necessidade de preservar estes
habitats e assim promover a conservação sustentável da biodiversidade nos espaços verdes urbanos.
Palavras-chave: Taxonomia, fungos decompositores, Xylariales.
Apoio: CNPq, FAPEAM.
IMPACTO DAS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS NA MORTALIDADE POR
PNEUMONIA EM MANAUS/AM: TEMPERATURA MÍNIMA E UMIDADE (2008-2023)
Geisiane da Rocha Sarmento1; Lucas Sousa Costa 1; Ana Carla dos Santos Gomes2;
Luan Sena Cavalcante1; Nicole Kellen Gois de Oliveira1
1Discente de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, Santarém - PA.
2Doutora em Ciências Climáticas, Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA, Santarém – PA.
E-mail: geisi18sarmento@gmail.com
As condições climáticas e a qualidade do ar são determinantes críticos para a saúde pública, especialmente
em regiões tropicais como Manaus, no Amazonas, onde a alta umidade e as temperaturas elevadas favorecem
a ocorrência de doenças respiratórias, como a pneumonia. Diante disso, o presente estudo visa analisar a
relação entre variáveis meteorológicas e a taxa de mortalidade por pneumonia em Manaus/AM no período de
2008 a 2023. Os dados referentes à temperatura mínima (°C) e umidade relativa do ar (%) foram obtidos por
meio do Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP) do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET), e as informações sobre mortalidade por pneumonia foram disponibilizadas pelo
Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Para suprir dados ausentes foi realizada a
imputação múltipla e para verificar associação utilizou-se a regressão linear múltipla com o auxílio do
software R, versão 4.1.3. Os resultados indicam que a temperatura mínima média em Manaus varia ao longo
do ano, com a menor média registrada em fevereiro (22,78°C) e a maior em setembro (37,11°C). A umidade
relativa do ar também apresenta variações sazonais, com média mais elevada em março (90,73%) e menor
em agosto (59,62%), enquanto a taxa de mortalidade destaca-se a maior variabilidade registrada no mês de
fevereiro, atingindo 60%. Na análise de regressão múltipla, verificou-se que tanto a umidade relativa quanto
a temperatura mínima apresentaram associação positivas com a taxa de mortalidade por pneumonia. Em
ambos os casos, com significância estatística (p-valor < 0,0002), ou seja, há uma alta probabilidade de que o
comportamento das variáveis contribua para a mortalidade por pneumonia, sendo que a elevada umidade
relativa está associada ao aumento de doenças respiratórias. Na Amazônia, a combinação de alta umidade e
temperaturas elevadas favorece a proliferação de fungos e ácaros, enquanto a maior transmissibilidade de
vírus em temperaturas mais baixas, somada à redução da imunidade, pode agravar as condições de saúde.
Compreender essas relações é importante para o desenvolvimento de estratégias de saúde pública voltadas
para a prevenção e mitigação dos óbitos, espera-se que os resultados possam contribuir na formulação de
políticas públicas.
Palavras-chave: Amazônia, Doenças respiratórias, Mortalidade, Saúde pública, Variáveis meteorológicas.
Apoio: Grupo de Ciências Atmosféricas na Amazônia (GPAA).
INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA MÁXIMA DO AR E DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL
NA MORTALIDADE POR PNEUMONIA EM MANAUS/AM
Lucas Sousa Costa1; Geisiane da Rocha Sarmento 1; Ana Carla dos Santos Gomes 2; Jéssica Daniely Santos Campos3;
Luan Sena Cavalcante1; Nicole Kellen Gois de Oliveira1
1Discente no curso de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, Santarém - PA.
2Doutora em Ciências Climáticas, Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, Santarém – PA.
3Discente no curso de Farmácia, Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, Santarém - PA.
E-mail: lucassousa1288@gmail.com
Fatores naturais, como clima e o tempo, são determinantes críticos do meio ambiente e afetam a saúde
humana de diversas maneiras. A variação na temperatura e na precipitação podem ter impactos diretos e
indiretos, influenciando o equilíbrio entre saúde e doença. Este estudo tem como objetivo investigar a
influência de variáveis meteorológicas na mortalidade por pneumonia em Manaus/AM. Utilizaram-se os
dados mensais e anuais de mortalidade por pneumonia disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
via site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), e dados meteorológicos
de precipitação pluvial, temperatura máxima do ar, fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET) de 2008 a 2023. Para verificar a associação foi utilizado a técnica da Regressão Linear Múltipla
com auxílio do software estatístico livre R 3.4.4. Os resultados evidenciaram variação média da temperatura
máxima do ar de 30,4°C a 37,1°C, os meses de agosto a novembro com os valores mais elevados. O total
mensal de precipitação foi de 589 mm e ocorreu no mês março de 2008, o período mais chuvoso foi de
janeiro a março. Foi possível verificar que a maior ocorrência de óbitos em fevereiro, o que coincidem com a
época da chuvosa. Por fim, o modelo ajustou associação significativa (p < 0,0002) entre ambas as variáveis
meteorológicas e a mortalidade por pneumonia. Conclui-se que em Manaus, no período analisado, a
variabilidade climática possivelmente foi um dos fatores contribuintes para a ocorrência de óbitos por
pneumonia, destacando a necessidade de estratégias eficazes de prevenção e tratamento.
Palavras-chave: Clima, Mudanças climáticas, Saúde pública, Variáveis meteorológicas.
Apoio: Grupo de Ciências Atmosféricas na Amazônia (GPCA).
ESTUDO COMPARATIVO DA POLUIÇÃO DO AR NA REGIÃO URBANA DE
SANTARÉM, VIA DADOS DO PROJETO CUIDADORES DO AR
Lucas Sousa Costa1; Geisiane da Rocha Sarmento1; Ana Carla dos Santos Gomes1; Gisele Silva Dias1; Luan Sena
Cavalcante1; Nicole Kellen Gois de Oliveira1; Iezabelly Maria Farias Andrade1
1Curso de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, Santarém - PA.
E-mail lucassousa1288@gmail.com
A Amazônia brasileira desempenha um papel crucial na regulação do clima global. No entanto, a qualidade
do ar na região tem sido uma crescente preocupação ambiental, especialmente em áreas urbanas próximas a
atividades humanas intensas. Um dos principais indicadores da poluição do ar é o material particulado que é
composto por partículas minúsculas que ao serem inaladas podem ocasionar sérios danos à saúde humana. O
presente estudo tem como objetivo analisar o comportamento do Material Particulado (particulate matter)
PM2,5 m/m³) em Santarém, região Oeste do Estado do Pará. Os dados de material particulado foram
obtidos, com o sensor de qualidade do ar SDS011, desenvolvido pela Nova Fitness, um spin-off da
Universidade de Jinan (em Shandong), e o de temperatura AM2302 que são componentes do kit de
monitoramento de baixo custo do Projeto Rede Piloto de Inovação no Monitoramento da Qualidade do Ar na
região Oeste do Pará - “Cuidadores do Ar”. Devido níveis alarmantes de poluição atmosférica ocorrido em
novembro de 2023 em Santarém, divulgados em vários meios de comunicação, optou-se por utilizar dados
referentes ao mês de novembro, e comparar as condições ambientais entre os anos de 2022 e 2023, por meio
do coeficiente de correlação de Pearson com auxílio do software estatístico livre R 3.4.4. Observou-se
correlação positiva fraca (r = 0.205), no entanto com significância estatística (p-valor < 0,05), entre os níveis
de PM2.5(μm/m³) e Temperatura máxima do Ar. Em novembro de 2022, as concentrações de PM2.5 m/m³)
mostraram uma distribuição com valores que se mantiveram predominantemente abaixo de 100 µg/m³. Em
contraste, novembro de 2023 apresentou um aumento significativo nas concentrações com valores
frequentemente superiores a 200 µg/m³ e picos chegando a 400 m/m³). Ressalta-se que as últimas
diretrizes da qualidade do ar OMS (2021) recomendam o limite de concentração de média anual m/m³) em
24 horas: 15 (µg/m) para o PM2,5(μm/m³). A análise da temperatura da máxima do ar mostrou que
novembro de 2023 apresentou a média mais elevada de 39,85 °C, em comparação com 2022 que obteve
36,92 °C, o que reflete em condições ambientais mais extremas em 2023. Isto é consistente com uma piora
na qualidade do ar, potencialmente influenciado pelo El Niño, que tende a favorecer a ocorrência de
queimadas e a intensificar a circulação de partículas finas na atmosfera. Esses resultados destacam a
elevação das concentrações de material particulado PM2.5 m/m³) e sua relação com as condições
climáticas extremas na Amazônia. As evidências indicam que a poluição atmosférica pode agravar problemas
na saúde pública, destacando a necessidade de estratégias de monitoramento e políticas públicas para mitigar
os impactos de fenômenos climáticos na qualidade do ar e nas condições meteorológicas na região
amazônica.
Palavras-chave: Qualidade do ar, Partículas inaláveis, Poluentes atmosféricos, Variáveis meteorológicas.
ESTUDO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA VILA BALNEÁRIA DE ALTER DO CHÃO,
POR MEIO DOS DADOS DO PROJETO CUIDADORES DO AR
Geisiane da Rocha Sarmento1; Lucas Sousa Costa 1; Ana Carla dos Santos Gomes1;
Luan Sena Cavalcante1, Nicole Kellen Gois de Oliveira1
1 Curso de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, Santarém - PA.
E-mail: geisi18sarmento@gmail.com
A poluição atmosférica é uma preocupação crescente em todo o mundo, que afeta a saúde pública e o meio
ambiente, especialmente em áreas ecologicamente sensíveis e turísticas, como a Vila Balneária de Alter do
Chão, situada na Amazônia Central Brasileira, conhecida por suas belezas naturais e referenciada como
“Caribe da Amazônia”. Dentre os poluentes mais prejudiciais es o material particulado grosso (PM10
µg/m³), que pode causar sérios problemas respiratórios e impactar a biodiversidade local. Nesse contexto, o
objetivo deste trabalho é analisar a qualidade do ar na Vila Balneária de Alter do Chão. A área de estudo está
situada à margem direita do rio Tapajós e a cerca de 37 km da sede do município de Santarém-PA. Utilizou-
se dados de temperatura do ar (°C), umidade relativa do ar (%) e concentrações de material particulado
(PM10 µg/m³), com medições diárias, coletadas pelo kit de monitoramento de baixo custo do projeto Rede
Piloto de Inovação no Monitoramento da Qualidade do Ar, na região Oeste do Pará: Cuidadores do Ar,
referente ao mês de novembro de 2023. Esse período coincide com a transição entre a estação seca e a
chuvosa, o que favorece o aumento de queimadas e atividades agrícolas, típicas dessa época do ano na região
oeste do Pará. A análise de dados ocorreu por meio de estatística descritiva, com o auxílio do software R
versão 4.4.1. Os resultados evidenciaram que a temperatura do ar variou entre 25.41°C (registrado no dia 27)
e 41.35°C (no dia 5), o que indica alta variabilidade durante o mês. A umidade relativa do ar apresentou
valores entre 35,54% e 83,88%, sendo inferiores ao esperado para o período de novembro, enquanto os
valores mais elevados se mantiveram dentro do padrão climatológico característico da região, que é superior
a 70%, típico do clima tropical úmido, com temperaturas médias entre 24°C e 33°C. O PM10 µg/m³ atingiu
níveis extremamente elevados, com máximas superiores a 400 µg/m³ nos dias críticos (2 e 6). Estes picos são
mais de 20 vezes superiores aos limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a
qualidade do ar, que sugere valores máximos de 45 µg/m³ para o PM10 µg/m³ em exposições diárias. Esses
altos índices de poluição atmosférica causaram impactos negativos na saúde da população e nas atividades
econômicas da vila, pois comprometeu significativamente a qualidade de vida dos moradores, tornando
impraticável o trabalho e o turismo na região, principalmente devido à inviabilidade de frequentar as praias,
que são um atrativo essencial para a economia local. Conclui-se que a poluição atmosférica em Alter do
Chão atingiu níveis críticos, representando um risco à saúde pública e à biodiversidade local. Espera-se que
os resultados obtidos possam auxiliar em políticas públicas voltadas para o monitoramento contínuo da
qualidade do ar e na mitigação dos impactos da poluição, particularmente em áreas de alta sensibilidade
ambiental como a Amazônia.
Palavras-chave: Amazônia, Material particulado, PM10, Poluentes atmosféricos, Saúde pública
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE CINCO MICROBACIAS NOS DOIS
PERÍODOS SAZONAIS NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS AM
Laís Fernanda Almeida Trovão¹; Adriano Nobre Arcos¹; Sergio Duvoisin Junior¹
1 Laboratório de Química Aplicada à Tecnologia (GP-QAT),
Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Superior de Tecnologia (EST).
E-mail: lfat.geq20@uea.edu.br
A expansão da Zona Franca de Manaus resultou na ampliação da área urbanizada, impondo uma pressão
significativa sobre o meio ambiente local. Essas intervenções desencadearam um processo gradual de
degradação dos corpos hídricos urbanos. Nesse contexto, torna-se evidente a necessidade de realizar estudos
e monitoramentos contínuos da qualidade das águas nas microbacias localizadas ao longo da orla de Manaus.
O presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade da água nas bacias de Ponta Pelada, Refinaria,
Mauá, Mauazinho e Colônia Antônio Aleixo, durante os períodos de cheia e seca, utilizando parâmetros
físico-químicos, químicos e microbiológicos conforme o Índice de Qualidade da Água, e compará-los com
os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005. As análises seguem as metodologias descritas
pela APHA, e os procedimentos de coleta e preservação de amostras são baseados nas diretrizes da CETESB.
Foram analisados nove parâmetros: condutividade, pH, coliformes termotolerantes, oxigênio dissolvido,
demanda bioquímica de oxigênio, fósforo total, nitrogênio amoniacal, sólidos dissolvidos e turbidez, com o
objetivo de calcular o Índice de Qualidade da Água para cada amostra. Ao todo, foram realizadas três coletas
entre os períodos de seca e cheia do Rio Negro: novembro de 2023, durante a estiagem, na qual foi possível
coletar amostras apenas nas bacias Mauá, Mauazinho e Colônia Antônio Aleixo, devido à baixa
disponibilidade de água; a segunda em fevereiro de 2024, durante o período de enchente; e a última em maio
de 2024, no auge da cheia. Os resultados de novembro revelaram uma qualidade de água insatisfatória nas
bacias Mauá e Mauazinho, enquanto a bacia Colônia Antônio Aleixo apresentou qualidade aceitável. Em
fevereiro, as bacias Mauá e Mauazinho mantiveram sua condição crítica, enquanto Ponta Pelada e Colônia
Antônio Aleixo apresentaram boa qualidade de água, e a bacia Refinaria mostrou qualidade aceitável. Em
maio, as bacias Ponta Pelada e Refinaria exibiram boa qualidade de água, e as demais, qualidade aceitável.
Conclui-se que as microbacias estudadas apresentam um elevado vel de degradação, resultado da intensa
urbanização nas áreas circundantes, agravado pelas atividades humanas nos leitos dos rios e igarapés, bem
como pelas variações sazonais nos regimes pluviométricos do Rio Negro, uma vez que os períodos de
estiagem, como observado nas coletas de novembro de 2023, reduzem significativamente o volume de água,
concentrando ainda mais os poluentes. Essa dinâmica é um indicativo claro de que o regime hidrológico
exerce influência direta sobre a qualidade da água, com a seca intensificando os problemas de poluição
urbana, enquanto o período de cheia, apesar de diluir parcialmente os contaminantes, não é suficiente para
reverter o processo de degradação.
Palavras-chave: Conama; Contaminação; Índice de Qualidade de Água (IQA); Monitoramento ambiental;
Rio Negro.
Apoio: FAPEAM, UEA.
PREDAÇÃO DE Podocnemis erythrocephala (TESTUDINES, PODOCNEMIDAE) POR
Panthera onca (CARNIVORA, FELIDAE): UM ESTUDO NO AMAZONAS
Tayanne da Silva Lopes1; Paulo César Machado Andrade1; Luana Malheiros Ferreira1
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Laboratório de Animais Silvestres, Manaus, AM.
E-mail: tayanne.lopes@ufam.edu.br
A sobrevivência dos quelônios amazônicos é ameaçada por múltiplos fatores, como a ação antrópica e
também a predação natural, especialmente pela onça-pintada (Panthera onca). Durante a nidificação, as
fêmeas representam um alvo vulnerável para predadores. Apesar de ser um processo ecológico comum, os
impactos da perda de adultos reprodutivos na população permanecem incertos. Diante dessa situação,
apresentamos evidências da predação de fêmeas adultas de irapuca (Podocnemis erythrocephala) por onça-
pintada (Panthera onca) no Rio Sucunduri, no estado do Amazonas. Os registros foram obtidos na praia do
Aracu (rio Sucunduri), Borba, Estado do Amazonas. Os dados foram coletados na mesma praia ao longo de
duas estações reprodutivas consecutivas, correspondendo aos anos de 2023 e 2024. A praia em questão foi
monitorada até que o acesso fosse impossibilitado devido à queda do nível da água. Com base nas
informações registradas, foi possível avaliar a relação entre o percentual de fêmeas predadas e o número de
ninhos presentes na praia. Para isso, contabilizou-se o número de fêmeas que foram predadas antes de
realizarem a desova e número de ninhos de quelônios registrados no monitoramento em campo. A
identificação dos predadores foi realizada por meio de rastros e da observação de pegadas característica da
espécie deixadas na praia. Os vestígios identificados foram pegadas e fezes, além de lacerações nos cascos,
presença de mordidas especialmente na carapaça deixando os cascos parcialmente fragmentados ou
danificados. Nos achados, o predador retirava o plastrão para consumir carne e vísceras. O plastrão era
totalmente removido e na maioria das vezes ausente no local. Durante as duas temporadas reprodutivas,
constatou-se que 8 fêmeas foram predadas, o que corresponde a uma média de 7,02% das fêmeas em fase de
postura. Especificamente em 2023, foram registrados 39 ninhos e 3 casos de fêmeas adultas predadas. Já em
2024, observou-se um aumento tanto no número de ninhos, com 67 registros, quanto no número de
predações, que subiu para 5 fêmeas adultas. Além disso, verificou-se uma variação significativa no número
de fêmeas em processo de desova entre os dois anos, com um crescimento expressivo de 71,79% no número
de ninhos de 2023 para 2024, acompanhando também o aumento na quantidade de fêmeas predadas. O
estudo confirma que onças-pintadas predam fêmeas adultas de irapuca durante uma época de desova local,
como evidenciado pelos vestígios encontrados. A variação no número de ninhos e fêmeas predadas entre os
dois anos destaca a importância de continuar monitorando a interação para identificar tendências de longo
prazo e seus possíveis impactos. Assim, a proteção das irapucas é crucial não apenas para a preservação da
espécie, mas também para garantir presas para predadores como a onça-pintada, contribuindo para a saúde
geral do ecossistema.
Palavras-chave: Amazônia, Interação ecológica, Irapuca, Onça-pintada
OCHNACEAE DO HERBÁRIO DO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA
AMAZÔNIA, 70 ANOS DE COLETAS E (FALTA DE) IDENTIFICAÇÕES
Igor da Silva dos Santos1; Michael John Gilbert Hopkins1; Arleise Cristina dos Santos Serrão1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
e-mail: igordasilva25270@gmail.com
A família Ochnaceae DC., pertencente à ordem Malpighiales, apresenta distribuição pantropical, e
mundialmente compreende 30 gêneros e 500 espécies. A família é representada por árvores de pequeno
(±5m) e médio porte (±5 a 10m), arbustos e herbáceas. De maneira geral a morfologia de Ochnaceae é
caracterizada por apresentar folhas simples, alternas, coriáceas e brilhantes; estípulas ciliadas ou inteiras,
caducas ou persistentes, nervura central saliente no dorso; inflorescências cimosas ou racemosas, geralmente
paniculadas, às vezes reduzidas a uma única flor; flores bissexuadas, actinomorfas e diclamídeas. A família
apresenta uma grande importância ecológica na composição florestal e são de interesse para estudos
químicos e farmacológicos. No Brasil, Ochnaceae é representada por 13 gêneros e 209 espécies, tendo a
floresta amazônica a maior diversidade registrada com um total de 90 espécies. O gênero Ouratea Aubl. é
um dos maiores e mais distribuídos no Brasil, com 126 espécies, e a floresta amazônica apresenta 53
espécies registradas do gênero. O conhecimento da distribuição da família se deve principalmente aos
registros em herbários. Para a Amazônia, o maior e mais importante é o Herbário INPA, localizado no
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, fundado em julho de 1954, contando com mais de 300.000
registros. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento dos registros de Ochnaceae depositados no
Herbário INPA e apresentar possíveis problemas relacionados a identificações taxonômicas da família. Para
realização do trabalho foi utilizado o sistema de banco de dados BRAHMS (Botanical Research And
Herbarium Management System) para se efetuar o levantamento da família Ochnaceae no Herbário INPA,
quando necessário os dados a respeito dos espécimes relacionados a família foram atualizados. O Herbário
INPA conta com 1912 coletas de Ochnaceae depositadas no seu acervo, em todo o Brasil é o segundo
herbário que possui mais coletas da família, sendo o primeiro o Herbário do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Do total de 1912 coletas 57 espécimes permanecem sem nenhuma identificação, e 827 estão
identificados somente a nível de gênero, ou seja, 43% dos espécimes coletados ao longo dos 70 anos de
existência do Herbário INPA permanecem com uma identificação incompleta, dos quais os gêneros mais
representativos são Ouratea e Sauvagesia, que apresentam respectivamente 666 e 132 espécimes. A família
Ochnaceae é uma família importante ecologicamente e com uma grande diversidade registrada no Brasil. O
número de espécimes sem identificação ou com identificação incompleta representam uma lacuna de
conhecimento bastante representativa, visto que o maior herbário da Região Norte permanece com tantos
espécimes sem uma identificação a nível específico. Uma causa para este problema é a falta de especialistas
trabalhando com a família no país. Além do baixo número de visitas entre os especialistas existentes ao
herbário, como o banco de dados demonstrou a maior parte das identificações dos espécimes foi realizada
por parataxônomos, que podem não conseguir identificar com grande precisão esta família. Este problema
relacionado à família Ochnaceae pode ser solucionado com o incentivo e formação de taxônomos
especializados na família e no financiamento à visita de especialistas de outras regiões.
Palavras-chave: Amazônia, BRAHMS, Ouratea, Taxonomia.
Apoio: CAPES, CNPQ.
IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE
BOA VISTA, ORIXIMINÁ: DESAFIOS E RESISTÊNCIAS
André dos Santos Rocha1; Karoline Batista Siqueira²; Edyandra Brito Batista²;
Ana Carla dos Santos Gomes³
¹Discente no curso no de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA, Santarém, PA.
²Discente no curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA, Santarém, PA.
³Doutora em Ciências Climáticas, Universidade Federal do Oeste do Pará -UFOPA, Santarém, PA
E-mail: mr.andre2121@gmail.com
Os povos tradicionais residentes nas comunidades quilombolas vivem o dilema das mudanças climáticas e o
processo de adaptação a subsistência com as alterações ocorridas no meio ambiente. Este estudo de caso,
realizado na comunidade Boa Vista, no município de Oriximiná, onde habitam aproximadamente 870
pessoas, visa analisar os impactos das mudanças climáticas sobre essas comunidades, destacando os desafios
enfrentados e a percepção dos moradores sobre as transformações em seu meio ambiente. A escolha pela
comunidade de Boa Vista se justifica pela sua proximidade com a Mineração Rio do Norte (MRN), uma
grande indústria da região, o que torna pertinente investigar as interações entre atividade econômica e
sustentabilidade local. A pesquisa foi estruturada a partir de uma revisão bibliográfica do Plano Básico
Ambiental Quilombola do Degredo (PBAQ) e envolveu a coleta de dados por meio de um formulário
aplicado a 21 moradores, entre eles as antigas e atuais lideranças, e residentes mais longevos, com idades
entre 40 e 55 anos. O questionário continha 13 perguntas objetivas que abordaram diversas questões
relacionadas à percepção dos entrevistados sobre as mudanças climáticas, incluindo aumento da temperatura,
chuvas intensas, diminuição da pesca, secas prolongadas, inundações, degradação da produção de alimentos,
qualidade da água, e o surgimento de pragas e doenças nas plantações. Os resultados revelaram que 57,1%
dos entrevistados acreditam que a comunidade tem perdido terras devido à erosão ou outros processos
relacionados às mudanças climáticas. Além disso, 90,5% relataram que as chuvas se tornaram mais intensas,
mas menos frequentes, e a mesma porcentagem indicou uma diminuição na abundância de peixes na entrada
do Boa Vista. A totalidade dos entrevistados reconheceu a ocorrência de secas prolongadas e a percepção de
alterações climáticas na comunidade, afastando o acesso dos moradores a água dos rios e igarapés,
dificultando tanto para o consumo como para o tráfego de embarcações, enquanto 61,9% afirmaram que
sofreram com inundações. Problemas com pragas e doenças nas plantações foram destacados por 81% dos
participantes, elevando o número de atendimento hospitalar nas cidades próximas que na comunidade não
possui postos de saúde. E 66,7% expressaram preocupação sobre a atuação da indústria local em relação às
mudanças climáticas na comunidade. A percepção dos entrevistados sobre esses desafios é clara e revela a
urgência de ações de adaptação e mitigação. Os resultados ressaltam a necessidade de um diálogo contínuo
entre a indústria, o governo e as comunidades quilombolas, para promover estratégias que minimizem os
impactos das mudanças climáticas e garantam a proteção dos modos de vida tradicionais. A pesquisa
contribui para um entendimento mais profundo das interações entre práticas locais e fatores externos,
propondo uma reflexão sobre a sustentabilidade nas comunidades quilombolas frente às adversidades
climáticas.
Palavras-chave: Alterações ambientais, Comunidade tradicional, Subsistência.
Apoio: Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo Boa Vista (ACRQBV), Mineração Rio do
Norte (MRN), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Grupo de Ciências Atmosféricas na
Amazônia (GP.caa).
CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS E INOVAÇÕES SOCIAIS PARA A DEFESA DO
TERRITÓRIO DAS COMUNIDADES INDÍGENAS DE MANAUS E ENTORNO
Gilmar Antonio Meneghetti1; Lindomar de Jesus Sousa Silva1;
Alessandro Carvalho dos Santos1; José Olenilson Costa Pinheiro1
1Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM.
E-mail: gilmar.meneghetti@embrapa.br
O município de Manaus tem uma população indígena de 71.713 pessoas, segundo o IBGE (2022). É oriunda
das diversas calhas dos rios da Amazônia e migram por causa de conflitos agrários, perseguições e busca por
políticas de saúde, educação e segurança. Habitam comunidades no entorno de Manaus e tem posse precária
da terra. Buscam apoio e parcerias com a sociedade através da Coordenação de Povos Indígenas de Manaus e
Entornos (COPIME), para o acesso a tecnologias e inovação nos sistemas produtivos visando a segurança
alimentar e renda através do cultivo da banana, cacau, mandioca, macaxeira, feijão e açaí. A Embrapa faz
parte do rol de instituições parceiras, assim como a extensão rural. A pesquisa analisa os desafios para o
desenvolvimento de sistemas produtivos das comunidades com adoção de tecnologias. O estudo foi realizado
nas comunidades do Gavião, em Manaus e na comunidade do Tururukari-Uka, em Manacapuru - AM. Foram
entrevistadas 15 lideranças das comunidades e realizadas observações durante o desenvolvimento de
atividades nas comunidades. Constatou-se que a adoção de tecnologias permite a produção em solos com
baixos níveis de fertilidade, o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis, resgatando uma cultura
ancestral de produção, associando-a a tecnologia moderna para a segurança alimentar e geração de renda. A
melhoria da segurança alimentar e da renda preserva a identidade, fortalece a resistência coletiva e aumenta a
produção de alimento no território.
Palavras-chave: Ancestralidade, Território, Integração.
Apoio: FAPEAM - HUMANITAS - CT&I.
CUSTOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS DO CULTIVO DE MANDIOCA:
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS PARA MANUTENÇÃO DOS SERVIÇOS
ECOSSISTÊMICOS E A SEGURANÇA ALIMENTAR
Lindomar de Jesus Sousa Silva1; Gilmar Antonio Meneghetti1; Alessandro Carvalho dos Santos1; José Olenilson Costa
Pinheiro1
1Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM.
E-mail: lindomar.j.silva@embrapa.br
A pesquisa analisou os custos, interações, resultados dos sistemas de produção e caracterizou o cultivo da
mandioca por agricultores familiares de comunidades rurais dos municípios de Manacapuru e Manincoré
AM. O referencial teórico-empírico abrange a agricultura familiar, gestão de custos na atividade rural e a
caracterização da atividade no contexto do Brasil. A metodologia usada é exploratória, bibliográfica,
documental e de levantamento de dados por meio de questionários aplicados diretamente aos agricultores.
Fez-se uma abordagem quantitativa, aplicando-se a estatística descritiva. Foram entrevistados 20 (vinte)
agricultores que cultivam mandioca. As questões sobre custos, resultados e vantagens foram formuladas
segundo a escala Likert, modificada, de 4 pontos. Os resultados da pesquisa confirmam estudos anteriores e,
indicam que a percepção dos agricultores em relação aos custos de produção, interação entre sistemas
produtivos e a adoção de inovações é limitada. Isso se reflete no resultado econômico da atividade, que
poderia influenciar positivamente a melhoria a segurança alimentar da família e o manejo mais adequado da
biodiversidade, o que não ocorre de forma satisfatória. Os investimentos que para os agricultores são
importantes, não influenciam o resultado da atividade, não melhoram a eficiência, a produtividade, o melhor
uso da mão de obra, da adoção de tecnologia, manutenção e conservação dos serviços ecossistêmicos.
Palavras-chave: Agricultores familiars, Percepção, Produção sustentável.
Apoio: FAPEAM - HUMANITAS - CT&I.
CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA FOLIAR DE Leopoldinia pulchra MART. EM
AMBIENTES ALAGÁVEIS NA AMAZONIA CENTRAL
Arleise Cristina dos Santos Serrão1; Maria Gracimar Araújo Pacheco2; Igor da Silva dos Santos1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Pós-Graduação em Botânica, Manaus, AM.;
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto de Ciências Biológicas, Manaus, AM.
E-mail: arleise.serrao@posgrad.inpa.gov.br
A palmeira Leopoldinia pulchra Mart., jará ou jará-mirim, é endêmica da Amazônia, restrita aos ambientes
alagáveis, formando densas populações em toda a Bacia do Rio Negro. Este estudo visou caracterizar a
anatomia do limbo foliar de L. pulchra, durante o seu crescimento e desenvolvimento, para contribuir com o
entendimento da ecofisiologia da espécie. A coleta do material botânico foi realizada em três florestas
remanescente de igapó no Amazonas, nos municípios de Manaus, Iranduba e Itacoatiara, amostrando 15
indivíduos/área, sendo cinco plântulas, cinco jovens e cinco adultos. No Laboratório de Anatomia Vegetal -
LAV/ICB/UFAM, as folhas foram fixadas em FAA70 e armazenadas em etanol 70%, posteriormente, foram
obtidas secções transversais, à mão livre, da área média dos segmentos foliares, corados com safrablau
(safranina 1% e azul de astra 0,1% na proporção de 9:1), montados com gelatina glicerinada e fotografados
com o aumento de 200 vezes. As plântulas nas três localidades, apresentaram epiderme lignificada, mesofilo
isomórfico e feixes vasculares revestidos por esclerênquima. Na fase juvenil, os indivíduos de Iranduba,
apresentaram epiderme lignificada, hipoderme e mesofilo interno isomórfico, células de expansão voltadas
para a face abaxial e sistema vascular envolvido por esclerênquima, enquanto os indivíduos amostrados nas
localidades de Manaus e Itacoatiara, apresentaram epiderme lignificada, hipoderme unisseriada nas faces
adaxial e abaxial, e mesofilo interno diferenciado em parênquima paliçádico e lacunoso. Os indivíduos
adultos, nas três áreas, apresentaram epiderme lignificada, hipoderme unisseriada nas faces adaxial e abaxial,
parênquima paliçádico com uma, duas ou três camadas, parênquima lacunoso com cerca de quatro camadas,
feixes vasculares dispersos apenas no parênquima lacunoso e organizados em três variações de calibre,
envolvidos por fibras esclerenquimáticas. A presença de tecido isomórfico na fase de plântula pode estar
vinculada ao período de recrutamento dessas plântulas, que ocorre imediatamente após a inundação e durante
o escoamento dos rios. Por outro lado, a presença de hipoderme nas fases jovem e adulta sugere uma
estratégia eficiente de retenção de água nas folhas no período de inundação, uma vez que os indivíduos
jovens e adultos ficam, respectivamente, totalmente e parcialmente submersos no período inundado e sofrem
xeromorfismo fisiológico pela falta de capacidade de absorção de água, por outro lado, os adultos
apresentaram maior quantidade de tecidos de resistência e reserva de água, devido à maior exposição ao sol e
elevação na evapotranspiração, em comparação com os juvenis, que estão em ambiente sombreado. A
variação estrutural durante a morfogênese da folha de L. pulchra, revela que a espécie enfrenta diversas
condições ambientais ao longo de seu ciclo de vida e está bem adaptada às variações sazonais do seu habitat
natural.
Palavras-chave: Adaptações ecofisiológicas, Anatomia foliar, Igapó.
Apoio: INPA, UFAM, CNPq, FAPEAM, Capes.
BACIA HIDROGRÁFICA DO TARUMÃ-AÇU: APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE
QUALIDADE DE ÁGUA (IQA) ADAPTADO ÀS ÁGUAS NEGRAS AMAZÔNICAS
Raduan Lima Rodrigues1; Adriano Nobre Arcos1; Sergio Duvoisin Junior1
1Laboratório de Química Aplicada à Tecnologia, Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do
Amazonas (EST/UEA), Manaus, AM.
E-mail: radulima15@gmail.com
Os rios são recursos naturais que participam desde as civilizações antigas do desenvolvimento humano, a
exemplo do rio Nilo para o Egito, de modo que o monitoramento da qualidade desses corpos de água
representa hoje uma atividade de grande impacto na continuidade desse processo de evolução. Desse modo,
com a intensificação das atividades antrópicas na região amazônica, especialmente nas áreas próximas à
cidade de Manaus, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água da bacia do rio Tarumã-Açu por
meio da análise dos seguintes parâmetros físicos, físico-químicos e microbiológicos: pH, Oxigênio
Dissolvido, Fósforo Total, Nitrogênio Amoniacal, Coliformes Termotolerantes, Turbidez, Condutividade,
Demanda Bioquímica de Oxigênio e Sólidos Dissolvidos Totais. Em seguida, esses 9 parâmetros foram
englobados no lculo do Índice de Qualidade das Águas (IQA) adaptado às águas negras amazônicas. Para
tanto, analisou-se os dados de amostras coletadas em 7 pontos georreferenciados nos meses de agosto e
novembro de 2023 e de fevereiro e maio de 2024, tendo-se por base a legislação CONAMA 357/2005 e as
metodologias de análises descritas em APHA. Como resultados, o índice utilizado indicou um nível médio de
qualidade da bacia em agosto e novembro, com um IQA de 73,1 e 69,1 respectivamente no período de seca,
enquanto no período de cheia do rio, registrou médias de 77,9 e 79,7 em fevereiro e maio, respectivamente.
Desse modo, considerando-se os aspectos naturais da bacia analisada, a qualidade da água foi superior e
registrada como boa pelo IQA justamente no período de maior cota do rio Tarumã-Açu. Além disso, destaca-
se que o pH, Oxigênio Dissolvido, e Demanda Bioquímica de Oxigênio apresentaram-se fora das suas
respectivas faixas determinadas pelo CONAMA 357 no período de cheia, em virtude das características
naturais dos rios amazônicos, as quais não são consideradas por esta resolução. Além disso, durante o mês de
novembro de 2023, observou-se alterações significativas nos valores obtidos para esses três parâmetros como
consequência direta da forte estiagem que atingiu a região neste período. Desse modo, foram obtidos valores
de pH entre 6,00 e 7,00, faixa muito acima da normalidade para a região, a qual comumente apresenta águas
mais ácidas. Com isso, nota-se que a estiagem severa corroborou com a queda da qualidade da água na bacia
analisada e que o indicador utilizado mostra-se capaz de representar melhor a real qualidade das águas locais
quando comparado ao IQA adaptado pela CETESB.
Palavras-chave: Análise de Água, Monitoramento Ambiental, Química Ambiental, Recursos Hídricos.
Apoio: FAPEAM, UEA.
CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS ASSOCIADOS À TOLERÂNCIA AO FOGO EM
FLORESTAS AMAZÔNICAS DE IGAPÓ
Gloria Vieira Rodrigues¹; Gisele Biem Mori¹; Jochen Schongart¹; Maria Tereza Fernandez Piedade¹
1Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, Grupo MAUA - Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas
Úmidas, Manaus, AM.
E-mail: gloriavieirarodrigues42@gmail.com
A vulnerabilidade das florestas alagáveis de água preta (Igapós) aos incêndios florestais, tem se exacerbado
pelas atividades humanas e eventos climáticos extremos, como o El Niño. As espécies arbóreas de florestas
alagáveis, não são evolutivamente adaptadas ao fogo, pois possuem características que os tornam mais
suscetíveis ao fogo, como um dossel baixo e a ausência de sub-bosque. Também possuem uma dinâmica
lenta, o que dificulta a regeneração após os incêndios. Porém, ainda não sabemos como as espécies estão
sendo afetadas pelos incêndios nem sobre a capacidade destas florestas em se recuperar. O estudo das
características funcionais das espécies é essencial para entender os mecanismos e estratégias de resistência
ao fogo. O objetivo do estudo foi investigar como as características funcionais estão relacionadas com a
resiliência das espécies de igapó ao fogo, e a sua capacidade de regeneração após os incêndios. Assim,
buscamos entender se, as espécies arbóreas de áreas em regeneração pós fogo, possuem traços funcionais que
conferem resistência a este distúrbio? Estes traços mudam ao longo dos anos de queima? O estudo foi
realizado no Parque Nacional do Jaú, onde cicatrizes de incêndios foram identificadas ao longo do Rio Jaú. A
partir dessas áreas, foram selecionadas as 18 espécies de árvores mais abundantes para análise. Foram
coletadas amostras de características funcionais de folhas (SLA), que podem indicar maior flamabilidade, e
troncos e cascas das árvores, que podem estar associados a resistência ao fogo. A área foliar específica (SLA)
foi obtida, a área foliar, que foi medida com um escâner portátil, e o peso seco das folhas foi determinado
após secagem em estufa, e posterior cálculo da razão entre a área foliar e o peso seco das folhas. A densidade
da madeira (WD) e da casca (BD) foi obtida pelo método de deslocamento de água. A espessura da casca
(BT) foi obtida com o uso de um paquímetro digital. A altura (H) foi obtida com um medidor de altura Vertex
e o diâmetro (DAP) do caule foi obtido com uma fita diamétrica. Obtivemos a média das características das
comunidades arbóreas em regeneração pós fogo (1992, 1997, 2010). Em seguida construímos modelos de
regressão linear com as características funcionais como variáveis dependentes e os anos como variáveis
independentes. A espessura da casca das espécies arbóreas aumentou em relação ao aumento do diâmetro das
árvores (p-value = <0.00, = 0.51). A média das cascas foi de 5.68 mm. Nenhum dos traços apresentou
variações significativas em relação aos anos de queima. As cascas das espécies de igapó são consideradas
finas, segundo Brando et al. (2014), Hoffmann et al. (2012) que consideram cascas de 10 mm, como sendo
relacionadas a proteção contra o fogo. A variação da espessura da casca está principalmente relacionada ao
diâmetro do tronco dos indivíduos. Não existe variações significativas das características funcionais
estudadas ao longo dos anos de queima. As espécies estudadas evidenciaram a predominância de traços
associados a estratégias de crescimento rápido, proporcionando uma adaptação menos eficaz à resistência
contra o fogo.
Palavras-chave: Amazônia, Florestas alagáveis, Incêndios florestais, Sucessão pós-fogo, Traços funcionais.
Apoio: Grupo MAUA - Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas. PELD MAUA
Pesquisa ecológicas de longa duração. INCT- ADAPTA - Centro de Estudos da Adaptação da Biota
Aquática da Amazônia. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas FAPEAM. Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq.
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E O PAPEL DO SAGRADO MARACÁ
Linda Lima de Souza
Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena (UFRR).
E-mail: silvalinda30p@gmail.com
A preservação do Meio Ambiente é muito importante para garantir a sobrevivência das futuras gerações e a
manutenção dos ecossistemas. Em Roraima, apesar de estarmos no Bioma Amazônia, estamos localizados
em um ecossistema de Savana estépica, basicamente formada por gramíneas e serras. No contexto da
comunidade indígena São Mateus, a manutenção do ambiente natural está profundamente ligada à nossa
cultura e tradição. Para nós povo macuxi, o maracá oriundo das espécies Crescentia cujete L. é um
instrumento sagrado utilizado em rituais, cerimônias, nas mobilizações, nas assembleias, nas pajelanças, nas
danças tradicionais e na igreja, representa não apenas a conexão espiritual com a natureza, mas também o
compromisso de proteger e respeitar o meio ambiente. Nosso principal objetivo foi promover a educação
ambiental e o uso consciente dos recursos naturais da comunidade por meio da confecção e uso do Maracá.
Para realização dessa atividade foram realizadas pesquisas bibliográficas, assim como conversas e diálogos
com os anciãos da comunidade, detentores de um profundo conhecimento. O Maracá, é feito dos materiais
naturais, como os baldes jamaru e de cuité (cabaça), sementes e madeiras, simboliza a harmonia entre os
homens e a natureza. Para nós povos indígenas Macuxi, o som do sagrado Maracá tem o poder de invocar os
espíritos da natureza, pedindo proteção e equilíbrio. Isso é uma tradição milenar que reflete a visão de
mundo dos povos indígenas, na qual a terra é vista como ser vivo, merecendo respeito e cuidado. Assim a
preservação do meio ambiente é vista como responsabilidade sagrada, reforçada através do uso do Maracá. O
impacto dessa visão na preservação do meio ambiente é significativo. Nós povo macuxi valorizamos a
natureza como sagrado e adotamos práticas sustentáveis que garantem a conservação dos recursos naturais.
Essa relação equilibrada com o ambiente natural pode servir de exemplo para outras comunidades indígenas,
mostrando que é possível viver em harmonia com a natureza sem comprometer o desenvolvimento humano.
Na escola Estadual Indígena São Mateus, abordamos a preservação do meio ambiente e o papel do sagrado
Maracá que pode ser feito através da integração dessas tradições dentro da sala de aula. Os estudantes podem
aprender sobre a importância do sagrado Maracá e a preservação do meio ambiente através das atividades
práticas, como a confecção do instrumento, e discussões sobre o respeito à natureza. Esse tipo de abordagem
não fortalece a identidade cultural dos estudantes, como também os conscientiza sobre a importância da
preservação ambiental, preparando-os para serem futuros guardiões da nossa terra e tradições.
Palavras-chave: Conhecimentos tradicionais, Educação ambiental, Educação indígena, Preservação
ambiental.
ESTOQUE DE CARBONO E FERTILIDADE DO SOLO EM QUINTAIS
AGROFLORESTAIS INDÍGENAS DOS POVOS SATERÉ-MA
Sinval Aragão¹; Marta Ayres¹; Sonia Alfaia¹; Flavia Costa¹
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Pós-Graduação em Ecologia e Agricultura do Trópico Úmido, Manaus, AM.
E-mail: snaragao@hotmail.com
Esse estudo versa sobre os aspectos culturais e sua influência sobre as práticas de manejo agroecológicas de
quintais indígenas e seu estoque de carbono nos seus solos e vegetação. Com o aquecimento global, a
Agroecologia tem sido adotada como uma forma de agricultura sustentável que promove a conservação de
florestas, bem como a produção de alimentos. Usando um índice de manejo subjetivo que visa quantificar as
práticas agroecológicas adotadas nos quintais, faz uma avaliação objetiva dos resultados relacionando esses
com suas características físicas. A terra indígena Andirá-Marau dos povos Sateré-Maué é localizada na
Amazônia Central, à 330 km a sudeste de Manaus. Doze quintais indígenas, categorizados por idade, foram
selecionados para amostragem de solo e quantificação da biomassa acima do solo, utilizando protocolos
recomendados para estimativa de estoques de carbono. Os parâmetros densidade do solo, teores de nutrientes
e serrapilheira foram usados como indicadores da qualidade e sustentabilidade dos quintais. Ainda em
andamento, a quantificação do estoque de carbono total dos quintais em ton/ha será comparado com as áreas
de floresta. A fertilidade dos solos foi estimada através da análise de teores de Carbono, Fósforo, Calcio,
Potássio, Magnésio e micronutrientes. Os resultados médios dos teores de Carbono, 18,2 g/kg de solo, e de
Fosforo, 16,3 mg/kg, bem como densidade do solo a 1,4 g/cm3 e serrapilheira a 8,43 ton/ha nos quintais,
compararam favoravelmente com quatro áreas equivalentes de florestas próximas. Outros resultados estão
em andamento. Em geral, os quintais indígenas estudados são bem cuidados e adotam várias práticas
agroecológicas reportadas na literatura. A conservação dos recursos naturais e sustentabilidade das práticas
agrícolas usadas nos quintais permitem compará-los favoravelmente com relação a práticas de proteção
ambiental. Alguns quintais se destacaram com relação ao seu manejo e cuidado, permitindo serem
considerados exemplos.
Palavras-chave: carbono, solos, fertilidade, agroecologia, Amazônia.
Apoio: CNPq/CAPES, FAPEAM.
FROM THE ANDES TO THE AMAZON: HYDROLOGICAL MODELING OF THE UPPER
MADEIRA RIVER
Eduardo Noriega1; Naziano Pantoja Filizola1,2,5; William Santini3,4,5;
Jorge Molina-Carpio4,5; Carlos Fernandez-Palomino6
1 National Institute of Amazonian Research (INPA), Amazonas State University (UEA),
Postgraduate Program in Climate and Environment (CLIAMB), Manaus, Brazil.;
2Federal University of Amazonas (UFAM), Manaus, Brazil;
3Institut de Recherche pour le Développement (IRD), La Paz, Bolivia;
4Institute of Hydraulics and Hydrology (IHH), La Paz, Bolivia;
5Hydro-geochemistry of the Amazonian Basin Program (HyBAm);
6Potsdam-Institut für Klimafolgenforschung (PIK), Potsdam, Germany.
E-mail: ejnc.dcl24@uea.edu.br
Located in the southwestern Amazon, the Beni River has a great influence on the hydrology, morphology,
biochemistry and ecology of the Madeira River and, consequently, of the Amazon River. This Andean-
Amazonian transition region is of particular scientific interest due to its physiographic, climatological and
biodiversity characteristics. However, this complexity makes it difficult to measure in situ and systematically
study its hydroclimatological processes. The use of numerical modeling in the study of hydrological
processes provides a valuable tool to address questions related to historical changes, current events and
future projections. In addition, this tool supports the understanding of hydrometeorological conditions by
extending and complementing in situ measurements. This study focused on evaluating the performance of
the SWAT (Soil and Water Assessment Tool) hydrological model in the Andean-Amazonian transition basin
of the Beni River, upper Madeira River, using observed meteorological data. The simulated discharge flows
were evaluated against measured values using performance indicators (NSE, PBIAS, r, wr), and it was found
that the model satisfactorily reproduced the seasonality and hydrological regime at the daily level and
optimally at the monthly level. However, it did not adequately represent the maximum and minimum values
of the observed hydrographs. The water balance suggests that the model can reproduce the general behavior
of the hydrological system, but quantitative and spatial distribution differences are observed when compared
to regional reference water balances. It is likely that the modeling results can be improved by further analysis
of the model input data (precipitation) along with adjustments to the hydrologic process calculations (water
routing). In addition, a reconfiguration of the sub-basins based on geomorphological and altitudinal
characteristics, along with a more thorough calibration methodology, could further improve the
representativeness of the results.
Palavras-chave: Andes-Amazon, Hydrology, Hydrological processes, Water balance.
Apoio: CNPq, UEA, HyBAm, PIK.
AVALIAÇÃO DOS ATRIBUTOS QUÍMICOS DE DIFERENTES MANEJOS DE SOLO NO
SUL DO ESTADO DE RORAIMA
Ronielly Barbosa Soares1; Maria Caroline da Silva Nogueira2;
Brayan Sebastian Aguiar Paraíso1; Romildo Nicolau Alves3
1Universidade Estadual de Roraima (UERR),
Programa de pós-graduação em Agroecologia, Ambiente, Sociedade e Amazônia, Boa Vista, RR.
2Instituto Federal de Roraima (IFRR), Bacharelado em Agronomia, Caracaraí, RR.
3nstituto Federal de Roraima (IFRR), Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Boa Vista, RR.
E-mail: roniellybssoares@gmail.com
A qualidade do ambiente e o impacto das interações podem ser avaliados por meio de ferramentas como
indicadores. Nesse contexto, os indicadores são essenciais para a avaliação do solo, pois permitem a adoção
antecipada de ações de controle ou correção, contribuindo para a identificação de alterações na
sustentabilidade de um sistema de produção. Conhecer os atributos químicos do solo pode contribuir para o
desenvolvimento de técnicas de manejo nutricional das plantas. O presente trabalho teve como objetivo
conhecer os atributos químicos em diferentes sistemas de manejo do solo na região Sul de Roraima. Foram
coletadas amostras de solo nas camadas de 0 10 cm e 10 20 cm de profundidade, em esquema de zigue-
zague respeitando a área total dos sistemas. As coletas foram realizadas em oito sistemas de manejo: sistema
agroflorestal de 13 anos de implantação, com cultivo de cacau, andiroba e laranja (SAF1) ou sistema
agroflorestal de 5 anos de implantação com cultivo de cacau, andiroba, açaí (SAF2); pastagem de Urochloa
Brizantha (Hochst. ex A.Rich.) R.D. Webster com animais (P1/CA) e sem animais (P2/SA); floresta primária
no mpus Novo Paraíso (MATA/CNP) e na vila Novo Paraíso (MATA/VNP); sistema de cultivo
convencional com pomar de laranja e limão (SCON1) ou com pomar de Laranja (SCON2). Os materiais
coletados foram levados ao laboratório de solos e plantas do IFRR, secos ao ar, peneirados e receberam
adição de soluções extratoras. Em seguida, o material foi deixado em repouso por um período de 16 horas.
Após o fim do repouso, o material foi filtrado submetido à análise química de pH, P, K, Ca, Mg, Al, H+Al,
SB, CTC total (T), CTC efetiva (t), V%, m%. Os resultados demostraram que o manejo SCON1 apresentou
maiores teores de nutrientes nas duas camadas estudadas, evidenciando que o incremento constante de
fertilizantes altera as características químicas do solo. Os manejos agroflorestais SAF1 e SAF2 tiveram
resultados próximos aos do manejo SCON1, mostrando a eficiência do SAF na ciclagem de nutrientes. Em
contrapartida os manejos MATA/CNP, MATA/VNP e P1/CA e P2/as, com menor incrementação de
nutrientes, apresenta resultados inferiores aos manejos SCON1, SAF1, SAF2. Conclui-se que, os parâmetros
do solo variam conforme o manejo, mesmo em condições climáticas semelhantes, e que os sistemas
agroflorestais podem disponibilizar nutrientes de forma eficaz para o sistema solo/planta.
Palavras-chave: Agroecossistema, Disponibilidade, Floresta.
Apoio: CNPq, IFRR e Núcleo de Estudo, Pesquisa, Extensão em Agroecologia (NEPEAGRO).
AS FLORESTAS EM PROPRIEDADES DE AGRICULTORES FAMILIARES NO
AMAZONAS: OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA CONSOLIDAÇÃO DE SISTEMAS
SUSTENTÁVEIS DE PRODUÇÃO
Lindomar de Jesus Sousa Silva1; Gilmar Antonio Meneghetti1;
Alessandro Carvalho dos Santos1; José Olenilson Costa Pinheiro1
1Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. E-mail: Lindomar.j.silva@embrapa.br
A pesquisa analisou a composição e a dinâmica produtiva dos assentados do município de Lábrea - AM. O
objetivo principal da pesquisa foi identificar potenciais e limites para a consolidação de práticas produtivas
sustentáveis naquele ambiente. Para isso, adotou-se a metodologia qualitativa de cunho exploratório,
contemplando ainda a revisão bibliográfica, a busca de documentos e, também, por meio de levantamento de
dados aplicando questionários, com perguntas abertas e questões semiestruturadas, aplicados diretamente aos
agricultores do assentamento. A abordagem foi qualitativa e quantitativa, usando a estatística descritiva. A
amostra por acessibilidade foi composta por 23 assentados do PA Paciá, no município de Lábrea. O
levantamento mostrou que 71% dos lotes encontram-se cobertos por floresta, os cultivos anuais como
mandioca representam 9%. Os resultados da pesquisa mostram que entre 7% e 8% da área é ocupada por
florestas plantadas, principalmente por castanheiras, e 5% concentram outras atividades agrícolas. A pesquisa
mostra que há, em relação à floresta, oportunidades e desafios. Os desafios são mantê-la preservada e, ao
mesmo tempo, que cumpra o papel de meio de vida para a população que vive nela. A oportunidade é o fato
de as florestas serem tropicais, preocupação mundial, pela sua importância no equilíbrio ecológico e para a
regulação do ambiente e do clima.
Palavras-chave: Assentamentos, Práticas produtivas, Preservação e equilíbrio.
Apoio: FAPEAM - HUMANITAS - CT&I.
POTENCIAL DENDROCRONOLÓGICO DE SEIS ESPÉCIES ARBÓREAS COMERCIAIS
OCORRENTES NA AMAZÔNIA CENTRAL
Jardel Ramos Rodrigues1, 2; Francisco Tarcísio Moraes Mady2; Alessandra Regina Aguilar Voigt¹; Gabriel de Assis
Pereira1; Marciel José Ferreira2 e Mario Tommasiello Filho1
1Departamento de Ciências Florestais,
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba - SP.
²Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal do Amazonas, Manaus - AM.
E-mail: jardelrodrigues@usp.br / jardelramosrodrigues@gmail.com
As práticas de manejo florestal na Amazônia levantam preocupações sobre a sustentabilidade a longo prazo,
pois critérios como diâmetro mínimo de corte e ciclos de exploração não consideram adequadamente a
diversidade de espécies e seus diferentes ritmos de crescimento, gerando incertezas ecológicas. A
dendrocronologia surge como uma ferramenta valiosa, permitindo a análise dos anéis de crescimento das
árvores para determinar sua idade, taxas de crescimento e respostas a variações ambientais ao longo do
tempo. Entretanto, uma carência de estudos aplicando essa abordagem, especialmente considerando a
vasta biodiversidade das florestas tropicais. Neste estudo, investigamos o potencial dendrocronológico de
espécies arbóreas comerciais da Amazônia Central, por meio da caracterização anatômica dos anéis de
crescimento e da aplicação da densitometria de raios-x para delimitar seus limites. Realizamos a pesquisa em
parceria com a Empresa Mil Madeiras Preciosas, localizada no município de Itacoatiara-AM. No pátio da
empresa, coletamos discos de seis espécies arbóreas, totalizando 24 árvores (quatro indivíduos por espécie).
Para a caracterização anatômica dos anéis de crescimento, retiramos corpos de prova (2,5 x 2,5 x 2,5 cm) de
cada disco, totalizando 24 amostras. As amostras foram polidas com lixas de granulometria variando de 80 a
600 grãos/mm², e os limites dos anéis foram caracterizados utilizando uma lupa conta-fios de 10x e um
microscópio estereoscópico. Classificamos as espécies conforme a distinção dos anéis e tipos dos limites de
crescimento, conforme proposto por Marcelo-Peña et al. (2020). Para a análise de densitometria de raios-x,
subamostras com 1 mm de espessura foram extraídas dos blocos e radiografadas. Os perfis de densidade
foram sobrepostos às imagens das amostras digitalizadas, e assim avaliamos qualitativamente o potencial da
técnica de densitometria de raios-x para identificar os limites dos anéis de crescimento, classificando-o
como: A) bom potencial, B) potencial regular e C) nenhum potencial. Após analisarmos as 24 amostras das
seis espécies coletadas, observamos que 16,67% são caracterizadas com anéis de crescimento altamente
distintos; 50% anéis moderadamente distintos; 16,67% anéis pouco distintos; e 16,67% anéis ausentes ou
indistintos. O tipo de característica anatômica que ocorre com mais frequência e que define o limite dos anéis
de crescimento das árvores aqui examinadas é a presença de fibras de paredes espessas no lenho tardio (4
espécies, 66,67%). Os próximos descritores anatômicos mais comuns foram a presença de fibras de paredes
espessas no lenho tardio e parênquima marginal (uma espécie, 16,67%), depois parênquima marginal (uma
espécie, 16,67%). Não encontramos nenhuma espécie com padrões semiporosos da distribuição dos vasos ou
combinado com as demais classes. Em relação a distinção dos anéis de crescimento por meio da
densitometria de raios-x, observamos que a densidade aparente da madeira auxilia na delimitação para a
maioria das espécies (5 espécies, 83,33%), onde encontramos uma variação intra-anual, permitindo a criação
de parâmetros visuais dos anéis. Apenas uma espécie não apresenta variações da densidade associadas aos
limites dos anéis. Nossos resultados indicam que a maioria das espécies apresenta potencial para estudos
dendrocronológicos, porém, é fundamental investigar a sincronia e periodicidade dos anéis de crescimento
para confirmar sua plena adequação.
Palavras-chave: Anatomia da madeira; Anéis de crescimento; Densitometria de raios-X; Florestas tropicais;
Manejo Florestal.
POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE (Ochroma pyramidale Cav. ex Lam. Urb., Malvaceae)
COMO SUBSTITUTO DO MERCÚRIO NA MINERAÇÃO DE OURO
Marta Regina Pereira1; Filipe Kayodè Felisberto dos Santos1; Valdir
Florencio da Veiga Junior2; Jair Max Furtunato Maia1; Caroliny Almeida Coelho1;
Wanderley Rodrigues Bastos3; Taise Ferreira Vargas3; Aline Souza Fonseca3; Ronaldo Almeida3
1Universidade do Estado do Amazonas; 69050-030, Manaus, AM.
2Instituto Militar de Engenharia (IME); 22290-270, Rio de Janeiro, RJ.
3 Universidade Federal de Rondônia (UNIR); 76801-058, Porto Velho, RO.
E-mail: projeto.ochroma@gmail.com
O extrativismo mineral é uma atividade que envolve o trabalho de milhares de pessoas ao redor do mundo e
movimenta cerca de 85 trilhões de dólares por ano. Para o processo de separação de impurezas do mineral
desejado, por vezes é utilizado o mercúrio metálico (Hg0), elemento químico com capacidade de se unir a
outros metais e formar amálgamas, o que é fundamental em garimpos principalmente na amalgação de
ouro. A utilização do mercúrio na extração mineral causa grande impacto ao meio ambiente, pois sua queima
emite mercúrio na forma de gás para a atmosfera. Nas minas onde são utilizadas máquinas mais pesadas,
como jangadas, os sedimentos são dragados para misturadores, onde também é utilizado mercúrio para evitar
o desperdício de partículas de ouro. Ao final, os restos contaminados são despejados erroneamente no solo
ou no rio, gerando grande contaminação. Uma alternativa à utilização de mercúrio que tem se mostrado
eficaz são os extratos vegetais da espécie Ochroma pyramidale, popularmente conhecida como pau-de-
balsa. A O. pyramidale pertence a família das Malvaceae e produz uma madeira leve e resistente, além de
ser utilizada no reflorestamento de áreas desmatadas. Após testes de germinação e cultivo, folhas de O.
pyramidale foram submetidas a uma análise fitoquímica e testes de aglutinação de ouro por levigação.
Utilizando técnicas e metodologias robustas de análises, como FTIR, CG-MS e HRMS, a composição
química do extrato de O. pyramidale se mostrou bastante diversa, com destaque para a presença de diferentes
saponinas e alguns glicosídeos cianogênicos (em menor quantidade). Com o apoio da Cooperativa dos
Garimpeiros do Rio Madeira (COOGARIMA), este mesmo extrato foi testado frente à cascalhos de
mineração e se mostrou promissor na aglutinação de “fagulhasde ouro, com a grande vantagem de ser feita
sem nenhuma substância tóxica a ser lançada no meio ambiente. Estes resultados mostram o quão promissora
a espécie de O. pyamidale pode ser útil no extrativismo mineral em susbtituição ao mercúrio, reduzindo os
danos ambientais e sendo eficaz no desenvolvimento de ões de educação ambiental junto aos extrativistas
minerais e comunidades ribeirinhas no Estado do Amazonas.
Palavras-chave: Extrativismo, Garimpo, Ouro, Poluição, Sustentabilidade,
Apoio: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas FAPEAM; FAPERO - Fundação de
Amparo a Pesquisa do Estado de Rondônia.
PROJETO OCHROMA: SINERGIA ENTRE REFLORESTAMENTO E AGROECOLOGIA
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE COMUNIDADES RIBEIRINHAS NO
MÉDIO MADEIRA
Marta Regina Silva Pereira1; Caroliny Almeida Coelho1; José do Rosário Costa Júnior1; Danilo Cerqueira Santos1;
Amauri de Castro do Nascimento1; Raimundo Doce Prestes2; Edigelson Braz Chaves1; Jair Max Furtunato Maia1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus, AM.
Associação Nova Aliança dos Castanheiros Capanaenses (AANACC)2, Manicoré, AM.
E-mail: projeto.ochroma@gmail.com
O Projeto Ochroma surgiu inicialmente com o objetivo de avaliar o potencial biotecnológico de Ochroma
pyramidale Cav. ex Lam. Urb., Malvaceae como substituto do mercúrio na mineração de ouro, uma prática
altamente prejudicial ao meio ambiente na Amazônia. No entanto, durante as visitas de campo, identificou-se
que os próprios ribeirinhos, sem sucesso nas atividades agrícolas tradicionais, estavam envolvidos na
extração mineral. Para muitos, o garimpo parecia a única fonte de sustento. Diante dessa realidade, o projeto
foi ampliado para propor soluções ambientais que protegessem tanto a Amazônia, quanto seu povo. A partir
das demandas das comunidades, passamos a construir viveiros florestais, uma ação que inicialmente estava
limitada a duas localidades, mas que rapidamente se expandiu, resultando na implantação de 14 viveiros
comunitários devido à alta procura. O projeto busca promover uma sinergia entre reflorestamento e práticas
agroecológicas, utilizando espécies nativas, como Ochroma pyramidale, para recuperar áreas degradadas e
fortalecer a soberania alimentar das comunidades ribeirinhas. Além disso, visa mitigar os impactos das
mudanças climáticas e oferecer alternativas sustentáveis à população local. As ações de educação ambiental e
assessoria técnica para associações agroextrativistas também foram fundamentais para garantir a
continuidade e o sucesso das iniciativas. Os métodos utilizados incluíram, inicialmente, o mapeamento e a
seleção das comunidades com maior demanda por reflorestamento e capacidade de participação no projeto. A
seleção foi feita com base na procura espontânea das comunidades, priorizando aquelas que solicitaram
assistência diretamente. Paralelamente, foram implantados Sistemas Agroflorestais (SAFs) com o cultivo de
Ochroma pyramidale e outras espécies nativas, promovendo o reflorestamento e assegurando a segurança
alimentar. Os principais resultados foram expressivos em termos sociais, econômicos e ambientais. O projeto
implantou 14 viveiros florestais, em diferentes comunidades ribeirinhas do munícipio de Manicoré-AM,
contribuindo para o reflorestamento e a recuperação de áreas degradadas. Cinco associações agroextrativistas
submeteram projetos a editais de fomento, obtendo cerca de R$ 350.000,00 em recursos para a compra de
implementos agrícolas e fortalecimento institucional, beneficiando diretamente suas operações. As ações de
educação ambiental, realizadas diretamente nas comunidades, contribuíram para a conscientização sobre a
conservação e o uso de práticas sustentáveis, envolvendo diversas faixas etárias. No total, cerca de 490
famílias foram impactadas diretamente pelo projeto, seja por meio da assessoria técnica, da implantação dos
viveiros e SAFs, ou das atividades de Educação ambiental. A promoção da segurança alimentar e a geração
de renda sustentável reduziram a necessidade de participação no garimpo, oferecendo alternativas mais
saudáveis e sustentáveis para as comunidades. Concluiu-se que o Projeto Ochroma alcançou seus objetivos,
promovendo a recuperação ambiental, o fortalecimento da segurança alimentar e a melhoria das condições de
vida nas comunidades ribeirinhas. O sucesso das ões, aliado à crescente demanda por parte das
comunidades, evidencia a relevância do projeto na busca pelo desenvolvimento sustentável na região do
Médio Madeira. Com base nesse sucesso, o projeto será expandido, com a meta de implantar 100 viveiros
florestais, ampliando ainda mais os impactos sociais, econômicos e ambientais na região.
Palavras-chave: Manicoré, Ochroma pyramidade, Sistemas Agroflorestais, Soberania alimentar, Viveiros.
Apoio: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, Lojas Bemol.
A IMPLEMENTAÇÃO E IMPACTO DO IPTU VERDE NA AMAZÔNIA LEGAL: UM
INSTRUMENTO ECONÔMICO PARA A SUSTENTABILIDADE URBANA
Leonardo Andrade Aragão
1
; Henrique dos Santos Pereira
2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Mestrando em Gestão de Áreas Protegidas (MPGAP).
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Professor Titular em Gestão de Áreas Protegidas (MPGAP)
E-mail: leonardo.aaragao@gmail.com
Este trabalho realiza uma análise jurídica e administrativa do IPTU Verde como instrumento econômico para
o fomento da sustentabilidade urbana na Amazônia Legal. O IPTU Verde oferece incentivos fiscais para
proprietários de imóveis que adotam práticas sustentáveis, como a instalação de telhados verdes, uso de
energias renováveis e a preservação de áreas verdes. No contexto amazônico, onde o desmatamento e a
expansão urbana são desafios constantes, o IPTU Verde se destaca como uma ferramenta relevante para
mitigar impactos ambientais. O estudo tem como objetivo verificar a implementação e eficácia desse
instrumento nas dez maiores cidades de cada estado da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato
Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão). A metodologia inclui análise de legislações
municipais, bem como o estudo de dados quantitativos referentes à arrecadação de IPTU e adesão a
programas de sustentabilidade. Os resultados revelam uma diversidade significativa na aplicação do IPTU
Verde na região. Cidades como Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR) avançaram com programas
regulamentados, enquanto outras, como Manaus (AM) e Belém (PA), ainda carecem de regulamentação
específica. A ausência de incentivos fiscais claros nos estados do Acre e Amapá destaca a necessidade de
políticas públicas mais robustas. Em contrapartida, municípios como Sorriso (MT) e Vilhena (RO)
apresentam programas consolidados, demonstrando o potencial do IPTU Verde em promover a
sustentabilidade urbana. Conclui-se que, embora o IPTU Verde tenha grande potencial para incentivar
práticas sustentáveis, sua eficácia está atrelada à regulamentação e implementação em maior escala nas
cidades da Amazônia Legal. Além disso, a necessidade de maior conscientização por parte dos gestores
públicos e proprietários sobre os benefícios a longo prazo deste incentivo. A expansão do IPTU Verde pode
contribuir para a mitigação de problemas ambientais e a promoção de cidades mais verdes e resilientes na
Amazônia.
Palavras-chave: Direito tributário ambiental, Direito urbanístico, Incentivos fiscais, Políticas ambientais.
Apoio: Bemol S/A e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
1
2
CRÉDITO DE CARBONO E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA AMAZÔNIA:
ASPECTOS JURÍDICOS AMBIENTAIS
Cintya Leocadio Dias Cunha corrigido¹
¹Universidade do Estado de Mato Grosso, Docente do Curso de Direito, Barra do Bugres, Mato Grosso. Universidade
Federal do Ceará, Doutoranda em Direito, Fortaleza, Ceará.
E-mail: cintya.leocadio@unemat.br
A Amazônia, locus da pesquisa, devido ao seu valor ambiental merece atenção normativa que a proteja
conforme sua singularidade. Entretanto, a adaptação antrópica às particularidades amazônicas vem
enfrentando desafios muito complexos como as queimadas, desmatamentos e as secas intensas que provocam
alterações climáticas, sendo necessário e urgente, a utilização de novos indutores de mitigação climática.
Sobre o enfoque de proteção jurídico ambiental, no presente trabalho se busca analisar como e em que
medida as práticas relacionadas ao crédito de carbono podem ou não incentivar/promover a mitigação das
mudanças climáticas na Amazônia. No intuito de responder à pergunta fundante lançam-se como objetivos
inicialmente conhecer a interseção entre instrumentos econômicos e a promoção da política nacional sobre
mudança do clima e, em momento posterior, identificar a relação entre mercado de carbono e as mudanças
climáticas previstas em documentos internacionais e, por fim refletir sobre o aspecto jurídico normativo,
como a Amazônia (com suas peculiaridades) se encaixa ou não nesse mercado de carbono e de que maneira
as práticas mercadológicas relacionadas ao crédito de carbono realmente podem ou não contribuir para a
promoção da preservação do bioma frente as mudanças climáticas. Com base nesse propósito a pesquisa é
qualitativa e, como métodos de análise aplica-se o dedutivo e o teórico-documental. Foi realizada análise
paradigmática da legislação com pesquisa bibliográfica e documental de caráter exploratório, pois através do
entendimento de como são interpretados os tratados, a Constituição Federal de 1988, a Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente e demais legislações pertinentes pode-se analisar o contexto do crédito de
carbono frente as emergências climáticas na Amazônia. Como resultados, tem-se o reconhecimento do
mercado de crédito de carbono como instrumento econômico, previsto na Política Nacional de Meio
Ambiente (Lei n. 6.938/1981), Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei n. 12.187/2009) e no Código
Florestal (Lei n. 12.651/2012) e como mecanismo para cumprir os compromissos assumidos pelo Brasil no
âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre o Clima, em especial, as metas do Acordo de Paris.
Os resultados apontam para a viabilidade da utilização do mecanismo para a redução das emissões de gases
de efeito estufa na Amazônia frente as mudanças climáticas, desde que esse mercado seja regulado,
fiscalizado e respeite a questão social. A Amazônia é considerada uma área de risco para eventos climáticos
extremos aliado a vulnerabilidade socioambiental; portanto, se não forem tomadas medidas preventivas
urgentes, as emissões de GEE são susceptíveis de aumentarem, estimando-se maior intensidade e frequência
na ocorrência de eventos climáticos extremos a atingir o bioma. Nesse contexto, mostra-se favorável a
utilização do mecanismo de mercado de carbono, desde que seja transparente e efetivo na redução das
emissões de GEE e que tenha como perspectiva uma justiça no sentido de equidade, com um olhar para os
que mais sofrem/sofrerão com as mudanças climáticas.
Palavras-chave: Instrumento econômico, Mitigação climática, Proteção normativa ambiental.
PRODUÇÃO DE SABÃO ECOLÓGICO COMO ESTRATÉGIA DIDÁTICA PARA O
ENSINO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CURSO DE FORMAÇÃO DE
PROFESSORES INDÍGENAS
Kelly Carlos Castello1; Tewton Wai Wai1; Bruna Myhayla Ramos da Costa1; Palon Magalhães Pereira1, Mariana Souza
da Cunha1, Michael Lopes da Silva Rolim1; Ricardo Carvalho dos Santos1; Virginia Marne da S. A. Santos2
1Universidade Federal de Roraima (UFRR).
2Instituto Federal de Roraima (IFRR).
E-mail: Kcastello19@gmail.com
Os óleos vegetais apresentam diversas utilidades industriais e domésticas. O uso doméstico do óleo vegetal
está voltado para frituras, mas após o seu uso na culinária esse óleo não pode ser mais utilizado e então é
descartado. Geralmente o descarte ocorre de forma inapropriada, como o ralo da pia, mas esse óleo possui
um outro uso que para muitos ainda é desconhecido, a produção caseira de sabão em barra, a qual é viável de
ser realizada em casa, pode gerar renda, como também pode ser até utilizado no ensino explicando as
transformações químicas que ocorrem e sua relação com tema transversal meio ambiente. O objetivo foi
demonstrar o potencial de construção de uma sequência didática a partir da produção de sabão que tenha
como princípio a aprendizagem por descoberta para o ensino de química/ciências para fortalecimento da
formação inicial de professores indígenas. Inicialmente foram trabalhados conteúdos teóricos que envolvem
a produção de sabão, como reações químicas, transformões químicas, saponificação e solubilidade. Mas,
também abordou-se situações contextualizadas das comunidades indígenas e o tema transversal Educação
Ambiental. Após a aula teórica, foi feita uma aula experimental no sistema agroflorestal da instituição onde
houve a participação ativa de todos na produção do sabão. Iniciou-se a parte prática para a produção de sabão
ecológico, utilizando 4 L de óleo de cozinha usado, 1 kg de soda cáustica, 2 L de água quente e 1 L de álcool
etílico. Misturou-se a soda com a água quente até dissolver, adicionou-se o óleo e mexeu-se por cerca de 20
minutos. Em seguida, acrescentou-se o álcool etílico, aguardando a mistura ficar pastosa, e despejou-se em
vasilhas plásticas para secar por um dia, após o qual o sabão foi cortado em barras. Utilizar a produção de
sabão como um recurso auxiliar para o ensino de química ou de ciências no Ensino Médio ou no Ensino
Fundamental II pode ser uma estratégia viável para trazer conceitos mais complexos dos conteúdos
formativos, mas também pode apresentar aos alunos e, até mesmo à comunidade, a importância de um
descarte apropriado do óleo de cozinha usado ou a reciclagem desse óleo na elaboração de um sabão
artesanal e ao mesmo tempo ecológico. também a possibilidade de fazer uso de aulas como essa como
uma extensão (não escolar) para comunidades indígenas como trabalhos futuros de proteção do meio
ambiental e geração de renda na produção de sabão. Importante salientar que além do ensino de
química/ciências, foi possível promover a conscientização sobre o impacto ambiental do descarte de óleo de
fritura e sua reciclagem e reutilização, o estímulo à participação comunitária, como também o
desenvolvimento de habilidades práticas, a educação para a sustentabilidade, a conscientização sobre
alternativas sustentáveis e, por fim, benefícios sociais e econômicos.
Palavras-chave: Contexto indígena, Reação de saponificação, Transformação química.
Apoio: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID.
VARIAÇÃO SAZONAL DA ALIMENTAÇÃO DE TRÊS ESPÉCIES DE PEIXES DE
PEQUENO PORTE EM UM LAGO EUTROFIZADO EM SANTARÉM, PA
Edyandra Brito Batista¹; Karoline Batista Siqueira¹; Claryne Suanne Cardoso de Sousa¹; André dos Santos Rocha²
¹Discente no curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA, Santarém, PA.
²Discente no curso no de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA, Santarém, PA.
e-mail: edyandrabritob@gmail.com
Os peixes consomem uma variedade de alimentos e distintos modos de nutrição. Na alimentação de forma
natural podem desenvolver hábitos alimentares que acabam se sobrepondo, sendo detritívoros, herbívoros,
onívoros ou carnívoros. Ainda assim, ocorre o consumo acidental por micropoluentes. O objetivo da pesquisa
foi caracterizar a dieta alimentar de Hemigrammus levis, H. analis e Moenkhausia celibela, comparando-a
entre duas estações sazonais: seca (outubro de 2017) e cheia (dezembro de 2016 e dezembro de 2017), as três
espécies foram coletadas na APA do lago do Juá, Santarém PA. Foram capturados 60 indivíduos, sendo 20
de cada espécie com a técnica de arrasto. Após a coleta dos espécimes, foram encaminhados para o
laboratório de Coleção Ictiológica e ao Laboratório de Biologia Aplicada e realizou-se a dissecação do
intestino e estômago, utilizando-se materiais como bisturi, placas de Petri, pipeta Pasteur, álcool 70°,
lâminas, lamínulas, estereoscópio microscópico e microscópio óptico comum. Após o processo de dissecação
foram realizados métodos para a análise da dieta e comparação da porcentagem da frequência em que
ocorriam a presença dos itens consumidos nos peixes, revelando uma composição alimentar similar nas três
espécies estudadas. Na análise gastrointestinal dos peixes coletados no período da cheia, encontrou-se a
presença de detrito e material vegetal em 100% dos espécimes, algas em 50%, insetos em 43,3%, escamas e
aracnídeos em 3,3%, contendo também, contaminação por microplásticos em 30%. No período da seca, nota-
se a similaridade na presença dos itens em comparação a cheia, exceto em relação a ausência apenas dos
aracnídeos. No período da seca encontrou-se detrito em 100% dos espécimes, material vegetal em 93,3%,
algas em 13,3%, insetos em 23,3%, escamas em 13,3% e a presença de microplásticos em 30%. Por
conseguinte, as análises revelaram pouca variação entre os períodos sazonais, apesar da disponibilidade de
recursos, e evidenciou a predominância de materiais vegetais e a presença de algas e insetos, o que indica a
relevância desses itens como fonte de alimento. A detecção de micropoluentes nas amostras em ambos os
períodos, alerta para a contaminação de ambientes aquáticos e seus efeitos na fauna local, sendo necessário
tomar medidas para diminuir a produção e o descarte inadequado de plásticos.
Palavras-chave: Dieta alimentar, Ictiofauna, Microplástico.
Apoio: Universidade Federal do Oeste do Pará, Laboratório de coleção ictiológica (Colictio) e Mineração
Rio do Norte (MRN).
BIODIVERSIDADE TAXONÔMICA DE MACROFUNGOS DO GÊNERO Trametes NA
REGIÃO AMAZÔNICA
Isabella Rhuama da Silva Oliveira1; Maria Aparecida de Jesus2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Iniciação Científica, Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia (INPA), Coordenação de Biodiversidade (COTEI), Manaus, AM.
E-mail: isabella.oliveira@ufam.edu.br
Os fungos do gênero Trametes são lignolíticos, ou seja, são capazes de degradar lignina de matéria orgânica
morta ou em decomposição, favorecendo a ciclagem de nutrientes no meio ambiente, e assim promovendo a
renovação de compostos orgânicos. O gênero Trametes é caracterizado por apresentar basiodiomas
amplamente aderido, dimidiado ou imbricados. O píleo distingue em coloração, enquanto a superfície de
poros varia em tamanho, coloração e formato, podendo ser redonda, radialmente alongado e regular. O
sistema hifal predominante é o trimítico, esporos hialinos (elipsóides, cilíndricos a alantoides e lisos) não
amiloides, não possuem cistídios. O gênero pertence à Família Polyporaceae, em que o conhecimento da
diversidade e taxonomia fúngica na região amazônica é escasso. A maioria dos trabalhos realizados com
estes fungos é reportada para a Mata Atlântica da Região Sul e Sudeste. Portanto, o objetivo deste estudo foi
a identificação das espécies de Trametes visando o conhecimento sobre a diversidade fúngica local. O
material identificado é proveniente de áreas do estado do Amazonas, Am, como o Parque Ecológico de
Iracema situado no município de Presidente Figueiredo, nas trilhas da Cachoeira de Iracema, Floresta
Fragmentada e na Trilha da Arara, como também no Ramal do Janauari, Mini Campus (UFAM) e rodovia
BR-319. Para a análise macromorfológica dos espécimes, foram realizadas medições do comprimento,
largura e espessura do basidioma, além disso, características do píleo, número de poros, densidade do
contexto, assim como as suas respectivas colorações também foram análisadas. Quanto à análise
micromorfológica dos espécimes, foram feitos cortes à mão livre da superfície dos poros do basidioma,
utilizando lâminas de aço. Em seguida, os cortes foram dispostos em lâminas e lamínulas, utilizando solução
aquosa de KOH 3% (hidróxido de potássio), para observar o sistema hifal, a presença de elementos estéreis,
basídios e basidiósporos. Subsequentemente, utilizaram-se chaves dicotômicas e o site mycobank com o
objetivo de auxiliar na identificação das espécies do gênero em questão. Um total de 22 espécimes,
distribuídos em 7 espécies, foi identificado, sendo elas, Trametes modesta (8) e T. menziessi (6) com o maior
número de espécimes, seguido de T. cingulata (1), T. elegans (2), T. lilacino-gilva (1), T. polyzona (1) e T.
roseola (1), Trametes sp1, Trametes sp2. A área com maior ocorrência foi Parque Ecológico de Iracema (18),
e as demais com um espécime cada. A maior preferência de substrato dos macrofungos é para tronco
decomposto (9), seguido por galho caído (2) e tronco de árvore (2), madeira em uso (1), árvore viva (1),
madeira cortada (1), galho suspenso (1), tronco cortado em decomposição (1). Este estudo contribui com o
conhecimento da diversidade de 7 espécies de Trametes na região amazônica, considerando que esse bioma é
pouco explorado do ponto de vista taxonômico de macrofungos (Basidiomycetes), como também para
atualizar os dados de distribuição sobre a diversidade fúngica da região amazônica.
Palavras-chave: Análise, Fungos, Lignolítico, Meio ambiente, Taxonomia.
Apoio: FAPEAM.
PRODUÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DE RESÍDUOS LIGNOCELULÓSICOS
Maria Caroline da Silva Nogueira1; Ronielly Barbosa Soares2; Brayan Sebastian Aguiar Paraíso2; Romildo Nicolau
Alves4
1Instituto Federal de Roraima (IFRR), Bacharelado em Agronomia, Caracaraí, RR.
2Universidade Estadual de Roraima (UERR),
Programa de pós-graduação em Agroecologia, Ambiente, Sociedade e Amazônia, Boa Vista, RR.
3Instituto Federal de Roraima (IFRR), Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Boa Vista, RR.
E-mail: coroline10b68@gmail.com
A produção de biogás no estado de Roraima ainda é insignificante, isso se deve basicamente à baixa difusão
do conhecimento em relação ao potencial de geração de energia a partir do biogás, bem como as poucas
pesquisas desenvolvidas. Resíduos lignocelulósicos, como os provenientes da agroindústria, representam
uma fonte promissora para a produção de biogás, pois são materiais ricos em celulose, hemicelulose e
lignina. Tentando preencher a lacuna de ausência de pesquisas na área de biogás, o presente trabalho teve
como objetivo avaliar materiais orgânicos quanto ao potencial de produção de biogás. Tentando preencher a
lacuna de ausência de pesquisas na área de biogás, o presente trabalho teve como objetivo avaliar materiais
orgânicos quanto ao potencial de produção de biogás. Os materiais orgânicos utilizados foram: esterco de
suíno (ES), folhas de gliricídia (G) (Gliricidia Sepium), capim elefante (CE) (Pennisetum purpureum) e o
extrato da mandioca, a manipueira (M). Com esses materiais os seguintes tratamentos foram definidos: Trat
1: G + ES; Trat 2: ES; Trat 3: CE + ES + M; Trat 4: M + ES; Trat 5: CE + ES e Trat 6: M. Foram construídos
biorreatores PVC de 200 mm de diâmetro, altura de 60 cm. Na base do biorreator foi instalado um cano de
20 mm com um registro, para coleta dos materiais. Na parte superior foi inserido um cano de 50 mm para
alimentação e uma saída de gás para medição do gás. Para o abastecimento dos biorreatores os materiais
orgânicos gliricídia e capim elefantes foram coletados no espaço agroecológico do cleo de Estudo,
Pesquisa, Extensão em Agroecologia (NEPEAGRO) do Campus Novo Paraíso. Esses materiais foram
passados em uma forrageira e em seguida levados para a montagem do experimento. O esterco de suíno foi
coletado da pocilga do Campus e a manipueira foi adquirida de produtores de farinha locais. Para o
abastecimento dos biorreatores utilizou-se 50% água + 25% material orgânico + 25% de inoculante. O
inoculante utilizado foi o esterco de ovino. O biodigestor tinha 60 cm de altura, onde 40 cm foram ocupados
com o material e água e os 20 cm foram deixados livres para funcionar com gasômetro. A medição do gás foi
medida utilizando um pote de vidro (2 L) com duas mangueiras fixadas na tampa. A medição do gás foi
realizada por deslocamento da água. A água deslocada era coletada em uma proveta de 1000 ml. É
importante destacar que o volume quantificado considera todos os gases produzidos durante o processo de
biodigestão. Foram determinadas as seguintes variáveis: pH, matéria seca e o volume de gás produzido, os
resultados obtidos mostraram o potencial de produção dos materiais vegetais quando misturados com esterco
de suíno, os tratamentos que receberam capim elefante e gliricídia foram os que mais produziram biogás.
Palavras-chave: Có-digestão, Roraima, Energia.
Apoio: CNPq, IFRR, NEPEAGRO.
INFLUÊNCIA DA IDADE DAS ÁRVORES NA RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DE EPÍFITAS
VASCULARES EM UMA FLORESTA DE IGAPÓ NA AMAZÔNIA
Dayanne Gomes Alves¹; Florian Wittmann²; Jochen Schöngart1; Adriano Quaresma1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
² Karlsruhe Institute of Technology (KIT), Germany.
E-mail: dayannegomes16@gmail.com
Epífitas são plantas que crescem em outras plantas sem parasitá-las e sem contato com o solo durante parte
ou todo seu ciclo de vida. Desempenham um papel fundamental nos ecossistemas, mas sua ecologia é pouco
estudada. Sabe-se que o tamanho e a idade das árvores influenciam a riqueza e composição de epífitas
vasculares, com árvores maiores e mais velhas abrigando mais epífitas devido à maior superfície e tempo de
exposição aos diásporos. Em contrapartida, árvores jovens carecem de estrutura adequada, como cascas
rugosas e galhos grossos para sustentação das plantas. A relação entre o tamanho do forófito (árvores
colonizadas por epífitas) e os padrões epifíticos é facilmente determinada por medidas como diâmetro a
altura do peito (DAP), altura e área da copa. No entanto, a relação com a idade é mais complexa, exigindo
monitoramento á longo prazo ou métodos dendrocronológicos, ambos nem sempre viáveis. Estudos que
buscaram um monitoramento de longo prazo indicam que a riqueza de epífitas aumenta com a idade do
forófito, porém a idade do forófito em nenhum desses trabalhos foi determinada. Desta forma, o objetivo
desse trabalho foi analisar a relação entre a idade das árvores de Macrolobium acaciifolium (Benth.) e Hevea
spruceana (Benth.) Müll.Arg. com a riqueza e abundância de epífitas vasculares em uma floresta de igapó na
Amazônia, localizada no Parque Nacional do Jaú, AM. Foram considerados os forófitos a partir de um DAP
≥10 cm e neles todas as epífitas vasculares foram identificadas e quantificadas. A amostragem incluiu o uso
de binóculos, câmeras fotográficas e escaladas para melhor visualização e contagem das epífitas. Para
determinação da idade dos forófitos, amostras de dendro foram coletadas com trados, e retirados cilindros de
madeira, os quais foram colados em suportes de madeira, lixados e polidos para análise macroscópica. Os
anéis de crescimento foram marcados com precisão de 0,01 mm usando um aparelho digital (LINTAB),
permitindo a determinação da idade das árvores. Foram registrados um total de 759 indivíduos epifíticos, em
7 famílias,14 gêneros e 29 espécies. A idade mínima e máxima para H. spruceana variou de 14 a 158 anos,
respectivamente. Para, M. acaciifolium variou de 21 a 233 anos. A idade de M. acaciifolium mostrou uma
relação significativa com a riqueza (r²=0,14; p=0,007) e abundância de epífitas (r²=0,17; p=0,002). A idade
de H. spruceana também mostrou uma relação significativa tanto para a riqueza (r²=0,13; p=0,009) e
abundância (r²=0,09; p=0,035) de epífitas. Ao passo que, o diâmetro mostrou-se o melhor preditor da riqueza
e abundância de epífitas, apresentando fortes relações explicativas para a riqueza (r²=0,40; p=0,001) e
abundância (r²=0,18; p=0,002) em M. acaciifolium e para riqueza (r²=0,34; p=0,001) e abundância (r²=0,36;
p=0,001) em H. spruceana. Contrariamente ao esperado, a idade dos forófitos não foi uma boa preditora
tanto para riqueza como para a abundância de epífitas vasculares. Porém, o tamanho do forófito, medido pelo
DAP, parece ser o melhor preditor da riqueza e abundância de epífitas. Isso ressalta a importância da
preservação de grandes e antigas árvores para a manutenção da riqueza de espécies epífitas.
Palavras-chave: Anéis de crescimento, Forófitos, Hevea spruceana, Macrolobium acaciifolium.
Apoio: INPA, CAPES, PELD-MAUA
GEOGRAFIA FÍSICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA INTERFACE POSSÍVEL PARA
FORMAR CIDADÃOS CLIMATICAMENTE CONSCIENTES
Maria Eduarda Paracat Rego1; Yolanda Gomes Coelho1; Antônio Carlos Ribeiro Araújo Júnior1
1Universidade Federal de Roraima (UFRR), Departamento de Geografia,
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Boa Vista, RR.
E-mail: dudaparacat@gmail.com
Este trabalho explora a interface entre geografia física e educação ambiental, destacando como a
compreensão dos processos naturais, pode ser integrada ao ensino ambiental para promover uma consciência
ecológica mais profunda. O estudo foca especificamente na função ambiental dos recursos hídricos na cidade
de Boa Vista, capital de Roraima, e como esses recursos são essenciais para a regulação do microclima,
manutenção da biodiversidade e suporte às atividades econômicas e sociais. O objetivo central do trabalho
foi analisar como a geografia física pode contribuir para a formação de cidadãos conscientes da função social
dos recursos hídricos, incentivando práticas de conservação e uso sustentável da água. A expansão urbana de
Boa Vista nos últimos 30 anos, especialmente para a zona oeste, tem gerado impactos significativos nos
recursos hídricos, com a supressão de nascentes e cursos d'água para dar lugar a áreas aterradas e
concretadas. Esse crescimento desordenado e a impermeabilização do solo aumentam as temperaturas locais,
ampliando o fenômeno das ilhas de calor. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) indicam
uma elevação da temperatura média anual da cidade, de cerca de 26,5°C na década de 1990 para entre
27,5°C e 28°C nos últimos anos. Esse aumento está relacionado à substituição da vegetação natural por
superfícies impermeáveis, especialmente nas áreas de expansão. A metodologia adotada inclui uma revisão
bibliográfica abrangente sobre geografia física e educação ambiental, com foco na importância dos recursos
hídricos. Foi realizado um levantamento em Boa Vista, Roraima, onde foram analisados dados sobre os
corpos d'água da região, como o Rio Branco e sua planície flúvio-lacuste, e seu impacto na biodiversidade e
no microclima local. A pesquisa envolveu a coleta de informações sobre práticas educativas na região que
integram conhecimentos geográficos e ambientais. Os resultados indicam que a integração do conhecimento
geográfico no ensino ambiental contribui significativamente para a sensibilização dos cidadãos em relação à
importância dos recursos hídricos. Observou-se que as iniciativas educativas que incorporam a geografia
física ajudam a promover uma maior conscientização sobre a necessidade de proteger e gerir de forma
sustentável os recursos dricos, fundamentais para a qualidade de vida da população e a preservação dos
ecossistemas. Além disso, evidenciou que a expansão urbana desordenada tem exercido uma pressão
significativa sobre os recursos naturais, e tem contribuído para o aumento das temperaturas na cidade,
destacando a necessidade urgente de políticas de planejamento urbano que equilibrem o desenvolvimento
com conservação ambiental. Com base nos resultados, conclui-se que a interface entre geografia física e
educação ambiental é uma ferramenta poderosa na formação de cidadãos conscientes da importância dos
recursos dricos. Essa abordagem educativa não apenas facilita a compreensão da interdependência entre o
ambiente natural e as atividades humanas, mas também promove respeito e proteção aos recursos naturais.
Os objetivos do trabalho foram alcançados ao demonstrar que conhecimento geográfico, quando aplicado ao
ensino ambiental, pode transformar a percepção e o comportamento dos cidadãos em relação à conservação
dos recursos hídricos, por evidenciar a importância ambiental dos recursos para a vida cotidiana em um
planeta em transformação.
Palavras-chave: Expansão urbana, Microclima, Recursos Hídricos.
Apoio: Universidade Federal de Roraima e Grupo de Pesquisa Amazônia, Mudanças Climáticas Globais e
Sustentabilidade – Amazônias.
GRADIENTES HIDROLÓGICOS LOCAIS AFETAM A FENOLOGIA FOLIAR NA
AMAZÔNIA CENTRAL
Lucas Tameirão1; Juliana Schietti2; Antenor Barbosa3; Bruce Nelson4; Izabela Aleixo4
¹ Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de pós-graduação em Ecologia, Manaus, AM.
² Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Departamento de Biologia, Manaus, AM.
³ Instituto nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Tecnologia e Inovação, Manaus, AM.
4 Instituto nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Dinâmicas Ambientais, Manaus, AM.
E-mail: lbstameirao@gmail.com
Este estudo investiga a influência, até então pouco estudada, dos gradientes de água no solo sobre a fenologia
foliar em florestas tropicais úmidas. Nós apresentamos um conjunto de dados único de 52 anos de
monitoramento contínuo de 695 árvores de 183 espécies (algumas identificadas somente até gênero)
monitoradas ao longo de um gradiente natural de profundidade de lençol freático (de 7m a 89m acima da
drenagem mais próxima) na Amazônia central, nas reservas florestais Adolpho Ducke e Estação
Experimental de Silvicultura Tropical. Usando análises de séries temporais e modelos lineares nós
investigamos os efeitos da disponibilidade de água no solo sobre métricas da fenologia foliar, incluindo
momento de ocorrência, frequência e duração de perda e produção de folhas. Aqui mostramos que a
fenologia vegetativa, apesar de pouco variável em escala temporal longa, pode seguir tendências
contrastantes dependendo do ambiente hidrológico (i.e. próximo, intermediário ou distante do lençol
freático) e da fenofase observada (i.e. folhas novas, folhas velhas, folhas velhas e novas, poucas folhas e sem
folhas). Por exemplo, o padrão de produção de folhas novas é consistente entre os ambientes hidrológicos,
com uma leve tendência de alta nos últimos anos. Mas a frequência de perda de folhas segue tendências
opostas em extremos do gradiente hidrológico, onde árvores mais próximas do lençol freático tenderam à
menor frequência de perda de folhas, enquanto árvores mais distantes do lençol freático tenderam à maior
frequência de perda de folhas em média. Temperatura e umidade estão mais correlacionadas às variações nas
fenofases, que pode ser contrastante entre os ambientes, à medida que se distancia o acesso ao lençol
freático. Árvores próximas ao lençol freático perdem menos folhas quando a temperatura é mais alta,
enquanto árvores distantes do lençol freático perdem mais folhas quando temperaturas mais altas. O
momento de ocorrência (timing) e a duração das fenofases dentro do ano foram diferentes entre ambientes
hidrológicos para quatro das cinco fenofases avaliadas. O pico de produção de folhas novas aconteceu mais
cedo em árvores mais próximas do lençol freático, em agosto/setembro, enquanto árvores mais distantes do
lençol freático tiveram o pico de produção de folhas novas em outubro. O presente estudo destaca que
adaptações locais em resposta à disponibilidade de água no solo contribuem para os diversos padrões de
fenologia foliar observados na comunidade de árvores de dossel na Amazônia central.
Palavras-chave: Fenologia críptica, HAND, Lençol freático, Monitoramento fenológico, Séries temporais.
Apoio: FAPEAM, CAPES, INPA - PPG-ECO.
ANÁLISE CITOGENÉTICA DE Chalceus sp. DO RIO UATUMÃ-AM: PERSPECTIVAS
SOBRE A CARIOEVOLUÇÃO DA FAMÍLIA CHALCEIDAE
Alex Matheus Viana Ferreira¹; Patrik Ferreira Viana¹; Leandro Marajó¹; Eliana Feldberg¹
¹Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós Graduação em Genética, Conservação e Biologia evolutiva (GCBEv), Manaus, AM.
E-mail alex.matheus.viana@gmail.com
Historicamente, o gênero Chalceus era considerado o único representante de Alestidae a ocupar a região
neotropical, sendo encontrado nas bacias dos rios Orinoco, Amazonas e Essequibo. No entanto, após revisões
taxonômicas e estudos moleculares as espécies deste gênero foram realocadas na família Chalceidae,
contando atualmente com 5 espécies, sendo grupo irmão de Acestrorhynchidae + Characidae. Nesse
contexto, ferramentas citogenéticas podem ajudar a elucidar as relações intra e interespecíficas deste grupo.
Além disso, marcadores citogenéticos são eficazes para detectar variações cariotípicas em diferentes grupos
de peixes. Dessa forma, a proposta deste estudo foi caracterizar citogeneticamente exemplares de Chalceus
sp., coletados na região do rio Uatumã AM. Para tal, utilizamos amostras de Chalceus sp., previamente
coletadas e armazenadas no Laboratório de Genética Animal - INPA. Assim, foram utilizadas técnicas de
citogenética clássica (Giemsa, banda-C) e mapeamento cromossômico (DNAr 18S, 5S, telômero e
microssatélites). Todos os indivíduos analisados apresentaram número diploide igual a 52 cromossomos e
fórmula cariotípica 20m+14sm+18st, sem diferenças cariotípicas relacionadas ao sexo. Os indivíduos
apresentaram poucos blocos heterocromáticos, em porções centroméricas. Em relação ao mapeamento dos
DNAr, o 18S apresentou marcações na porção proximal do braço longo do par 11 (sm). Já, o marcador 5S se
apresentou na porção proximal do braço longo do par 11 (sm), em sintenia com a região 18S, e na região
intersticial do braço longo do par 21 (st). O mapeamento das regiões microssatélites revelou blocos para os
marcadores (GA)n, (GT)n (CA)n, (ACGC)n e (GACA)n. O padrão encontrado foram marcações nas porções
terminais em diversos pares, em geral nos dois braços cromossômicos. No entanto, o microssatélite (CA)n
também apresentou blocos proximais na região do braço longo do par 11 (colocalizado com os marcadores
DNAr 18S e 5S) e blocos intersticiais no braço longo do par 12. O mapeamento das sequências teloméricas
revelou marcações nas porções terminais de todos os pares cromossômicos, sem a evidência de sequências
teloméricas intersticiais (ITS). Sendo 2n=54 o caráter ancestral do clado Chalceus + Acestrorhynchidae +
Characidae, uma fusão teria gerado o 2n=52 cromossomos encontrado em Chalceus e dois eventos de fusão
teriam gerado o 2n=50, recorrente nas demais famílias. Em relação aos DNAr, nossos resultados divergem
do relatado para espécies de Acestrorhynchus, uma vez que essas espécies apresentaram sítios simples de 5S
e múltiplos de 18S (sem sintenia). Neste caso, a colocalização de DNAr em Chalceus sp. pode sugerir
alguma vantagem adaptativa na organização dessas sequências. Além disso, o cariótipo de espécies de
Acestrorhynchidae apresenta inúmeras ITS e, dessa forma, a ausência dessas marcações em Chalceus sp.
pode ser devido a mecanismos moleculares, que levaram à perda de ITSs não funcionais. Os dados
citogenéticos relatados neste estudo são os primeiros para a família Chalceidae e, nesse sentido, este estudo
contribui para o entendimento carioevolutivo deste clado.
Palavras-chave: Evolução cariotípica, microssatélites, DNAr, FISH, DNA repetitivo.
Apoio: FAPEAM, ADAPTA II, CNPq.
DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE ÁREA VERDE NO MUNICÍPIO DE JURUTI, OESTE
DO PARÁ
Iandra Victória Pinto Guimarães¹; Amaury Caldeira de Lima Gonçalves¹; Wesley Lopes Pinto¹; Everton Cristo de
Almeida¹; Victor Hugo Pereira Moutinho¹.
1Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Santarém, PA.
E-mail: iandravictoria.eng@gmail.com
São muitas as questões ambientais relacionadas às cidades e o processo de urbanização. A busca pelo
entendimento da diversidade dos aspectos do espaço urbano junto às suas dimensões socioambientais tem se
tornado uma preocupação cada vez mais presente para o planejamento e a gestão urbana. Elementos naturais,
especialmente a vegetação, são apontados como importantes indicadores para qualidade de vida e saúde da
população. Entretanto, uma série de problemas vem repercutindo, advindos de uma baixa preocupação com a
relação ocupação territorial-meio ambiente, que acarretam problemas como poluição do ar, da água e do
solo, enchentes, ruídos em excesso, movimentos de massa, desconforto térmico, dentre outros, podendo
causar danos à saúde física e mental do citadino. No Oeste do Pará, as transformações aceleradas das
dinâmicas locais resultam na complexidade da gestão das cidades, exigindo políticas públicas que levem em
consideração a qualidade ambiental, buscando o desenvolvimento urbano em bases sustentáveis. Neste
sentido, este trabalho teve como objetivo determinar o Índice de Área Verde (IAV) do município de Juruti-
PA, com a utilização de técnicas de sensoriamento remoto. A área deste estudo, o município de Juruti,
situado no extremo Oeste do Estado do Pará, conta com cerca de 50.881 habitantes. Para calcular o IAV, foi
utilizado o método “Tree canopy cover para analisar a distribuição, conectividade e contiguidade da
vegetação em ambientes urbanos. A cobertura vegetal foi mapeada a partir do mapa de cobertura da terra,
incluindo espaços edificados com vegetação. Para criação do mapa, utilizou-se o software QGIS versão
3.34.4-Prizren. A análise da classificação da área verde foi realizada com base em critérios geométricos e o
IAV foi calculado através da relação entre a área dos espaços verdes, em m², e a quantidade de habitantes da
região analisada. Com isso, constatou-se que o IAV para este município é de 41,87 m²/habitante. De acordo
com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o IAV recomendado para o bem-estar humano é de 12
m²/habitante, enquanto a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAB), sugere que exista pelo menos
15 m²/habitante de área verde, o que indica que Juruti atende às duas recomendações. É importante destacar
que uma cidade sustentável deve contemplar não apenas um bom índice de área verde, como também uma
distribuição homogênea pelos seus bairros, buscando a ampliação e distribuição adequada destas áreas,
criando espaços que tragam benefícios estéticos, ecológicos, sociais, psicológicos e educativos, o que
contribui tanto na conservação do meio ambiente quanto para o convívio social e saúde da população. Em
suma, o município de Juruti (PA) apresenta um bom Índice de Área Verde, segundo a determinação da OMS
e da SBAB. No entanto, é importante continuar buscando a ampliação e distribuição adequada destas áreas
na cidade, no intuito de que os benefícios estéticos, ecológicos, sociais, psicológicos e educativos que estes
espaços representam possam alcançar toda a populão e não somente uma parcela.
Palavras-chave: Cobertura vegetal urbana, Qualidade ambiental urbana, Sensoriamento remoto.
Apoio: Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
PUXIRUM DE MUDAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ACADÊMICA
Arthur Daniel Lopes Frota1; João Pedro Queiroz Pereira2 ; Laenna Morgana Cunha da Silva3; Larissa de Oliveira
Barbosa3; Mayra Valéria do Nascimento Brito3; Vitória Miléo da Silva3; Deliane Vieira Penha4
1Universidade Federal do Oeste do Pará, Bacharelado em Biotecnologia, Santarém, PA.
2Universidade da Amazônia (UNAMA), Programa de Pós-graduação em gestão hospitalar e sistema de saúde;
3Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA);
4Universidade Federal do Oeste do Pará,
Programa de Pós-graduação em Biodiversidade (PPGBEES), Santarém, PA.
E-mail: arthurlopesfrota@gmail.com
A Mortalidade de árvores é um dos processos mais importantes na dinâmica de ecossistemas florestais,
sobretudo pelo ciclo da água e carbono. Estudos sugerem que características relacionadas às estratégias de
uso da água da planta são importantes preditores da mortalidade induzida pela seca. Entretanto, outros
fatores relacionados à mortalidade de árvores tropicais são ainda desconhecidos, como por exemplo, a
interação com fitopatógenos. Investigar se microrganismos fitopatogênicos podem potencializar a
mortalidade induzida pela seca em árvores tropicais é uma das vertentes do projeto: “Quais características de
árvores tropicais melhor indicam vulnerabilidade às mudanças globais?”. Nesse sentido, uma das etapas
iniciais do projeto foi a preparação de mudas de espécies florestais, a fim de selecionar grupos com
características funcionais contrastantes para avaliar a mortalidade induzida pela seca e a interação com
fitopatógenos em condição experimental em casa de vegetação. O objetivo deste relato foi descrever a
experiência científica Puxirum das Mudas”. “Puxirum significa “ajuda mútua”. Assim, em Agosto de
2024, uma equipe de estudantes que desenvolvem um plano de trabalho no contexto do projeto de
mortalidade se reuniu para um momento de ajuda mútua. Cinco estudantes da Universidade Federal do Oeste
do Pará (UFOPA) e um estudante da Universidade da Amazônia (UNAMA) participaram do Puxirum das
mudas que ocorreu na sede do Projeto BADERNA (Brigada de Amigos Defensores da Ecologia e dos
Recursos Naturais da Amazônia), em Santarém, Oeste do Pará. A atividade foi desenvolvida sob a direção da
coordenadora do projeto de mortalidade e iniciou com uma reunião para direcionar a preparação e seleção
das mudas das espécies florestais potenciais para o experimento. Posteriormente, a equipe preparou substrato
para padronização da aclimação das mudas utilizando terra preta, serragem e resíduos de açaí (fibras e
caroços). Dentre diversas espécies de mudas produzidas na BADERNA, foram selecionadas cinco, baseada
na disponibilidade de indivíduos e procedência florestal: samaúma (Ceiba pentandra (L.)) Gaerth), cumarú
(Dipteryx odorata (Aubl.) Wild), maçaranduba (Manilkara huberi (Ducke) A. Chev.), coração-de-negro
(Chamaecrista scleroxylon (Ducke) H.S. Irwin & Barneby) e andiroba (Carapa guianensis (Aubl.)). Cinco
indivíduos de cada espécie foram transplantados para sacos de jardinagem contendo o substrato preparado,
objetivando aclimatação das mudas em sacos maiores para serem levadas para casa de vegetação na UFOPA.
Todos os indivíduos foram transplantados no mesmo dia. Essa etapa foi importante para cumprir o
cronograma do projeto de mortalidade e imprescindível para a seleção de espécies que serão usadas no
experimento. Etapas futuras consistirão em medidas de atributos funcionais hidráulicos e estruturais para
selecionar três espécies com características contrastantes. Participar dessa experiência foi essencial para
entendermos como as etapas de um projeto de pesquisa são realizadas e, principalmente, a importância da
participação ativa de estudantes de graduação na construção e tomada de decisão das questões centrais dos
projetos no qual estão inseridos. Por fim, foi importante participar da atividade para entendermos como
critérios de seleção de espécies para um experimento podem ser aplicados na prática. Através do Puxirum,
poderemos futuramente responder questões como: “árvores com maior densidade da madeira são mais
resistentes à fitopatógenos?”
Palavras-chave: Árvores tropicais, Mortalidade, Resiliência, Seca.
Apoio: Instituto Serrapilheira - Niaras do Tapajós - BANERNA - LBA - ATMOS – LABECON.
VISITANTES FLORAIS EM AMBIENTES URBANOS: INVESTIGANDO O PAPEL DAS
ÁREAS VERDES PELA ÓTICA DA CIÊNCIA CIDADÃ
Mayara Lima Diniz1; Juliana Hipólito de Sousa2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Botânica);
2Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
E-mail: limamaya191@gmail.com
A biodiversidade tem enfrentado um declínio ao longo dos anos, impulsionado por fatores como mudanças
no uso da terra, exploração excessiva dos organismos, alterações climáticas e poluição. Esse cenário
preocupante destaca a importância de preservar e restaurar os habitats urbanos, onde a infraestrutura verde
pode atuar como um refúgio, incluindo para visitantes florais cruciais na polinização e saúde dos
ecossistemas. No entanto, o estudo desses animais em áreas urbanas é complexo, devido à falta de dados e à
dificuldade em monitorá-los. Nesse contexto, a ciência cidadã surge como uma ferramenta promissora,
permitindo que comunidades participem da coleta de dados e monitoramento desses animais. Deste modo,
este trabalho buscou avaliar o papel de áreas verdes na conservação de visitantes florais. Foi realizada uma
revisão sistemática de estudos de Ciência Cidadã com foco em visitantes florais e áreas verdes, utilizando
buscas até o dia 04 de março de 2024 no Scopus (Elsevier) e Web of Science-Coleção principal. Foram
aplicadas as seguintes combinações com operadores booleanos: urban OR cit* OR garden AND bee OR
pollinat* AND "citizen science" OR "participatory science" essa busca resultou em 363 artigos. A partir da
aplicação do fluxograma PRISMA foram selecionados 140 estudos para a coleta e análise. Dos artigos
foram extraídos: título, ano de publicação, país do primeiro autor, revista, país onde o estudo foi realizado,
ambiente, visitante floral, espécie, origem dos dados, natureza do estudo, natureza dos métodos, zona
climática, tipo de participação do cientista cidadão. Esses estudos foram publicados principalmente a partir
de 2020, em 76 periódicos. A maioria dos estudos era emricos/observacionais (84 estudos, 60%). Os dados
foram oriundos de diversas fontes, desde amostragens em campos realizadas por cientistas cidadãos até
dados extraídos do Instagram. A participação dos cientistas cidadãos foi majoritariamente contribuitiva (85
estudos, 60,71%). Os visitantes florais mais frequentemente avaliados foram abelhas (101 estudos, 72,14%)
e borboletas (23 estudos, 16,43%). O ambiente urbano foi estudado em 50 trabalhos (35,71%), seguido pelo
ambiente agrícola (46 estudos, 32,86%). Os jardins foram avaliados em 45 estudos (32,14%), florestas em 27
estudos (19,29%) e parques em 19 estudos (13,57%). uma tendência clara de aumento no número de
estudos desenvolvidos em zonas temperadas em comparação com zonas tropicais. A maioria dos países onde
os estudos foram realizados ou de onde os dados estão georreferenciados é da Europa (43,57 %), seguida
pela América do Norte (35%) e América do Sul (7,14 %). Apenas três estudos foram realizados por autores
brasileiros, e dois utilizaram dados do Brasil, o que indica a necessidade de inserção da ciência cidadã nas
pesquisas científicas brasileiras. Essa revisão destaca a importância das áreas verdes na conservação de
visitantes florais, especialmente polinizadores, essenciais para a biodiversidade e a agricultura. Estudos
demonstram que habitats ricos em diversidade de plantas favorecem a sobrevivência e a dispersão de
abelhas. As áreas urbanas oferecem recursos valiosos, e a conectividade entre esses espaços é crucial para
manter as populações. A pesquisa em Ciência Cidadã também se intensificou, promovendo a participação da
comunidade na conservação e no monitoramento desses ecossistemas.
Palavras-chave: Abelhas, Biodiversidade, Cientistas cidadãos, Polinizadores.
Apoio: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES).
EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CONHECIMENTOS TRADICIONAIS, RESTAURAÇÃO FLORESTAL
NA COMUNIDADE INDÍGENA PONTA DA SERRA EM AMAJARI RORAIMA
Mariana Souza da Cunha1; Carolina Volkmer de Castilho2; Eliane Souza da Cunha3
1,3Universidade Federal de Roraima (UFRR), Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena,
2Embrapa, Centro de Pesquisa Agroflorestal de Roraima (CPAFRR).
E-mail: marycunharr@gmail.com
Os ecossistemas naturais estão cada vez mais sobre pressão. A necessidade de uso dos recursos naturais está
levando a uma degradação acelerada desses recursos. Cada vez mais se busca novas áreas para produzir em
larga escala e isso tem levado a fragmentação dos habitats. A restauração ecológica é uma das alternativas
para minimizar os impactos gerados pela degradação. A restauração é um processo definido que consiste em
auxiliar a recuperação de um ecossistema que foi degradado, impactado ou destruído. A Amazônia, tem
sofrido com esses impactos, nas terras indígenas em Roraima por exemplo, a situação não é diferente, no
qual a utilização dos recursos naturais (madeira, água, solo) têm gerado certos impactos que tem prejudicado
a vida dos povos indígenas, além disso grandes empreendimentos de lavouras de monoculturas estão
rodeando as terras indígenas que sofrem as pressões externas. Como forma de combater ou minimizar os
impactos das mudanças climáticas e no ambiente da comunidade, nosso principal objetivo é levar formação
ambiental e também realizar ações de reintroduzir espécies vegetais nas ilhas de mata na comunidade. Para
realização das atividades foram realizadas pesquisas bibliográficas, as ações da proposta foram apresentadas
em reunião comunitária, onde tivemos todo o apoio, em seguida realizamos a coleta das sementes nas ilhas
de matas, posteriormente fizemos a seleção das sementes e o tratamento adequado para semeadura.
Ressaltamos que essas atividades foram acompanhadas pelas lideranças das comunidades em todas as etapas
das atividades, desse modo foi muito importante o conhecimento tradicional alinhado ao conhecimento
científico. Os resultados foram positivos, no qual construímos um viveiro e semeamos as amostras que
coletamos e as que tínhamos levado também. Dentre as quais destacamos as espécies madeireiras como
jatobá (Hymenaea courbaril), i-rosa (Handroanthus heptaphyllus), cedro (Cedrela fissilis), copaíba
(Copaifera pubiflora), pau-brasil (Paubrasilia echinata), pau-rainha (Brosimum rubescens) e algumas
frutíferas como ingá (Inga edulis), cupuaçu (Theobroma grandiflorum) e goiaba (Psidium guajava). Como
ação de educação ambiental apresentamos filmes infantis, desenhos de como cuidar do ambiente, oficina do
mundo feliz e por fim o plantio de espécies arbóreas e madeireiras que recebemos como doação. Essas
atividades proporcionam a comunidade em geral a refletir a importância da educação ambiental e
principalmente o cuidado que se deve ter com os recursos naturais ainda existentes na terra indígena. A
implantação do viveiro com as espécies oriundas da comunidade pode se tornar uma alternativa para
recuperar algumas áreas que já sofreram os impactos anteriormente pelo uso desenfreado, assim como a
reintrodução das espécies que foram plantadas no entorno da comunidade.
Palavras-chave: Degradação ambiental, Reflorestamento indígena, sustentabilidade, terras indígenas,
viveiro comunitário indígena.
BIODIVERSIDADE DE MACROFUNGOS DO GÊNERO Camillea NO PARQUE
ECOLÓGICO DE IRACEMA, PRESIDENTE FIGUEIREIDO-AM, BRASIL
Ryan da Costa Barroso¹; Suzana Mineiro Ferreira2; Maria Aparecida de Jesus3
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Iniciação Científica, Manaus, AM.
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM),
Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBIOTEC), Manaus, AM.
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade (COTEI), Manaus, AM.
E-mail: ryancbarroso@gmail.com
O maior grupo de fungos pertence ao Filo Ascomycota, no qual está segregado o gênero Camillea que
pertence à família Graphostromataceae. Camillea é caracterizado pelo ascoma peritecial erumpente
geralmente negro carbonáceo a amarronzado, com formas variadas: cilíndrico, discoide e aplanado. Os ascos
estão inseridos dentro da camada peritecial, são cilíndricos e possuem no ápice um aparato apical rombóide
que se torna amiloide (azul) quando reage com o reagente de Melzer, os ascósporos podem ser: elipsóide,
fusiforme, oblongo, chanfrado e oval, de coloração amarelo-hialino sem fenda germinativa. Aparentemente,
os ascósporos de Camillea são de parede lisa sob microscopia de luz, no entanto, ao serem analisados sob a
microscopia eletrônica de varredura, a parede celular possui ornamentação: verrugosa, equinulada, fossas
reticuladas ou poróide, ou com a presença de nervuras longitudinais. A maioria de suas espécies habita
madeira de angiosperma dicotiledônea em decomposição. O gênero compreende aproximadamente 67
espécies distribuídas em vários países que compõem a região amazônica, como Bolívia, Brasil, Colômbia,
Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Para o Brasil, poucos registros destes
fungos, sendo apenas 22 das 67 espécies de Camillea depositadas em herbarios, distribuídas para o país. De
modo que este trabalho teve como objetivo contribuir para o conhecimento sobre a diversidade de fungos na
região amazônica através da identificação taxonômica das espécies do gênero Camillea no Parque Ecológico
Iracema, Presidente Figueiredo-AM, Brasil. A coleta foi realizada nas três trilhas distribuídas no parque: (I) a
Trilha da Cachoeira de Iracema com 2 km de distância até a Cachoeira de Iracema, (II) a Trilha da Cachoeira
das Araras que se localiza a 500 metros da Cachoeira de Iracema, com aproximadamente 1,2 km de distância
até a Cachoeira das Araras, e (III) Trilha de floresta fragmentada (coordenadas 1º59de latitude Sul e 60º03
de longitude Oeste). Um total de 25 espécimes do gênero Camillea, foi coletado, distribuído em oito
espécies: Camillea amazônica (1); Camillea bilabiata (2); Camillea cyclops (2); Camillea fusiformis (2);
Camillea leprieurii (12); Camillea scriblita (1); Camillea stellata (1); Camillea sulcata (1); Camillea
venezuelensis (1) e Camillea sp. (2). Este estudo contribui com o conhecimento de oito espécies de Camillea,
sendo que C. leprieurii se destaca entre as demais com maior ocorrência de 12 espécimes no Parque
Ecológico Iracema e a trilha da Cachoeira de Iracema é a área com maior ocorrência de espécimes (12)
representantes de 10 espécies (10). Com isso, este trabalho corrobora significativamente para o
conhecimento taxonômico dos macrofungos na região amazônica, e assim enriquecendo a base de dados
sobre os fungos do Brasil.
Palavras-chave: Ascomycota, Xylariales, Taxonomia.
Apoio: CNPq.
APROVEITAMENTO DA CASCA DE CACAU PARA O CRESCIMENTO DE TRAMETES
SP.: UMA ESTRATÉGIA SUSTENTÁVEL DE VALORIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS
AGROINDUSTRIAIS
Sérgio Dantas de Oliveira Júnior1; Lorena Vieira Bentolila de Aguiar1; Larissa Batista do Nascimento Soares1,2; Larissa
Ramos Chevreuil1; Maria Aparecida de Jesus3; Newton Paulo de Souza Falcão4 e Ceci Sales-Campos1,2,5
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA, Laboratório de Cultivo de Fungos Comestíveis – LCFC.
2Universidade do Estado do Amazonas – UEA,
Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da rede BIONORTE – PPGBIONORTE.
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Laboratório de Patologia da Madeira.
4Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA, Laboratório Temático de Solos e Plantas.
5Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia – PPGBIOTEC.
E-mail: sergiodantas100@hotmail.com
A demanda crescente por soluções biotecnológicas sustentáveis tem impulsionado a busca por alternativas
que promovam a economia circular e a mitigação de impactos ambientais. A fruticultura tem se tornado uma
das principais atividades desenvolvidas pela agricultura brasileira, sendo que o país é considerado o terceiro
maior produtor de frutas do mundo. A maior parte dessa produção é destinada ao processamento industrial de
alimentos com a finalidade de atender segmentos de sucos, néctares, drinques, polpas, entre outros, e os
resíduos de frutas são responsáveis pela criação de boa parte desses subprodutos que são descartados pelas
indústrias, e por não estarem adequadas para o processamento ou por deixar resíduos no final do
processamento que não podem ser aproveitados para o consumo como cascas. Neste cenário, a utilização de
resíduos lignocelulósicos, frequentemente descartados sem tratamento adequado, destaca-se como uma
abordagem promissora para o desenvolvimento de processos biotecnológicos, com potencial de agregar valor
aos subprodutos que, de outra forma, contribuem para a contaminação de solos e lençóis freáticos. Nesse
contexto, o objetivo desse trabalho foi determinar a composição centesimal e caracterizar físico-
quimicamente o reduo proveniente da casca do fruto do cacau, e sua utilização como substrato de
crescimento do macrofungo Trametes sp. O crescimento de Trametes sp. foi avaliado em placas de Petri
contendo 2% do resíduo de cacau e ágar, incubadas a 25 °C em B.O.D., por 6 dias. A caracterização do
resíduo do cacau revelou uma composição favorável ao crescimento fúngico, exibindo teores de umidade de
(6,28%), cinzas (3,31%), pH (5,18), nitrogênio (0,83%), proteína total (3,46%), lipídios (1,24%), carbono
(49,37%), relação C/N (59,48%), celulose (38,50%), hemicelulose (6, 92%) e lignina (8,13%). Além disso, a
microscopia eletrônica de varredura (MEV) revelou uma estrutura porosa com variações morfológicas que
possivelmente facilitaram a colonização do substrato pelas hifas do fungo. Diante do exposto, é possível
inferir que o resíduo de cacau possui características físico-químicas que o tornam um suporte/substrato
adequado para o desenvolvimento de microrganismos lignocelulolíticos, oferecendo uma alternativa viável
para a bioconversão de subprodutos agroindustriais.
Palavras-chave: Basidiomiceto, Material lignocelulósico, Reutilização.
Apoio: LCFC-INPA, Rede Bionorte PPGBIONORTE, CNPq - DTI-A, FAPEAM - Iniciativa Amazônia
+10, FAPEAM – Universal Amazonas.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PORÇÃO CENTRO-NORTE DO ESTADO DE
RORAIMA, BRASIL E SUAS IMPLICAÇÕES NO GEOTURISMO
Francilene Almeida Silva; Isis do Nascimento Tavares; Antônio Carlos Ribeiro Araújo Júnior
Universidade Federal de Roraima (UFRR), Departamento de Geografia, Boa Vista, RR.
E-mail: lennyalmeida03@gmail.com
O Estado de Roraima é marcado por uma diversificação de paisagens em relação a outras porções da
Amazônia brasileira. Neste cenário destaca-se a paisagem da porção centro-norte do estado onde apresenta-
se com grande importância a Serra do Tepequém. O Município do Amajarí, está localizado na porção centro-
norte do estado de Roraima, onde, faz limites com a Venezuela a oeste e norte, Pacaraima a leste, Boa Vista a
sudeste e Alto Alegre ao sul e tem como via de acesso a RR-203 e BR-174. No aspecto climatológico, o
clima tropical chuvoso ocorre de outubro a abril e quente seco de abril a setembro, seus principais rios são o
Uraricoera, Parimé e Amajari. Quanto as superfícies do município, o relevo é composto por superfícies
planas, áreas inundáveis e relevo fortemente ondulado, onde está inserido a vegetação de floresta ombrófila
densa, floresta estacional semidecidual e savanas. Nesse contexto, a região sofreu com o fenômeno de secas
e estiagens nos últimos anos (2023-2024), e isso fez com que a atividade geoturística no município
relacionada ao uso dos aspectos geomorfológicos da paisagem fossem impactadas. Diante disto, a fim de
entender como ocorre a dinâmica entre as mudanças climáticas e o geoturismo, surge a carência de
responder: quais as consequências que as secas e estiagens desencadearam na atividade geoturística no
município de Amajarí? Visto que o geoturismo é uma prática bastante utilizada nos dias atuais e tem como
principal atrativo a geologia e geomorfologia de uma região natural, o geoturismo vincula-se diretamente à
conservação e à promoção da geodiversidade e do patrimônio geológico e ao conhecimento do meio
ambiente. Com isso, o objetivo desse estudo foi analisar os impactos das secas e estiagens na prática do
geoturismo no município de Amajarí. A metodologia desse estudo foi subsidiada em pesquisa hemerográfica,
utilizando jornais e outras publicações periódicas, correlacionado com pesquisas bibliográficas de acervos
institucionais. As estiagens vivenciadas no período de El Niño, foram um dos principais fatores que
contribuem para as secas da região do Amajarí. Diante desse período as queimadas na região se
intensificaram, causando problemas ambientais e transtorno para os moradores, como secas e aumento de
temperatura. Comparando o mês de fevereiro de 2023 e 2024 teve-se um aumento de C de temperatura
mínima. Em função da complexidade das queimadas na área de estudo, o fogo se alastrou em direção às
rochas dos paredões do plada Serra do Tepequém, trazendo danos a população e consequentemente danos
ambientais. Analisar as alterações na temperatura provocadas por queimadas na região deve se tornar tarefa
periódica, visto que a atividade geoturística na região depende de fatores do clima local, o qual é ameno em
razão de sua localização de serra com altitude média de 1.000 metros. A construção de dados que mostrem os
possíveis impactos e consequências no sistema turístico da Amazônia Setentrional decorrentes das mudanças
climáticas fazem-se mister para o desenvolvimento sustentável do geoturismo frente aos extremos
climáticos.
Palavras-chave: Geoturismo, Amazônia Setentrional, Secas e Estiagens, Tepequém.
Apoio: Universidade Federal de Roraima e Grupo de Pesquisa Amazônia, Mudanças Climáticas Globais e
Sustentabilidade – Amazônias.
INFLUÊNCIA DOS MODOS DE MORTALIDADE E QUEDAS DE GALHO NA
GEOMETRIA DE CLAREIRAS EM FLORESTAS DE TERRA FIRME NA AMAZÔNIA
CENTRAL
Bruno Silva de Souza1; Adriana Simonetti Lopes Peixoto2; Moacir Alberto Assis Campos2
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Faculdade de Ciências Agrárias, Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Laboratório de Manejo Florestal, Manaus, AM.
E-mail: brunosilvasouza2000@gmail.com
A dinâmica das árvores impacta o estoque de carbono nas florestas, especialmente em eventos extremos
como tempestades, que provocam a morte de árvores e a formação de clareiras. Essas clareiras, resultantes da
queda de galhos e da mortalidade, influenciam a dinâmica florestal e o ecossistema de maneira significativa.
Imagens RGB capturadas por drones têm se mostrado eficazes no monitoramento de clareiras na Amazônia
Central, detectando áreas a partir de 5m² com 93% de precisão ao serem combinadas com dados de campo.
Essa abordagem contribui para uma compreensão mais abrangente da estrutura e dinâmica florestal. O
objetivo deste estudo é descrever a geometria das clareiras (área e forma), a biomassa perdida e os modos de
formação (mortalidade de árvores e queda de galhos) em uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. A
pesquisa foi realizada em uma área de 42 hectares no projeto INVENTA/ATTO, localizado a 52 km ao norte
de Manaus. Imagens foram coletadas mensalmente entre dezembro de 2021 e abril de 2023, usando uma
câmera RGB do drone DJI Phantom 4 PRO. Essas imagens foram processadas no Agisoft Metashape v.1.4,
gerando um Modelo Digital de Superfície (MDS) e um ortomosaico com resolução de aproximadamente 3
cm. A detecção de clareiras acima de 5m² foi realizada comparando os MDS mensais e analisando os
ortomosaicos. A geometria das clareiras foi analisada pela área, perímetro e índice de complexidade de forma
(GSCI), que relaciona o perímetro à área. A fração de clareira foi calculada somando as áreas das clareiras
em relação à área total da parcela. Dados de campo foram coletados por inventário florestal, identificando
árvores mortas em pé, desenraizadas ou quebradas, e registrando seu diâmetro a altura do peito (DAP). A
biomassa foi calculada utilizando a combinação de Hohenald e Smalian nas clareiras formadas pela queda de
galhos. Durante o monitoramento de 16 meses, foram registradas 62 clareiras, com a maior medindo
752,71m², resultante de árvores desenraizadas, e a menor 7,99m², causada pela queda de galhos. A fração
total de clareira correspondeu a 2,7% da área monitorada, com clareiras menores que 50m² sendo as mais
comuns (61,3%). O mecanismo mais frequente para a formação de clareiras foi a quebra de árvores (n=21).
Embora não tenham sido observadas diferenças significativas nas áreas e mecanismos de formação, a
biomassa perdida entre as clareiras formadas por queda de galhos e árvores mortas em apresentou
variação significativa (p=0,05). O monitoramento com ARP mostrou-se eficaz na coleta de dados acerca da
dinâmica das árvores, contribuindo para a melhoria das atividades de monitoramento no setor florestal. Os
resultados apresentaram consistência mista com estudos anteriores, explicado pela metodologia adotada e a
variação interanual no clima da região, entretanto, não houve relação entre os modos de formação de
clareiras com a geometria. A perda de biomassa aérea vegetal foi significativa, o que levanta a necessidade
de atenção para a influência dos eventos climáticos extremos na Amazônia. Portanto, novas metodologias
devem ser exploradas em trabalhos futuros, a fim de melhorar a composição dos dados e as estimativas dos
resultados.
Palavras-chave: Aeronave Remotamente Pilotada, Biomassa, Distúrbios Florestais, Fotogrametria Digital,
Ortomosaico.
Apoio: PIBIC/CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE Trichoderma SPP. AMAZÔNICOS PARA O
CONTROLE DE FITOPATÓGENOS E OTIMIZAÇÃO DO CRESCIMENTO DE ALFACE
(Lactuca sativa L.)
André Luis Willerding1; Rosalee Albuquerque Coelho-Netto2; Luiz Alberto Guimarães Assis2; Ariel Dotto Blind2;
Rogério Eiji Hanada2; Lucas Nascimento de Almeida1; Antônia Di Paola Rosas Batista1; Jackeline Santos Menezes1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – PPG-ATU Manaus-AM.;
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde Cosas, Manaus-AM.
E-mail: alwillerding@gmail.com
O cultivo de alface (Lactuca sativa L.) é uma atividade de grande relevância para a agricultura no Brasil,
destacando-se como a principal hortaliça folhosa comercializada no país. No estado do Amazonas, a
produção convencional de alface representa um setor importante, com cerca de 2973 beneficiários,
abrangendo uma área de 345 hectares e gerando uma produção superior a 45 milhões de pés, o que resulta
em aproximadamente R$ 495 milhões de renda. Nesse contexto, a necessidade de produzir hortaliças de alta
qualidade, com redução de custos e controle eficaz de doenças, é um dos principais desafios enfrentados
pelos agricultores. A busca por alternativas sustentáveis e de baixo custo, como o uso de microrganismos
promotores de crescimento vegetal, tem se intensificado, tornando-se uma estratégia promissora para reduzir
a dependência de fertilizantes químicos e aumentar a produtividade de forma sustentável. O presente estudo
teve como objetivo avaliar a capacidade de seis isolados amazônicos de Trichoderma spp. no controle da
queima-da-saia, uma doença causada pelo patógeno de solo Rhizoctonia solani Kuhn, e na promoção de
crescimento em alface, em condições de campo na Estação Experimental Alejo von der Pahlen (INPA).
Ensaios in vitro prévios haviam demonstrado a capacidade dos isolados de Trichoderma spp. (Inpa 2475,
Inpa 2478, Inpa 2976, Inpa 2981, Inpa 2983, Inpa 2987 e Inpa 2991) de inibir em 100% o crescimento
micelial de R. solani. No entanto, essa eficácia não foi replicada nos experimentos de campo. Os isolados
testados não foram eficientes no controle da queima-da-saia nem no tombamento de mudas de alface,
evidenciando a complexidade das interações em ambientes naturais e a necessidade de ajustes nas condições
de aplicação do biocontrole. Por outro lado, o desempenho dos isolados na promoção do crescimento de
alface foi promissor. Nos ensaios com a cultivar de alface Isabela, os isolados estimularam o crescimento das
raízes, da massa fresca da parte aérea e da raiz. Entre os isolados testados, Inpa 2976, Inpa 2983 e Inpa 2987
se destacaram pelo seu efeito positivo no desenvolvimento das plantas. Além disso, na produção de massa
fresca, os isolados Inpa 2475 (classificado como T. agriamazonicum), Inpa 2951 (T. asperelloides) e Inpa
2961 (T. asperellum) apresentaram desempenho superior aos demais e se mostraram equivalentes ao produto
comercial análogo, à base de T. asperellum. Os resultados indicam que, apesar das limitações observadas no
controle da queima-da-saia em campo, os isolados amazônicos de Trichoderma spp. possuem potencial
significativo como bioestimulantes do crescimento de alface, contribuindo para o aumento da produtividade
de forma sustentável. No entanto, a aplicação desses biocontroladores em condições de campo requer ajustes
nas formas e doses de inóculo, sendo recomendados novos estudos para otimizar seu uso. Essas pesquisas
podem contribuir para o desenvolvimento de soluções biotecnológicas mais eficazes e acessíveis,
fortalecendo a agricultura sustentável no Amazonas e em outras regiões tropicais.
Palavras-chave: Bioestimulantes, Biocontrole, Fungicidas Naturais, Hortaliças, Sustentabilidade.
Apoio: INPA, Embrapa, FAPEAM – Prospam - Posgrad.
A FLORESTA EM PÉ COMO NECESSIDADE EM TEMPOS DE MUDANÇAS
CLIMÁTICAS: DESVELANDO UM EXEMPLO A NÃO SER SEGUIDO, RORAIMA-
BRASIL
Wemerson Diomedes Barros Santos 1; Antônio Carlos Ribeiro Araújo Júnior 2
1Universidade Federal de Roraima (UFRR), Departamento de Geografia.
2Universidade Federal de Roraima (UFRR),
Departamento de Geografia, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Boa Vista, RR.
E-mail: geoacadwemerson@gmail.com
O desmatamento no estado de Roraima entre os anos de 2010 e 2020 apresentou um aumento alarmante,
impulsionado por diversos fatores interligados. A expansão do mercado de commodities, a mineração ilegal e
a exploração madeireira, juntamente com o crescimento da infraestrutura urbana, foram os principais vetores
desse fenômeno. Roraima, conhecido como a “última fronteira agrícolada Amazônia, tem enfrentado uma
pressão crescente sobre seus recursos naturais, refletindo uma dinâmica complexa entre desenvolvimento
econômico e conservação ambiental. Assim, este trabalho tem como objetivo discutir a relação entre
desmatamento e mudanças climáticas no estado de Roraima. Dados do Projeto de Monitoramento do
Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) mostram que a área desmatada variou de 107 km² em 2012 a 542,66 km² em 2019. Em 2020, a taxa
de desmatamento foi de 321,33 km², a segunda maior registrada durante esse período. Essa situação é
preocupante, especialmente considerando que cerca de 46% do território de Roraima é composto por
comunidades indígenas e áreas de preservação, ambas severamente afetadas pela exploração madeireira. O
desmatamento compromete a biodiversidade e afeta diretamente as comunidades locais, que dependem dos
recursos naturais para sua subsistência. O crescimento populacional em Roraima, que aumentou de 490 mil
habitantes em 2010 para uma estimativa de 717 mil em 2024, intensificou a pressão sobre o uso dos recursos
naturais. Esse aumento populacional está associado à grilagem de terras e à exploração de áreas protegidas,
exacerbando os conflitos entre interesses econômicos e a preservação ambiental. A fiscalização ambiental
insuficiente agrava mais a situação, resultando em danos ao meio ambiente e às comunidades locais,
incluindo a contaminação de rios e a degradação de ecossistemas. A falta de uma governança ambiental
eficaz permite que interesses econômicos prevaleçam sobre a conservação ambiental. A expansão do
mercado de commodities, especialmente soja e gado, tem sido um dos principais impulsionadores do
desmatamento em Roraima. A mineração ilegal também contribui significativamente para a degradação
ambiental, com a extração de ouro e outros minerais causando desmatamento e poluição dos rios. A
exploração madeireira torna-se insustentável, sendo por vezes realizada sem a devida autorização, trazendo
grande impacto negativo nas florestas de Roraima. Além disso, o crescimento da infraestrutura urbana,
incluindo a construção de estradas e a expansão de áreas urbanas, tem facilitado o acesso a áreas
anteriormente isoladas, acelerando o desmatamento. A falta de fiscalização e governança ambiental eficazes
permitiu que essas atividades prosperassem, resultando em danos significativos ao meio ambiente e às
comunidades locais. A retirada da cobertura vegetal promove ainda emissões de gases poluentes na
atmosfera, os quais agravam o efeito estufa e o aquecimento global. A floresta em é uma alternativa para
captura de gases do efeito estufa, especialmente o CO2, mas Roraima parece seguir na contramão desta
viável alternativa. A situação exige uma resposta urgente e coordenada para proteger os recursos naturais de
Roraima e garantir um desenvolvimento sustentável para a região.
Palavras-chave: Commodities; Desmatamento; Fiscalizão.
Apoio: UFRR, Grupo de Pesquisa Amazônia, Mudanças Climáticas Globais e Sustentabilidade – Amazônias.
PRÁTICA DE VIVEIRO NA COMUNIDADE VIDA NOVA EM AMAJARI RORAIMA
COMO FORMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Nilton Junior da Silva1; Mariana Souza da Cunha1
1Universidade Federal de Roraima (UFRR)/Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena.
E-mail: niltonjuniordasilvan@gmail.com
Os viveiros funcionam como excelentes ferramentas de educação ambiental. Eles podem ser usados para
sensibilizar a população sobre a importância da conservação das plantas e do meio ambiente, além de
promover práticas sustentáveis. A criação do viveiro na comunidade é de grande importância por diversas
razões, que se interligam e promovem tanto a sustentabilidade ambiental quanto o fortalecimento cultural da
comunidade. O objetivo desse trabalho foi promover a conscientização ambiental com a prática de viveiro de
mudas. A comunidade indígena Vida Nova localiza-se na etnoregião de Amajari, localizada
aproximadamente 151 km da capital Boa Vista. A vegetação é caracterizada por uma área de transição de
floresta e savanas, onde vivem povos da etnia macuxi e sapará, que utilizam-se dos recursos naturais no seu
cotidiano. A metodologia utilizada foi promover reunião comunitária para apresentar a proposta, assim como
leituras de literatura sobre o tema e também aula de campo na comunidade para conhecermos melhor as
espécies nativas da região. O principal resultado foi permitir que os moradores tivessem a oportunidade de
atuar como agentes de transformação no seu ambiente natural, passando a cuidar e preservar o que ainda
existe na comunidade. O trabalho conjunto na construção e manutenção do viveiro promoveu a unidade e a
colaboração entre os membros da comunidade, reforçando laços sociais e culturais. Por outro lado, foram
semeados 40 mudas de cedro (Cedrela odorata L.) e 100 mudas de pau-rainha (Brosimum rubescens).
Assim, a importância de como um viveiro feito em uma comunidade indígena transcende a simples ação de
plantar e cultivar; trata-se de um processo integral que envolve conhecimentos tradicionais, práticas
culturais, e a promoção de uma visão holística de cuidado com a terra e a comunidade e principalmente com
o meio ambiente, pois a nossa sobrevivência depende de um ambiente saudável.
Palavras-chave: Conhecimento tradicional, Comunidade Indígena, Conservação Ambiental, Meio Ambiente.
ANÁLISES PRELIMINARES DO COMPARATIVO DO PERÍODO DA SECA COM A
CHEIA DE 2023 DE REGISTROS DE MAMÍFEROS DA RESERVA DO ALTO CUIEIRAS,
AMAZONAS, BRASIL
José Henrique Cruz da Silva¹,²; Suzana Eva Almeida de Oliveir,4; Alexander Roldán Arévalo Sandi¹,³
1Grupo de Pesquisa de Mamíferos Amazônicos – INPA, Manaus, AM.
²Escola Superior Batista do Amazonas, Manaus, AM.
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
4 Instituto Federal do Amazonas, Manaus, AM.
E-mail: jhenriquecruz7@gamil.com
O ano de 2023 foi marcado por recordes de altas temperaturas e secas extremas no Estado do Amazonas -
Brasil, além de queimadas que fizeram a cidade de Manaus ser a região com a pior qualidade do ar do Brasil.
Nesse contexto, as mudanças climáticas e as ões antrópicas podem afetar diretamente a diversidade de
mamíferos amazônicos. Neste estudo avaliamos dados coletados em 2023 nas estações de seca e cheia
amazônicos. A pesquisa avalia o impacto da super seca desse ano na composição de mamíferos terrestres,
comparando-os com a estação chuvosa. Além disso, examina a diferença dos registros (proxy de abundância)
em ambos os períodos e a variação na comunidade de mamíferos. Este estudo foi conduzido com o uso de
armadilhas fotográficas na Reserva do Alto Cuieiras do INPA, Manaus, AM. Foram escolhidas áreas de terra
firme nos períodos de seca e cheia de 2023, entre junho e agosto (2023) e entre novembro (2023) e janeiro
(2024) respetivamente. Foram analisados 18 pontos, sendo os mesmos nove para cada período. As
armadilhas fotográficas operaram de forma contínua, 24 horas por dia, ao longo de um período médio de 80
dias. No entanto, foi avaliado apenas os primeiros 40 dias de cada ponto para padronização. Os resultados
preliminares revelaram a presença de 19 espécies de mamíferos no total tanto na chuva quanto na seca.
Durante o período de seca foram registradas 18 espécies, com uma média de 18,77 registros (desvio padrão =
7,51). As espécies com mais registros foram Dasyprocta leporina (Cutia), Myoprocta acouchy (cutiara) e
Dasypus spp. (tatus). Enquanto na cheia, foram encontradas 14 espécies com uma média de registros de
15,22 (desvio padrão = 5,87), e tendo como maior ocorrência os registros de Metachirus nudicaudatus
(cuica-de-quatro-olhos), cutiara, e cutia. Desta forma, nossos resultados indicam que não houve diferença
significativa (teste t: p > 0,05) no número de registros entre as estações de seca e cheia em 2023. Foi
observado a mudança das espécies mais registradas entre as estações, o que pode significar a tolerância as
estiagens por algumas espécies de mamíferos, como o gênero Dasypus que pode ser encontrado em regiões
áridas como o cerrado, diferente da cuica-de-quatro-olhos, o que pode indicar a prevalência ou redução de
uma espécie de acordo com a estação.
Palavras-chave: Armadilhas-Fotográficas; Estações; Mammalia.
Apoio: FAPEAM e CNPq.
AS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS DOS QUINTAIS AGROFLORESTAIS NA
COMUNIDADE INDÍGENA MANGUEIRA EM AMAJARI RORAIMA
Neoceni Santana Duarte1; Mariana Souza da Cunha1
1,2Universidade Federal de Roraima(UFRR), Instituto Insikiran de Formação Superior.
E-mail: nelceniduarte@gmail.com
A agricultura e o cultivo das plantas pelos seres humanos foi uma necessidade, com isso passou-se a
aprender as técnicas da agricultura e do cultivo, e consequentemente iniciou-se um período de destruição
ambiental. Na atualidade, a produção agrícola mecanizada e a monocultura se tornaram um dos principais
fatores de destruição do meio ambiente, com grandes áreas degradadas, tornando isso um dos maiores vilões
da perda de ambientes naturais. Nas comunidades indígenas em Roraima, principalmente essas localizadas
nas áreas de Savana (lavrados), que naturalmente não tem grandes áreas florestais, é mais preocupante ainda,
pois temos pequenas ilhas de matas altamente impactadas, principalmente pelo uso da madeira. O objetivo
deste trabalho foi apresentar locais na comunidade indígena Mangueira que podemos considerar locais de
muita importância para o meio ambiente, e também de importância social e ambiental, esses locais são os
quintais Agroflorestais. Esses locais são implantados e mantidos pelo homem nativo plantando e cuidando do
meio ambiente em áreas que antes haviam pouca ou nenhuma vegetação de grande porte, haja visto que
esses quintais são em áreas de savanas. A metodologia baseou se em leituras de textos, artigos, aulas e visitas
de campo em quintas dos moradores da comunidade. Foram identificados aproximadamente seis quintais
agroflorestais que guardam espécies domesticadas e nativas, que tem um ambiente que proporciona o
aparecimento de várias formas de vida, principalmente a fauna que busca alimentação e abrigo. Por outro
lado, esses quintais fornecem alimentação para os moradores, pois são os lugares onde se encontram as frutas
e também tem sido espaços de cultivo de mandioca, macaxeira e outros produtos alimentícios da culinária
indígena. De forma geral, a agricultura familiar nos quintais agroflorestais é uma realidade, onde o homem
trabalha em parceria com a natureza deixando de destruir o meio ambiente, transformando a realidade
ambiental ao seu redor com a presença da biodiversidade em relação a fauna e flora. Portanto, é de suma
importância trabalharmos a conscientização, a preservação e a multiplicação dos quintais agroflorestais nas
comunidades indígenas, pois deixaremos os resquícios de florestas se recuperar, contribuindo para
manutenção do meio ambiente.
Palavras-chave: Comunidade Indígena, Meio ambiente, Preservão, Quintais Agroflorestais.
Phylloicus Müller, 1880 (Trichoptera: Calamoceratidae) DA RESERVA DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO UATUMÃ, AMAZONAS, BRASIL
Maria Virginha Lima de Almeida1; Ana Maria Pes1; Neusa Hamada1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
E-mail: mariavirginhalima2017@gmail.com
Conhecer a diversidade de uma área é o primeiro passo para a conservação. Trichoptera é a sétima maior
ordem de insetos, com mais de 17.200 espécies registradas no mundo, distribuídas em 630 gêneros e 65
famílias, não ocorrendo na Antártica. São insetos holometábolos, cujo estágios imaturos são aquáticos e os
adultos são terrestres. A ordem está dividida em Annulipalpia e Integripalpia. Calamoceratidae está inserida
em Integripalpia, com mais de 80 espécies descritas para a região Neotropical, distribuídas em dois gêneros:
Banyallarga Navás e Phylloicus Müller. Phylloicus, grupo de interesse desse trabalho, possui maior número
de espécies descritas para América Latina (71 spp), enquanto Brasil, Amazônia brasileira e estado do
Amazonas possuem 29, 9 e 6 spp respectivamente. A área de estudo, a Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) do Uatumã, é uma Unidade de Conservação Estadual (UC) de uso sustentável, porém na
área existem registros de desmatamento, o que pode causar a alteração dos cursos d’água e a consequente
extinção de espécies, uma vez a vegetação ripária removida, principalmente as espécies de Phylloicus que
utilizam as folhas para a alimentação e abrigos e aparentemente não toleram áreas abertas. Assim, nosso
objetivo foi caracterizar a fauna de Phylloicus na RDS do Uatumã, inventariar as espécies do gênero que
ocorrem na área, associar estágios imaturos a adultos, descrever e ilustrar possíveis novas espécies e os
estágios imaturos de espécies associadas. Para isso, as coletas de larvas e adultos foram realizadas na RDS
do Uatumã, localizada entre os municípios de Itapiranga e São Sebastião do Uatumã, estado do Amazonas, às
margens do rio Uatumã, nos meses de setembro e novembro de 2022, em 20 igarapés. As larvas foram
coletadas manualmente e os adultos com armadilhas do tipo Malaise e luminosa do tipo Pensilvania. Os
imaturos criados em laboratório foram identificados por meio de chaves especializadas, assim como os
adultos, larvas, pupas e abrigos. A genitálida dos adultos foi clarificada para observação sob microscópio e
posterior identificação específica. Foram identificados Phylloicus dumasi Santos & Nessimian, 2010, P.
fenestratus Flint, 1974, P. amazonas Prather, 2003, P. eletktoros Prather, 2003 e uma espécie relacionada a P.
fenestratus. Larva e pupa de P. dumasi foram associadas ao adulto e estão sendo ilustradas e descritas.
Portanto, foram registradas quatro espécies de Phylloicus para a RDS do Uatumã, dentre estas, Phylloicus
dumasi teve larva e pupa associadas. Além disso, uma nova espécie de Phylloicus está sendo ilustrada e
descrita para ciência.
Palavras-chave: Biodiversidade, Insetos aquáticos, Inventário, Taxonomia.
Apoio: INPA, LACIA, PPG- EN, CAPES, FAPEAM, INCT ADAPTA, CNPq.
COMPOSTAGEM COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS E
EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESCOLAS INDÍGENAS DE RORAIMA, BRASIL
Junho C. Andrade; Pablo P. da Silva; Zevaldo S. Alves; Elenice V. Silva; Maria M. de Souza; Bruna Myhayla Ramos da
Costa; Palon Magalhães Pereira; Tewton Wai Wai; Mariana Souza da Cunha; Michael Lopes da Silva Rolim; Virginia
Marne da S. A. Santos; Ricardo C. Santos
Universidade Federal de Roraima (UFRR).
E-mail: junhocelestino901@gmail.com
O ensino de ciências é de grande importância no desenvolvimento do cidadão, pois possibilita transformação
social, tecnológica e ambiental e em consonância com a realidade dos povos indígenas de Roraima. Nesse
contexto, a compostagem pode se destacar como uma prática sustentável que transforma resíduos orgânicos
em adubo, o qual visa promover o consumo adequado e a proteção dos solos. Assim, ensinar ciências com o
uso da experimentação, incluindo a compostagem, pode ser uma estratégia didática eficaz para fortalecer a
compreensão dos conteúdos e despertar o interesse dos alunos, a criatividade e a interação social. Contudo,
faz-se mister a contextualização dos conteúdos científicos com a realidade indígena de Roraima. Portanto, o
objetivo principal é o de desenvolver a compostagem como recurso didático para o ensino de ciências com
tema transversal da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Meio Ambiente e conteúdo formativo sobre
as transformações químicas no processo de reciclar, contribuindo para a redução do efeito estufa através da
fixação do carbono na forma solida, bem como reduzindo o descarte inapropriado de resíduos domésticos.
Inicialmente realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre a temática em questão, bem como principais
técnicas de compostagem, por conseguinte desenvolveu-se o recurso utilizando diversos materiais, como
baldes descartados de 20 L, barro do próprio quintal e resíduos domésticos de alimentos, como cascas de
frutas, hortaliças, borra de café, casca de ovos e folhagens secas. O desenvolvimento desta atividade foi
realizado por alunos indígenas de diversas etnias do curso de formação superior indígena da Universidade
Federal de Roraima, Brasil, matriculados em disciplina que visa trabalhar “meio ambiente e qualidade de
vida”. São alunos em formão, mas o professores em suas comunidades indígenas. Houve grande
empenho dos discentes na produção do material, compreensão dos conteúdos científicos e sua relação com a
realidade indígena e que podem ser trabalhados em sala de aula com alunos dos Ensinos Fundamental e
Médio.
Palavras-chave: Contexto indígena, Educação ecológica, Resíduos orgânicos, Sustentabilidade,
Transformações químicas.
FOCOS DE CALOR EM RORAIMA-BRASIL: INCIDÊNCIAS E REPERCUSSÕES
ESPAÇO-TEMPORAIS
Valéria Souza Rufino1; Antônio Carlos Ribeiro Araújo Júnior2
1Universidade Federal de Roraima (UFRR), Departamento de Geografia, Boa Vista, RR.;
2Universidade Federal de Roraima (UFRR),
Departamento de Geografia, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Boa Vista, RR.
e-mail: valeriarufino110@gmail.com
A referida pesquisa, tem como problemática central a discussão da proliferação de incêndios no estado de
Roraima, tendo como pauta o aumento de focos de queimadas nas áreas urbanas e rurais e as consequências
enfrentadas pelas mudanças climáticas. Em decorrência das mudanças climáticas, no Brasil o aumento de
temperaturas nas 5 regiões do país vem acompanhado de incêndios florestais devastadores. De acordo com
os dados levantados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) de 1999 a 2024, o estado de
Roraima teve altos e baixos em escala de incêndios ocasionados por ações humanas, sendo que as fumaças
geradas por esta queima intensificam o efeito estufa e a degradação ambiental (perda de fauna e cobertura
vegetal) além do fenômeno El Niño, o qual potencializado pelas mudanças climáticas gera extremos em
diferentes partes do Brasil, e este reflexo em Roraima, são as queimadas, que em certa medida podem ser
associadas a atividades agrossilvipastoris para abertura de pastagens ou fertilização de áreas para plantis de
monoculturas como soja e milho. Tendo como base a pesquisa hemerográfica, obteve-se informações através
de pesquisas em sites de jornais da região, com grande concentração de informações no G1 Roraima e Folha
de Boa Vista, gerando os resultados sobre os aumentos de focos, ocorrências e consequências desses
incêndios em Roraima. O ano de 2024 atingiu o ápice em números de focos no estado, ocasionados tanto em
áreas rurais como em áreas urbanas, que afetou grande parte da vegetação, da economia e da saúde da
população local, além da vida animal. Segundo os dados obtidos entre janeiro e fevereiro de 2024
disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o estado chegou a alcançar 2.605
focos de incêndios em Roraima, tendo comparação com o ano de 1998, que obteve o maior número de
incêndios florestais na década de 1990. Em seguida, embora os anos de 2003 e 2007 não atingirem a
marcação de 2.000 focos na época, apresentaram um índice preocupante. O ano de 2016 chegou a alcançar
2.143 focos no início do ano, acompanhado da seca severa do Rio Branco, uma cena que voltou a se repetir
em 2024. Logo, percebe-se uma ligação preocupante entre fatores climáticos exógenos (El Niño) e fatores
endógenos (agropecuária), os quais associados potencializam o surgir de mais focos de calor a cada ciclo de
El Niño. Dessa forma, recomenda-se a prevenção de incêndios florestais em áreas conhecidamente afetadas
em Roraima, sendo essencial a implantação de políticas públicas preventivas (campanhas de prevenção de
queimadas, formação de brigadistas, ações de educação ambiental em comunidades indígenas, multas para
empresários de agro que manejam o fogo de forma criminosa, etc) que são condição para diminuir os efeitos
dos incêndios e proteger o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas em Roraima.
Palavras-chave: Aumento de temperatura, Mudanças climáticas, Proliferação de incêndios, Queimadas.
Apoio: Universidade Federal de Roraima e Grupo de Pesquisa Amazônia, Mudanças Climáticas Globais e
Sustentabilidade – Amazônias.
EFEITO DO ESTRESSE POR CALOR EM POEDEIRAS NA CIDADE DE MANAUS(AM):
RELATO DE CASO
Laiane Ferreira de Souza1; Cristiane Cunha Guimarães1; Thiago de Souza1;
Tiago Cabral Nóbrega1; Lorena Suelen Reis Gomes2; Isadora Catunda Almeida3; Tainá Arruda Pereira2;
Wilson De Souza Ferreira2; Matheus Filgueiras Santos2; Kaisa Freitas de Araújo1; Pablo Garcia Dias1;
João Paulo Ferreira Rufino4; Noedson de Jesus Beltrão Machado5
1Pós-Graduação em Ciência Animal e Recursos Pesqueiros da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
2Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
3Graduação em Medicina Veterinária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM).
4Departamento de Ciências Fundamentais e Desenvolvimento Agrícola da Faculdade de Ciências Agrárias (DCFDA) da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
5Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
E-mail: laianefs27@gmail.com
O estresse térmico é um grande desafio para a avicultura em regiões tropicais, como Manaus, onde altas
temperaturas e umidade afetam negativamente a produção de galinhas poedeiras. O objetivo deste estudo foi
relatar os efeitos do estresse térmico em poedeiras e sugerir estratégias para mitigar esses impactos. A
pesquisa foi conduzida nas instalações do Setor de Avicultura da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM), em um aviário sem ventilação artificial, durante o pico do verão amazônico, de agosto a setembro.
No estudo, 214 galinhas poedeiras da linhagem Hissex Brown, com idades entre 60 e 70 semanas, foram
monitoradas por 40 dias. Duas vezes ao dia (8 e 16 horas) foram coletados dados de temperatura ambiente e
umidade relativa do ar, e o Índice de Temperatura e Umidade (ITU) foi calculado para avaliar o conforto
térmico das aves. As temperaturas variaram entre 29,6°C e 35,8°C, enquanto a umidade relativa oscilou entre
36% e 90%. O ITU variou de 74,14 a 85,14, com média de 80,51, indicando desconforto contínuo e severo
para as aves. A mortalidade total foi de 9 aves, representando 4,21%, e houve uma redução de 135 ovos,
equivalente a cinco cartelas, durante o período de observação. O estresse térmico severo foi caracterizado
por comportamentos típicos das aves, como hiperventilação, elevação das asas e tentativas frustradas de
dissipar calor pelo contato com o chão das gaiolas. As aves prostradas apresentavam secreção mucosa no
bico, indicando regurgitação de alimento, possivelmente relacionada à incapacidade de manter a temperatura
corporal em veis adequados. Para minimizar os efeitos do estresse térmico, o estudo sugere a
implementação de diferentes estratégias. Entre as recomendações estão a instalação de ventiladores e
exaustores nos aviários para aumentar o fluxo de ar e dissipar o calor, além do uso de sistemas de
resfriamento evaporativo, como nebulizadores e cortinas de água. O uso de materiais de cobertura que
refletem o calor, como telhas térmicas, também foi proposto para reduzir a radiação solar direta e o
aquecimento das instalações. No aspecto nutricional, sugere-se a suplementação de eletrólitos, como sódio e
potássio, para manter o equilíbrio hídrico das aves, bem como a inclusão de ingredientes de alta
digestibilidade e menor produção de calor metabólico nas rações. O fornecimento de alimentos nos horários
mais frescos do dia e o acesso contínuo a água fresca são medidas essenciais para reduzir o impacto do calor
no desempenho das aves. Além disso, o monitoramento constante do microclima do aviário, utilizando
termohigrômetros, é crucial para ajustes rápidos nas condições ambientais, enquanto a identificação precoce
de sinais de estresse, como hiperventilação e elevação das asas, permite intervenções imediatas para evitar
maiores perdas. A seleção de linhagens mais adaptadas ao calor e o controle rigoroso da sanidade das aves
também são medidas preventivas importantes a longo prazo. Conclui-se que o manejo adequado, incluindo
melhorias ambientais e nutricionais, é essencial para reduzir o impacto do estresse térmico em galinhas
poedeiras, garantir o bem-estar das aves e promover uma produção sustentável em regiões de clima quente.
Palavras-chave: Avicultura, Clima tropical, Entraves produtivos, Estresse térmico.
Apoio: Setor de avicultura (AVIMAZON), Laboratório de Tecnologia do Pescado (LABTEC).
VENTOS COM POTENCIAL DESTRUTIVO AO LONGO DE UM GRADIENTE
TOPOGRÁFICO E SAZONAL EM UMA FLORESTA DA AMAZÔNIA CENTRAL
Luciano Emmert1; Susan Trumbore2; Joaquim dos Santos1; Adriano José Nogueira Lima1;
Niro Higuchi1; Robinson Isaac Negrón-Juárez3; Cléo Quaresma Dias-Júnior4; Tarek El-Madany2; Olaf Kolle2;
Gabriel Henrique Pires de Mello Ribeiro5; Daniel Magnabosco Marra2,6
1 Laboratório de Manejo Florestal, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, Brasil.
2 Biogeochemical Processes Department, Max Planck Institute for Biochemistry, Jena, Germany.
3 Climate Sciences Department, Lawrence Berkeley National Laboratory, Berkeley, California, USA.
4 Instituto Federal do Pará, Departamento de Física, Belém, Pará, Brasil.
5 Faculdade de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, Mato Grosso, Brasil.
6 Julius Kühn Institute, Federal Research Centre for Cultivated Plants, Institute for Forest Protection, Germany.
E-mail: lucianoemmert@yahoo.com.br
Os ventos podem exceder a estabilidade mecânica das árvores, levando-as a se quebrarem ou serem
arrancadas. Em grandes porções da Amazônia, tempestades que propagam ventos com potencial destrutivo
(VPDs) são importantes fatores de mortalidade de árvores, afetando a estrutura da floresta, os estoques e o
equilíbrio de biomassa e a composição de espécies. Nossa compreensão de VPDs advém principalmente de
observações de danos às árvores, pois os registros meteorológicos para avaliar os padrões de vento existem
em comparativamente poucos locais e/ou são feitos com resolução temporal insuficiente. Consequentemente,
os padrões temporais e espaciais de VPDs e sua função como mecanismo de perturbação das árvores
permanecem pouco compreendidos. Com base em observações locais anteriores do momento crítico de giro
de árvores de dossel e modelagem de ventos associados, definimos VPDs com velocidades críticas
horizontais ≥10 m s-1. Nós usamos 24 meses de dados meteorológicos registrados na altura do dossel em um
gradiente topográfico e sazonal de uma floresta localizada na Estação Experimental de Silvicultura Tropical
do INPA, na Amazônia Central. Desenvolvemos um método inovador para detectar e descrever os VPDs.
Além disso, avaliamos a frequência, a velocidade e a duração dos VPDs e as possíveis relações com a
topografia local, a sazonalidade e a intensidade das chuvas. Registramos 424 VPDs, com velocidades
variando de 10 a 17,9 m s-1 e durações de 1 a 90 segundos. Os VPDs ocorreram em 133 (~18%) dos 730 dias
analisados, representando uma média diária e mensal desvio padrão) de 3,1 ± 2,9 e 17,2 ± 9,6 eventos,
respectivamente. A topografia influenciou as rajadas mais rápidas, mais duradouras e menos frequentes, mas
não teve efeito sobre as mais frequentes, mais lentas e mais curtas. As áreas elevadas e relativamente mais
expostas foram particularmente vulneráveis aos VPDs mais rápidos e duradouros. O percentil 87 da taxa de
precipitação (~0.7 mm min-1) apresentou a correlação mais forte com a frequência e a duração dos VPDs
registrados. Esse padrão destaca o papel das chuvas extremas na propagação de ventos destrutivos. Nossas
descobertas mostram que, embora os VPDs em nossa região de estudo ocorram em frequências relativamente
baixas em comparação com as velocidades médias do vento (~1 m s-1), eles são mais comuns durante a
transição da estação seca para a estação úmida. Eles também confirmam estudos anteriores realizados em
diferentes regiões amazônicas, que indicam que os ventos extremos são um mecanismo importante de danos
e mortalidade de árvores e podem influenciar a turbulência e os processos associados, como fluxos de gases
e energia. Pesquisas futuras poderiam se concentrar na integração de dados de longo prazo e espacialmente
extensos para avaliar os padrões sazonais e topográficos de VPDs em outras regiões da Amazônia.
Palavras-chave: Dossel da floresta; Mortalidade de árvores; Sazonalidade; Turbulência; Sistemas
convectivos.
Apoio: Luciano Emmert foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
(FAPEAM) (Bolsa de Doutorado nº 41640.UNI739.1607.28032019-65939)
INCÊNDIOS, FUMAÇA E DOENÇAS RESPIRATÓRIAS NA CIDADE DE BOA VISTA
RR
Fabiana Damasio Alves1; Antônio Carlos Ribeiro Araújo Júnior2
1Universidade Federal de Roraima (UFRR), Departamento de Geografia, Boa Vista, RR.
E-mail: faby.damasio19@gmail.com
De acordo com a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), 491 de 19 novembro
de 2018, a poluição do ar é um dos fatores de risco mais proeminentes para o agravamento de doenças
respiratórias, pois as emissões são nocivas para saúde humana. A cidade de Boa Vista, capital de Roraima
atingiu a condição de pior qualidade do ar em abril de 2024, superando os estados no ranking brasileiro como
São Paulo e Rio de Janeiro, que emitem grande concentração de gases na camada de ozônio troposférico. As
cidades emitem esses gases, formados a partir de reações químicas complexas como por exemplo o smog
(termo que é a junção das palavras smoke - fumaça e fog - neblina), que envolve óxidos de nitrogênio (NOx)
e compostos orgânicos voláteis (COVs). Estes gases, emitidos principalmente por veículos automotores,
indústrias e atividades agrícolas, são 27 vezes mais poluentes do que o recomendado pela organização
mundial da saúde (OMS) e tendem a afetar um maior número de pessoas por problemas respiratórios. Em
razão da alta concentração de gases nocivos contidos na fumaça o município de Boa Vista registrou mais de
6 mil atendimentos por problemas respiratórios causados pelo material particulado fino e tóxico presente no
ar, no 1º semestre de 2024, segundo levantamentos realizados pelas secretarias de saúde do estado/município
de Roraima e Boa Vista, respectivamente. Assim, o objetivo da pesquisa foi ressaltar fatores de saúde
relacionados aos incêndios na cidade de Boa Vista, partindo de uma análise descritiva, a partir de impactos
socioambientais, que estão causando a degradação da qualidade do ar e problemas relacionados a saúde
como por exemplo: (i) dificuldades respiratórias, (ii) doenças cardiovasculares, (iii) irritação nos olhos, (iv)
doenças respiratórias crônicas. Foram realizados levantamentos na literatura sobre a temática; pesquisas em
artigos, sites e notas técnicas sobre qualidade do ar sobre Roraima. Considerando, os resultados que mostram
que os efeitos mesmo que secundários, resultantes de reações químicas complexas, a prevenção e ações
mitigadoras para reduzir os níveis é necessário, adotar medidas que controlem as emissões de seus vetores. É
papel do Estado oferecer políticas públicas e fiscalização para que possa adotar medidas de prevenção e
combate a incêndios e fortalecer a fiscalização ambiental. E para além do imediatismo necessário para
atenuar o efeito da fumaça sobre a população, entender as causas do aumento dos focos de calor e incêndios,
se faz urgente. Sabe-se que o El Niño no ano de 2023 foi intenso e seus reflexos perduraram sobre 2024,
ocasionando grandes incêndios e como consequência nuvens de fumaça. O vetor humano é um dos grandes
elementos no tocante a gênese de focos de calor e incêndios, relacionado a queima ilegal de áreas para
atividades agropecuárias, além disso, o desmatamento com uso do fogo no país vizinho, República
Cooperativa da Guiana com fins a abertura de clareiras para mineração agravou a situação da fumaça, trazida
pelos ventos provindos da Zona de Convergência Intertropical. Logo, fatores endógenos e exógenos devem
ser considerados para prevenção e contenção de incêndios em Roraima.
Palavras-chave: Clima, Poluição do ar, Smog.
Apoio: Universidade Federal de Roraima e Grupo de Pesquisa Amazônia, Mudanças Climáticas Globais e
Sustentabilidade – Amazônias.
ESTUDO DE FUNGOS EPIFÍTICOS DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS COLETADAS DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TARUMÃ-AÇU, MANAUS, AM
Marlon Willyam Farias da Silva1; Yasmim Laranjeira Santos1; Francisca da Silva Ferreira1;
Marta Regina da Silva Pereira1; Ieda Hortêncio Batista1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus, AM.
E-mail: mwfds.bio21@uea.edu.br
A bioprospecção de microrganismos, especialmente fungos, devido à sua vasta aplicação na biotecnologia
tem se mostrado uma área promissora de pesquisa. Esses organismos apresentam uma enorme diversidade e
podem ser encontrados em uma variedade de substratos, incluindo plantas como as macrófitas aquáticas. Os
fungos presentes nos tecidos externos das plantas são classificados como epifíticos e desempenham
importante papel na interação com os vegetais. Este estudo teve como objetivo analisar a comunidade
fúngica epifítica em macrófitas aquáticas da Bacia do Rio Tarumã-Açu, em Manaus, AM. As macrófitas
foram coletadas em dois períodos: em novembro de 2023 e fevereiro de 2024. No laboratório de
Biotecnologia ILUM (HUB/EST), partes das plantas coletadas (folhas, bulbo e raiz) foram submetidas a uma
lavagem superficial com água estéril, esponja e sabão neutro. Em seguida, no interior de uma cabine de
segurança biológica, utilizando um swab estéril os fragmentos vegetais foram separadamente esfregados e
em seguida inoculados em placas de Petri contendo meio BDA (Batata, Dextrose e Ágar) enriquecido com os
antibióticos ampicilina e tetraciclina (50 mg/mL). As placas foram incubadas em BOD a 18ºC por 15 dias.
Com o crescimento, os fungos foram transferidos para tubos de ensaio contendo o mesmo meio de
isolamento. Na etapa de purificação foram realizados repiques sucessivos em placas e posteriormente a
caracterização macro e micromorfológica pela técnica do microcultivo. Os isolados foram identificados
como: 6 Aspergillus spp., 5 Fusarium spp., 5 Penicillium spp., 1 Curvularia sp., 1 Paecilomyces sp., e 1
Cladosporium sp. Oito isolados não puderam ser identificados devido à ausência de estruturas reprodutivas,
sendo classificados como Mycelia sterilia. Com base nos resultados obtidos, foi possível verificar a presença
de uma diversidade significativa de fungos epifíticos nas macrófitas aquáticas da Bacia do Rio Tarumã-Açu.
Gêneros amplamente conhecidos por seu potencial biotecnológico, como Aspergillus, Fusarium e
Penicillium, foram predominantes, o que reforça a relevância da bioprospecção de microrganismos
associados a plantas em ecossistemas aquáticos amazônicos. A identificação de espécies com potencial
biotecnológico, juntamente com a deposição dos isolados em uma coleção microbiana, proporciona uma base
para futuras pesquisas e aplicações industriais. Adicionalmente, a dificuldade em identificar alguns isolados
devido à ausência de estruturas reprodutivas ressalta a necessidade de técnicas complementares, como a
análise molecular, para uma caracterização mais completa da comunidade fúngica. Assim, este estudo
contribui para o entendimento da diversidade fúngica epifítica e destaca o potencial de novas descobertas no
campo da biotecnologia.
Palavras-chave: Bioprospecção, Biotecnologia, Isolamento, Microrganismos.
Apoio: Fundação de amparo à pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, ProfÁgua; HubUEA.
MODIFICAÇÕES DA NADADEIRA DORSAL EM Hemidoras stenopeltis (SILURIFORMES,
DORADIDAE): INDICATIVOS DE DIMORFISMO SEXUAL
Hadassa Jemima de Souza Siqueira1; Marcelo Salles Rocha1; Lúcia Helena Rapp Py-Daniel2
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA) – Licenciatura em Ciências Biológicas Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
E-mail: hjss.bio16@uea.edu.br
Em Siluriformes, as diferenças morfológicas sexuais são expressas no tamanho e formato do corpo,
nadadeiras, barbilhões, forma dos dentes e distinção na estrutura bucal. No caso da família Doradidae,
acreditou-se por muitos anos que as espécies não apresentavam dimorfismo sexual. No entanto, Rapp Py-
Daniel e Cox-Fernandes (2005), em um trabalho sobre os aspectos reprodutivos de espécies amazônicas,
coletaram exemplares de Nemadoras humeralis com machos sexualmente maduros contendo no espinho da
dorsal um prolongamento. O presente estudo teve como objetivo avaliar a morfologia para detecção de
dimorfismo entre sexos de exemplares da espécie Hemidoras stenopeltis (Doradidae, Siluriformes)
pertencentes ao Rio Manicoré no município de Manicoré –AM. Foi realizada a observação do estádio de
maturação gonadal para a distinção de machos e fêmeas. Foram obtidos os valores de Comprimento Padrão
(CP) e Comprimento Total (CT) utilizados para análise de teste T de Student de modo a detectar possível
dimorfismo. Ao todo foram usados 46 exemplares, sendo 23 machos e 23 fêmeas. Houve diferença nos
comprimentos entre machos e fêmeas (CT: T= 2,350, p-value = 0,01; CP: T= 2,231, p-value = 0,01), sendo
fêmeas maiores (CT: média = 118 mm; CP: média = 83 mm) do que machos (CT: média = 105 mm; CP:
média = 93 mm) respectivamente. Em relação ao filamento dorsal, que se desenvolve a partir do espinho
dorsal, para as fêmeas os dados indicam que este elemento está presente em exemplares de todos os
comprimentos. Neste caso, a regressão mostra que o seu desenvolvimento não está relacionado ao
Comprimento Total e, tampouco, relacionado ao crescimento do espinho dorsal. Para os machos, as análises
demonstram uma relação entre o crescimento do filamento e o Comprimento Total (R2 = 0,27; p-value =
0,01). Também houve uma relação significativa entre o crescimento do filamento com o desenvolvimento do
espinho dorsal (PRD) (R2 = 0,61; p-value = 1,8E-0,5). Conclui-se que a diferença na forma de crescimento
do filamento em ambos os sexos atua como um indicativo de dimorfismo. Supõe-se que esta estrutura pode
se desenvolver em algum momento do seu estágio de desenvolvimento nos indivíduos machos, pois o
crescimento do filamento não se pelo crescimento corporal e nem está presente em fêmeas verificadas. A
indicação de dimorfismo na espécie estudada, evita erros no momento de identificação de indivíduos como
sendo espécies novas. Devido à escassez, ressaltamos a necessidade da realização de mais estudos neste
campo.
Palavras-chave: Morfologia, Espinho Dorsal, Rio Manicoré, Bagre.
Apoio: FAPEAM, Coleção de Peixes – INPA, UEA.
IGARAPÉS DE TERRA FIRME INTERCEPTADOS POR UMA RODOVIA E SEUS
EFEITOS NO BEM-ESTAR DE POPULAÇÕES DE PEIXES
Maria Bárbara da Costa Mascarenhas¹; Camila Saraiva dos Anjos¹; Cláudia Pereira de Deus2; Jansen Zuanon2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), PPG Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, AM
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
E-mail: barbaramasc19@gmail.com
Igarapés de terra firme amazônicos estão cada vez mais sujeitos aos impactos antrópicos, como as
construções de rodovias e estradas, que descaracterizam a paisagem original e afetam a dinâmica biológica
do local. Essas mudanças geram condições ótimas para a ocorrência e proliferação de organismos
oportunistas, como os parasitos que infectam peixes. Para o peixe, a alteração ambiental reflete em sua
condição corporal. Nesse caso, o índice do Fator de Condição (K) atua como um indicativo das condições
ambientais sobre o grau de higidez, assim como dos efeitos de infecções parasitárias no hospedeiro. O
objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da interceptação em igarapés pela rodovia BR-174, Manaus-AM
no nível de bem-estar geral e, das influências da doença dos pontos pretos (Digenea) sobre o fator de
condição (K) nas populações de Bryconops giacopinii (Characiformes; Iguanodectidae).Foram avaliados 120
exemplares, parte destes, foram coletados em ambiente íntegro (Ducke) que serviram de modelo para
comparação dos valores de K. Obteve-se as medidas de comprimento total (Ct), padrão (Cp), valores de peso
total (Pt) e eviscerado (Pe), os quais foram utilizados para o cálculo do índice K, cuja fórmula é
K=Pe/a*Cpb, sendo K = coeficiente de condição, a e b = constantes da relação peso-comprimento. Os
parasitos da doença dos pontos pretos foram contabilizados e foi estimado o índice de prevalência. Os
resultados demonstram diferença quanto ao peso total (T = -4,808, p-value = 7,4e-6) e peso eviscerado (T = -
4,114, p-value = 8,5e-5), os exemplares dos igarapés da BR-174 apresentaram menores valores de peso total
e eviscerado (6,5 ± 2,7) em relação aos exemplares coletados na Ducke (9,5 ± 4,9). Houve diferença
significativa do fator de condição dos peixes (K) entre os ambientes (T = -2,928, p = 0,004) com média
maior para os peixes provenientes de igarapés prístinos. A doença dos pontos pretos foi observada apenas em
peixes da BR-174, com prevalência de 46,6%. Houve relação significativa, entre o fator de condição (K) e
abundância parasitária para os peixes coletados nos igarapés impactados pela rodovia (R² = 0,18; p =
0,003).Com o presente estudo, concluímos que populações de Bryconops giacopinii provenientes de igarapés
interceptados pela BR-174 apresentaram pior condição corporal quando comparados aos peixes dos igarapés
íntegros. A infecção por parasitos digenéticos também interfere no grau de higidez desses indivíduos. Estes
resultados demonstram que mudanças nas condições ambientais favorecem o surgimento de parasitos
causadores de doenças, além de afetar o nível de bem-estar das populações da espécie estudada.
Palavras-chave: Alteração Ambiental; Parasitas; Fator de Condição.
Apoio: CNPQ; PPG BADPI-INPA; Projeto ADAPTA; Projeto Igarapés.
INFLUÊNCIAS DO EL NIÑO NO RISCO POTENCIAL DE FOGO
EM VEGETAÇÃO DO BAIXO AMAZONAS
Keila Oliveira da Silva1; André dos Santos Rocha1; Leonam Meireles Tavares1;
Luan Sena Cavalcante1; Alex Santos da Silva1
1Discente no Curso de Ciências Atmosféricas,
Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, Santarém - PA.
E-mail: keilastmoliveir@gmail.com
As fases extremas do modo de variabilidade El Niño-Oscilação Sul (ENOS) influenciam diretamente nas
circulações atmosféricas dos continentes adjacentes. Na faixa tropical da América do Sul, este modo atua no
clima por alterações nas células de Walker e Hadley. Em se tratando da intensa fase positiva do ENOS no
ano de 2023, a Amazônia sofreu uma das maiores crises hídricas registradas. Estes eventos são
significativamente associados a múltiplos fatores, tais como: condições climáticas, densidade populacional,
queimadas, agricultura, e perdas econômicas substanciais. Baseado nas condições de seca, este trabalho
apresenta o risco potencial de fogo em vegetação (PFI2). O objetivo é analisar a suscetibilidade sazonal da
vegetação ao fogo, devido às influências do El Niño na região do Baixo Amazonas, durante o ano de 2023.
Foram utilizados dados diários de precipitação pluvial do banco de dados do Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN). Dentre as localizações, as cidades de
Santarém, Monte Alegre e Alenquer foram selecionadas por apresentarem mais de um ponto de coleta. O
PFI2 também recebe as variáveis meteorológicas (temperatura e umidade relativa do ar) da Reanálise ERA5.
Trata-se de um índice simplificado com base em quatro fatores para calcular o risco de fogo em vegetação.
Consideram-se funções para a temperatura, umidade relativa do ar, tipo de vegetação e um fator de correção
devido à mudança latitudinal. a sua validação, baseia-se nas queimadas observadas pelo satélite
Terra/MODIS. Para avaliar com mais detalhes a performance do PFI2, dois períodos foram estudados:
Janeiro-Fevereiro-Março-Abril (JFMA), e Junho-Julho-Agosto-Setembro (JJAS). A incidência de incêndios
sazonais nas classes alta e crítica do PFI2 destacam a eficiência em mostrar as condições atmosféricas
vinculadas às ocorrências de queimadas. Em ambos os períodos, o volume pluviométrico foi abaixo da média
climática (1981-2010), girando em torno de 25% e 38%, respectivamente. No período JJAS, o PFI2 aumenta
em mais de 40% nas regiões de maiores concentrações de queimadas do Baixo Amazonas, relacionado à
influência direta da instabilidade atmosférica, leve redução da umidade relativa do ar, e déficit de
precipitação. também um aumento da variação da temperatura do ar (aproximadamente 1,5 °C) na parte
norte, e as condições de seca são dominantes na maior parte do Oeste do Pará. As análises estatísticas do
teste de Student e correlações lineares revelam correlações negativas (positivas) entre o ENOS e o PFI2
(estatisticamente significativo a 95%), no período JFMA (JJAS). O PFI2 revela acurácia em reproduzir áreas
com atividades de fogo, principalmente na região centro-sul do Baixo Amazonas. Estes resultados indicam
que o PFI2 é uma ferramenta útil para tomadores de decisões, sob prognósticos de atividades de queimadas
na Amazônia.
Palavras-chave: Precipitação, Queimadas, Seca, Temperatura.
CONTROLE BIOLÓGICO DE Sclerotium rolfsii EM OLERÍCOLAS: EFICÁCIA DE
ISOLADOS AMAZÔNICOS DE Trichoderma spp.
André Luis Willerding1; Rosalee Albuquerque Coelho-Netto2; Luiz Alberto Guimarães Assis2; Ariel Dotto Blind2;
Rogério Eiji Hanada2; Lucas Nascimento de Almeida1; Antônia Di Paola Rosas Batista1; Jackeline Santos Menezes1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – PPG-ATU Manaus-AM.;
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde Cosas, Manaus-AM.
E-mail: alwillerding@gmail.com
O uso de fungicidas ainda é a principal estratégia para o controle de doenças de plantas no Brasil, porém, o
controle biológico tem se destacado como uma alternativa sustentável, menos prejudicial à saúde humana e
ao meio ambiente. O setor agrícola no Amazonas precisa aumentar sua produção de alimentos de maneira
saudável e competitiva, o que torna indispensável a adoção do controle biológico como parte de um sistema
de produção integrado e sustentável. Nesse contexto, o uso de biodefensivos produzidos a partir de fungos do
gênero Trichoderma Persoon tem se mostrado promissor. Esses fungos competem diretamente com
patógenos por nutrientes e espaço, além de produzirem metabólitos que alteram as condições ambientais. O
fungo Trichoderma também é capaz de ativar mecanismos de defesa nas plantas e promover seu crescimento.
A eficácia do controle biológico, no entanto, varia conforme a espécie do fungo, o patógeno antagonista, a
planta hospedeira e o ambiente, incluindo fatores como a disponibilidade de nutrientes, pH e temperatura.
Doenças causadas por patógenos de solo, como a podridão-de-sclerotium (causada por Sclerotium rolfsii),
são de difícil controle e representam um grande desafio para a produção de hortaliças no Amazonas,
resultando em significativos prejuízos econômicos. O projeto teve como objetivo avaliar, em condições de
campo, o potencial de isolados amazônicos de Trichoderma spp. no controle da podridão-de-sclerotium em
cultivos de pimentão e tomate. Os isolados testados haviam demonstrado eficácia em experimentos
anteriores. Para essa avaliação, foi analisada a redução da severidade e incidência da doença em plantas
tratadas com esses isolados. Os resultados indicaram que a aplicação de *Trichoderma* na forma de
suspensão de conídios durante o ciclo da cultura foi mais eficaz no controle da doença em comparação com a
aplicação do fungo em formato sólido, no momento do transplante, utilizando arroz colonizado. Entre os
isolados testados, o isolado Inpa 2957 T.rugulosum se destacou, promovendo maior produção de tomate,
superando até mesmo as plantas tratadas com fungicida, e sendo equivalente ao desempenho do produto
comercial análogo. Nos experimentos com pimentão, os isolados Inpa 2475 (T. agriamazonicum), Inpa 2951
(T. asperelloides), Inpa 2957 (T. rugulosum), Inpa 2959 (T. asperellum )e Inpa 2461 (T. asperellum ) não
apresentaram diferenças significativas no controle da doença, mas a produção foi comparável à das plantas
tratadas com fungicida. Todos os isolados selecionados foram identificados molecularmente até o nível de
espécie. A implementação de isolados de Trichoderma spp. no controle biológico de doenças em hortaliças
no Amazonas oferece uma alternativa segura e eficiente. Além de promover um melhor manejo das doenças,
essa abordagem pode aumentar a renda dos agricultores ao reduzir a dependência de fungicidas. Esses
resultados destacam o potencial do uso de Trichoderma no controle biológico de doenças agrícolas e seu
papel crucial no avanço de práticas agrícolas sustentáveis.
Palavras-chave: Agricultura familiar, Antagonismo, Controle alternativo, Fitopatologia, Fungicidas naturais.
Apoio: INPA, Embrapa, FAPEAM – Prospam - Posgrad.
RISCO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NA FLORESTA NACIONAL DO JAMANXIM,
PARÁ, NO BIOMA DA AMAZÔNIA
Amaury Caldeira de Lima Gonçalves1; Iandra Victória Pinto Guimarães1; Wesley Pinto1;
Antônio Henrique Cordeiro Ramalho1; Victor Hugo Pereira Moutinho1
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),
Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA.
E-mail: amauylima.cal@gmail.com
A Amazônia brasileira continua a ser afetada por incêndios florestais que, a cada ciclo, destroem extensas
áreas de mata nativa. Esses, eventos anuais, não apenas agravam a fragmentação dessas áreas e a perda da
sua biodiversidade, como também a exposição e compactação do solo, que combinam para um aumento do
escoamento superficial e do assoreamento dos corpos d'água presentes na região, afetando diretamente a
dinâmica local. Desta forma, a predição e supressão dos focos de incêndios são importantes para minimizar
os danos causados pelo fogo. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo analisar e modelar o
risco de ocorrência de incêndios florestais na Floresta Nacional do Jamanxim, localizada no município de
Novo Progresso, estado do Pará, utilizando a técnica de inteligência artificial baseada na lógica Fuzzy. Essa
abordagem permite lidar com incertezas e imprecisões, atribuindo graus de pertencimento variáveis a
diferentes classes de risco, traduzindo valores qualitativos em quantitativos dentro de um intervalo de
possibilidades, o que resulta em uma modelagem mais realista dos fenômenos. Para tal, foram utilizadas as
variáveis de declividade, altitude, proximidade de estradas, uso e ocupação da terra e temperatura do ar para
compor o modelo. Com o auxílio dos sistemas de informações geográficas (SIG), determinou-se a influência
de cada variável nos episódios de queimada, bem como a distribuição espacial de cada uma das cinco classes
de risco (muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto). Para a análise comparativa do modelo, foram
utilizadas imagens georreferenciadas da área no ano de 2023. Os resultados demostram que a área de estudo
apresenta um risco alarmante de ocorrência de incêndios, com mais de 95% de sua extensão estando dentro
da classe de risco muito alto, as demais classes dividem o percentual sendo moderado 2,054%; baixo
1,350%, alto 1,145% e muito baixo 0,116%. Este cenário evidencia uma vulnerabilidade significativa da
área, que pode ser explicada por uma análise individual de cada variável. Assim, podemos concluir que a
predominância dessa classe de risco reforça a necessidade urgente de ações preventivas e políticas de manejo
mais eficazes, especialmente em áreas de alto risco e superior. Além da positiva aplicação da modelagem
Fuzzy que permitiu a avaliação da distribuição espacial das classes de risco de incêndio para áreas de
unidade de conservação, e que a análise comparativa proposta indicou eficácia do modelo, demostrando ser
uma ótima ferramenta para este tipo de análise.
Palavras-chave: Fuzzy, Proteção Florestal, Sistemas de Informões Geográficas, Unidades de
Conservação, Zoneamento de Risco.
Apoio: Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF)
IMPACTOS DA SECA E ESTIAGEM NA PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS E MILHO EM
BOA VISTA, RORAIMA (2023-2024)
Áurea Jéssica Pinheiro dos Santos1; Annio Carlos Ribeiro Araújo Júnior2
1Universidade Federal de Roraima (UFRR), Departamento de Geografia, Boa Vista, RR.
2Universidade Federal de Roraima (UFRR),
Departamento de Geografia, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Boa Vista, RR.
E-mail: aurea.jessic@gmail.com
O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais no
Oceano Pacífico equatorial. Durante um evento de El Niño, as temperaturas da água do mar aumentam acima
da média, o que altera os padrões normais de circulação atmosférica e influencia o clima global. Dito isso o
trabalho busca entender quais os desdobramentos do El Niño na produção agrícola no município de Boa
Vista, capital do estado de Roraima nos períodos mais severos de seca e estiagem entre 2023-2024. A
metodologia utilizada na pesquisa foi conduzida por meio de entrevistas semiestruturadas com agricultores
locais, e análises de dados no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE). As entrevistas foram realizadas em 8 de setembro de 2024. O roteiro de perguntas abordou
os seguintes temas: (i) efeitos da seca na produtividade, (ii) estratégias de manejo adotadas, e (iii)
implicações econômicas para os produtores. Os resultados das entrevistas revelaram que a seca severa e a
estiagem prolongada tiveram impactos negativos significativos na produção de hortaliças e do milho. Os
agricultores relataram uma redução considerável da produção que chega a uma média de 40% levando em
consideração a área cultivada na produtividade de hortaliças e milho, devido à escassez de água e o
aparecimento de pragas como pulgões, lagartas, gorgulho-do-milho. Os efeitos das mudanças climáticas
sobre a produção de alimentos projetam reflexos significativos no abastecimento local e regional de produtos
básicos como hortaliças e mesmo produtos de comercialização para o mercado nacional e internacional,
como o milho, para tanto, é necessário considerar os efeitos exógenos do El Niño sobre o município de Boa
Vista e com isso pensar em mecanismos de fornecimento de água para suprir as necessidades da produção. A
não consideração do efeito externo oriundo do El Niño foi a diminuição das colheitas que resultou em
aumento dos preços destes produtos e dificuldades no abastecimento local. Os produtores enfrentaram altos
custos adicionais para irrigação e adaptação das práticas agrícolas com o surgimento de pragas. Como
conclusão tem-se que a seca e a estiagem nos períodos 2023-2024 afetaram fortemente a produção de
hortaliças e milho no município de Boa Vista, RR. Os desafios enfrentados pelos agricultores destacam a
necessidade de estratégias mais eficazes de manejo da água e adaptação às mudanças climáticas no
município para mitigar os impactos futuros causados pela seca extrema que assola não só o município de Boa
Vista, mas todo o planeta.
Palavras-chave: Agricultura, Clima, El Niño, Hortaliças, Pragas.
REVELANDO O POSICIONAMENTO FILOGENÉTICO DO GÊNERO MONOTÍPICO
AMAZÔNICO ULEANTHUS (LEGUMINOSAE, PAPILIONOIDEAE)
Annícia Barata Silva Maciel Ferreira1; Catarina Silva de Carvalho1; Charles Eugene Zartman1;
Domingos Benício Oliveira Silva Cardoso2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
2Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.
E-mail: annicia.ferreira@prof.am.gov.br
A bacia amazônica é conhecida por abrigar a maior diversidade de plantas do planeta, como tem sido
revelado por décadas de estudos em catalogação, inventários e revisões taxonômicas. No entanto, muitos
táxons ainda permanecem pouco conhecidos do ponto de vista morfológico, geográfico e evolutivo, tornando
componentes cruciais da biodiversidade amazônica mal resolvidos ou filogeneticamente enigmáticos. Este é
o caso do gênero monotípico Uleanthus Harms (Papilionoideae, Leguminosae), composto pela espécie
Uleanthus erythrinoides Harms. Descrito mais de 120 anos, até então Uleanthus era um dos poucos
gêneros da família sem qualquer hipótese filogenética robusta. Tradicionalmente, Uleanthus era classificado
na tribo Sophoreae, principalmente por apresentar os estames livres e arquitetura floral não especializada em
uma flor papilionada. Outros estudos com base na morfologia dos frutos alongados e as flores vermelhas
zigomorfas sugerem que o gênero esteja mais relacionado com a tribo Angylocalyceae. O objetivo deste
estudo foi elucidar o posicionamento filogenético de Uleanthus de modo a contribuir para uma melhor
compreensão das relações filogenéticas em Papilionoideae no contexto da biodiversidade amazônica.
Utilizando dados moleculares em duas abordagens de reconstrução filogenética, a máxima verossimilhança e
inferência bayesiana, avaliamos o posicionamento de Uleanthus pela primeira vez em uma análise
filogenômica combinando dados de sequência de plastoma e matK, com amostragem em todas as principais
linhagens de Papilionoideae. Além disso, usamos um conjunto de dados mais refinado a partir das sequências
dos genes nuclear ITS/5.8S e plastidiais matK e trnL intron. Nossos resultados iluminam o posicionamento
de Uleanthus ao mostrar que uma relação mais próxima com o gênero colombiano Orphanodendron, e
ambos sendo irmãos sucessivos do gênero africano Camoensia. Dado seu posicionamento entre as principais
linhagens do grande clado Genistóide, caracterizado por acumular alcaloides quinolizidínicos, também é
sugerido que sejam tratados em uma tribo expandida de Camoensieae. Esta nova circunscrição de
Camoensieae resulta em um dos clados mais aberrantes de Papilionoideae, por apresentar arquiteturas florais
amplamente contrastantes em gêneros que nunca foram antes associados taxonomicamente.
Palavras-chave: Amazônia, Filogenômica, Leguminosas, Sistemática.
Apoio: FAPERJ, CNPq, CAPES, INPA, PPG-Botânica.
PRÁTICAS DE VALORIZAÇÃO AMBIENTAL NA COMUNIDADE INDÍGENA ANTA
Thais Tomaz Araújo
Licenciatura Intercultural, Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena
Universidade Federal de Roraima (UFRR).
E-mail: thayscutegirl@gmail.com
O ambiente natural preservado é de extrema relevância para sociedade, principalmente para nós povos
indígenas. Termos boas práticas de educação ambiental na comunidade indígena é essencial para a
conservação das ilhas de matas e outros ambientes naturais ainda existentes. Na comunidade Indígena Anta,
localizada no municipio de Alto Alegre em Roraima existe uma área de preservação de mata virgem, onde
não é permitido nenhum tipo de desmatamento ou intervenção humana. Ressalto que está área da
comunidade faz transição com uma região aberta, comumente conhecida como lavrado(savanas) que sofre
impactos constantemente.O objetivo principal deste trabalho foi promover e valorizar a educação ambiental
para a conservação de recursos naturais ainda existentes na comunidade, devido ao aumento do
desmatamento em sua área física. Para isso, realizamos diálogos com os moradores e lideranças, visitas na
área destinada a conservação ambiental, assim como leituras de textos com a temática. Com o intuito de
preservar os seus recursos, a comunidade se reuniu e cercou uma área de mata virgem para que não houvesse
desmatamento. Nesse sentido, percebemos que esta ação já realizada há 15 anos perpetua e até os dias atuais
continua sendo de grande importância para conservação da área, como por exemplo, a manutenção de
espécies como o pau-rainha (Brosimum rubescens), paud’arco (Handroanthus serratifolius), pau-d’arco-roxo
(Handroanthus impetiginosus), que é medicinal, freijós (Cordia goeldiana) dentre outras. Todas as espécies
de árvores permanecem preservadas no local de estudo devido a essa prática da educação ambiental realizada
pela comunidade. Com isso, a comunidade vem contribuindo com ações que ajudam no combate aos efeitos
das mudanças climáticas, mesmo que sejam ações pontuais.
Palavras-chave: Comunidade Indígena, Conservação, Desmatamento, Educação ambiental.
DIVERSIDADE BETA DA METACOMUNIDADE ZOOPLANCTÔNICA DE LAGOS
AMAZÔNICOS
Lígia Batista Galvão¹; Lívia Schroder Memória Paiva¹; Mariana Goulart Henrique Leite¹;
Myllena Valença Dorgon¹; Maiby Glorize da Silva Bandeira¹
¹ Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia,
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, AM, Brasil.
E-mail: ligia.galvao90@gmail.com
Lagos amazônicos apresentam conectividade variável entre si. Durante a cheia, esses lagos se conectam pelo
transbordamento dos rios e, durante períodos de seca, ficam isolados, impactando a composição das
comunidades locais. A teoria de metacomunidades aborda como mudanças ambientais afetam a estrutura de
comunidades que se interligam. Para entender como ocorre o funcionamento de metacomunidades é
necessário caracterizar a diversidade regional (alfa), local (alfa) e beta, esta última, reflete a variação na
composição dessas comunidades ao longo de um gradiente ambiental. Essa teoria pode ser testada através do
estudo de organismos zooplanctônicos, dada sua sensibilidade às variações ambientais, curto ciclo de vida e
produção de formas de resistência. Assim, realizou-se estudo da composição de comunidades
zooplanctônicas no Lago Janauacá (Manaquiri-AM) e dois lagos adjacentes no período da vazante, testando
a hipótese: A diversidade beta da comunidade zooplanctônica no lago Janauacá e dois lagos adjacentes é
estruturada por aninhamento devido à sua conectividade no período de cheia. Para isso, calculou-se o Índice
de Shannon para determinar as diversidades alfa e gama da metacomunidade zooplanctônica dos três lagos,
utilizando o programa R para obtenção do particionamento da diversidade beta. As coletas foram realizadas
em seis pontos do Lago Janauacá e três pontos de cada um dos lagos adjacentes. Coletou-se zooplâncton
utilizando uma rede de plâncton de 20 µm, armazenando as amostras em frascos contendo 1:2 de álcool 96%
para fixação dos microrganismos. Coletou-se parâmetros limnológicos com medidor multiparamétrico de
cada ponto, sendo eles TºC, O2 dissolvido, saturação de O2 e pH. Também se mediu profundidade e
transparência com fita métrica e disco de Secchi. As amostras foram coradas com rosa de bengala e
quantificadas utilizando o estereomicroscópio. A riqueza foi estimada baseando-se na morfotipagem dos
organismos. Obteve-se 834 indivíduos, divididos em 38 morfotipos, dos grupos Cladocera, Copepoda e
Rotífera. Através da análise por PCA, observou-se que os parâmetros de profundidade, temperatura, O2 e
transparência foram diferentes entre os lagos e influenciaram na riqueza e composição de zooplâncton. Os
resultados encontrados para diversidade alfa a partir do índice de Shannon (H') demonstraram que, com
exceção do Lago 2 (H’= 0,69), os lagos apresentam diversidade moderada (lago 1: H’= 1,56; lago Janauacá:
H’=1,63), sendo este resultado esperado para ambientes tropicais. O Lago 2 exibiu baixa diversidade alfa,
possivelmente porque o ambiente não estava favorável para as formas ativas de zooplâncton, e neste trabalho
não foram avaliadas formas dormentes. Contrariamente à hipótese inicial, a diversidade beta (0,92) foi
principalmente estruturada por substituição (turnover = 0,86), em vez de aninhamento (nestedness = 0,06).
Esses resultados sugerem que a conectividade sazonal entre os lagos durante a cheia não foi o principal
determinante da composição nas três comunidades estudadas. Pode-se associar esse fenômeno às
características limnológicas diferentes entre os lagos adjacentes e no lago principal, que desempenharam
papel de filtro biológico para a forma ativa desses animais nos lagos menores.
Palavras-chave: Amazônia, Conectividade, Nestedness, Turnover, Zooplâncton.
Apoio: CAPES, FAPEAM, INPA, BADPI.
SUPRESSÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA E TRANSFORMAÇÕES URBANAS EM MANAUS:
HISTÓRICO E CONSEQUÊNCIAS PÓS ZONA FRANCA
Francisco Tarcísio Moraes Mady1; Claudiane Ferreira da Silva Mady2; Álefe Lopes Viana3, Savanah Franco de Freitas4,
Fernanda Silva da Trindade5, Valquíria Clara Freire de Souza5, Maria Emília Calvão Moreira Silva6; José Luís Penetra
Cerveira Louzada6
1Universidade Federal do Amazonas, Departamento de Ciências Florestais, Manaus, AM.
2Mestra em Ciências da Cultura.
3Instituto Federal de Educação, Manaus, AM.
4Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM.
5Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM.
6Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal.
E-mail: madyftm@ufam.edu.br
O crescimento gigantesco que Manaus experimentou em poucas décadas deixou sequelas profundas na
cidade, em vários aspectos urbanos, principalmente sobre a demografia, a supressão da vegetação nativa e a
consequente fragmentação da paisagem. “Fragmentação florestalé qualquer trecho de vegetação nativa em
torno do qual parte ou toda vegetação original foi substituída por cultivos agrícolas, estradas e, em ambiente
urbano, por prédios, casas, fábricas e/ou rodovias. O objetivo foi elaborar um histórico do crescimento
urbano e da supressão da vegetação nativa em Manaus após a Zona Franca de Manaus (ZFM). A
metodologia envolveu revisão da história e aspectos urbanísticos da cidade em teses, jornais, revistas, livros,
vídeos, periódicos acadêmicos, mapas e imagens de satélite. A primeira expansão de Manaus (Séc. XIX),
ocorreu pelo extrativismo do látex da seringueira (Hevea spp., Euphorbiaceae). A ascensão da borracha
inglesa mergulhou Manaus em decadência. Em 1964, teve início no Brasil um período de ditadura militar,
que gerou um modelo de desenvolvimento regional, consolidando a ZFM, concedendo incentivos fiscais e
criando um polo industrial, comercial e agropecuário. Levas de migrantes foram atraídas pelas oportunidades
de emprego, momento em que a fragmentação florestal se intensificou. A população saltou de 154.040
pessoas (1960), para 2.034.000 (2024). O Estado avançou sobre a floresta, financiando 66.462 habitações
populares (1967-2016). O conjunto Cidade Nova foi o vetor de ocupação territorial da Zona Norte,
patrocinado pelo Estado na década de 1980, além das ocupações irregulares no entorno. Na Zona Leste,
formada por um retalho de ocupações irregulares a partir de 1970, houve retirada da cobertura florestal, caça
de animais e poluição de igarapés. Dos fragmentos que restaram, dois se destacam: o do Aeroporto
Internacional Eduardo Gomes e o Campus da Universidade Federal do Amazonas, com 540 e 600 hectares,
respectivamente, com parte de sua área florestal razoavelmente conservada. Com a expansão da Zona Leste,
na década de 1990, o fragmento do campus da UFAM ficou definitivamente isolado. Esse processo de
fragmentação na cidade ameaça o Saguinus bicolor, primata endêmico da área metropolitana de Manaus,
criticamente ameaçado de extinção (portaria MMA 444/2014). A ZFM transformou Manaus em uma
metrópole, com resultados positivos e negativos, onde o Estado e a população alternaram-se na ocupação do
território, provocando a contínua supressão de áreas florestadas. A negligência com estes remanescentes pode
comprometer definitivamente as relações entre plantas e animais, a manutenção do clima, afetando
negativamente a capacidade de conservação desses fragmentos, ameaçando a biodiversidade.
Palavras-chave: Amazônia, Expansão urbana, Fragmentação.
ALTERAÇÕES CLIMATOLÓGICAS REGISTRADAS EM MANAUS, AMAZONAS (1961-
2021)
Francisco Tarcísio Moraes Mady1; Álefe Lopes Viana2; Savanah Franco de Freitas3; Fernanda Silva da Trindade4;
Valquíria Clara Freire de Souza5; Maria Emília Calvão Moreira Silva6; José Luís Penetra Cerveira Louzada6
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Departamento de Ciências Florestais, Manaus, AM.
2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), Manaus, AM.
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
4Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM.
5Universidade Federal do Amazonas (UFAM),
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais e Ambientais, Manaus, AM.
6Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD),
Programa de Doutoramento em Ciências Agronómicas e Florestais, Vila Real, Portugal.
E-mail: madyftm@ufam.edu.br
Manaus tem sofrido os efeitos severos das emergências climáticas que assolam o planeta, como longos
períodos de estiagem, tempestades de grandes proporções e aumento dos picos de temperatura. Este trabalho
analisou as normais climatológicas para precipitação, velocidade dos ventos e temperatura da cidade de
Manaus, fornecidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e coletadas na estação meteorológica
82331 localizada em Manaus, na Latitude: -3.10333333 e Longitude: -60.01638888, altitude de 61.25m,
entre janeiro de 1961 e dezembro de 2021, considerando os valores médios registrados mensalmente. Para a
quantidade de chuvas usou-se os dados de precipitação diária fornecido pelo Inmet, coletados na mesma
estação citada, entre 1961 a 2001. Verificou-se que a temperatura média pouco variou entre as décadas de
1960 e 2000: 26,71ºC (1961-1970), 26,59ºC (1971-1980), 26,60ºC (1981-1990) e 26,52ºC (1991-2000),
elevando-se nas duas décadas seguintes: 27,39ºC (2001-2010) e 28,05ºC (2011-2021). A umidade relativa do
ar também apresentou valores abaixo da média anual no período analisado (82,02%), com maior frequência a
partir de 2011 e com os percentuais mais baixos em 2015 (75,06%) e em 2016 (75,39%). A velocidade média
dos ventos diminuiu no período analisado, sendo de forma mais acentuada a partir do final da década de
1980, com o menor valor foi registado no ano de 2001 (0,5 m/s) e o maior em 1967 (4,33 m/s). O padrão de
distribuição de chuvas também mudou: entre 1961 e 1990, houve 192 episódios de chuvas com mais de
50mm/dia e entre 1991 e 2021, houve 269 episódios, com recorde ocorrendo em 2008 (17 ocorrências) e
2020 (14 ocorrências). O período em que se registram as mudanças é coincidente com o crescimento urbano
e industrial de Manaus, que resultou no desflorestamento de milhares de hectares para a construção de
infraestrutura da cidade. É preciso considerar também a ocorrência de outros fenômenos climáticos que
afetam a Amazônia (como o El Niño e La Niña). Contudo, é possível que as mudanças climáticas registradas
em Manaus sejam consequência de um efeito maior, em escala global, pois de acordo com os dados da
Agência Espacial Americana (NASA), houve um aumento constante na temperatura do planeta aferida entre
1880 e 2022.
Palavras-chave: Alteração climática, Emergência climática, Expansão urbana, Fenômenos meteorológicos.
ANÁLISE PRELIMINAR DE MARCADORES ORGÂNICOS DE QUEIMADA EM
SEDIMENTOS DE FUNDO NO BAIXO RIO NEGRO
Caroline de Jesus Santos1; Lucas Maciel Barbosa1; Yasmin Soderi Luchini1; Karenn Silveira Fernandes1; Keila Cristina
Pereira Aniceto2; Tereza Cristina Souza de Oliveira1
1Departamento de Química e Central Analítica, Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM.
2Departamento de Geociências, Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM.
E-mail: caroli.ufam@gmail.com
Este trabalho teve como foco a análise de marcadores orgânicos de queima de biomassa em nove amostras de
sedimentos de fundo superficial, na região de Anavilhanas em Novo Airão e em Manaus, coletados em
novembro de 2023, em período de extrema estiagem e seca, elevadas temperaturas e ocorrências de
incêndios florestais. Foram investigados a presença e níveis de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs) e de levoglucosano (LEV), um marcador molecular associado especificamente à queima de
biomassa. Para análise de 16 HPAs, foram utilizados solventes orgânicos para etapas de extração, e de
purificação em coluna de cromatografia líquida de vidro, e a concentração em fluxo baixo de gás nitrogênio.
Para análise do levoglucosano foi realizada à etapa de extração a adição de padrão de recuperação ((1S)-(+)-
ácido cetopínico (KPA), filtração, e concentração do extrato, seguido da derivatização com (N,O-
bis(trimetilsilil)trifluoroacetamida) (BSTFA) e piridina. Tanto os HPAs como o LEV foram analisados
utilizando a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM), com o equipamento Trace
GC Ultra, ISQ Single Quadrupole MS da Thermo Scientific, utilizando coluna capilar ZB-5/MS (30m × 0,25
mm × 0,25μm), e soluções de padrões certificados, juntamente com a confirmação na biblioteca NIST do
CG-EM. As análises foram semiquantitativas, baseadas no fator de resposta das soluções padrão utilizadas.
Foi possível observar concentrações significativas de HPAs nas amostras de sedimentos com valores entre
7,52 a 1305356 μg Kg-1, estando presente nos sedimentos de fundo os HPAs com maior número de anéis
aromáticos, aqueles formados principalmente durante a queima de matéria orgânica, entre eles foram
identificados o fenantreno, fluoranteno, benzo(b)fluoranteno, criseno, benzo(k)fluoranteno, benzo(a)pireno.
Por fim, a presença do LEV foi encontrada em todas as amostras, com níveis de 0,94 a 46,09 mg kg-1, e sua
presença indica a influência de compostos de queima de biomassa na composição dos sedimentos estudados.
Como esperado, os maiores níveis foram observados nas amostras de áreas mais expostas à influência
antrópica como a cidade de Manaus, e que recebeu deposição de fumaça de queimadas durante todo o
período de estiagem entre setembro de novembro de 2023. Os HPAs são compostos considerados
importantes sobre toxicidade no ambiente, principalmente pelos efeitos carcinogênicos nos sistemas
biológicos. Para a matriz sedimento de fundo superficial, ainda não possui parâmetros estabelecidos por
legislações nacionais para comparação das concentrações. No entanto, um fato relevante a ser destacado é a
presença significativa desses compostos, o que indica um impacto ambiental para os ambientes aquáticos sob
efeito das queimadas que merece atenção.
Palavras-chave: Combustão de biomassa, Origem de matéria orgânica, poluentes orgânicos.
Apoio: Central Analítica do Centro de Apoio Multidisciplinar da UFAM, Hybam, Rios online.
ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CERTIFICAÇÃO DO GUARANÁ
ORGÂNICO DA REGIÃO DO ALTO URUPADÍ, MAUÉS, AMAZONAS
Maria Clara Pinheiro Santos1; Tereza Cristina Souza de Oliveira1; Ademir Victor da Costa Gomes1
1Universidade Federal do Amazonas, (UFAM), Manaus, AM.
E-mail: mariacpinheirosantos@gmail.com
O desenvolvimento sustentável é uma pauta em foco, sendo a Amazônia detentora de enorme potencial para
esse processo, como a região do Alto Urupadí, conhecida pela produção e comercialização de guaraná
orgânico que é realizada majoritariamente por famílias tradicionais, filiados à Associação dos Agricultores
Familiares do Alto Rio Urupadí (AAFAU). Um dos principais agentes nesse processo é o próprio rio, que
banha a região, sendo essa a fonte de água para as atividades do cotidiano, como também para a lavagem dos
grãos de guaraná. Por ser uma região afastada da cidade de Maués e próxima de áreas de proteção, o impacto
antropogênico nesse rio deveria ser mínimo, no entanto, a região vem sendo fortemente ameaçada pelas
atividades do garimpo ilegal, o que leva ao impacto direto na qualidade da água devido ao transporte de
sedimentos provenientes das atividades de mineração. O objetivo deste trabalho foi realizar o diagnóstico da
qualidade da água do rio Urupadí e contribuir com a manutenção da certificação orgânica na região, dos anos
de 2022 e 2023, quando foram realizadas coletas de amostras de água para a determinação de parâmetros
físicos e químicos. A metodologia de amostragem e de análises laboratoriais para a determinação dos
parâmetros selecionados seguiu os métodos descritos no Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater (SMWW) 21st, publicado pela APHA (2005). Foram determinados 07 pontos de coleta
distribuídos ao longo do rio Urupadí, se concentrando a montante, meio e jusante de 04 comunidades: Santa
Luzia, Brasileia, São Sebastião e Nossa Sra de Nazaré. Foram determinados os parâmetros: pH, Temperatura,
Oxigênio Dissolvido (OD), Condutividade Elétrica (CE), Turbidez, Potencial de Oxirredução (ORP), Sólidos
Totais Suspensos (STS) e Ferro Total. As coletas foram realizadas entre janeiro e março. Nos resultados,
foram encontrados valores característicos para rios de águas pretas amazônicas, pH ácido (4,34 a 5,05),
níveis baixos de turbidez (2,28 a 6,93 UNT), baixa condutividade elétrica (8,33 a 13,24 μS/cm). Os
resultados de Oxigênio Dissolvido são menores em corpos hídricos amazônicos, como as encontradas no
estudo (3,03 a 5,47 mg/L). O último ponto de amostragem foi na interseção do Rio Urupadí com o Rio
Parauarí, onde o segundo vem sofrendo com o garimpo ilegal, é possível perceber a diferença de valores
encontrados nesse trecho, como para a turbidez, que em ambos os anos apresentaram valores duas vezes
maiores no Rio Parauarí. Os comunitários narram as mudanças sofridas nesse corpo hídrico, sendo a
coloração da água a mais impactante. A partir dos resultados obtidos, a jusante do rio Parauari, é possível
levantar que o Rio Urupadí mantém características naturais para um corpo hídrico amazônico sem impacto
antropogênico. Foi possível manter a certificação do guaraná orgânico nos anos propostos, ressaltando a
importância das comunidades tradicionais para a proteção dos rios, pois eles se utilizam de maneira
sustentável da natureza. Ademais, ressalta-se a necessidade de mapear as características dos rios amazônicos,
sobre indicadores de qualidade da água, tendo em vista que os dados sobre essa região são escassos.
Palavras-chave: Águas pretas, Diagnóstico ambiental, Garimpo ilegal, Meio Ambiente, Sustentabilidade.
Apoio: UFAM, FAPEAM, NUSEC.
IDENTIFICAÇÃO DE COMUNIDADES FÚNGICAS ENDOFÍTICAS, ISOLADAS DE
MACROFITAS DO GÊNERO Utricularia sp. (LENTIBULARIACEAE) NA AMAZÔNIA
Carlos Adriano Marinho Nogueira1; Francisca da Silva Ferrreira1; Ieda Hortêncio Batista1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus-AM.
E-mail: camn.bio20@uea.edu.br
O gênero Utricularia é o mais diverso da família Lentibulariaceae, englobando espécies terrestres e aquáticas
que suplementam sua nutrição por meio da carnivoria. Com mais de 240 espécies descritas, 71 estão
registradas no Brasil, principalmente na Amazônia. A presença de comunidades bacterianas associadas a
essas macrófitas é amplamente relatada na literatura, entretanto, a pesquisa sobre a diversidade fúngica
associada às espécies de Utricularia spp. são notavelmente escassas, com nenhum registro documentado na
Amazônia. Essa lacuna de conhecimento indica que a diversidade fúngica presente nessas plantas aquáticas é
rica e complexa, potencialmente abrigando fungos com potenciais biotecnológicos ainda não explorados.
Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo isolar fungos endofíticos de macrófitas do gênero
Utricularia sp. identificando esses isolados com base nas características macro e micromorfológicas
observadas. As plantas utilizadas no estudo foram coletadas em dois pontos de uma lagoa situada no Instituto
Soka Amazônia, em Manaus-AM, e transportadas para o Laboratório de Biotecnologia ILUM (UEA/EST)
onde passaram por um processo de antissepsia utilizando soluções de álcool 70% (45 segundos) hipoclorito
de Sódio a 3% (30 seg), álcool 70% (45 seg) e água destilada autoclavada (60 seg). Em seguida, as plantas
foram fragmentadas em utrículos, pedúnculos e estolões, e esses fragmentos foram inoculados em placas de
Petri contendo meio nutritivo básico suplementado com 10 mg.L¹ de glifosato e 15g de Ágar, as placas
foram incubados em duas temperaturas, sendo em 18°C e 24°C, por 20 dias. O processo de identificação dos
fungos isolados foi realizado com base nas características macromorfológicas das colônias e na vizualização
das estruturas microscópicas, como esporos e hifas, por meio da técnica de microcultivo. No total, foram
obtidos 39 isolados fúngicos de Utricularia sp., distribuídos de forma variável conforme a temperatura de
incubação, o ponto de coleta e o tipo de fragmento vegetal. A maioria dos isolados foi obtida a 18°C, com 23
isolados, e 16 a 24°C. No Ponto 1 de coleta, foram obtidos 23 fungos. Quanto ao tipo de fragmento, os
utrículos forneceram 28 isolados, os pedúnculos 10, e os estolões com 1 isolado. Seis gêneros foram
identificados: Acremonium spp. (1 isolado), Fusarium spp. (1), Penicillium spp. (2), Charetominum spp. (3),
Aspergillus spp. (5), Helicosporium spp. (15), além de 12 isolados sem estruturas reprodutivas observáveis,
sendo classificados como Mycelia sterilia (12 isolados). Este estudo possibilitou o isolamento de fungos
endofíticos em um meio de cultura seletivo, utilizando o herbicida glifosato como única fonte de carbono,
com a intenção de identificar isolados com potencial para futuros ensaios de biodegradação. A identificação
de isolados promissores abre novas perspectivas para pesquisas que busquem avaliar quantitativamente a
capacidade desses fungos em degradar o glifosato, contribuindo assim para o desenvolvimento de estratégias
de mitigação dos efeitos nocivos desse composto no ambiente.
Palavras-chave: Biodegradação, Carnívora, Microrganismos, Utrículos, Glifosato.
PROJETO DE EXTENSÃO DIVULGANDO BIOLOGIA: REDES SOCIAIS COMO
INSTRUMENTO PARA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Yasmin Harbi Qasem Easa Al Tareireh¹; Beatriz Kamilly Farias Trindade¹; Ingrid Bianca Silva¹; Maisa Higino dos
Santos¹; Jean de Melo Silva¹; Thayana Cruz de Souza¹; Enide Luciana Belmont Montefusco¹
¹Faculdade Estácio do Amazonas, Manaus, AM.
E-mail: yh.tareireh@gmail.com; thayanacruz@gmail.com; maisahiginodossantos@gmail.com;
gridbiancasilva@gmail.com; Beatrizkamilly91@gmail.com; enide.montefusco@estacio.br; biomedicojean@gmail.com
A divulgação científica no meio acadêmico desempenha um papel social fundamental, oferecendo à
comunidade um retorno sobre os resultados obtidos nas pesquisas desenvolvidas. Popularizar a ciência é
crucial pois desmistifica, ensina e direciona os indivíduos revelando uma noção real do ambiente e todo
contexto nele inserido. Levando em consideração que o avanço da tecnologia possibilita o compartilhamento
de informações de maneira muito mais prática e rápida, o "Projeto de Extensão Divulgando Biologia" foi
criado com o objetivo de despertar o interesse e o entendimento sobre a biologia, utilizando as redes sociais
como principal meio de comunicação. Com base nisso, o objetivo desse trabalho foi descrever o
planejamento do projeto e analisar o impacto e o engajamento do público com base em métricas de
participação disponíveis na plataforma do Instagram. No planejamento, foram definidos os temas das
postagens e elaborado um cronograma estratégico de publicações em formatos variados, como textos,
imagens e vídeos. A produção dos conteúdos foi realizada por alunos dos cursos de Ciências Biológicas e
Biomedicina da Faculdade Estácio do Amazonas, durante o período de 2023 a 2024, com revisão dos
docentes. O conteúdo publicado no perfil @biologia_estacio_amazonas focou em traduzir conceitos
científicos complexos em uma linguagem acessível, buscando aproximar o conhecimento acadêmico da
população. No total, foram realizadas 48 postagens ao longo de 90 dias, alcançando 6.802 contas no
Instagram. Deste público, 9,8% eram seguidores pré-existentes do projeto, enquanto 90,2% representavam
novos usuários. Entre os formatos explorados, os posts obtiveram maior repercussão, com mais de 6 mil
visualizações no período, e uma média de 250 visualizações por publicação. Os reels e stories também
contribuíram para a interação, mas o formato de postagens tradicionais teve o maior impacto. O projeto foi
eficaz em promover o interesse pela biologia e em alcançar um público diverso por meio das plataformas
digitais. O alto nível de engajamento com os conteúdos reforça a importância das redes sociais como uma
ferramenta estratégica para democratizar o conhecimento e fomentar o engajamento científico, especialmente
entre estudantes. Além de cumprir seu objetivo de difundir o conhecimento científico, o projeto contribuiu
para o fortalecimento de uma cultura de valorização da ciência na comunidade. O monitoramento contínuo
de métricas de engajamento permitirá ajustes e melhorias nas estratégias de divulgação ao longo do projeto,
assegurando que a iniciativa continue relevante e impactante.
Palavras-chave: Cultura científica; Engajamento científico; Instagram; Popularização da ciência.
EFEITOS TRANSGERACIONAIS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE Á
EXPRESSÃO DE MICRORNAS EM Danio rerio
Sarah Mereles Souza da Costa1; Adalberto Luis Val1; Waldir Heinrichs Caldas1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular, Manaus, AM.
E-mail: sarahmsc96@gmail.com;
A aceleração das mudanças climáticas tem o potencial de causar graves consequências nos ecossistemas,
afetando a biodiversidade e podendo levar espécies à extinção. O aumento da temperatura e os níveis
elevados de CO2 influenciam os organismos, e a expressão de microRNAs (miRNAs). O miRNA é uma
classe de RNA não codificante que desempenha um papel fundamental na regulação gênica e no
desenvolvimento do animal. miRNAs como miR-210, let-7 e miR-181c são cruciais para respostas
adaptativas ao estresse ambiental, incluindo hipóxia e desenvolvimento gonadal. O presente estudo teve
como objetivo investigar como as mudanças climáticas podem afetar a expressão desses miRNAs em
indivíduos de Danio rerio, analisando suas consequências fisiológicas para as gerações futuras. Exemplares
de Danio rerio serão obtidos e mantidos em tanques no laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular
no INPA, com trocas diárias de 20% da água, controle de temperatura e oxigênio, além de alimentação ad
libitum, duas vezes ao dia. Durante a exposição aos cenários climáticos, 20% da água foi trocada a cada dois
dias, mantendo as condições experimentais. As salas climáticas simularam cenários atuais e extremos
(RCP8.5) projetados pelo IPCC para 2100, com aumento de 4,5°C e 900 ppm de CO2. Dez fêmeas foram
expostas aos dois cenários por 15 dias, em seguida foram eutanasiadas, e suas gônadas coletadas para análise
da expressão de miRNAs. A expressão gênica foi avaliada por qPCR, utilizando RNA isolado e o método 2-
ΔΔCt. Os dados foram expressos como média ± S.E.M. e analisados por ANOVA, com testes post-hoc de
Tukey, enquanto o software miRanda foi usado para identificar os mRNAs alvos dos miRNAs estudados. Os
resultados demonstraram que a exposição aos cenários climática altera significativamente a expressão dos
miRNA nas gônadas de Danio rerio, com consequências metabólicas apontadas por testes in silico.
Palavras-chave: Epigenética, Expressão gênica, miRNAs, Mudanças climáticas, Zebrafish.
Apoio: ADAPTA II, CNPq, FAPEAM, CAPES.
MEIO AMBIENTE, MUDANÇAS CLIMÁTICAS E FORMAÇÃO SUPERIOR INDÍGENA
EM RORAIMA
Rhayane Rodrigues da Silva1, Mariana Souza da Cunha1
1Universidade Federal de Roraima (UFRR), Boa vista, Roraima, Brasil.
E-mail: rhayaneviriato@gmail.com
O tema meio ambiente e mudanças climáticas é muito antigo, no entanto, não se teve a preocupação em
tratar esse assunto como deveria, pois, as consequenciais chegaram e afeta a biota em todo os ecossistemas e
lugares, inclusive nas comunidades indígenas em Roraima. Naturalmente povos indígenas sempre tiveram a
frente dessas lutas, pois precisamos de um ambiente saudável, de qualidade para manter o nosso povo, existe
uma relação estreita da sobrevivência dos povos indígenas com o meio ambiente. Mas o que se percebe é que
essa conta chegou até para nós, que comparado aos grandes empreendimentos, somos os que menos polui e
degrada o ambiente. Diante disso, como lideranças que estamos a frente das demandas das nossas
comunidades, nos propusemos em realizar um levantamento das consequências das mudanças climáticas na
comunidade São João em Roraima. Esse diagnóstico nos balizará para tomada de decisões para o
enfrentamento das consequências das mudanças climáticas. Nesse contexto, a pesquisa visou contemplar as
discussões sobre a realidade que ocorre atualmente dentro das comunidades e na Amazônia. A metodologia
baseou-se na pesquisa ação, onde apresentamos para a comunidade a proposta do trabalho e foi aprovado por
unanimidade. Em seguida partimos para as bibliografias, que foram acessadas no google acadêmico, scielo e
biblioteca central da UFRR, que nos deram base para entender esse tema relevante e posteriormente a saída a
campo para registrar as problemáticas na comunidade. Dessa forma, as atividades desenvolvidas foram com
livros, entrevistas com lideranças, aulas expositivas em sala de aulas, reuniões que envolveram a
comunidade. Portanto, com base no levantamento do diagnóstico realizado, uns dos problemas recorrentes
são, os lixos, desmatamentos, as queimadas e a seca, são fatores que prejudicam e causam impactos
ambientais. As perspectivas dessa pesquisa nos deram elementos fundamentais para o desenvolvimento das
demais atividades, de como enfrentar esse problema. Como principal resultado foi elaborada uma cartilha
ambiental com os alunos, no qual é abordado as manifestações das problemáticas enfrentadas nas
comunidades indígenas. Promovendo assim, aos estudantes sua participação coletiva, a conscientização
sobre os recursos naturais e principalmente o cuidado para combater a degradação ambiental. Dessa forma
contribuímos com o conhecimento visando mudar o sentido de compreender de fato o que traz o problema
para o meio ambiente e as problemáticas desse mundo caótico, em que o ser humano é o único destruidor do
meio que chamamos de universo. Por fim, acredito que buscamos não o suficiente para combater, mas para
entender e refletir diante das situações que está acontecendo no que diz com a “Amazônia”.
Palavras-chave: Amazônia, Diagnóstico, Indígenas, Meio Ambiente.
A PESQUISA SOBRE A AMAZÔNIA NA PÓS GRADUAÇÃO NO NORDESTE
BRASILEIRO: APROXIMAÇÕES CLIMÁTICAS INTERREGIONAIS PARA
O BRASIL E PARA A AMÉRICA LATINA
Américo Alves de Lyra Júnior1; Andrea Cardoso Ventura2; Andressa Beatriz Cardoso Lisboa2;
Glacidalva César Araújo de Andrade2
1Universidade Federal de Roraima (UFRR),
Núcleo Amazônico de Pesquisa em Relações Internacionais (NAPRI), Boa Vista, RR,
2Universidade Federal da Bahia (UFBA),
Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais (PPGRI), Salvador, BA.
E-mail: americo.lyra@ufrr.br
A Amazônia, com sua biodiversidade rica e complexa, oferece temas relevantes para o debate inter-regional
brasileiro, especialmente no contexto da emergência climática. O Nordeste, região historicamente marcada
por desafios socioeconômicos e ambientais, apresenta oportunidade única para integrar de maneira ampla e
profunda, a temática amazônica nos programas de pós-graduação, abordando questões como clima,
migração, e fronteiras nacionais. Os principais objetivos do presente estudo são, a identificação da
participação da pós-graduação do Nordeste para o campo de estudo sobre a Amazônia; a compreensão de
como a região pode ser um espaço de reflexão e pesquisa inter-regional e internacional; a percepção de como
a Amazônia é estudada nos cursos de s graduação do Nordeste. A pesquisa apresenta um panorama
histórico da relação do Nordeste com a região amazônica nas instituições de ensino superior, a partir do
levantamento de dados dos repositórios virtuais dos programas de pós-graduação stricto sensu das
universidades públicas dos 09 estados do Nordeste. Por meio de metodologia predominantemente qualitativa,
visa analisar em cada estado da região a contribuição e a área de estudo de dissertações e teses abordando a
questão da Amazônia e do debate climático. A coleta de dados realizada através dos repositórios desses
programas de pós-graduação indica que, as pesquisas acadêmicas, sobre a Amazônia no Nordeste possuem
maior incidência em temas relacionados ao fortalecimento de políticas públicas para a sustentabilidade e a
justiça social inter-regionais. A criação de redes de colaboração institucionais permite perspectivas conjuntas
para questões tanto relacionadas à Amazônia quanto ao Nordeste. Nota-se imprescindível o papel das
universidades na formão de uma consciência crítica sobre as questões ambientais, climáticas e sociais
brasileiras com a seca, os deslocamentos forçados de pessoas e as mudanças climáticas, que o realidades
de ambas as regiões, ponderando a significativa influência nordestina na cultura, economia e política
amazônidas. A academia é um importante pilar para o desenvolvimento de políticas nacionais que não apenas
protejam a Amazônia, mas que também promovam o desenvolvimento sustentável, a resiliência das
comunidades e a mitigação dos efeitos das mudanças do clima. A pós-graduação, ao incluir a discussão sobre
emergências climáticas e suas implicações para a Amazônia corrobora para o enfrentamento de desafios
contemporâneos, vislumbra-se que as pesquisas proponham práticas e políticas sociais, climáticas e
ambientais. Entretanto, pela coleta preliminar de dados atinentes às dissertações e teses escritas sobre a
Amazônia no Nordeste, percebe-se que historicamente há uma tendência à pesquisa em tema ambiental, com
algumas exceções em tema predominante para o debate climático, sem abordagem quanto ao interesse
global. Deste modo, o papel dos estudos em Relações Internacionais, ainda incipiente na região nordeste,
mostra-se como um grande diferencial, ampliando o olhar da pesquisa para o contexto de um mundo
globalizado e para o desenvolvimento da governança climática na América Latina, região que abriga os nove
países amazônicos.
Palavras-chave: Amazônia, Emergência Climática, Nordeste, Pesquisa, Relações Internacionais.
Apoio: CAPES, UFBA - PPGRI.
CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DE CACHOEIRA PORTEIRA, ORIXIMINÁ, PARÁ,
AMAZÔNIA
Damares Azevedo da Silva Corrêa1; Jorge Emanuel Cordeiro Rocha1;
Iracenir Andrade dos Santos1; Ana Carla dos Santos Gomes1
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),
Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Amazônia (PPGRNA), Santarém, PA.
E-mail: azevedodamares675@gmail.com
O clima caracteriza-se como um conjunto de dados de estados de tempo de determinada região ao longo de
um período, constituindo um evento dinâmico. Na Amazônia, observa-se que o clima vem sofrendo
alterações em decorrência das ações antrópicas. Portanto, há uma necessidade urgente de caracterizar o clima
em sub-regiões da Amazônia, considerando a carência de dados e a heterogeneidade climática no bioma. O
objetivo deste estudo foi caracterizar o clima de Cachoeira Porteira com base nas variáveis de pluviosidade e
temperatura. Para isso, foram utilizados os dados disponíveis da estação pluviométrica “157000 CHAC DA
PORTEIRA CONJ 1”, sob o código 157000, localizada na comunidade quilombola de Cachoeira Porteira
(1°04’50” S 57°02’45” W), no Alto Rio Trombetas, Norte da Amazônia. Os dados foram obtidos pela
plataforma da Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA), durante o período de janeiro de
1971 a dezembro de 2023 e analisados com o software R, versão 4.4.0. Os dados avaliados indicam que a
região apresenta duas estações distintas: uma chuvosa, com início em janeiro e término em maio, e outra que
chove menos, que se estende de junho a dezembro. O total pluvial médio durante o período chuvoso foi de
1.783,79 mm, enquanto no período que chove menos foi de 1.003,96 mm, resultando em 2.787,75 mm
anuais. Em relação à temperatura média anual, esta oscilou de 29,59ºC (mínima) a 35,26ºC (máxima). Sendo
que os meses mais quentes (janeiro, outubro, novembro e dezembro) atingiram em média 36,24ºC,
comparando com a média da temperatura máxima. Enquanto que os menos quentes (abril, julho, agosto e
setembro) tiveram em média 28,42ºC, considerando a média anual mínima. No entanto, a variável
temperatura apresenta incompletude de dados e poucos registros em relação às chuvas. De acordo com a
classificação climática de Köppen-Geiger, o clima de Cachoeira Porteira é do tipo Af (tropical equatorial),
definido por chuvas superiores a 60 mm em todos os meses. A caracterização histórica é fundamental para
estudos futuros que avaliem se as variações de chuva e temperatura estão dentro da normalidade ou se
correspondem a mudanças climáticas. Além disso, o índice de chuvas serve como indicador do volume de
água dos rios, sendo um dado imprescindível para realizar projeções do nível fluvial. Por fim, este estudo é
útil para a agricultura e para o extrativismo, auxiliando no zoneamento dos períodos de plantio, colheita e
coleta, uma vez que chuvas ou secas intensas podem acarretar impactos negativos nessas atividades.
Palavras-chave: Chuva, Clima, Mudanças Climáticas, Temperatura.
Fonte de Financiamento: Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia (PPGRNA) da
Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
ISOLAMENTO DE FUNGOS ENDOFÍTICOS DE Eichhornia crassipes (Marth.) Solms DE
OCORRÊNCIA NO BAIXO CURSO RIO TARUMÃ-AÇU
Raissa Rodrigues Sarges1, Maria Astrid Rocha Liberato1, Ieda Hortencio Batista1,
Marta Regina da Silva Pereira1, Francisca Da Silva Ferreira1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Normal Superior (ENS), Manaus, AM.
E-mail: raissasarges@hotmail.com
O baixo curso da Bacia do Tarumã-Açu é uma região antropizada com presença significativa de herbáceas
aquáticas como Eichhornia crassipes. Em certas áreas, a formação de esteiras flutuantes dessas plantas
sugere processos de eutrofização. As herbáceas aquáticas podem ser colonizadas por fungos endofíticos,
microrganismos que habitam os tecidos internos das plantas e que desempenham papéis ecológicos
importantes, com potencial biotecnológico, especialmente pela produção de metabólitos bioativos. O
objetivo foi isolar fungos endofíticos presentes em E. crassipes de ocorrência no baixo curso do Rio Tarumã-
Açu, Manaus-AM. A primeira etapa da pesquisa consistiu em duas coletas das herbáceas no baixo curso do
Rio Tarumã-Açu, uma coleta ocorreu durante o período de seca (novembro de 2023) com a obtenção de um
indivíduo e a segunda aconteceu quando os rios começaram a encher (fevereiro de 2024), com a obtenção de
três herbáceas, as plantas coletadas foram lavadas com água destilada e armazenadas em caixa de polietileno
expandida contendo água destilada até o momento do isolamento, feito no mesmo dia. O isolamento foi
realizado no Laboratório de Biotecnologia - ILUM (EST/UEA) e em duas etapas: assepsia, que é a lavagem
da planta com sabão neutro e água destilada de forma leve para a retirada de sujidades e epifíticos; e a
desinfecção dos fragmentos da planta a serem utilizados no experimento (folhas e bulbo). A etapa de
antissepsia foi realizada no interior da cabine de segurança biológica e os fragmentos selecionados foram
mergulhados em água destilada por 1 minuto, em seguida em álcool 70% por 1 minuto, em hipoclorito de
sódio a 3% por 40 segundos, novamente em álcool 70% por 30 segundos e, por fim, em água destilada por
30 segundos. Após a desinfecção foram cortados fragmentos de folhas com auxílio de um furador estéril e
fragmentos do bulbo utilizando lâmina de bisturi estéril, todos contendo 0,5 mm2 de diâmetro. Cinco
fragmentos de folhas e bulbo foram adicionados em placas de Petri contendo meio de cultivo BDA+EL
acrescidos dos antibióticos Tetraciclina e Ampicilina, de forma equidistantes e em triplicatas, e foram
incubadas em B.O.D em temperatura controlada de 18º C e 24º C. O experimento foi acompanhado
diariamente e o crescimento de colônias fúngicas foram transferidos para tubos de ensaio contendo o meio
BDA+EL, durante 15 dias consecutivos. Na primeira coleta, foram isolados sete fungos endofíticos: dois
provenientes de folhas a 24º C, três de folhas a 18º C e dois do bulbo a 18º C. Na segunda coleta, foram
obtidos onze isolados, sendo um de folhas a 24º C, três de folhas a 18º C, um do bulbo a 24º C e cinco do
bulbo a 18º C. Portanto, foi possível isolar dezoito fungos endofíticos a partir dos fragmentos de folha e
bulbo da E. crassipes em diferentes temperaturas, sendo que a temperatura que obteve melhor desempenho
de crescimento fúngico foi a de 18ºC.
Palavras-chave: Biotecnologia na Amazônia; Crescimento fúngico; Herbáceas Aquáticas.
Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas- FAPEAM; HUB- ILUM; Universidade do
Estado do Amazonas- UEA e ProfÁgua.
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA ZCIT NA PRODUÇÃO ENERGÉTICA SOLAR NO
MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA A PARTIR DE SAÍDAS FOTOVOLTAICAS DE PAINÉIS
SOLARES
Gabriel Henrique Pimentel Ramos¹; Theomar Trindade de Araújo Tiburtino Neves1; Antônio Marcos Delfino de
Andrarde¹; Cintya de Azambuja Martins1; Lucas Vaz Peres1; Gabriel Brito Costa1; Iezabelly Maria Farias Andrade1;
Roberto Monteiro Siqueira Junior1; Nicole Kellen Gois de Oliveira1; Luan Sena Cavalcante1
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Engenharia e Geociências, Santarém, PA.
E-mail: ramosgabriel835@gmail.com
A variação na intensidade da radiação solar nos permite explicar a grande variabilidade no clima de uma
certa região, uma vez que a radiação solar influência nas condições meteorológicas como temperatura,
umidade, entre outros. Diversos sistemas meteorológicos o observados na região tropical do globo,
contribuindo assim para alterações no clima e no tempo nessa região. Dentre eles, a Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT) tem uma importante influência no clima de várias regiões nos trópicos, onde a estação
chuvosa depende fortemente da sua posição. O objetivo do presente trabalho é realizar uma análise da
influência da ZCIT na produção de energia solar no município de Santarém-PA a partir de saídas
fotovoltaicas de painéis solares. Para a presente pesquisa foram utilizados dados de saída fotovoltaica de
módulos de silício monocristalino, obtidos a cada 5 minutos para 15 pontos da cidade ao longo da área de
estudo no período de 2021 a 2024. Analisando, percebe-se a desigualdade na obtenção de energia para os
pontos estudados, de um modo geral, mostra uma produção diária apresentando variação de 50 a 90 kWh, em
apenas três pontos da cidade, enquanto que, nos demais pontos de coleta o rendimento foi inferior a 40 kWh.
Mensalmente, observa-se que a mínima captação ocorre em março, com média de 21,6 kWh, uma
diminuição de cerca de 27% com relação ao mês anterior, essa mínima pode ser explicada devido o
deslocamento ao sul da ZCIT, concentrando um alto índice de nebulosidade desde o nordeste brasileiro até a
Amazônia Ocidental. Após esse período um aumento até o mês de julho, mês marcado pelo máximo de
produção pelas placas, com média de 30,5 kWh, onde a ZCIT já está deslocada ao norte, causando assim o
tempo mais propício a céu claro. Desse modo, pode-se concluir que mensalmente a menor produção ocorre
no mês de março devido à alta nebulosidade proveniente da ZCIT, marcando também a região chuvosa na
região e agosto devido a formação de nebulosidade local, já o máximo ocorre em julho, marcando o início do
verão amazônico (inverno austral).
Palavras-chave: Produção de energia solar, Painéis solares, ZCIT.
PAINEL INFORMATIVO BILINGUE DA DECOMPOSIÇÃO DO LIXO: DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESCOLAS INDÍGENAS DE
RORAIMA, BRASIL
Palon Magalhães Pereira; Denison Buckley; Valnei G. da Silva; Clodoaldo M. Messias; Jeyffredy da S. Pereira; Kaliane
S. Pereira; Bruna Myhayla Ramos da Costa; Tewton Wai Wai; Mariana Souza da Cunha; Michael Lopes da Silva Rolim;
Virginia Marne da S. A. Santos; Ricardo C. dos Santos
Universidade Federal de Roraima (UFRR).
E-mail: tewtonwaiwai@gmail.com
O processo de reciclagem é bastante discutido devido à grande produção de lixo. A reciclagem possibilita a
transformação de materiais descartáveis em novos produtos ou insumos renováveis, além de oportunizar a
conscientização de pais, alunos e até mesmo alcançar toda uma comunidade indígena sobre a importância da
coleta seletiva do lixo e do possível reaproveitamento de alguns materiais, bem como seus impactos ao meio
ambiente, como tempo de decomposição, poluição e contaminação. O objetivo principal deste trabalho foi o
de recolher materiais descartados de forma inapropriada, criar um painel informativo contendo os tipos de
materiais e seu tempo de vida no meio ambiente nas línguas portuguesa e indígena Waiwai. Em um primeiro
momento houve uma reunião para se discutir a temática e, posteriormente, uma pesquisa bibliográfica sobre
a coleta seletiva, tempo de decomposição, impacto ambiental do tipo de material. Em um segundo momento,
materiais recicláveis foram coletados no próprio campus da UFRR, a saber: vidro, plástico, borracha e
alumínio. O painel informativo foi construído com isopor, hidrocor e cola quente. Acredita-se que esta
atividade pode proporcionar ao individuo o conhecimento sobre o tempo de decomposição dos materiais, e
como os mesmos podem contaminar solos ou corpos hídricos, e, assim, fomentar uma melhor
conscientização nos cuidados com o meio ambiente, proporcionando melhor proteção ambiental, em especial
às comunidades indígenas de Roraima. A execução desta atividade contou com a participação de discentes
indígenas de várias etnias de Roraima matriculados em um curso de formação superior indígena da
Universidade Federal de Roraima. A disciplina a qual os discentes realizaram esta atividade tem um olhar
voltado ao "Meio Ambiente e Qualidade de Vida", especificamente dos povos indígenas do estado. Os
discentes, também protagonistas deste trabalho, estão em processo de formação acadêmica no Tempo
Universidade e retornaram para suas comunidades (Tempo Comunidade) a fim oportunizar este projeto em
prática nas disciplinas que atuam, de forma intercultural e interdisciplinar.
Palavras-chave: Coleta seletiva, Impacto ambiental, Interculturalidade, Recursos didáticos.
DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL NA
COMUNIDADE INDÍGENA PEDRA PRETA, TERRA INDÍGENA RAPOSA SERRA DO
SOL, UIRAMUTÃ-RR
Linete Abraão1, Mariana Souza da Cunha1
1,2Universidade Federal de Roraima (UFRR)/Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena.
E-mail: lineteabraao57@gmail.com
Entende-se por conservação ambiental, ações corretivas e de manutenção da integridade e da qualidade do
meio ambiente. O manejo da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização
sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício,
em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações
das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. Nós povos indígenas, em sua
grande maioria, somos reconhecidos por proteger o próprio território ou das nossas riquezas naturais,
valorizando e conservando conforme a realidade do seu povo deixando-a sempre viva. Objetivo deste
trabalho é apresentar um diagnóstico socioambiental das problemáticas vivenciadas em minha comunidade e
Terra Indígena. A pesquisa foi realizada com visitas na comunidade Pedra Preta na terra Indígena Raposa
Serra do Sol no Município de Uiramutã, uma região de difícil acesso. A metodologia baseou-se em leituras
de texto, aulas de campo, diálogo e entrevistas com mais velhos, visitas nas matas nativas, nas áreas de
conservação e realização de levantamento dos lugares sagrados e outras áreas da comunidade. Os principais
resultados desta pesquisa nos proporcionaram um melhor conhecimento da nossa área, pois desenvolvemos
PGTA (Plano De Gestão Territorial Ambiental Indígena) como forma de proteger o ambiente ou recursos
naturais da comunidade, imagens e vídeos da degradação foram gerados e são utilizados no combate a essa
degradação. Os principais tipos de degradação ou destruição encontrados foram, desperdício de madeiras,
queimadas nas florestas, queimadas nas fontes de água, e com isso causa afugentamento dos animais para
longe em busca de abrigo, destruição na área de conservação, extinção de fauna e flora e de extinção de
diversidade de espécie de animais. Além de outros grandes problemas ambientais causados por lixo, descarte
de embalagens de produtos industrializados, borrachas e vidros, que prejudicam o nosso ambiente e nossa
população indígena, por causa de consumo de grande quantidade de alimentos s, esse tipo de lixo levaria
milhares de anos para se desmanchar no ambiente. O lixo é proveniente das comunidades que recebem bolsa
família, aposentadoria, posto de saúde, comércios e escolas, onde deixam grandes quantidades de lixo,
gerando consequências graves para a comunidade. Essa ação predatória provoca não a degradação do
ambiente, mas também prejudica a qualidade de vida da população, além disso contribui com o aquecimento
global e mudanças climáticas. Os povos tradicionais ainda utilizam o fogo para limpeza da roça, que acaba se
alastrando e destruindo os diferentes ecossistemas da comunidade, causando danos e irreparáveis para a flora
e fauna. No geral esse diagnóstico gerou imagens e vestígios das destruições do meio ambiente e, também
nos aponta como devemos cuidar do ambiente.
Palavras-chave: Conservação, Gestão Territorial, Lixo, Poluição Ambiental, Sustentabilidade.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PREVENÇÃO E COMBATE ÀS QUEIMADAS NA
COMUNIDADE INDÍGENA DE ALTO ARRAIA E PRODUÇÃO DE MATERIAIS
DIDÁTICOS NA LÍNGUA INDÍGENA WAPICHANA
Francisca Vilma de Souza
Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena/UFRR.
E-mail: salesvilma449@gmail.com
Nas Terras Indígenas, as queimadas ocorrem com o intuito de limpeza de áreas de vegetação para a
realização de práticas agrícolas, também conhecida como coivara, mas quando realizada sem planejamento e
sem as condições, pode ocorrer um descontrole e destruir grandes áreas de vegetação, causando perdas
significativas na biodiversidade, além de emissão de gases de efeito estufa e, dependendo de sua extensão,
baixa qualidade do ar, causando problemas respiratórios aos humanos. Desde janeiro de 2024? até o presente
momento foram registrados na Amazônia mais de 200 mil focos de incêndio e supera o ano anterior e,
também em 14 anos. Queimadas e suas consequências afetam populações indígenas em sua saúde e a
destruição de fauna e flora. Por isso, este trabalho teve como objetivo principal promover conscientização da
população da comunidade indígena Alto Arraia, Bonfim, Roraima, Brasil, sobre os perigos e consequências
das queimadas na região e, também o de desenvolver material didático na língua indígena Wapichana sobre
educação ambiental e preservação do meio ambiente na Escola Estadual Indígena Vovô Leonardo Gomes,
também em Roraima. Para a realização deste trabalho foram realizadas pesquisas bibliográfica na base de
dados da SciELO com as palavras-chave “as causas de queimadas”, “queimadas e suas consequências para a
natureza” e “queimadas e a saúde humana”. Como resultados, realizamos um trabalho de conscientização por
meio de produção de cartazes, desenhos na escola com os alunos apresentando os diversos problemas
causados pelas queimadas sem planejamento, pois são prejudiciais tanto para os humanos como para as
demais formas de vida, tamm foi desenvolvido material didático (cartilha) em língua indígena Wapichana
abordando o tema e de forma contextualizada, material esse apresentado à comunidade. Destacamos que a
formação pela pesquisa, levando em consideração o conhecimento tradicional do aluno indígena, é uma das
melhores forma de fortalecer o aprendizado e a conservação ambiental.
Palavras-chave: Biodiversidade, Conservação, Conhecimento tradicional, Estratégia didática,
Sustentabilidade.
INVENTÁRIO DO ACERVO DE DYTISCIDAE (INSECTA: COLEOPTERA) DA
COLEÇÃO DE INVERTEBRADOS DO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA
AMAZÔNIA
Edna Andria dos Santos Cortês¹; Gabrielle Jorge¹; Cesar Benetti²; Neusa Hamada¹
¹Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade - CoBio, Manaus, AM.;
²Departamento de Biodiversidad y Gestión Ambiental,
Facultad de Ciencias Biológicas y Ambientales, Universidad de León, León, Spain.
E-mail: ednaandria23@gmail.com
Conhecer a biodiversidade é fundamental para desenvolver estratégias de conservação, para isso é necessário
conhecer as espécies, sua distribuição geográfica e interações com os diferentes habitats.Dytiscidae é uma
família de besouros aquáticos que es presente em diversos habitatsaquáticos e algumas espécies são
utilizadas como bioindicadores de qualidade da água. Esses besouros são conhecidos por serem ótimos
nadadores, possuírem corpo hidrodinâmico e pernas traseiras fortes com cerdas natatórias. Possuem
distribuição mundial, com cerca de 183 gêneros e 4.700 espécies; no Brasil ocorrem 38 gêneros e 315
espécies válidas. O acervo da Coleção de Invertebrados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA) é considerado um dos mais ricos em biodiversidade amazônica do planeta. Diante da importância
dessa coleção científica e da necessidade de identificar os espécimes, esse trabalho teve como objetivo
inventariar, organizar e identificar até o menor nível taxonômico possível os adultos de Dytiscidae,
armazenados em via seca, da Coleção de Invertebrados do INPA. As informações dos exemplares foram
retiradas das etiquetas de cada exemplar. O material bibliográfico utilizado nas identificações inclui revisões
e chaves taxonômicas. Os besouros foram observados e fotografados com auxílio de estereomicroscópio com
câmera acoplada, o mapa de distribuição geográfica foi gerado com o auxílio do programa QGIS. Foram
analisados 683 espécimes identificados em 16 gêneros, apenas quatro espécies foram identificadas. Os
gêneros de Dytiscidae mais abundantes na Coleção são Celina Aubé, Copelatus Erichson, Megadytes Sharp,
Rhantus Dejean e Thermonectus Dejean. Os gêneros com menos representantes no acervo são Amarodytes
Régimbart e LaccophilusLeach, correspondendo a 2% do material. A Coleção do INPA abriga 16 gêneros,
que corresponde a cerca de 42% dos gêneros registrados para o Brasil. Os Dytiscidae depositados na Coleção
são provenientes de 11 estados brasileiros e um dos Estados Unidos da América. As espécies Thermonectus
circumscriptus (Latreille, 1809) e Thermonectus variegatus (Dejean, 1836) foram registradas pela primeira
vez para o estado de Roraima. Este trabalho contribuiu para o aumento do conhecimento taxonômico do
acervo de Dytiscidae da Coleção de Invertebrados do INPA, que anteriormente estava identificado apenas
em nível de família e ampliou a distribuição geográfica da família para o Norte do Brasil. O acervo de
Dytiscidae da Coleção do INPA é composto por um precioso e promissor material contendo grande
variedade morfológica, com potencial para novos registros da família para o Brasil e possíveis novas
espécies para a ciência.
Palavras-chave: Amazonas, Biodiversidade, Conservação, Insetos aquáticos, Taxonomia.
DEMOGRAFIA DE LIANAS NAS PARCELAS PERMANENTES DO PPBIO NO PARQUE
NACIONAL DO VIRUÁ, RORAIMA: 15 ANOS DE MONITORIAMENTO
Rivaldo Fideles Militão1; Poliana Cristiana Rodrigues de Andrade2; Carolina Volkmer de Castilho2
1Universidade Federal de Roraima (UFRR), Curso de graduação em Ciências Biológicas, Boa Vista, RR.;
2 Universidade Federal de Roraima (UFRR),
Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais (PRONAT), Boa Vista, RR;
3 Embrapa Roraima, Boa Vista, RR.
E-mail rivaldofidelis1@gmail.com
Lianas ou cipós são plantas lenhosas que necessitam de um suporte físico para crescer em altura e alcançar o
dossel das florestas. Elas apresentam alta diversidade de espécies e desempenham um importante papel
ecológico na dinâmica das florestas tropicais, influenciando principalmente os processos de transpiração,
sequestro de carbono, estabilidade do microclima florestal e ciclagem de nutrientes. No entanto, são
frequentemente ignoradas em inventários e programas de monitoramento de longo prazo das florestas
tropicais. Este estudo tem como objetivo analisar uma série histórica de dados (2006–2021) oriunda do
“Projeto Ecológico de Longa Duração Florestas de Roraima (PELD FORR) para avaliar as mudanças
temporais nas taxas vitais (recrutamento, mortalidade e crescimento) e biomassa de lianas em uma área de
contato campinarana-floresta ombrófila no Parque Nacional do Viruá (Caracaraí, RR), testando a hipótese de
aumento da abundância e biomassa de lianas em resposta às mudanças climáticas globais. O estudo foi
realizado em 8 parcelas permanentes da grade do PPBio, nas quais lianas lenhosas foram marcadas,
mapeadas e medidas em 2006, 2016 e 2021. Faixas de 250 m x 4 m e 250 m x 10 m foram utilizadas para
amostragem de lianas com diâmetro 1 cm e 10 cm, respectivamente. O diâmetro foi medido a 1,30 cm ao
longo do caule, a partir do ponto de enraizamento. Dados do monitoramento dos indivíduos marcados foram
utilizados para calcular estimativas de biomassa viva e determinar taxas de mortalidade e recrutamento para
dois intervalos (2006–2016 e 2016–2021). Em um intervalo de 15 anos, a abundância de lianas diminuiu em
todas as parcelas monitoradas. A taxa de mortalidade de lianas foi aproximadamente três vezes maior do que
a taxa de recrutamento em ambos os intervalos de monitoramento (2006–2016 e 2016–2021). A taxa média
de mortalidade no intervalo 2006-2017 foi de 5,17%, enquanto a taxa média de recrutamento foi 1,72%. No
intervalo 2016–2021, a taxa média mortalidade foi de cerca de 9% e a de recrutamento foi de 3,95%. As
estimativas de biomassa viva variaram entre as parcelas e entre os anos. Entre 2006–2021, mesmo com a
elevada taxa de mortalidade, a maioria das parcelas (6) apresentou ganho de biomassa, variando de 1,05 a
7,15 Mg/hectare. Durante o intervalo avaliado, apesar da elevada taxa de mortalidade (aproximadamente três
vezes maior do que a taxa de recrutamento), não foram observadas variações significativas na biomassa viva
de lianas. A manutenção dos estoques de biomassa, mesmo com altas taxas de mortalidade e baixo
recrutamento, indica que o crescimento em diâmetro dos indivíduos sobreviventes compensou as perdas de
biomassa. A maioria das parcelas monitoradas apresentou aumento na biomassa de lianas. Em geral, o
aumento da densidade e da biomassa de lianas em florestas tropicais têm sido atribuídos ao aumento do
dióxido de carbono atmosférico e aumento da mortalidade de árvores. Variações na densidade e biomassa de
lianas são esperadas como produto da própria dinâmica da floresta e como resposta a eventos extremos e
raros, os quais podem explicar localmente aumentos momentâneos ou reduções significativas na densidade
de lianas.
Palavras-chave: Biodiversidade, Floresta, Monitoramento, Mudanças climáticas, Sequestro de Carbono.
Apoio: CNPq.
ISOLAMENTO DE FUNGOS ENDOFÍTICOS DO PAU-DE-BALSA
(Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb.) EM MANAUS-AM
Adriano Ferrari de Almeida¹; Ana Beatriz de Araújo Mendes1; Marta Regina Silva Pereira1;
Ieda Hortêncio Batista1; Francisca da Silva Ferreira1
1Universidade do estado do Amazonas (UEA), Escola Normal Superior, Manaus - AM.
E-mail: afda.bio21@uea.edu.br
Os fungos endofíticos colonizam tecidos internos de plantas sem causar danos e possuem grande potencial
biotecnológico devido à produção de diversos metabólitos bioativos úteis em áreas como farmacologia,
agricultura e indústria. O pau-de-balsa (Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb.) é uma planta Amazônica
da família Malvaceae, é reconhecida tanto pelo seu potencial econômico quanto biotecnológico, incluindo
aplicações como alternativa ao mercúrio na extração artesanal de ouro. Este trabalho teve como objetivo
isolar fungos endofíticos de galhos e folhas de Ochroma pyramidale e caracterizar morfologicamente as
linhagens puras. As amostras da planta foram coletadas na Vila Olímpica de Manaus (Amazonas) e
acondicionadas em sacos plásticos para transporte até o Laboratório de Biotecnologia ILUM (HUB/UEA).
No laboratório, o material foi lavado com água corrente e detergente neutro. Em seguida, realizou-se a
desinfecção em cabine de segurança biológica utilizando álcool 70% por 1 minuto, hipoclorito de sódio 3%
por 4 minutos e novamente álcool 70% por 30 segundos. Após esse processo, o material foi enxaguado três
vezes com água destilada estéril. O experimento de isolamento foi realizado em triplicata, em matriz 2 X 2
utilizando 144 fragmentos da planta (72 das folhas e 72 dos galhos com 0,5 cm de diâmetro cada) em dois
meios de cultura (BDA+L e ISP2, ambos suplementados com os antibióticos ampicilina e tetraciclina a 50
mg/mL respectivamente) e em três temperaturas controladas (18°C, 28°C e 35°C). O controle do
experimento foi realizado utilizando-se 50 µL da água do último enxágue da desinfecção dos fragmentos
vegetais. Os fungos que cresceram nas placas foram transferidos para tubos de ensaio contendo o mesmo
meio de cultivo do isolamento, durante o período de 15 dias de experimento. Ao final, foram isolados 234
fungos endofíticos, dos quais 103 foram em meio BDA+L e 131 em meio ISP2. Quanto ao tipo de
fragmento, 160 fungos foram isolados das folhas e 74 dos galhos. Em relação às temperaturas, 111 fungos
foram isolados a 18°C, 123 a 28°C, e nenhum a 35°C. O Índice de colonização fúngica para os fragmentos
de folha foi de 100% para os meios BDA+L e ISP2 nas temperaturas de 18°C e 28°C. Para os fragmentos de
galho as taxas de colonização foram: Meio BDA+L a 18°C com 75%, Meio BDA+L a 28°C com 58,33%,
Meio ISP2 a 18°C com 75% e ISP2 a 28°C com 100% tendo em média uma taxa de colonização para esses
parâmetros de 77%. Na temperatura de 35°C os fragmentos de folhas e galhos não apresentaram taxa de
colonização para os dois meios testados. Assim, a colonização foi maior nos fragmentos de folhas em
comparação aos galhos, e a temperatura de 35°C mostrou-se um fator limitante para o isolamento fúngico em
ambos os meios. O estudo destaca a biodiversidade desses fungos e incentiva sua investigação para futuras
aplicações biotecnológicas.
Palavras-chave: Biotecnologia, Endófitos, Malvaceae, Micologia.
Apoio: CNPq, FAPEAM, UEA.
LINHA DO TEMPO DAS PESQUISAS CIENTÍFICAS SOBRE COGUMELOS DO
GÊNERO LENTINULA NA AMAZÔNIA
Ruby Vargas-Isla1,5; Tiara Sousa Cabral2; Jadson José Souza de Oliveira3; Samuel Minev-Benzecry4;
Laura Corrêa Cavalcante Leite1,5; Noemia Kazue Ishikawa1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.; 2Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM;
3Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Manaus, AM;
4Universidade de Stanford, Stanford, CA, USA. 5Inpa, Bolsista CNPq.
E-mail: rubyvar9@gmail.com
Segundo a Rede de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), na região Norte do Brasil
cerca de 45,2% da população está em grau moderado ou severo de insegurança alimentar, o equivalente a
mais de 7,8 milhões de pessoas, com as famílias indígenas, quilombolas e ribeirinhas sendo mais afetadas.
Este dado é agravado em tempos de mudanças climáticas pelas dificuldades estruturais e socioeconômicas da
região, onde muitas comunidades dependem de recursos naturais e enfrentam desafios relacionados à falta de
alimentos e água potável, especialmente durante a época de seca na Amazônia. Acreditamos que alternativas
de alimentos desidratáveis com alto valor nutricional, como os cogumelos comestíveis possa ser uma
alternativa de alimentos para a melhoria na segurança alimentar. O Grupo de Pesquisas Cogumelos da
Amazônia (GP-CA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) vem realizando pesquisas desde
2007 sobre cogumelos comestíveis com potencial bioeconômico. Entre elas, espécies do gênero Lentinula
têm se destacado por ter duas características importantes: 1. ao desidratar e reidratar os cogumelos, este
apresenta sabor e aroma agradáveis e textura macia, o que permite o transporte, armazenamento e a
comercialização dos cogumelos com mais facilidade; 2. Lentinula edodes Berk. Pegler é uma das cinco
espécies mais cultivadas no mundo e seu histórico de cultivo pode ser usado como base para o cultivo das
espécies encontradas na Amazônia. Com o objetivo de divulgar melhor o potencial bioeconômico dos
cogumelos comestíveis da Amazônia, neste trabalho apresentaremos o histórico dos estudos científicos sobre
as duas espécies de ocorrência natural na Amazônia, Lentinula raphanica (Murrill) Mata & R.H. Petersen e
Lentinula ixodes (Secr. ex Mont.) J.S. Oliveira, T.S. Cabral, R. Vargas-Isla, & N.K. Ishikawa. O
levantamento histórico foi realizado por consulta a artigos científicos e/ou matérias publicadas na mídia. A
linha do tempo consta dos seguintes históricos: 1. taxonômico; 2. ocorrências na Amazônia; 3.
etnomicológicos; 4. estudos sobre genética molecular; 5. cultivo e valor nutricional. A localidade tipo da L.
ixodes é na Guiana e da L. raphanica é na Florida nos Estados Unidos, descobertas em 1854 e 1943,
respectivamente. Na Amazônia brasileira o primeiro relato de L. raphanica foi publicado em 2010 e L.
ixodes em 2022. Destacando que L. ixodes foi uma nova combinação proposta com espécimes de coletas em
Manaus e Itacoatiara, AM. O conhecimento etnomicólogico do consumo de L. raphanica pelos povos
Yanomami foi publicado em 2016. Os primeiros cogumelos cultivados experimentalmente de L. raphanica e
L. ixodes foi em 2015 e 2023, respectivamente. Estudos sobre os genomas de Lentinula, incluindo L.
raphanica da Amazônia foram sequenciados em 2023. Estudos de 2024 sobre o valor nutricional
comprovaram que tanto os cogumelos de L. raphanica quanto L. ixodes cultivados apresentam os nove
aminoácidos essenciais. A linha do tempo do histórico apresentado, somado ao conhecimento
etnomicológico e os valores nutricionais das espécies de Lentinula de ocorrência natural na Amazônia,
fortalecem a nossa proposta de que os cogumelos desidratados têm potencial para ser uma alternativa de
alimento para a melhoria da segurança alimentar na Amazônia.
Palavras-chave: Aminoácidos essenciais, Cogumelos da Amazônia, Fungicultura, Insegurança alimentar,
Segurança alimentar.
Apoio: CAPES, CNPq, FAPEAM.
COMPARAÇÃO ENTRE “PRIMERS” UNIVERSAIS PARA 16S NA ANÁLISE DE
DIVERSIDADE BACTERIANA EM AMOSTRAS DE DNA AMBIENTAL
Joyce Ieda Batista Galvão1; Lígia Batista Galvão1; Ana Caroline Viana da Silva1; Diego Lisboa Rios2; Danniel Rocha
Bevilaqua2; Jacqueline da Silva Batista1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.;
2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM).
E-mail: joyce.ieda84@gmail.com
A diversidade bacteriana pode ser avaliada de forma robusta utilizando sequenciamento de DNA de nova
geração (NGS) em conjunto com “primers universais para o gene 16S rRNA. O gene 16S rRNA é
amplamente utilizado para a identificação e caracterizão de microrganismos bacterianos devido a sua
característica conservada entre as bactérias bem como a presença de regiões hipervariáveis, que possibilitam
a distinção entre diferentes espécies. No entanto, diferentes “primers” universais amplificam fragmentos
distintos do 16S, o que pode influenciar a detecção da diversidade bacteriana. Este estudo teve como objetivo
caracterizar gêneros bacterianos a partir de diferentes regiões do gene 16S (V2, V3 e V4) e de um pool
dessas regiões multiplexadas, utilizando “primers universais e sequenciamento por NGS. Foram analisadas
duas amostras: uma de água de rio e outra de "cauxi" (esponja de água doce), ambas coletadas em Novo
Remanso (Itacoatiara/AM). A extração de DNA foi realizada com um kit comercial, seguida de amplificação
por PCR em duplicata para cada “primer” e tipo de amostra. Além das amostras individuais, um pool foi
criado com uma mistura proporcional das regiões. A diversidade foi expressa pelo índice de Shannon (H’), a
equitabilidade pelo índice de Pielou (J) e a dominância pelo índice de Simpson (D). Foram identificados
1.122 gêneros bacterianos. Na amostra de água, a região V2 detectou 707 gêneros, a V3 identificou 663, a
V4 encontrou 661, e o pool das três regiões revelou 747 gêneros. Na amostra de cauxi, a V2 detectou 748
gêneros, a V3 identificou 730, a V4 encontrou 803, e o pool revelou 859 gêneros. Esse padrão sugere que a
multiplexação aumenta a capacidade de detecção e reflete uma comunidade mais abrangente. A amostra de
cauxi apresentou maior riqueza de gêneros em comparação à água, sugerindo uma maior diversidade
microbiana.Houve também variações na dominância dos gêneros. Na amostra de água, Flaviflexus e
Candidatus representaram 22,03% das leituras para V2, enquanto Candidatus, Gossypium e Ralstonia
dominaram a V3 (31,90%). Na V4, os gêneros mais abundantes foram Comamonas, Polynucleobacter e
Vanthobacter (26,21%), enquanto o pool foi dominado por Candidatus, Polynucleobacter e Mycobacterium
(26,45%). Na amostra de cauxi, Anaeromyxobacter e Exiguobacterium se destacaram na V2 (18,04%),
enquanto Exiguobacterium e Bacillus lideraram na V3 (22,54%). No pool, os gêneros dominantes foram
Exiguobacterium, Bacillus e Mycobacterium (17,97%). A diversidade (H’) foi maior na amostra de cauxi,
com destaque para o pool (4,750), indicando uma comunidade mais diversa e equilibrada. A equitabilidade
(J) também foi maior no cauxi (até 0,7031), sugerindo uma distribuição mais uniforme das espécies. Em
contraste, a amostra de água apresentou menor equitabilidade, especialmente na V3 (0,5626). A dominância
foi baixa em ambas as amostras, com valores inferiores a 0,06, mas ligeiramente menor no cauxi, refletindo
uma menor concentração de poucas espécies dominantes. Conclui-se que o uso das regiões V2, V3 e V4 em
conjunto possibilita melhor caracterização da comunidade bacteriana, especialmente em substratos
complexos como o cauxi. A metodologia utilizada permite compreender a composição e estrutura dessas
comunidades, contribuindo para a bioprospecção e o manejo sustentável de recursos aquáticos.
Palavras-chave: Comunidade bacteriana, Índice de Shannon, Microrganismos, NGS, PCR.
ESTRATIFICAÇÃO VERTICAL DE PIOLHOS DE VIDA LIVRE (Psocodea novack, 1890)
EM UM PONTO DA AMAZÔNIA CENTRAL, MANAUS, AMAZONAS
Daniel Moura Lima¹; Alberto Moreira da Silva Neto¹; José Albertino Rafael¹; Renato Almeida de Azevedo¹
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
E-mail: psocodeabahia@gmail.com
Os piolhos de vida livre pertencentes a Psocodea Novack, 1980 representam um grupamento não natural,
referente à antiga Ordem Psocoptera, hoje abordada como Psocoptera por convenção, tratando-se de
indivíduos hemimetábolos que, quando alados, o posicionamento das asas sobre o abdômen é tectiforme,
podendo viver em comportamento gregário, se alimentando de líquens, hifas fúngicas, algas verdes e detritos
orgânicos. Esses indivíduos podem ser encontrados em cavernas, rochas, ninhos de pássaro, na serrapilheira,
mas principalmente, sob e sobre cascas de árvores e em galhos e folhas. Entendendo que os insetos em geral
podem existir desde o solo até a copa das árvores, levantou-se a necessidade de realizar coletas em diferentes
alturas até atingir as copas. Permitindo a realização de insights sobre a distribuição vertical de Piolhos de
vida livre. Estudos como esse já foram realizados em alguns lugares do mundo, mas nada havia sido feito na
Amazônia brasileira. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é apresentar a existência de estratificação
vertical para as famílias Archipsocidae Pearman, 1936, Epipsocidae Pearman, 1936, Lepidopsocidae
Enderlein, 1903 e Psocidae Hagen, 1865; registrando a ocorrência de maior abundância para os grupos em
diferentes alturas, podendo direcionar possíveis futuros esforços amostrais, caso o grupo de interesse seja
uma das famílias incluídas neste estudo. O registro de Estratificação vertical para piolhos de vida livre na
Amazônia foi possível por conta da metodologia adotada no trabalho, que contou com o auxílio de
Armadilhas Malaise do tipo Gressit&Gressit, instaladas em uma torre metálica distribuídas desde o solo a 8,
16, 24 e 32 metros de altura na Estação Experimental de Silvicultura Tropical, que fica na zona conhecida
como ZF2, cerca de 60 quilômetros distante de Manaus. Após serem coletados, os indivíduos foram
armazenados em álcool 70% e fotografados com uma mera fotográfica LEICA DFC acoplada ao
estereomicroscópio LEICA M205C e software de processamento de imagens digital Leica Application Suite
LAS C3.6. Para Psocidae tivemos um total de 667 indivíduos, dos quais 244 foram coletados ao nível do solo
e 221 a 8 metros de altura, bem como Epipsocidae, com 296 indivíduos registrados ao nível do solo, o que
era de se esperar pelo hábito da maioria dos componentes estar associado à serrapilheira; para
Archipsocidae, 49 de 135 indivíduos foram registrados para altura de 16 metros, assim como
Lepidopsocidae, de 349, 119 indivíduos foram coletados a 16 metros de altura. Resultados como os obtidos
neste trabalho reforçam a necessidade entendimento de como se a distribuição do grupo dentro de uma
floresta, muito provavelmente associada às condições ideais de recursos alimentares atreladas à temperatura
e umidade ótimas para a ocorrência desses grupos em estratos específicos.
Palavras-chave: Distribuição, Esforço Amostral, Floresta Amazônica, ZF2, Psocoptera.
Apoio: FAPEAM(POSGRAD), CAPES (PROAP), CnPq, Projeto INCT-Biodossel.
INVENTÁRIO DE EPHEMEROPTERA (INSECTA) DO AMAZONAS
Luciana Camurça Castelaci1; Neusa Hamada1; Jeane Marcelle Cavalcante do Nascimento2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM
2Universidade Federal do Pará (UFPA), Programa de Pós-Graduação em Zoologia (PPGZOO), Belém, PA.
E-mail: lucianacastelaci@gmail.com
Ephemeroptera Hyatt & Arms, 1891, é composta por cerca de 4.000 espécies, e seus indivíduos possuem
estágios imaturos aquáticos e o adulto aéreo. As ninfas o sensíveis à degradação ambiental e, por isso, são
utilizadas em estudos de biomonitoramento e conservação dos ambientes aquáticos. Contudo, o escasso
conhecimento sobre a taxonomia e composição da fauna de Ephemeroptera em determinada região pode
comprometer estudos mais aplicados que possam vir a ser desenvolvidos. No Brasil existem 10 famílias, 83
gêneros e 448 espécies de Ephemeroptera; já no Amazonas estão registradas oito famílias com 47 gêneros e
109 espécies. Esse número de espécies é relativamente baixo considerando o tamanho territorial do
Amazonas e a grande diversidade de corpos d’água presentes na região. O último trabalho envolvendo
Ephemeroptera como um todo na Amazônia foi realizado em 2019 e posteriormente foram realizadas coletas
em localidades do Amazonas pouco amostradas para a ordem. Uma análise desse material indicou a
possibilidade de descoberta de espécies novas e registros inéditos para o estado, ressaltando a importância de
novos estudos taxonômicos para o grupo nesta região. Com base nisso, o presente trabalho teve por objetivo
incrementar o conhecimento sobre Ephemeroptera no Amazonas. Parte dos espécimes analisados se
encontrava armazenada em álcool no Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia. Objetivando ampliar a amostragem, foram realizadas coletas adicionais
na Reserva Ducke. Para coletar as ninfas foi utilizado um rapiché e para coletar os estágios alados foi
utilizado um lençol branco iluminado. As imagos foram fixadas imediatamente, as subimagos foram
fixadas após a emergência imaginal. No laboratório, os espécimes foram morfotipados e um ou mais foram
selecionados e dissecados para a montagem de lâminas. Posteriormente, essas lâminas foram analisadas sob
microscópio óptico. As identificações foram realizadas com o auxílio de bibliografia especializada. Por fim,
foi realizada uma busca na literatura para checar se todas as espécies e gêneros previamente listados para o
Amazonas estavam com seus registros indicados no Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil (CTFB). Um
total de oito famílias, 56 gêneros e 130 espécies/morfoespécies de Ephemeroptera foram compilados até o
momento para o Amazonas. Observou-se que alguns gêneros e espécies previamente listados para o estado,
ainda não foram incluídas no CTFB. Os dados obtidos contribuíram com o registro inédito de quatro gêneros
e 11 espécies/morfoespécies para o Amazonas. Esse acréscimo demonstra a potencialidade e importância da
continuidade dos estudos com essa temática no estado, visto que ainda existem muitas áreas para serem
amostradas. A existência de registros apenas a nível genérico ocorreu pela ausência dos estágios alados,
assim, continuar os trabalhos com o grupo também é importante para associar as ninfas aos adultos,
possibilitando identificar as espécies. As morfoespécies encontradas possivelmente representam táxons
novos que serão descritos e publicados. Essas descrições serão de grande relevância para a taxonomia de
Ephemeroptera, contribuindo para o incremento do conhecimento sobre a diversidade desse importante
grupo de insetos aquáticos.
Palavras-chave: Insetos aquáticos. Diversidade. Espécies novas. Região Neotropical.
Apoio: CNPq, CAPES, INCT – ADAPTA II, CAPES, ICMBio, Lab LACIA.
O QUE AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA AMAZÔNIA CONSERVAM?
EXPLORANDO O POTENCIAL DO CATÁLOGO DE PLANTAS DAS UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO DO BRASIL
Gabriel Mendes Marcusso1,4; Layon Oreste Demarchi2; Domingos Cardoso1; Charles Eugene Zartman2; Thuane
Bochorny1; Rafaela Campostrini Forzza1, 3
1Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, Amazonas, Brasil.
3Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), Prado, Brasil.
E-mail: gabrielmarcusso@hotmail.com
Unidades de Conservação (UCs) o imprescindíveis para a manutenção da biodiversidade e dos serviços
ecossistêmicos. Na Amazônia 351 UCs, sendo 35,9 % de proteção integral. O Catálogo de Plantas de
Unidades de Conservação do Brasil surgiu em 2018 com o objetivo de documentar a flora dessas áreas,
demonstrando o potencial desses catálogos como ferramentas essenciais para a conservação, manejo
sustentável e gestão dessa biodiversidade nas áreas protegidas. Essas listagens são elaboradas a partir de
materiais depositados em herbários e conferidos por taxonomistas, enfatizando a importância da colaboração
entre especialistas de diferentes grupos taxonômicos de plantas na construção e revisão dessas listas. Além
disso, os trabalhos de campo desempenham um papel fundamental na construção dessas listas, pois
possibilita a inclusão de materiais adicionais que enriquecem as coleções depositadas em herbários.
Considerando a grande lacuna de conhecimento sobre a biodiversidade de plantas na Amazônia, um modelo
a ser seguido é o desenvolvido por alunos do Programa de Pós-Graduação em Botânica do INPA, durante o
curso de taxonomia de campo realizado no PARNA Anavilhanas. Nesse curso, foram feitas coletas inéditas
nesta UC, que foram posteriormente integradas aos materiais existentes em herbário, resultando na lista
publicada. Aqui, apresentamos um panorama das listagens de espécies de plantas publicadas em UCs da
Amazônia, comparando-as com outros domínios do Brasil e destacando tanto a riqueza registrada quanto
as lacunas que ainda persistem. Embora a maioria das Unidades de Conservação federais estejam localizadas
na Amazônia, até o momento, somente seis delas possuem listas taxonomicamente verificadas, em contraste
com os avanços já obtidos em UCs do Cerrado e Mata Atlântica, que constam com 36 listas publicadas. Nas
seis UCs da Amazônia, foram registradas 4032 espécies, o que corresponde a cerca de 32% da flora vascular
ocorrente na Amazônia Brasileira. Destas, 65 são ameaçadas de extinção, sendo quatro delas Criticamente
em Perigo. Os estados com o maior número de listas são Amazonas e Acre (com duas listas cada), seguidos
de Roraima e Pará com apenas uma lista cada. Recomendamos que novos esforços de compilação e coletas
nas UCs da Amazônia sejam realizados para preencher essa lacuna de conhecimento. Isso,
consequentemente, irá gerar dados que permitirão monitorar a biodiversidade a médio e longo prazo,
avaliando como a biota irá se comportar no atual cenário de intensificação de mudanças climáticas.
Palavras-chave: Áreas protegidas, Biodiversidade, Flora.
Apoio: FAPERJ, CNPq.
ESTIMATIVA DO DEFICIT DE PRESSÃO DE VAPOR NA AMAZÔNIA CENTRAL
Eder Vasconcelos Marinho1, Cléo Quaresma Dias Júnior1,2, Raoni Aquino de Santana1,3,
Flávio Augusto Farias D’Oliveira1,2, Rosária Rodrigues1,5
1Programa de Pós-Graduação em Clima e Meio-Ambiente – PPGCLIAMB, Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (INPA/UEA), Manaus, Brasil;
2Departamento de Física, Instituto Federal do Pará (IFPA), Belém, PA, Brasil
3Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Santarém, PA, Brasil
E-mail: evm.mcl23@uea.edu.br
O propósito dessa pesquisa é mostrar que um aumento na temperatura do ar leva a um aumento no Déficit de
Pressão de Vapor (DPV), o que é prejudicial para todo um ecossistema. Tendo como objetivo central nesse
trabalho medir a variabilidade do déficit de pressão de vapor (DPV) dentro e acima de um dossel da floresta
Amazônica Central, comparando e caracterizando o DPV em camadas atmosféricas (interior do dossel,
imediatamente acima do dossel e acima da subcamada rugosa) em condições diurnas e noturnas,
quantificando a variabilidade do DPV devido a sazonalidade, investigar o efeito da clareira sobre o DPV.
Quanto a metodologia, consiste em dados coletados no sítio do Observatório da Torre Alta da Amazônia
(ATTO), dados estes da temperatura do ar e de umidade relativa, coletados por termohigrômetos instalados
em diferentes alturas de 1,5 m até 316 m durante o ano de 2022 em duas torres na Amazônica Central.
Inicialmente os valores da pressão de vapor de saturação es foram calculados, através da equação de Tetens e
depois para calcularmos a pressão real de vapor ea multiplicamos a umidade relativa pela es, assim podemos
calcular o DPV, que é a diferença entre es - ea. Os resultados alcançados evidenciam que o DPV sofre maior
variação nas alturas mais próximas ao dossel da floresta, ou seja, a diferença entre os valores máximo e
mínimo é maior nestas alturas, em maiores alturas o ciclo diário de DPV sofre pouca oscilação. Tais
comportamentos já eram esperados pois o DPV tem uma correlação direta com a temperatura do ar.
Palavras – Chave: Amazônia, Diferentes camadas atmosféricas, DPV, Perfil vertical.
Apoio: Laboratório de Monitoramento da Atmosfera Amazônica, (LAMAAM), PPG-CLIAMB, CAPES.
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE RHIZOMORPHAS EM NINHOS DE JAPU
(Psarocolius decumanus)
Marly Castro Lima1 Joaquim da Silva Lopes1,2; Alexandre Tyson Ferreira de Souza1,3; Jadson José Souza Oliveira2;
Ruby Vargas-Isla1,4; Atmam Campelo Batista1,5; Camila Cherem Ribas1,6; Noemia Kazue Ishikawa1,7
1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM; 2 Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Manaus, AM.
E-mail: castromarly878@gmail.com
Rhizomorpha é um grupo de fungos criado em 1791 por Fries para acomodar espécies conhecidas do filo
Basidiomycota que produzem diferentes tipos de rizomorfos como (Brunneocorticium, Crinipellis,
Gymnopus, Marasmius) e recentemente, um novo gênero descoberto para a região Amazônica Pusillomyces.
Estes fungos produzem longos cordões miceliais cuja morfologia varia em função do grupo taxonômico a
que pertencem. Geralmente, são melanizados, apresentando coloração preta ou marrom-escura, com
superfície impermeável, flexíveis e resistentes. Em locais pobres de nutrientes, espalham-se no solo,
formando um emaranhado de fios, que é utilizado por aves na construção de seus ninhos para estruturar e
forrar. Além disso, o uso de rizomorfos colabora na proteção dos filhotes contra doenças infecciosas, uma
vez que os fungos produzem compostos antimicrobianos. Atualmente, são conhecidas pelo menos 176
espécies de aves que usam material fúngico. No entanto, pouco se sabe sobre o uso de rizomorfos por
espécies de aves da Amazônia. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi caracterizar morfologicamente os
espécimes de fungos encontrados nos ninhos da ave conhecida como Japu (Psarocolius decumanus Pallas)
na floresta Amazônica. Os ninhos foram fotografados e coletados entre Julho de 2023 a Setembro de 2024,
em diferentes localidades do Estado do Amazonas: Museu da Amazônia (MUSA); Condomínio Acariquara
em Manaus; Terra Indígena Alto Rio Negro, AM, São Gabriel da Cachoeira e Terra Indígena Andirá-Marau,
Barreirinha, AM. Para identificação das aves foi dado o nome na ngua do povo Baniwa. Os ninhos foram
medidos, observando o comprimento e a largura com auxílio de régua. Posteriormente, foram secos em
estufa com circulação de ar a 40±2°C. Após a secagem, foi feita informatização dos dados. Para análise
macroscópica, os ninhos foram desmanchados manualmente, separando os materiais em sacos plásticos do
tipo ziplock com dados da coleta. Em seguida, foram realizadas análises macro e microscópicas. No total,
foram analisados cinco ninhos. Destes, três apresentam rizomorfos possivelmente do gênero Marasmius
Fries e dois do gênero Pusillomyces JS Oliveira, frequentemente encontrados em abundância em
serrapilheira em regiões tropicais e subtropicais. Como resultado, este trabalho contribui para o
conhecimento acerca da morfologia de rizomorfos encontrados nos ninhos de aves amazônicas em quatro
novas áreas de ocorrência no Amazonas.
Palavras-chave: Amazônia, Basidiomycota, Fungos, Morfologia, Rizomorfos.
Apoio: CNPq, CAPES, FAPEAM.
AVALIAÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO DA PIMENTA DE MACACO (Piper aduncum)
E CITRONELA (Cymbopogon winterianus) NO CONTROLE DE CULICIDAE
Brayan Sebastian Aguiar Paraíso¹; Ronielly Barbosa Soares¹; Maria Caroline da Silva Nogueira²; Caroline Pereira de
Campos³
1Universidade Estadual de Roraima (UERR), Mestrando em Agroecologia, Boa Vista, RR.
2Instituto Federal de Roraima (IFRR), Acadêmico de Agronomia, Caracaraí, RR.
3Instituto Federal de Roraima (IFRR), Professor EBTT, Caracaraí, RR.
E-mail: brayan.paraiso2012@gmail.com
O aumento da frequência de Culicidae, vetores de doenças como a dengue, zika, chikungunya, febre amarela
e malária, tornam cada vez mais urgente a implantação de novas tecnologias para o combate à essas doenças.
Para isso, os extratos vegetais, das plantas de pimenta de macaco (Piper aduncum) rica em dilapiol e
citronela (Cymbopogon winterianus) rica em citronelal, foram estudados como fonte promissora de
inseticidas naturais. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial do extrato
etanólico das plantas pimentas de macaco e citronela no controle de Culicidae. O trabalho foi desenvolvido
no Laboratório de Solos, Plantas e Agroenergia do Instituto Federal de Roraima Campus Novo Paraíso, no
município de Caracaraí. Foram coletadas as folhas verdes das plantas de pimenta de macaco e de citronela
presentes na área experimental do CNP. O material coletado foi lavado com água destilada para retirada de
impurezas que prejudicam a produção do extrato. Após a lavagem, as amostras foram levadas para secagem
em estufa a 65°C durante 24 horas para obtenção da matéria seca. Para extração etanólica, foi utilizado o
método de percolação, onde inicialmente 250 g de amostras secas foram postas em um recipiente de 1 L,
imersas a um líquido extrator etanol absoluto (P.A.) e água na proporção 80:20 durante sete dias em
temperatura ambiente. Em sequência, a amostra foi filtrada e submetida ao processo de concentração em
rotavapor, sob condições de pressão e temperatura. Posteriormente, o extrato etanólico da pimenta e citronela
foram transferidos para dois tubos de digestão e vedados para não ocorrer interferência do exterior. As larvas
de Culicidae identificadas como culex foram obtidas através do método de armadilha, denominada
ovitrampas, sendo composta por um recipiente de plástico de coloração escura de 500 mL. Uma palheta de
madeira foi fixada verticalmente no seu interior, deixando a parte áspera voltada para fora do recipiente. Para
a oviposição, foi acrescentado 300 mL de solução de água e 100 mL de infusão de capim-elefante
(Pennisetum purpureum). Foram testados seis tratamentos para cada extrato etanólico: O “controle
utilizando apenas água destilada; 20 μL do extrato etanólico; 22 μL do extrato etanólico; 24 μL do extrato
etanólico; 26 μL do extrato etanólico e 28 μL do extrato etanólico. Para o teste biológico, foram utilizadas
larvas no e estágio, em condições de laboratório. O delineamento foi inteiramente casualizado, para
cada extrato, cinco larvas em oito réplicas foram colocadas em placas de petri contendo as concentrações de
extrato. A leitura dos testes foi realizada no período de 48 horas. Os extratos etanólicos da pimenta de
macaco e da citronela apresentaram eficiente ação larvicida, causando 90% de mortalidade das larvas de
Culicidae em suas últimas fases larvais. Esses métodos alternativos ao controle químico são eficazes no
controle de insetos e são importantes meios para não afetar a saúde e o meio ambiente de maneira agressiva.
Todavia, mais pesquisas devem ser realizadas, utilizando outras espécies de plantas que poderão contribuir
para redução dos custos de produção de inseticidas.
Palavras-chave: Controle entomológico, Extrato vegetal, Inseticida natural, Metabólito secundários.
Apoio: CNPq, IFRR.
CHECKLIST DE FUNGOS CAMILLEA (ASCOMYCOTA, GRAPHOSTROMATACEAE)
NA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA
Marly Castro Lima1; Jadson José Souza de Oliveira1,3; Ruby Vargas-Isla1,4;
Tiara Sousa Cabral2; Noemia Kazue Ishikawa1
1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; 2 Universidade Federal do Amazonas; 3 Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Manaus, AM.
E-mail: castromarly878@gmail.com
Durante visitas à floresta em períodos de seca, como os que temos enfrentado nos últimos anos, Camillea é
um dos poucos gêneros que conseguimos encontrar formando ascoma. Camillea Fr., foi estabelecido por
Fries em (1849) para acomodar espécimes coletados na Guiana Francesa, tendo como espécie-tipo Camillea
leprieurii (Mont.), originalmente descrita em Hypoxylon leprieurii (Mont.). Atualmente, Camillea abriga 63
espécies conhecidas, distribuídas pelas Américas Central e Sul. Destas, 22 espécies são descritas para o
Brasil e 14 delas conhecidas para a Amazônia brasileira. Em 2023, foram descobertas cinco novas espécies
de Camillea na Guiana Francesa, levantando a questão sobre a possível ocorrência dessas espécies na
Amazônia brasileira. O objetivo deste trabalho foi identificar taxonomicamente os fungos Camillea,
integrando coleções do herbário INPA, incluindo coletas recentes dos municípios de São Gabriel da
Cachoeira, Altamira, Bragança. Para o checklist, dados sobre os espécimes foram obtidos pelo banco de
dados BRAHMS (Botanical Research And Herbarium Management System), sites SpeciesLink
(specieslink.net/search) e Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/). Os espécimes foram coletados
entre os anos de 1961 a 2024 nos municípios de Barcelos, Borba, São Sebastião do Uatumã, São Gabriel da
Cachoeira, Manaus, Novo Airão e Novo Aripuanã no estado do Amazonas, no Estado do Pará em Altamira,
Bragança e Oriximiná. Para a identificação taxonômica dos fungos foram feitas análises macro- e
microscópicas. As microestruturas foram observadas em microscópio óptico. Os dados atualizados das
espécies foram obtidos nos sites Mycobank e IndexFungorum. No total, 203 exsicatas do gênero estão
depositadas no herbário Inpa. Destas, 73 são oriundas do Estado do Acre, Roraima e Rondônia. Entre elas,
47 amostras estão identificadas a nível de espécie, sendo as mais representativas: Camillea cyclops (8), C.
leprieurii (33) e C. mucronata (6). As demais 26 amostras estão identificadas apenas até o nível de gênero.
Cerca de 130 amostras, provenientes dos Estados do Amazonas e Pará, e nelas foram encontradas as
seguintes espécies: Camillea amazonica (5), C. bilabiata (3), C. cyclisca (1); C. cyclops (10), C. fusiformis
(3), C. labellum 3), C. leprieurii (101) e C. tinctor (4). Até o momento, nenhuma das novas espécies da
Guiana Francesa foi identificada na Amazônia brasileira. O primeiro espécime-tipo de Camillea, depositado
no acervo Inpa foi coletado em 1961 no município de Barcelos. Nos anos 2000, houve um aumento de
11,82% na frequência de coletas em comparação com à década anterior. No Amazonas, os municípios de São
Gabriel da Cachoeira, Novo Airão, assim como Bragança e Altamira no Pará, registram pela primeira vez as
espécies de C. leprieurii (8), C. labellum (2) e C. tinctor (2). Dessa forma, este trabalho enriquece o
conhecimento sobre a distribuição geográfica das espécies, ampliando a área de ocorrência conhecida nessas
regiões.
Palavras-chave: Biodiversidade, Distribuição geográfica, Espécies, Herbário, Taxonomia.
Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
EFEITOS DO GLIFOSATO E CAPACIDADE DE RECUPERAÇÃO DE DANOS
HISTOPATOLÓGICOS NO INTESTINO DE FILHOTES DE TARTARUGA-DA-
AMAZÔNIA (Podocnemis expansa)
Daniel Vitor Santos-Soares¹; Ândrocles Oliveira Borges¹; Lídia Aguiar da Silva-Borges¹;
Fabíola Xochilt Valdez Domingos-Moreira1,2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPG-BADPI), Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Coordenação de Dinâmica Ambiental (CODAM), Manaus, AM.
E-mail: danvssoares@gmail.com
O glifosato, herbicida mais vendido internacional e nacionalmente, é utilizado no controle de ervas daninhas
na agricultura, especialmente na Amazônia. Através da lixiviação e escoamento superficial, esse agrotóxico é
carreado para corpos d’água próximos das plantações, propiciando a exposição de organismos aquáticos,
como as tartarugas. Podocnemis expansa (tartaruga-da-amazônia) é ecologicamente e economicamente
importante na região amazônica, e pode estar suscetível aos efeitos de agrotóxicos. Portanto, os objetivos
foram avaliar se a exposição às concentrações ambientais de glifosato induz aumento do índice de lesão do
órgão (ILO) do intestino de P. expansa, e se capacidade de recuperação desses danos. Filhotes de P.
expansa (N=30) foram distribuídos aleatoriamente em 30 aquários correspondentes a três tratamentos (10
animais por tratamento): grupo controle, grupo exposto às concentrações de 0,032 mg/L (50% da
concentração máxima permitida pela CONAMA) e 0,065 mg/L de glifosato (Resolução CONAMA n. 357 de
17.03.2005). Após 14 dias de exposição, cinco exemplares de cada grupo foram eutanasiados. A água dos
aquários dos exemplares restantes foi substituída por água limpa e os animais permaneceram por mais 14
dias, sendo posteriormente eutanasiados. Fragmentos do intestino foram submetidos ao processamento
histológico convencional. Foi calculado o Índice de Lesão (ILO) do intestino através da fórmula: ILO = (S
x IF), onde S equivale à extensão de cada lesão observada e IF ao fator de importância patológica. ANOVA
One-Way, seguido do pós-teste de Tukey, foram utilizados para avaliar diferenças no ILO do intestino entre
os grupos, com nível de significância de p<0,05. No intestino foram observadas alterações como infiltração
leucocitária, vacuolização, descamação dos vilos e necrose. O ILO médio foi 0,08 ± 0,18 no grupo controle,
12,08 ± 4,09 no grupo exposto a 0,032 mg/L e 22 ± 4,42 no grupo exposto a 0,065 mg/L de glifosato. Após o
período de recuperação, o ILO médio foi de 0,96 ± 0,22 no grupo controle, 13,68 ± 2,05 no grupo exposto a
0,032 mg/L e 15,2 ± 5,47 no grupo exposto a 0,065 mg/L de glifosato. O ILO foi significativamente maior
nos grupos expostos a 0,032 mg/L e 0,065 mg/L em relação ao grupo controle. Adicionalmente, o ILO do
grupo exposto a 0,065 mg/L foi significativamente maior em relação ao grupo exposto a 0,032 mg/L. Após o
período de recuperação, observou-se uma redução significativa do ILO apenas no grupo anteriormente
exposto à concentração de 0,065 mg/L. As alterações observadas nos grupos expostos podem ser
consideradas leves a moderadas e, as observadas após o período de recuperação podem ser consideradas
leves. O glifosato foi capaz de induzir alterações no intestino de P. expansa mesmo em concentrações
permitidas pela legislação brasileira. Além disso, a capacidade de recuperação foi significativa apenas na
maior concentração, denotando que o tempo de recuperação da concentração de 0,032 mg/L precisa ser
maior para restabelecer níveis basais do ILO do intestino para a espécie. Esses resultados indicam a
necessidade de monitoramento ambiental e de avaliação de outros tecidos de P. expansa que podem estar
sendo afetados pela exposição a este herbicida.
Palavras-chave: Agrotóxico, Ecotoxicologia, Experimento, Depuração, Histologia.
Apoio: FAPEAM, CAPES.
NOVOS REGISTROS DE Garcinia L. (CLUSIACEAE) PARA A AMAZÔNIA
Thiago Mouzinho1; Lucas Cardoso Marinho2; Leandro Lacerda Giacomin3
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Departamento de Botânica, Laboratório de TaxonomiaVegetal Manaus, AM.
2Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,
Departamento de Biologia, Maranhão, MA.
3Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e da Natureza,
Departamento de Sistemática e Ecologia, João Pessoa, PB.
E-mail: thiagomouzinhobio@gmail.com
Na região neotropical o gênero Garcinia L. (Clusiaceae) possui aproximadamente 35 espécies. No Brasil o
gênero Garcinia L. (Clusiaceae) é representado por 12 espécies, sendo a Amazônia a detentora da maior
diversidade no país, abrangendo 10 espécies. A maioria das espécies possuem seus tratamentos taxonômicos
e descrições morfológicas incompletos, visto que Garcinia são plantas dioicas. Nesse estudo apresentamos
dois novos registros de Garcinia para a Amazônia brasileira e colombiana. Além da ampliação do estado de
conhecimento, mencionamos novidades que complementam a descrição morfológicas das espécies
estudadas. No que correspondem aos dados obtidos, foram consultados os herbários: nacionais - INPA e MG/
internacionais COL e COAH. Como novos registros, destacamos Garcinia apostoloi Mouzinho,
anteriormente tratada como endêmica da Amazônia brasileira, agora reportamos sua ocorrência para a
Colômbia, mencionada para o departamento de Vaupés. Além dessa nova localidade a espécie também é
reportada pela primeira vez para a Amazônia maranhense (Municípios de Buriticupu e Santa Luíza). Como
novidade morfológica para G. apostoloi, as flores pistiladas são descritas: 2 sépalas ca. 1 × 1 mm, redondas;
4 pétalas, 2 externas 4,2–4,8 × 2,7–2,9 mm, ovadas, 2 internas 5,7–6,1 × 3,7–4 mm, obovadas; disco
nectarífero anelar ca. 2 mm diâm.; estaminódios ca. 10 por flor, dispostos em apenas 1 série; ovário ca. 3 × 2
mm, oblongo-ovoide; estigma 1,2–2,3 mm diâm., capitado, trilobado. Apresenta-se G. spruceana (Engl.)
Mouzinho como novo registro para o Brasil (Acre, Sena Madureira). Esta espécie anteriormente era
reportada e conhecida apenas pela coleção tipo do Peru. Como novidade morfológica para G. spruceana,
destacamos que a espécie é portadora de frutos com epicarpo liso. Em suma, os resultados apresentados
evidenciam os avanços na taxonomia do gênero na região Neotropical. Conforme a ocorrência de G.
spruceana no Brasil, o país passa a abranger a ocorrência de 13 espécies, igualando com Cuba em termos de
riqueza. Ressaltamos que ainda é necessário maior esforço amostral para estabelecer os limites geográficos e
morfológicos de outras espécies que carecem de melhor análise.
Palavras-chave: Bacuri, Bacuripari, Diversidade, Taxonomia.
Apoio: FAPEAM/ IAPT - Biodiversity Challenge 2022/2023.
ARQUITETURA FOLIAR DE DUAS ESPÉCIES AMAZÔNICAS DO GÊNERO Clusia L.
(CLUSIACEAE LINDL.)
Eliandra Moraes Coelho1; Tulio Alex Martins da Silva1; Thiago Mouzinho1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Departamento de Botânica, Laboratório de Taxonomia Vegetal, Manaus, AM.
E-mail: eliandramoraescoelho830@gmail.com
Clusia L. é um gênero Neotropical pertencente à família Clusiaceae com aproximadamente 300 espécies. Em
relação aos aspectos vegetativos, Clusia possui caracteres marcantes que facilitam seu reconhecimento,
como lâminas foliares frequentemente obovadas, com ápice obtuso a arredondado, e consistência rígida,
variando de subcoriácea a, raramente, suculenta. Entretanto, os padrões de nervação ainda são pouco
discutidos no âmbito taxonômico em Clusia. O objetivo deste estudo foi investigar e descrever os padrões de
nervação de duas espécies amazônicas de Clusia: Clusia lopezii Maguire e C. microstemon Planchon &
Triana. Amostras de folhas foram obtidas de espécimes contendo duplicatas disponíveis no herbário INPA.
Para o estudo da arquitetura foliar, as amostras passaram por processo de diafanização, que consiste em três
etapas: a) hidratação, b) clarificação, e c) coloração. Posteriormente, as amostras foram fotografadas no
estereomicroscópio Leica M205C e descritas conforme literaturas específicas sobre arquitetura foliar. Nossos
resultados indicam que C. lopezzii possui nervuras secundárias craspedódromas com espaçamento regular;
nervuras terciárias dicotomizadas, poucas formações de aréolas (3–4 lados, pentagonais) com 1–2 vênulas.
Em C. microstemon, as nervuras secundárias são semi-broquidódromas com espaçamento irregular; nervuras
terciárias reticuladas, aréolas frequentes na região intercostal e marginal (4–5 lados quadriculares a
pentagonais) com 1–2 vênulas. Assim, além de complementar as descrições morfológicas de ambas as
espécies, o estudo mostrou-se eficiente na delimitação das espécies estudadas. Além de contribuir para a
distinção precisa entre as espécies, os resultados reforçam a importância da análise morfológica detalhada.
Palavras-chave: Amazônia, Diafanização, Padrão de nervação, Taxonomia.
Apoio: CNPq, INPA.
ISOLADOS DE Trichoderma SPP. NO CONTROLE DA PODRIDÃO-DE-ESCLERÓCIO
EM TOMATEIROS
Antônia Di Paola Rosas Batista1; Lucas Nascimento de Almeida1; Jackeline Santos Menezes 1; Rogerio Eiji Hanada1;
Luiz Alberto Guimarães de Assis1; André Luís Willerding1; Claudia Afras de Queiroz2; Rosalee Albuquerque Coelho
Netto1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido, Manaus, AM.
2Embrapa Amazonia Ocidental, Laboratório de Biologia Molecular, Manaus, AM.
E-mail: antoniarosasbatista@hotmail.com
O tomate (Solanum lycopersicum L.) é uma das hortaliças mais consumidas no mundo, mas sua produção no
estado do Amazonas enfrenta diversos desafios, incluindo a alta incidência de doenças. Em regiões tropicais,
quente e úmidas, a podridão-de-esclerócio, causada pelo fungo Sclerotium rolfsii Sacc, pode gerar sérios
danos às plantas. Neste contexto, o controle biológico vem sendo utilizado, não apenas como uma solução
para reduzir a necessidade de agroquímicos, mas também como uma alternativa de ferramentas tecnológicas
que propiciem o desenvolvimento sustentável da agricultura e Trichoderma spp. está entre os agentes de
controle biológico mais estudados. Os fungos deste gênero são conhecidos por sua capacidade de atuar
como agentes de biocontrole, promovendo o controle de fitopatógenos através de mecanismos como
competição, micoparasitismo e indução de resistência nas plantas. Este estudo teve como objetivo avaliar o
potencial de isolados do gênero Trichoderma, promissores no controle de podridão-de-esclerócio em
tomateiros, em condições de campo. O experimento foi realizado utilizando suspensões de conídios em
concentração de 2,6x107 conídios-1 de quatro isolados de Trichoderma (T1 - INPA 2951; T2 - INPA 2957; T3
- INPA 2959; T4 - INPA 2475), além de dois tratamentos adicionais: um fungicida biológico à base de
Trichoderma (T5 - Tricho-turbo) e um fungicida químico comercial (T6 - Orkestra). e uma testemunha sem
tratamento (T7) como controle. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados com sete
tratamentos e quatro repetições. Cada unidade experimental foi composta de quinze plantas. As variáveis
avaliadas foram à incidência da doença e a produção de frutos. A análise de variância foi realizada utilizando
o software Sisvar, e as médias foram comparadas pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. Em relação
média da incidência da podridão-de-esclerócio, os tratamentos T2 e T6 apresentaram os menores valores,
0,35 e 0,00, respectivamente, sendo estatisticamente inferiores aos demais. Por outro lado, os tratamentos T7
(1,45), T5 (1,00), T3 (0,85), T4 (0,70) e T1 (0,65) não diferiram significativamente entre si e mostraram
maior incidência da doença. Quanto à produção de frutos, os tratamentos T2 (1,50), T3 (1,29), T6 (1,26) e T5
(1,10) se destacaram com médias significativamente superiores em comparação aos outros tratamentos. Já os
tratamentos T7 (0,89), T1 (0,84) e T4 (0,65) não diferiram significativamente entre si e apresentaram as
menores produção. Os resultados evidenciam o grande potencial do tratamento com o isolado T2 (INPA
2957), que demonstrou melhor desempenho tanto no controle da doença quanto na produtividade, sugerindo
que seu uso pode beneficiar o cultivo de tomateiros por meio de múltiplos mecanismos de ação do
Trichoderma spp., como indução de resistência, competição e micoparasitismo. A aplicação de Trichoderma
spp., especialmente o isolado T2, pode ser uma estratégia eficaz e sustentável para o manejo de podridão-de-
esclerócio em tomateiros, melhorando a produção e reduzindo a dependência de insumos químicos. Este
estudo reforça a importância de explorar agentes biológicos de controle, como o Trichoderma, no
desenvolvimento de práticas agrícolas mais sustentável na região amazônica.
Palavras-chave: Controle Biológico, Sclerotium rolfsii, Solanum Lycopersicum,
Apoio: CNPQ, FAPEAM, CAPES, INPA e EMBRAPA.
POTENCIAL DE ISOLADOS DE Trichoderma spp. PARA PROMOÇÃO DE
CRESCIMENTO EM ALFACE AMERICANA
Jackeline Santos Menezes1; Lucas Nascimento Almeida1; Maria Larrissa Hermido da Silva1; Antônia di
Paola Rosas Batista1; Luiz Alberto Guimarães de Assis1; And Luís Willerding1; Claudia Afras de Queiroz2; Rogério
Eiji Hanada1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), PPG ATU, Manaus, AM.
2Embrapa Amazônia Ocidental, Laboratório de Biologia Molecular, Manaus, AM.
E-mail: jackeline.menezes@posgrad.inpa.gov.br & claudiaafras@gmail.com
A alface (Lactuca sativa L.) é uma hortaliça folhosa de grande importância econômica no Brasil,
amplamente consumida devido ao seu baixo teor calórico e por fornecer vitaminas e sais minerais. Entre os
diversos grupos de alface, o tipo americana se destaca por sua maior tolerância ao processamento e à
conservação pós-colheita, sendo preferencialmente utilizada por indústrias e lanchonetes. Os microrganismos
promotores de crescimento de plantas (MPCP) são organismos que estabelecem relações simbióticas ou
associativas com os vegetais, favorecendo o seu crescimento e desenvolvimento. Neste contexto, o presente
estudo teve como objetivo avaliar o potencial de sete isolados de Trichoderma spp. na promoção do
crescimento da alface americana em casa de vegetação. Os isolados de Trichoderma spp. utilizados foram
provenientes da Coleção de Microrganismos de Interesse Agrossilvicultural do INPA, sendo testados os
seguintes isolados: INPA 2983 (T1), INPA 2976 (T2), INPA 2478 (T3), INPA 2981 (T4), INPA 2475 (T5),
INPA 2987 (T6) e INPA 2991 (T7). No Laboratório de Fitopatologia do INPA, preparou-se a suspensão,
ajustada à concentração de 2,6 x 10 conídios mL⁻¹, dos isolados utilizando a câmara de Neubauer sob
microscópio de luz. O experimento foi conduzido na Estação Experimental Dr. Alejo Von Der Pahlen, com a
semeadura da alface americana cultivar Diva em bandejas de poliestireno expandido com 200 células,
utilizando substrato comercial (Tropstrato HT Hortaliças®). Durante a semeadura, aplicaram-se 2 mL da
suspensão de conídios dos isolados de Trichoderma spp. em cada célula de acordo com o tratamento (exceto
na testemunha). As bandejas foram mantidas em ambiente protegido e, após 22 dias, realizou-se o
transplantio para a casa de vegetação, com espaçamento de 0,35 m x 0,35 m, irrigação diária e capinas
periódicas. Na casa de vegetação foi realizada uma segunda aplicação da suspensão de conídios. O
experimento seguiu o delineamento em blocos casualizados, com oito tratamentos (T1 a T8), sendo um
controle (sem tratamento), e quatro repetições, cada uma composta por 10 plantas. Na colheita, avaliaram-se
altura das plantas (AL), comprimento da raiz (CR) e massa fresca da parte aérea (MFPA), utilizando seis
amostras por repetição. As medições foram feitas com régua graduada (AL e CR) e balança digital (MFPA).
As médias foram submetidas à análise de variância, com comparação pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade, utilizando o software SISVAR. Houve diferença significativa entre os tratamentos em relação
à altura das plantas, sendo o isolado INPA 2981 (T4) superior aos demais. O tratamento controle (T8)
apresentou o menor desempenho. Para comprimento da raiz e massa fresca da parte aérea, não houve
diferença significativa entre os tratamentos. No CR, o isolado INPA 2983 (T1) apresentou a maior média,
diferindo positivamente dos outros tratamentos, enquanto na MFPA o isolado INPA 2987 (T6) obteve a
melhor média. Em ambos os casos, o controle (T8) teve o menor desempenho. Conclui-se que os isolados de
Trichoderma spp. 2981 (T4), 2983 (T1) e 2987 (T6) têm potencial para promover o crescimento da alface
americana em condições de casa de vegetação.
Palavras-chave: Agrobiodiversidade, Bioestimulante vegetal; Lactuca sativa; Sustentabilidade.
Agradecimentos: Fapeam e Capes.
PODFLOR: PODCAST INCLUSIVO SOBRE AMAZÔNIA PARA PCD VISUAL
Savanah Franco de Freitas1; Valquíria Clara Freire de Souza2; Daniel Andrade Santiago2; Fernanda Silva Trindade3;
Álefe Lopes Viana4; Francisco Tarcísio Moraes Mady5
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais e Ambientais,
Manaus, AM.
3Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Acadêmica de Engenharia Florestal, Manaus, AM.
4Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), Departamento de Química, Ambiente e
Alimentos, Manaus, AM.
5Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Departamento de Ciências Florestais, Manaus, AM.
E-mail: engflorsav@gmail.com
O projeto “PodFlor: Florestas e meio ambiente acessíveis é um projeto de extensão universitária de
professores e alunos do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Amazonas com o objetivo
de produzir e compartilhar conteúdo em áudio (podcasts), sobre meio ambiente, biomas florestais e suas
peculiaridades, direcionado para Pessoas Com Deficiência (PCDs) visual, com uma comunicação imersiva e
descritiva, com ferramentas de Inteligência Artificial (IA), capazes de converter textos em vozes realistas,
resultando em material sonoro acessível e de boa qualidade. A inclusão social de PCDs requer esforços que
permitam elaborar mecanismos para promover a acessibilidade também ao conhecimento acadêmico. Em uso
mais de uma década, um podcast é um episódio personalizado, pode ser armazenado no computador,
celular e/ou disponibilizados na Internet, vinculado a um arquivo de informão denominado “feed”. A
palavra vem da junção de “Ipod(aparelho da empresa Apple, que reproduz arquivos em formato .mp3) e
“Broadcast(transmissão). O podcast pode ser útil a pessoas que necessitam de formação, mas que dispõem
de pouco tempo para estudar e assistir aulas, e torna-se mais interessante quando se considera pessoas com
função visual comprometida. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (2019), há 6,5 milhões de pessoas com algum grau de deficiência visual no Brasil. Este projeto se
enquadra no objetivo 10 da lista de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas,
intitulado “Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”. Conforme consta no item 10.2: "Até 2030,
empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, gênero,
deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra." O PodFlor contou com a orientação
dos membros da Associação dos Deficientes Visuais do Amazonas (ADVAM), a fim de identificar demandas
e definir os temas que seriam abordados. A partir disso, cada aluno integrante do projeto ficou responsável
pela elaboração de 2 textos, abordando temas distintos, relacionados à temática ambiental. Cada texto lido
resultou em um áudio de aproximadamente 10 minutos. Os textos inseridos no conversor de voz digital
“Microsoft Clipchamp”, com IA, para ajustar a velocidade de leitura e a necessidade de acentuação pontual.
Foram produzidos 22 textos, onde 13 foram selecionados inicialmente para a seguinte conversão para áudio.
Em seguida, foi elaborada uma capa para cada áudio do podcast, a fim de que fossem publicados na
plataforma virtual YouTube, onde os áudios estão disponíveis gratuitamente, no canal
youtube.com/@projetopodflor. A aceitação do podcast pelos seus ouvintes foi positiva, especialmente pelo
fato do formato de áudio ser acessível e inclusivo, sendo baseado na comunicação auditiva, atende
diretamente esse público, permitindo a troca de conhecimento e entretenimento sem barreiras visuais. O
PodFlor é uma excelente maneira de proporcionar conteúdo acessível para escolas e universidades,
reforçando a ideia de ser uma mídia ativa, acolhedora e adaptável, renovando as práticas educativas. A
inclusão de temas relevantes e o uso de uma linguagem clara e acessível também são fatores que
potencializaram a adesão e o sucesso do PodFlor.
Palavras-chave: Floresta Amazônica, Podcast, PCD Visual
PANORAMA DO MANEJO FLORESTAL COMUNITÁRIO MADEIREIRO NO ESTADO
DO AMAZONAS
Álefe Lopes Viana1; Sheila Cristina de Aquino da Silva2; Daniel Andrade Santiago3; Fernanda Silva Trindade4; José
Roselito Carmelo da Silva5; Savanah Franco de Freitas6; Valquíria Clara Freire de Souza7; Francisco Tarcísio Moraes
Mady8; Fernando Cardoso Lucas Filho9; Neliton Marques da Silva10
1,5 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), Departamento de Química, Ambiente e
Alimentos, Manaus, AM.
2 Centro Universitário Fametro, Acadêmica de Medicina Veterinária, Manaus, AM.
3,4,7,8,9,10Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Faculdade de Ciências Agrárias, Manaus, AM.
6 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
E-mail: alefe.viana@ifam.edu.br
O presente trabalho aborda a temática do manejo florestal madeireiro de base comunitária, apresentando
brevemente seu histórico e evolução, as principais dificuldades de implementação, legislação de suporte e a
quantificação das iniciativas no Estado do Amazonas. O objetivo geral foi apresentar um panorama sobre o
licenciamento das atividades de manejo florestal comunitário madeireiro no Estado do Amazonas entre os
anos 2000 e 2021. Quanto aos métodos, o presente estudo caracteriza-se por uma abordagem
qualiquantitativa, utilizando-se a pesquisa bibliográfica e documental. Foi realizado um levantamento sobre
as atividades de manejo florestal madeireiro comunitário no Estado do Amazonas, por meio da base de
informações fornecidas pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM). Os resultados obtidos
revelaram que entre 2000 e 2021 foram emitidas 100 licenças ambientais de exploração para manejo florestal
comunitário madeireiro, com projetos localizados em 11 municípios do Estado do Amazonas, com destaque
para Maraã, Santo Antônio do Içá e Uarini. O volume total de madeira licenciada para o período foi de
68.122,43 m3 e 10.242 árvores exploradas, sendo as espécies assacu (Hura crepitans L.), macacarecuia
[Eschweilera albiflora (DC.) Miers] e mulateiro [Calycophyllum spruceanum (Benth.) K.Schum.] as mais
exploradas. Embasado no entendimento a partir das análises bibliográficas e documentais sobre as atividades
do manejo florestal comunitário, espera-se contribuir para o fortalecimento de uma política de planejamento
sobre a atividade, tanto em nível local quanto regional. Não uma fonte unificadora de dados sobre o
manejo florestal comunitário no Estado do Amazonas que possa gerar em tempo hábil estatísticas
consistentes e atualizadas. Desta forma, a pesquisa visa contribuir para o fortalecimento da atividade,
fazendo com que o manejo florestal comunitário madeireiro não seja apenas um simples fornecedor de
matéria-prima, mas que esteja interligado a uma cadeia produtiva da madeira, gerando produtos de alto valor
agregado, com matéria-prima de origem legal.
Palavras-chave: Extração madeireira, Floresta Amazônica, Recursos florestais madeireiros.
Apoio: Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas (IFAM).
UTILIZAÇÃO DO PECÍOLO DE INAJÁ PARA A PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE
PAPEL NA AMAZÔNIA
Álefe Lopes Viana1; Sheila Cristina de Aquino da Silva2; Daniel Andrade Santiago3; Fernanda Silva Trindade3; Savanah
Franco de Freitas4; Valquíria Clara Freire de Souza3; Francisco Tarcísio Moraes Mady3
1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), Departamento de Química, Ambiente e
Alimentos, Manaus, AM.
2Centro Universitário Fametro, Manaus, AM.
3 Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM.
4Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
E-mail: alefe.viana@ifam.edu.br
O papel é um dos materiais mais importantes e versáteis já criados pela humanidade, podendo ser fabricado a
partir de diversos materiais, incluindo as palmeiras. O inajá (Attalea maripa (Aubl.) Mart.) por exemplo,
abundante na região amazônica, não possui uso comercial, mas a produção de papel a partir de seu pecíolo
pode gerar uma fonte de renda adicional para pequenos produtores e ribeirinhos. Em regiões com alto índice
de desmatamento, o inajá frequentemente invade áreas ocupadas, dificultando o manejo de pastagens,
agregando valor econômico a essa palmeira e o seu potencial na região. Dessa forma, o objetivo desta
pesquisa foi desenvolver papel produzido a partir do pecíolo de inajá (Attalea maripa (Aubl.) Mart.). A
pesquisa foi realizada no Laboratório de Física da Madeira (Universidade Federal do Amazonas e no
Laboratório de Celulose e Papel (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Foram extraídos
quatro pecíolos de seis indivíduos selecionados, totalizando 24 pecíolos, provenientes da Área do Campus da
Universidade Federal do Amazonas. Após a coleta dos pecíolos, obteve-se a polpa pelos tratamentos de
desfibramento mecânico, semiquímico e químico. Foram realizados ensaios na fabricação das polpas, refino
e testes mecânicos no papel. O tratamento que obteve melhor resultado perante os ensaios foi o químico, que
utiliza soda caustica e enxofre (17%), onde após o refino, obteve-se a formação da lâmina de papel. Os
tratamentos “mecânico e semiquímiconão formaram lâmina e, por consequência”, não passou por ensaios
posteriores ao beneficiamento de polpa. O inapossui grande relevância como fibra secundária alternativa,
podendo ser usado para fins papeleiros no emprego de embalagens, caixas para presentes, convites e
envelopes, pois apresenta ótimos índices de resistência devido a sua fibra longa. Considerando que as
espécies vegetais fibrosas ocupam papel de destaque no cotidiano das comunidades tradicionais amazônicas,
estas podem ser beneficiadas se fizerem uso desta técnica em empregá-las, por exemplo, em produtos feitos
de papel artesanal, conquistando uma fonte de renda com sua comercialização, além de contribuir com a
conservação da floresta.
Palavras-chave: Attalea maripa, Celulose, Palmeiras Amazônicas.
Apoio: Laboratório de Física da Madeira (UFAM/FCA) e Laboratório de Celulose e Papel (INPA).
CARTAS DA MATA ATLÂNTICA PARA A AMAZÔNIA: UMA AÇÃO DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Anna Carla de Castro Paixão¹; Sandra Ciriaco de Cristo²; Giseli Albuquerque de Oliveira³; Cecília Batista da Penha4;
Juliana Kemilly Lopes Seixas4; Hisabella Françoany Bezerra de Miranda4
1Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA),
Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Professora na Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar do
Amazonas (SEDUC-AM). Manaus, AM.
²Professora de Biologia, Secretaria de Estado de Educação do Espírito Santo (SEDU-ES), Vitória, ES.
³Graduada em Ciências Biológicas, Instituto Federal de Educação do Amazonas (IFAM), Manaus, AM.
4Estudante do Ensino Médio, Secretaria de Educação do Estado e Desporto Escolar do Amazonas (SEDUC-AM),
Manaus, AM.
E-mail: annacarlabio@gmail.com
A Amazônia é caracterizada por uma floresta exuberante e rica em biodiversidade, considerando esses fatos,
os alunos de uma escola da rede pública do Estado do Espírito Santo, preocupados com a rápida degradação
ambiental da floresta amazônica, resolveram escrever cartas para alunos que vivem no bioma Amazônia, a
fim de alertá-los sobre a importância da preservação dos recursos naturais. Portanto, o objetivo desse
trabalho foi de realizar um intercâmbio ambiental, a fim de sensibilizar estudantes quanto à importância da
preservação da Floresta Amazônica, levando em consideração a atual realidade de degradação da Mata
Atlântica, com uma abordagem da educação ambiental diferenciada. O presente trabalho foi realizado em
parceria entre a Escola Estadual Jairo da Silva Rocha (Escola “A”) localizada na cidade de Manaus, no
Estado do Amazonas, e a Escola Estadual José Rodrigues Coutinho (Escola “B”) localizada no município de
Cariacica, no Estado do Espírito Santo. No primeiro momento foi realizada em cada escola, uma roda de
conversa com os alunos que foram selecionados como público-alvo. Para coleta de dados foram realizadas
entrevistas com perguntas abertas para compreender a percepção dos alunos sobre o meio ambiente, o que
caracteriza a pesquisa como qualitativa, de natureza observação participante. O critério de inclusão
estabelecido foi de estudantes que cursassem a primeira série do ensino médio, pois quanto mais cedo o
aluno tiver contato com a educação ambiental, ele incorpore esses hábitos em sua rotina. Posterior a isso os
25 alunos da Escola “B enviaram cartas para 22 alunos da Escola “A que as leram e comentaram. A
próxima etapa do projeto envolveu a visitação a áreas verdes urbanas, tanto da cidade de Manaus quanto da
cidade de Cariacica. Nesses momentos foram realizados registros fotográficos com celular, desenhos e
anotações, e no final dessa atividade os alunos da Escola “Aescreveram um pequeno relato em forma de
carta que foi enviado para os alunos da Escola “B”. Para análise de dados tanto da roda de conversa quanto
das cartas foi realizado a análise de conteúdo, usando a técnica da nuvem de palavras, que consiste em
quanto mais vezes uma palavra estiver presente em um conjunto de dados, maior e mais forte será a palavra
na representação. As cartas escritas pelos alunos da Escola “B traziam vocábulos como “degradação
“desmatamentoe o alerta sobre a preservação da Floresta Amazônica. Na etapa de visitação a áreas verdes,
os alunos da Escola “Aforam ao Museu da Amazônia (MUSA) e ao Bosque da Ciência do INPA (Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia), e os alunos da Escola “Bvisitaram a Reserva Natural Vale. Os dados
analisados indicaram que os discentes perceberam a importância de estar em contato com a natureza e de
preservar as áreas verdes, pois os relatos escritos dos alunos da Escola B traziam vocábulos como
“Preservaçãoe “Não as queimadas”. Portanto, verifica-se que o repasse de informações e a vivência na
floresta tem efeitos positivos para despertar nos alunos o senso de dever ambiental, e os conceitos de
desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: Biomas Brasileiros, Floresta Amazônica, Intercâmbio ambiental, Preservação.
Apoio: FAPEAM (Fundão de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas).
OCORRÊNCIA DE Ora CLARK,1865 (COLEOPTERA: SCIRTIDAE) NA AMAZÔNIA
BRASILEIRA E PERUANA
Gabrielle Jorge1; Raul Bismarck Pinedo-Garcia1; Jorge Luis Peralta-Argomeda2; Neusa Hamada1
1Coordenação de Biodiversidade-CoBio, Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPGEnt),
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM, Brasil.;
2Laboratorio de Ecología de Invertebrados Acuáticos Continentales,
Facultad de Ciencias Biologicas, Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Lima, Perú.
E-mail: gabrielle.melo2011@gmail.com
Scirtidae Fleming, 1821 é uma família composta por pequenos besouros aquáticos, cujas larvas são aquáticas
e os adultos são terrestres. Esses besouros o popularmente conhecidos como “marsh beetles”, termo em
inglês que quer dizer “besouros do pântano”, fazendo referência ao hábitat pantanoso da maioria das larvas
conhecidas dessa família. Os Scirtidae possuem distribuição mundial, atualmente com mais de 1.900
espécies descritas, distribuídas em 95 gêneros e três subfamílias. Na região Neotropical são registradas cerca
de 200 espécies e 14 gêneros, incluindo o gênero Ora Clark, 1865. O estudo de Scirtidae na região
Neotropical ainda é bastante escasso, quando comparado a outras regiões do globo. Dos gêneros que ocorrem
na América do Sul, Ora Clark é um dos mais conhecidos e com maior distribuição, com registros no Brasil
(14 espécies) e Argentina (11 espécies). Esse gênero possui pouco mais de 60 espécies, e é amplamente
distribuído, sendo registrado em locais como Austrália e Japão, e embora algumas espécies americanas
tenham sido redescritas, o gênero ainda precisa ser estudado e taxonomicamente resolvido. Os adultos de
Ora são saltadores, possuindo o metafêmur dilatado, o que lhes confere a habilidade de realizar salto e as
larvas possuem antenas multissegmentadas, geralmente mais longas que o comprimento do corpo. Neste
trabalho, o objetivo foi identificar a fauna de Ora na Amazônia brasileira e peruana, contribuindo para a
compreensão de sua distribuição na região. Foram realizadas coletas no Brasil, nos estados do Amazonas
(2017, 2018) e Roraima (2016), pelo Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos (LACIA) do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), e no Peru, departamento de Loreto (2013), pelo
Laboratorio de Ecología de Invertebrados Acuáticos Continentales da Universidad Nacional Mayor de San
Marcos. Os espécimes adultos foram coletados com armadilha luminosa colocada perto de corpos d’água e
as larvas foram coletadas em lagos e rios, e mantidas vivas em laboratório até a emergência do adulto. Foram
identificadas quatro espécies de Ora para a Amazônia brasileira: Ora bivittata Pic, 1922, O. depressa
(Fabricius, 1801), O. semibrunnea Pic, 1922 e O. atroapicalis Pic,1928; e três para a Amazônia peruana: O.
bivittata Pic, O. depressa (Fabricius) e O. semibrunnea Pic. Até o momento, apenas O. semibrunnea possui
registro para a Amazônia brasileira. Esta é a primeira vez que o gênero é registrado para o Peru. Os novos
registros de Ora na Amazônia brasileira e peruana não apenas ampliam o conhecimento sobre a distribuição
geográfica dessas espécies, mas também destacam a importância dos estudos sobre a família na região
Neotropical, além de ressaltar a importância dos ambientes aquáticos como habitats críticos para a
diversidade de besouros aquáticos.
Palavras-chave: Ambientes Aquáticos, Biodiversidade, Insetos Aquáticos, Rio Negro.
INCENTIVOS E RESTRIÇÕES LEGAIS PARA A CRIAÇÃO COMUNITÁRIA DE
QUELÔNIOS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO DO AMAZONAS: O
CASO DA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL UACARI
Brenda Queiroz Lins1; George H Rebêlo².
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Aluna do Mestrado Profissional de Áreas Protegidas da Amazônia, Manaus, AM.
²Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Coordenação de Extensão, orientador e docente MPGAP,
E-mail brenda.queiroz@posgrad.inpa.gov.br & rebelojaca@gmail.com
A criação em cativeiro de quelônios para comercialização (quelonicultura), tem sido apontada como uma
solução viável para reduzir a captura e o comércio ilegais na Amazônia, se for capaz de evitar o declínio dos
estoques selvagens e fornecer renda legal e alternativa para os produtores locais. A realidade é diferente, a
quelonicultura representa uma produção aquícola relevante, mas não atende completamente a demanda,
principalmente, dos mercados locais no interior do estado, sem afetar o mercado informal, que continua em
crescimento. Avanço recente apresentado como alternativa no estado foi a regulamentação do chamado
Manejo comunitário de quelônios em Áreas prioritárias (a maioria em Unidades de Conservação de uso
sustentável), visando à regularização jurídica e a geração de renda para as comunidades tradicionais, através
das Resoluções CEMAAM n.º 25 e 26 de 2017. Este estudo apresenta uma análise dos incentivos e restrições
ao manejo comunitários de quelônios, a partir do entendimento das tentativas dos diferentes atores sociais na
Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS Uacari, de estabelecer unidades experimentais pioneiras no
processo de implementação e comercialização de quelônios seguindo as Resoluções do CEMAAM. Foram
avaliados normas e procedimentos que norteiam a criação comunitária de quelônios para a comercialização,
e realizadas entrevistas, para descrever a dinâmica e a estrutura dos processos de implementação do manejo
comunitário de quelônios na RDS de Uacari. O estudo de caso foi realizado na RDS Uacari, no município de
Carauari (AM) foram aplicados questionários semiestruturados para quatro grupos de atores sociais: A -
moradores e responsáveis pelas criações, B - técnicos e instituições governamentais, C - gestores da Unidade
de Conservação, e D Associações comunitárias. Todos os grupos de entrevistados foram unanimes em
reivindicar ou defender que a criação comunitária seja reconhecida para fins de justificar a concessão de
retorno social para os monitores de tabuleiros, pois prestam um serviço ambiental essencial. São vários
atores que desempenham papéis fundamentais na viabilização e execução dessas práticas de manejo
comunitário com criação, envolvendo diversos aspectos operacionais, logísticos e de financiamento. Com
isso a articulação entre esses atores sociais destaca a complexidade e a interconexão de esforços necessários
para promover práticas de conservação sustentáveis e socialmente responsáveis, principalmente de
associações e gestores. Assim sendo, todos os grupos têm praticamente a mesma fala, alguns mais técnicos,
outros voltados para meio ambiente, gestão, geração de renda e captação de recursos, mesmo a diversidade
de visões, os benefícios, as iniciativas, as dificuldades, o processo por completo estão pertencentes a todas as
visões e falas, em relação às dificuldades para iniciar e manter o manejo o que mais pesa é a necessidade de
fomentar a atividade, de apoio técnico e operacional. o governo estadual deveria considerar essa atividade
como parte integrante de políticas públicas, incentivando-a em vez de criar obstáculos burocráticos.
Palavras-chave: Conservação de quelônios, legislação ambiental, manejo comunitário de quelônios,
politicas públicas e unidades de conservação.
Apoio: Secretária de meio ambiente do estado SEMA pelo apoio logístico de passagem e deslocamento
para as comunidades; Instituto nacional de pesquisas INPA uso da estrutura do laboratório. Os outros
custos custeados pela pesquisadora.
AVALIAÇÃO IN VITRO DA CAPACIDADE DE ÓLEOS ESSENCIAIS NA INIBIÇÃO DO
CRESCIMENTO MICELIAL DE Colletotrichum scovillei
Suene Vanessa Reis de Almeida1; Luiz Alberto Guimarães2; Saul Alfredo Antezana Vera3; Francisco Célio Maia
Chaves4; Carina Nascimento Silva5; Rogério Eiji Hanada6
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido, Manaus, AM.
E-mail: suenevanessa5@gmail.com
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Coordenação de Sociedade Ambiente e Saúde (COSAS) Manaus, AM.
E-mail: luizlab1@hotmail.com
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido, Manaus, AM.
E-mail: saulantezana5@gmail.com
4Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM E-mail: celio.chaves@embrapa.br
5Universidade Federal Rural de Pernambuco; Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade, Recife, PE.
E-mail: cncarinaczs@gmail.com
6Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido (PPG ATU), Manaus, AM.
E-mail: rhanada.inpa@gmail.com
As espécies do gênero Colletotrichum, causadoras da antracnose, afetam uma ampla gama de plantas
hospedeiras, incluindo gramíneas, hortaliças, frutas e culturas perenes. A doença é mais frequente nos frutos,
pois as condições edafoclimáticas favorecem o desenvolvimento do fungo nesse órgão. No estado do
Amazonas, os danos causados por Colletotrichum scovillei na cultura de pimenta-de-cheiro (Capsicum
chinense) podem resultar em perdas de até 100% da produção, se o manejo não for adequado. O objetivo
deste estudo foi avaliar o efeito de óleos essenciais (OEs) na inibição do crescimento micelial de C. scovillei.
Foram testados onze óleos essenciais de diferentes espécies vegetais (Curcuma longa, Lippia alba, L.
gracilis, L. sidoides, Mentha arvensis, M. piperita, Ocimum gratissimum, Piper aduncum, P. hispidum, P.
hispidinervum e P. marginatum), aplicados individualmente em placas de Petri, nas concentrações de 0; 0,2;
0,5; 0,7; 1 e 1,2%, com a adição de Tween 80 (0,1%) como emulsificante. A mistura foi incorporada ao meio
de cultura BDA a 45 ºC e vertida em placas de Petri de 9 cm de diâmetro. Em seguida, um disco de 5 mm de
diâmetro de meio contendo o micélio do fungo foi transferido para o centro da placa. As avaliações
começaram 24 horas após a inoculação do fungo e foram realizadas diariamente por dez dias. O experimento
foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições por tratamento. Cada placa de
Petri foi considerada uma unidade experimental. Os dados foram submetidos à análise de variância
(ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott (p < 0,05), com o auxílio do software estatístico
R®. Os resultados indicaram que os óleos essenciais de L. gracilis e M. arvensis inibiram o crescimento
micelial em todas as concentrações testadas (0,2%; 0,5%; 0,7%; 1% e 1,2%). Já os OEs de C. longa, L. alba,
M. piperita, O. gratissimum, P. hispidum e P. hispidinervum mostraram inibição do crescimento fúngico à
medida que as concentrações aumentaram. Acredita-se que os OEs possuem propriedades lipofílicas que
permitem sua penetração na membrana plasmática do fungo, resultando em estresse osmótico e ruptura das
membranas celulares fúngicas. Dessa forma, os OEs de L. gracilis, M. arvensis, L. alba, M. piperita, O.
gratissimum, P. hispidum e P. marginatum foram eficazes na inibição do crescimento micelial de C. scovillei
em pelo menos uma das concentrações testadas. Este estudo demonstra o potencial dos óleos essenciais
como alternativas naturais aos fungicidas sintéticos para o controle de C. scovillei, ampliando as opções de
manejo para essa cultura.
Palavras-chave: Controle alternativo, pimenta de cheiro, agricultura, sustentabilidade.
Apoio: CNPQ, FAPEAM, INPA e EMBRAPA, CAPES.
DETECÇÃO DE MERCÚRIO TOTAL EM PELE E GORDURA DE BOTO-VERMELHO
(Inia geoffrensis) DO RIO NEGRO POR ESPECTOMETRIA DE ABSORÇÃO ATÔMICA
COM DECOMPOSIÇÃO TÉRMICA E AMALGAMAÇÃO (TDA-AAS): UM ESTUDO
PRELIMINAR
Gabriel da Cruz de Oliveira1, Thiago Luís Alberto da Silva do Nascimento2,
Adalberto Luis Val2, Vera Maria Ferreira da Silva1,3
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA), Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular (LEEM), Manaus, AM.
3Associação Amigos do Peixe-boi (AMPA), Manaus, AM.
E-mail: gabrielcruzufam@gmail.com
O mercúrio (Hg) é um metal pesado neurotóxico que apresenta risco significante à saúde dos organismos,
principalmente em ambientes aquáticos onde o Hg inorgânico pode ser transformado em metilmercúrio
(MeHg), que bioacumula e biomagnifica na cadeia alimentar. Estudos vêm demonstrando que os peixes
amazônicos estão contaminados com Hg em algum grau, com algumas espécies apresentando concentrações
de Hg acima do limite permitido pela legislação brasileira. Consequentemente, os golfinhos amazônicos
(Inia spp. e Sotalia fluviatilis), predadores piscívoros de topo de cadeia, não estão isentos desta
contaminação e apresentam Hg em seus tecidos. Entretanto, essas informações são escassas para as
populações de golfinhos do rio Negro e inexistentes para o boto-vermelho deste rio. Adicionalmente, a
espectrometria de absorção atômica a vapor frio (CV-AAS) é a técnica analítica mais empregada na detecção
do mercúrio total (HgT) em amostras de tecido (pele, gordura, músculo e fígado) dessas espécies de
golfinhos. Porém, não informações do uso da TDA-AAS, técnica analítica considerada promissora, pois
não precisa de um pré-tratamento das amostras (digestão ácida) como na CV-AAS e tem baixo custo.
Portanto, o objetivo deste estudo foi utilizar a TDA-AAS para detectar e quantificar o HgT em amostras de
pele e gordura de boto-vermelho (I. geoffrensis) encontrado morto no baixo rio Negro e avaliar a sua
aplicabilidade. As amostras (pele e gordura) foram coletadas em regiões distintas do flanco direito do corpo
de uma fêmea jovem e de um macho adulto. A determinação do HgT foi realizada em um analisador direto
de mercúrio, modelo DMA-80 dual-cell (Milestone, Itália), seguindo o método EPA 7473. A precisão e a
acurácia do equipamento foi verificada com o DORM-5 e as amostras foram analisadas em triplicata. A
concentração média de HgT na pele e na gordura da fêmea jovem foram 0,174 ± 0,020 e 0,097 ± 0,003,
respectivamente. No macho adulto, a concentração média de HgT na pele e na gordura foram 0,424 ± 0,068 e
0,559 ± 0,146, respectivamente. Essas concentrações são semelhantes às reportadas para botos-vermelhos de
outras bacias. As concentrações de HgT (médias) entre os dois indivíduos diferiram significativamente, tanto
na pele (t=-6.086; gl = 4; p = 0,003), como na gordura (t = -6.508; gl = 2; p = 0,002), semelhante ao que foi
observado em estudos anteriores. Conclui-se que a TDA-AAS é uma técnica viável na determinação de HgT
em amostras biológicas (pele e gordura) de boto-vermelho.
Palavras-chave: Água preta, Cetáceos, Metais pesados, Métodos analíticos, Toxicologia.
Apoio: INPA, CAPES, FAPEAM/POSGRAD, LEEM/INPA e AMPA.
NIARAS DO TAPAJÓS: AÇÕES PARA DESCONSTRUÇÃO DO COLONIALISMO
CIENTÍFICO NA AMAZÔNIA
Laenna Morgana Cunha da Silva¹; Mayda Cecília dos Santos Rocha²; Deliane Vieira Penha³
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Ciência e Tecnologia das Águas.
²Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal.
³Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),
Programa de Pós-graduação em Biodiversidade (PPGBEES), Santarém, PA.
E-mail: moorganacunha@gmail.com
Historicamente, o conhecimento científico sobre a Amazônia tem sido predominantemente produzido por
pesquisadores vinculados a instituições das regiões sul/sudeste do Brasil e/ou outros países do norte global.
Esse cenário reflete uma produção científica colonialista, onde saberes de comunidades tradicionais e povos
originários são ignorados e a capacidade intelectual de pesquisadores locais é minimizada. Embora o
colonialismo científico seja amplamente discutido globalmente, especialmente em campos como
antropologia e arqueologia, na escala nacional, esse tema tem sido ignorado, perpetuando a participação de
amazônidas como atores passivos na produção do conhecimento. Embora a mudança dessa perspectiva seja
urgente, quais os caminhos para que ela ocorra? O objetivo deste relato é apresentar as ações do projeto
"Niaras do Tapajós", que visam desconstruir a estrutura do colonialismo científico através da capacitação de
estudantes e jovens pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará. Considerando que a produção
científica de alto impacto envolve diversas habilidades, atividades de capacitação para o desenvolvimento da
ciência básica foram promovidas ao longo de 16 meses: 1) O Workshop Caixa de Ferramentas do Cientista,
este proporcionou um espaço de aprendizado importante, onde os participantes desenvolveram competências
práticas em seus trabalhos acadêmicos, além de trocar experiências relacionadas aos temas discutidos
(introdução à ciência básica, etapas de um projeto de pesquisa e noções práticas de delineamento
experimental). 2) Palestras com temas voltados aos conceitos de colonialismo científico, conhecimento e
desenvolvimento da Amazônia. 3) Seminário de relatos de experiências em expedições científicas, onde
graduandos e pós-graduandos compartilharam experiências de amazônidas em grandes expedições. 4)
Mentoria: acontece de maneira focada e descontraída dentro do contexto de pesquisas dos alunos voluntários
do projeto e de participantes do encontro quinzenal “Café com as Niaras”, onde dúvidas acadêmicas são
sanadas e ideias discutidas. 5) Rede de colaboração e troca de saberes entre estudantes, pesquisadores e
membros das comunidades locais, atores do cenário científico na Amazônia. 6) Divulgação de produções
científicas amazônidas através das redes sociais, evidenciando o protagonismo dos pesquisadores e
estudantes locais. Todas as atividades promovidas têm grande adesão da comunidade acadêmica, e o retorno
dos participantes, especialmente em redes sociais, indica que tais ações contribuíram para o desenvolvimento
e liderança de suas pesquisas com autonomia e rigor científico. As ações também propiciaram a formação de
uma rede de apoio e colaboração em que vulnerabilidades acadêmicas são compartilhadas. Esses resultados
demonstram que capacitar e discutir questões relacionadas à estrutura do colonialismo científico com
graduandos, pós-graduandos e jovens pesquisadores amazônidas pode ser uma estratégia de decolonização
da produção do conhecimento na Amazônia, promovendo participação ativa, protagonismo e diversidade de
amazônidas, incorporando saberes e experiências locais. O projeto "Niaras do Tapajós" mostra que ao
empoderar cientistas amazônidas, é possível construir um futuro em que a Amazônia seja estudada por quem
vive nela, evidenciando que nada deve ser feito sobre a Amazônia sem os amazônidas.
Palavras-chave: Capacitação Científica, Ciência por Amazônidas, Decolonização.
Apoio: Niaras do Tapajós - Laboratório de Física e Química da Atmosfera (ATMOS) - Laboratório de
Ecologia e Conservação (LABECON) - Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) - Instituto
Serrapilheira.
CORRELAÇÃO ENTRE A TEMPERATURA DO AR E A TEMPERATURA DA SOLUÇÃO
NUTRITIVA NO CULTIVO DE ALFACE (Lactuca sativa L.) EM SISTEMA
HIDROPÔNICO
Adalberto Rodrigues Lira Gomes1; Rogério Eiji Hanada2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), discente de mestrado do Programa de Pós-Graduação em
Agricultura do Trópico Úmido, Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agricultura no
Trópico Úmido, Manaus, AM.
O cultivo de hortaliças em sistemas hidropônicos oferece diversas vantagens em comparação ao cultivo
convencional em solo, especialmente em regiões com solos de baixa fertilidade, como Manaus e sua área
metropolitana. A ausência de solo no sistema hidropônico permite o cultivo de hortaliças com alta exigência
nutricional, tornando-se uma alternativa atrativa para horticultores locais. No entanto, as altas temperaturas
dentro de ambientes protegidos podem elevar excessivamente a temperatura da solução nutritiva,
comprometendo o desenvolvimento das plantas. Este estudo teve como objetivo avaliar a correlação entre a
temperatura do ar no interior de uma casa de vegetação e a temperatura da solução nutritiva durante o cultivo
hidropônico de alface (Lactuca sativa L.) utilizando o sistema NFT (Nutrient Film Technique). O
experimento foi conduzido em um ambiente protegido localizado no município de Autazes-AM, com
dimensões de 9,63 m x 5 m, -direito de 2,5 m, abertura de lanternim de 0,5 m e cobertura plástica de 150
micras. O sistema NFT foi projetado especificamente para pesquisa, com cada linha de cultivo possuindo um
reservatório individual de 18 litros. As bancadas foram construídas com tubos de PVC de 50 mm de
diâmetro, inclinados a 10%. A solução nutritiva foi preparada com o Kit Hidropônico da marca Plantpar. As
mudas (cultivar BRS Leila) foram produzidas em espuma fenólica em bancadas de berçário e transplantadas
para os tubos de PVC aos 15 dias. A partir desse momento, iniciou-se a medição das temperaturas do ar e da
solução nutritiva. O sistema contava com 24 reservatórios, cada um contendo 18 litros de solução nutritiva.
As medições de temperatura foram realizadas três vezes ao dia (às 6 h, 14 h e 18 h), entre os dias 19/06/2024
e 11/07/2024. A circulação da solução nutritiva ocorreu de forma contínua das 10 h às 15 h e de forma em
intervalos de 15 minutos nos períodos de 6 h às 10 h e de 15 h às 18 h. Com base nos dados obtidos, foi
ajustada uma regressão polinomial de segundo grau (Y = -0,0216x² + 1,8858x - 6,9906), em que Y representa
a temperatura da solução nutritiva e X a temperatura do ar interno. O coeficiente de correlação (R²) foi de
0,80, indicando uma correlação forte entre as variáveis. Esta equação pode ser utilizada como uma
ferramenta prática para prever a temperatura da solução nutritiva no caso de agricultores que desejem migrar
do cultivo convencional para o hidropônico, utilizando o mesmo tipo de ambiente protegido. A necessidade
de circulação intermitente da solução nutritiva durante parte do dia, bem como sua circulação contínua nos
horários mais quentes, favoreceu a troca de calor entre a solução, os tubos de PVC e o ar circundante, o que
explica o alto grau de correlação observado entre as temperaturas do ar e da solução. Portanto, conclui-se que
as condições de cultivo adotada neste estudo exerceram uma influência positiva na correlação entre a
temperatura do ar e a temperatura da solução nutritiva.
Palavras-chave: Amazônia, Lactuca sativa, Sistema de cultivo, Temperatura ambiente.
Apoio: INPA, IDAM, FAPEAM.
ALIMENTO DO FUTURO: INSETOS COMO ALTERNATIVA NUTRICIONAL E
ECOLÓGICA
Eloisa Elena Macedo de Souza¹; Iracenir Andrade dos Santos²
¹Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Saúde Coletiva (ISCO), Santarém, PA.
²Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),
Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural (IFII), Santarém, PA.
E-mail: eelenamacedosz@gmail.com & iracenir.ufopa@gmail.com
A busca por fontes alternativas de alimentos tem ganhado importância global, especialmente diante de
desafios como o aumento populacional, mudanças climáticas e a necessidade de práticas alimentares mais
sustentáveis. Segundo relatório da Organizão das Nações Unidas, estima-se que a população mundial
ultrapasse 9,5 bilhões de pessoas em 2050. Nesse contexto, em vista de propor novas fontes de consumo, os
insetos aparecem como potencial solução devido ao seu alto teor de proteínas, fibras, vitaminas e gorduras
saudáveis. Além de seus benefícios nutricionais, a criação de insetos requer significativamente menos água,
terra e alimentos se comparado a pecuária convencional, se tornando uma opção promissora para atender a
demanda global de forma sustentável, gerando menos impactos ambientais. Culturas de diversas partes do
mundo já utilizam esses insetos como parte tradicional de suas refeições, principalmente na Ásia, África e
América Latina. Este trabalho tem como objetivo geral explorar as vantagens da incorporação dos insetos na
alimentação humana, abordando aspectos econômicos, culturais e de segurança alimentar. Foi realizada uma
revisão bibliográfica de materiais previamente publicados como teses, livros, artigos científicos e
dissertações, se configurando como uma pesquisa de caráter exploratória. Para obtenção desses arquivos
foram utilizadas as bases de dados acadêmicos PubMed, Scopus, Google Scholar, Periódico CAPES e
SciELO e os termos utilizados foram “consumo de insetos”, “entomofagia”, “antropoentomofagiae seus
correspondentes em inglês. As análises confirmam que entomofagia, ou o ato de comer insetos, é
amplamente praticada em diversas regiões do mundo e os mais consumíveis pertencem a ordens de besouros
(Coleoptera); abelhas, vespas e formigas (Hymenoptera); e grilos, gafanhotos e esperanças (Orthoptera).
Esses insetos são fontes ricas em proteínas e ácidos graxos essenciais, superando, em alguns casos, os
alimentos tradicionais de origem animal, como carne bovina e frango. Além de sua criação exigir menos
recursos naturais, apresentam menor emissão de gases de efeito estufa e calor e são mais vantajosos na
conversão de massa proteica, convertendo 2 kg de ração em 1 kg de carne comestível, enquanto o gado
bovino precisa de 8kg de ração para produzir 1 kg de carne. Entretanto, um dos principais obstáculos é a
aversão cultural ao consumo de insetos, sendo vistos muitas vezes como sujos e perigosos, porém,
campanhas educativas para o desenvolvimento de novos produtos alimentícios como farinhas de insetos
incorporadas e alimentos processados têm sido estratégias utilizadas para superar essa barreira. Larvas de
besouro-de-farinha (Tenebrio molitor) e gafanhotos foram descobertos como excelente perfil nutricional e
boa facilidade quando incorporados a alimentos processados, como barras de cereais, biscoitos e a
suplementos, como o whey protein à base de grilos (Gryllus assimilis). O consumo de insetos como alimento
humano oferece uma alternativa sustentável e rica em nutrientes, com potencial para enfrentar desafios como
a crescente demanda alimentar e os impactos ambientais da pecuária. Apesar dos benefícios, a limitação
cultural e a regulamentação da produção de insetos são obstáculos que precisam ser superados para viabilizar
a adoção em larga escala dessa prática.
Palavras-chave: Antropoentomofagia, Entomofagia, Recursos Naturais, Segurança Alimentar,
Sustentabilidade.
Apoio: FAPESPA.
BIOMETRIA DE SEMENTES DE VARIEDADES DE FEIJÃO-CAUPI CULTIVADAS POR
AGRICULTORES NO ESTADO DO AMAZONAS
Maria Larissa Hermido da Silva1; Jackeline Santos Menezes1; Ariel Dotto Blind1; Rogério Eiji Hanada1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduacão em Agricultura no Trópico Úmido, Manaus, AM.
E-mail: mlarissahermido@gmail.com
O feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) é uma leguminosa amplamente cultivada no Brasil,
especialmente nas regiões Norte e Nordeste, com grande importância alimentar e econômica. A análise
biométrica desempenha um papel crucial na conservação das espécies, na avaliação da variabilidade genética
e na previsão de aspectos fisiológicos, permitindo comparações entre diferentes localidades. Dessa forma,
objetivou-se caracterizar biometricamente sementes de feijão-caupi cultivadas por agricultores do estado do
Amazonas. As amostras consistiram em sementes de feijão-caupi da coleção mantida na Estação
Experimental de Hortaliças (EEH) “Dr. Alejo Von der Pahlen”, pertencente ao Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA). Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado (DIC) com seis
tratamentos e quatro repetições de cem sementes. Os tratamentos consistiram de seis variedades de feijão-
caupi: 40 dias, Boca Preta, Caupi Preto, Crioulo, Fígado de Galinha e Manteiguinha. A biometria das
sementes foi realizada com base em quatro descritores quantitativos propostos pelo Bioversity International:
comprimento, largura, espessura das sementes e peso de cem sementes. Os dados obtidos foram submetidos à
análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey, em nível de 5% probabilidade. Houve
diferença estatística entre as variedades de feijão-caupi para todas as características biométricas estudadas.
As variedades Boca Preta, Crioulo, Fígado de Galinha e Caupi Preto foram superiores estatisticamente para o
comprimento das sementes, com valores médios de 8,74 mm, 8,96 mm, 8,44 e 8,55 mm, respectivamente. As
variedades Boca Preta e Crioulo foram superiores estatisticamente para as características de largura e
espessura de sementes, com valores médios de 6,83 mm, 5,31 mm, 6,76 mm e 5,48 mm, respectivamente. A
variedade Crioulo foi superior estatisticamente para o peso de cem sementes, com valor médio de 27,50 g.
Com base nas variáveis analisadas e nos resultados obtidos, a variedade Crioulo apresenta vantagens
biométricas de rendimento mais favoráveis para os agricultores familiares do estado do Amazonas.
Palavras-chave: Agricultura familiar, Caracterização biométrica, Sementes crioulas, Vigna unguiculata.
Apoio: CAPES, FAPEAM, INPA.
INVESTIGANDO OS VISITANTES FLORAIS DE Mabea uleana PAX & K. HOLFFM.
(EUPHORBIACEAE) EM UMA CAMPINARANA NO MUNICÍPIO DE MANAUS – AM
Tulio Alex Martins da Silva1; Priscila P. Carlos2; Maria Teresa Fernandez Piedade1; Erich Fisher3; Andrea Lanna
Almeida4; Layon Oreste Demarchi1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Ecologia,
Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas - MAUA, Manaus, AM.
2Programa de pós-Graduação em Ecologia e Conversação,
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 79070-900 Campo Grande, MS.
3Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 79070-900 Campo Grande, MS.
4Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Departamento de Biologia Vegetal, Belo Horizonte, MG.
E-mail: tulioalex.silva@gmail.com
As florestas tropicais abrigam a maior biodiversidade mundial, e na Amazônia essa riqueza está distribuída
em diferentes ecossistemas. Dentre eles, destacam-se as campinaranas, que se diferenciam pelo solo arenoso
e pobre em nutrientes. Dentre as espécies comuns em campinaranas, podemos encontrar representantes do
gênero Mabea Aubl. (Euphorbiaceae), cuja biologia floral envolve diversos processos ecológicos. Dentre
esses processos está a polinização, um mecanismo crucial para as plantas, que em sua maioria precisam de
agentes bióticos como polinizadores. As espécies de Mabea oferecem néctar como principal recompensa, e
os eventos de polinização para o gênero podem ser realizados por abelhas, moscas, morcegos, aves, macacos
diurnos e marsupiais. Neste estudo estamos avaliando e caracterizando a biologia floral de Mabea uleana
(N=6) e investigando a diversidade de visitantes florais ao longo de 24h em uma área de campinarana na
Amazônia central. Os dados estão sendo obtidos por observação direta de campo e coleta de inflorescências
para inferir as visitações, viabilidade do pólen, receptividade do estigma, e volume e concentração de açúcar
no néctar. Foram escolhidas três inflorescências de seis indivíduos (N=18), Cada inflorescência teve duas
observações por período (não consecutivos), e as observações duraram 14 dias. Para a visitação diurna as
observações ocorreram (das 07h às 18h) e no período noturno (das 19h às 06h). Cada inflorescência foi
observada durante 30 minutos em intervalos de uma hora, totalizando 252 horas, dividido em diurno (126
horas) e noturno (126 horas). Como resultados preliminares, observamos que a antese da inflorescência se
inicia às 17:45h; a partir das 18h, o néctar começa a ser secretado durante a fase final de abertura,
acumulando volumes médios de até 70 μl por inflorescência; a concentração média de açúcares varia entre
4% e 6%. Foram registrados os visitantes florais das ordens: Hymenoptera (141 visitas), Díptera (30),
Blattodea (18), Lepidoptera (12) e Orthoptera (3). O período diurno apresentou 127 visitas e o noturno 77,
destacando Hymenoptera que apresentou maiores registros de visitas sendo 127 diurnos e 14 noturnos. Com
base nos dados obtidos até o momento, sugerimos que Mabea uleana tem uma ndrome de polinização
entomófila, o que contrasta com as duas espécies (M. fistulifera e M. occidentalis) do gênero já estudadas.
Palavras-chave: Amazônia, Biologia floral, Polinização, Recurso floral
Apoio: PELD- MAUA, CAPES
ESTOQUE DE SERAPILHEIRA EM UMA FLORESTA ATINGIDA POR BLOWDOWN
NA AMAZÔNIA CENTRAL
Kallyfa Mariano Abdon1; Cacilda Adélia Sampaio de Souza1; Valdiek da Silva Menezes1; Niro Higuchi1
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Laboratório de Manejo Florestal (INPA), Manaus, AM.
E-mail: kallyfama@gmail.com
A serapilheira está presente na camada mais superficial do solo em ambientes florestais, composta por folhas,
galhos, órgãos reprodutivos e miscelâneas. Além da sua composição elas exercem uma função importante no
equilíbrio e na dinâmica dos ecossistemas florestais. Os eventos naturais extremos, como os Downbursts e
Blowdowns, provocam uma mudança relevante na paisagem florestal promovendo um desbalanço na
ciclagem de carbono, água, nutrientes e da serapilheira do solo. A compreensão dos fatores que determinam a
estabilidade de povoamentos florestais é importante para o manejo de ecossistemas florestais e, dentre estes
fatores, a produção e decomposição da serapilheira são de interesse para o entendimento da funcionalidade e
o estabelecimento destes ecossistemas. Diante disso, o objetivo deste estudo foi investigar o estoque de
serapilheira em área atingida por Blowdown na Amazonia central. A pesquisa foi realizada em uma área
denominada Blowdown gardens, situada na Estação Experimental de Silvicultura Tropical do INPA, Núcleo
ZF2, na região de Manaus. As coletas foram realizadas em períodos sazonais. Após a coleta da serapilheira,
houve a triagem e separação de galhos, folhas, miscelâneas e material reprodutivo para pesagem, e posterior
foi feita a secagem. As análises estatísticas foram realizadas com o software R, utilizando análise de
variância fatorial e análises descritivas, seguindo as diretrizes do IPCC. No período seco, foi observado
diferenças no estoque de folhas e miscelâneas no centro da clareira, enquanto o menor estoque de galhos e
material reprodutivo foi encontrado na borda, impactado pelo blowdown. As árvores aumentaram a
desfolhagem para reduzir a perda de água devido às alterações estruturais na área. No período chuvoso,
notou-se variação nas miscelâneas na borda e no menor estoque de galhos e material reprodutivo no centro,
novamente devido ao blowdown. As chuvas intensificaram as atividades fisiológicas das árvores, resultando
em maior produção de serrapilheira e atividade biológica no solo. Esses resultados destacam o impacto das
condições climáticas e distúrbios na dinâmica dentro da Floresta. A pesquisa confirma o importante papel da
serrapilheira para a produtividade da floresta que foi fortemente influenciado pelo grau de distúrbio e a
estação, o que evidencia uma estratégia da comunidade florestal para maximizar esse estoque de serrapilheira
no período seco para que no período chuvoso esse material agregue ao solo para se conectar as raízes. Esses
resultados fornecem subsídios para ajudar na compreensão da dinâmica dos processos florestais tanto acima
quanto abaixo do solo de uma floresta em recuperação.
Palavras-chave: Decomposição, Dinâmica Produção, Ciclagem de Nutrientes. ZF-02.
Apoio: PIBIC/CNPq.
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS NO COMBATE À ANTRACNOSE
EM FRUTOS DE PIMENTA-DE-CHEIRO (Capsicum chinense)
Suene Vanessa Reis de Almeida1; Luiz Alberto Guimarães2; Saul Alfredo Antezana Vera3; Francisco Célio Maia
Chaves4; Carina Nascimento Silva5; Rogério Eiji Hanada6
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido, Manaus, AM.
E-mail: suenevanessa5@gmail.com
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Coordenação de Sociedade Ambiente e Saúde (COSAS) Manaus, AM.
E-mail: luizlab1@hotmail.com
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido, Manaus, AM.
E-mail: saulantezana5@gmail.com
4Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. E-mail: celio.chaves@embrapa.br
5Universidade Federal Rural de Pernambuco; Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade, Recife, PE.
E-mail: cncarinaczs@gmail.com
6Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido (PPG ATU), Manaus, AM.
E-mail: rhanada.inpa@gmail.com
As espécies do gênero Colletotrichumo patógenos que causam antracnose em diversas culturas ao redor do
mundo, principalmente em regiões tropicais e subtropicais. A doença resulta em lesões nos frutos das plantas
hospedeiras, frequentemente acompanhadas de sinais visíveis do patógeno. O objetivo deste estudo foi
avaliar o efeito de óleos essenciais (OEs) no controle da antracnose em frutos de pimenta-de-cheiro, causada
por Colletotrichum scovillei. Frutos saudáveis foram colhidos na área experimental de hortaliças do INPA,
localizada no Km 14 da Rodovia AM10, sendo selecionados aqueles com pedúnculo de coloração verde.
Após a colheita, os frutos foram submetidos à imersão em uma solução de hipoclorito de sódio (NaClO) a
1%, por 1 minuto, seguido de duas lavagens em água destilada esterilizada, e secagem em papel toalha
esterilizado. Os frutos foram então acondicionados em caixas do tipo Gerbox contendo algodão embebido
em água estéril para manter a umidade relativa. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado com 11 tratamentos, sendo os OEs de (Curcuma longa, Lippia alba, L. gracilis, L. sidoides,
Mentha arvensis, M. piperita, M. officinalis, Ocimum gratissimum, Piper aduncum, P. hispidum, P.
hisperdinervum e P. marginatum), em seis concentrações diferentes (0, 0,3%, 0,5%, 0,7%, 1% e 1,2%), sendo
a concentração zero como a testemunha, com seis repetições por tratamento. Cada repetição consistiu em três
frutos por caixa Gerbox, totalizando 18 frutos por tratamento. Os OEs foram pulverizados sobre os frutos
utilizando borrifador, e após 24 horas foi realizada a inoculação do patógeno, que consistiu em depositar
sobre o fruto uma gota de aproximadamente 10 µL da suspensão de conídios na concentração de 5 x 106
conídios mL–1 e, sobre a gota, foi realizada uma perfuração com uma agulha esterilizada (método de
pinpricking) até a ruptura do pericarpo do fruto. A avaliação da severidade da antracnose foi feita
diariamente, medindo o diâmetro da lesão. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as
médias comparadas pelo teste de Scott-Knott (p < 0,05) no software estatístico R®. Os resultados
demonstraram que os óleos essenciais reduziram significativamente a severidade da doença em todas as
concentrações testadas, destacando-se o óleo de P. aduncum, que controlou completamente a antracnose a
partir da concentração de 1,0%. Estudos anteriores sugerem que a eficácia fitossanitária dos óleos
essenciais reduz as lesões nos frutos, prolongando sua vida útil e evitando perdas pós-colheita ao controlar a
decomposição causada por fungos. Este estudo reforça a viabilidade do uso de OEs como alternativa aos
fungicidas sintéticos no controle de C. scovillei, oferecendo uma solução promissora para a agricultura
sustentável.
Palavras-chave: Colletotrichum scovillei, controle alternativo, agricultura, sustentabilidade.
Apoio: CNPQ, FAPEAM, INPA e EMBRAPA, CAPES.
CARACTERIZAÇÃO DE LOCOS MICROSSATÉLITES PARA Hypophthalmus
oremaculatus NANI E FUSTER, 1947: UMA ESPÉCIE DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL
NA AMAZÔNIA E ALCANCE DA AMPLIFICAÇÃO HETERÓLOGA
Ana Clara Carvalho da Silva1; Kyara Martins Formiga2,3; Jacqueline da Silva Batista3; Giselle Moura Guimarães-
Marques2
1Programa de Iniciação científica (PIBIC), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Manaus, AM. Faculdade Estácio do Amazonas.,
2Programa de Pós-graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPG BADPI/INPA) Manaus, AM.
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
Coordenação de Biodiversidade (COBIO/INPA).
E-mail: annaclaracarvalho5@gmail.com
Hypophthalmus oremaculatus Nani e Fuster, 1947, também conhecido como mapará é um bagre da ordem
Siluriformes pertencente à família Pimelodidae. Faz parte de um grupo de pequenos bagres pelágicos e
planctófagos que formam cardumes e realizam migrações verticais diárias. A taxonomia de Hypophthalmus
spp. foi recentemente revisada, resultando na identificação de seis espécies válidas, incluindo duas novas
descrições. Hypophthalmus é amplamente distribuído na América do Sul. De acordo com dados do IBAMA e
da FAO, Hypophthalmus spp. foi o terceiro grupo de Siluriformes mais capturado na América do Sul, entre
2002 e 2020, com preocupações crescentes sobre a sobrepesca, levando à sua inclusão em grupos protegidos
durante o período de defeso. Devido à pressão pesqueira sobre os estoques, é essencial identificar populações
e definir estoque genético de H.oremaculatus para desenvolver estratégias de manejo e conservação. Este
estudo teve como objetivos caracterizar marcadores microssatélites (SSR) para H. oremaculatus e avaliar sua
transferibilidade para outras espécies do gênero e espécies comerciais na Amazônia brasileira. Primers
específicos (30 pares) para H. oremaculatus, desenhados a partir de biblioteca genômica enriquecida, foram
testados. As amostras de DNA (N=28) de exemplares oriundos de três localidades (Manacapuru -AM, Lago
do rei-Iranduba - AM e Maués - AM) foram obtidas seguindo o protocolo de Fenol-Clorofórmio. Após a
quantificação e ajuste para 10 ng de DNA, os locos foram amplificados (método econômico/Schuelke, 2000)
e otimizados com o auxílio de gradientes de temperatura de anelamento. Os produtos de PCR foram
analisados por eletroforese capilar no analisador de DNA ABI 3130XL, e o software GeneMarker v2.64 foi
empregado para determinar o tamanho dos alelos e avaliar o polimorfismo dos locos. Os resultados
permitiram a identificação de locos polimórficos, que serão fundamentais para estudos futuros de genética
populacional e conservação de H. oremaculatus. Foram amplificados 19 locos e destes, 15 tiveram a
temperatura de anelamento otimizada e 13 apresentaram boa qualidade na genotipagem de exemplares de H.
oremaculatus. Os resultados preliminares indicam um loco polimórfico (Hore_01) e um monomórfico
(Hore_06), até o momento. A avaliação de transferibilidade foi realizada para avaliar o alcance da
amplificação heteróloga em espécies de Hypophthalmus e gêneros correlatos: Dos 15 locos, dez
amplificaram em todas as espécies; em outros gêneros de espécies comerciais na região. Dez locos foram
avaliados: dois locos (Hore_30 e Hore_10) foram específicos para o gênero Hypophthalmus, enquanto os
outros oito amplificaram em pelo menos uma espécie de outros gêneros (Piracatinga - Calophysus
macropterus); (piranambu - Pinirampus pirinampu); (bacu - Pterodoras granulosus); dourada -
Blachyplatystoma rousseauxii); (piramutaba - Brachyplatystoma vaillantii); (piraíba - Brachyplatystoma
filamentosum); (mandubé - Ageneiosus inermis); (pirarara - Phactocephalus hemioliopterus); (jaú - Zungaro
zungaro); (surubim - Pseudoplatystoma sp). Esta abordagem oferece uma alternativa para identificação
molecular quando a genotipagem em analisador de DNA não for viável. Esses dados podem orientar a gestão
e conservação de H. oremaculatus, especialmente na Amazônia, e subsidiar o desenvolvimento de práticas
sustentáveis de manejo e conservação da diversidade genética da espécie.
Palavras-chave: Diversidade, Heteróloga, Mapará.
Apoio: PIBIC/CNPq - INPA; FAPEAM Programa Amazônidas, CAPES PDPG, PPG-BADPI.
AVALIAÇÃO DE BIOPESTICIDA À BASE DE Piper aduncum L. NO CONTROLE DE
COCHONILHAS (HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) EM MUDAS DE Ochroma
pyramidale (CAV. EX. LAMB) URBAN. (PAU-DE-BALSA)
Matheus Cativo dos Santos¹; Marta Regina Silva Pereira¹; Angela Maria Imakawa¹; Maria da Glória Gonçalves de
Melo¹; Jair Marx Furtunato Maia¹; Edigelson Braz Chaves¹
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Laboratório de Propagação de Plantas e Recuperação de Áreas
Degradadas (LABPRAD), Manaus, AM.
E-mail: mcds.bio20@uea.edu.br
O uso intensivo de pesticidas químicos na agricultura tem sido amplamente questionado devido aos impactos
ambientais e à saúde humana, impulsionando a busca por alternativas sustentáveis. Entre essas alternativas,
destaca-se o uso de biopesticidas derivados de plantas, como o óleo essencial de Piper aduncum L.,
conhecido por sua eficácia no controle de pragas e pela presença de dilapiol, um composto com propriedades
inseticidas e repelentes. Este estudo avaliou a eficácia de um biopesticida à base de P. aduncum no controle
de cochonilhas (Hemiptera: Pseudococcidae) em mudas de Ochroma pyramidale (pau-de-balsa), uma espécie
utilizada na indústria madeireira e em práticas sustentáveis, como substituição do mercúrio no garimpo. O
experimento foi conduzido no Laboratório de Propagação de Plantas e Recuperação de Áreas Degradadas
(LABPRAD), na Universidade do Estado do Amazonas - UEA, utilizando mudas coletadas no Ramal
Brasileirinho e cultivadas no viveiro do laboratório. As mudas foram divididas em dois grupos de 25
indivíduos cada, sendo: grupo controle, que recebeu aplicação de água destilada, e um grupo experimental,
tratado com o biopesticida. As aplicações ocorreram a cada oito dias durante seis meses, com avaliações
mensais do crescimento das plantas e da presença de cochonilhas. Os resultados demonstraram efetividade
na redução da mortalidade e benefícios no crescimento nas plantas tratadas com o biopesticida, sugerindo
que o extrato de P. aduncum é uma alternativa viável e eficaz para o manejo sustentável de pragas em
Ochroma pyramidale. Além disso, pode representar um componente significativo em estratégias de manejo
integrado de pragas, em combinação com práticas agrícolas sustentáveis.
Palavras-chave: Agricultura ecológica, Controle biológico, Sustentabilidade agrícola, Uso de biopesticidas.
Apoio: FAPEAM.
INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DO VENTO E PRECIPITAÇÃO NOS PADRÕES DE
USO DE ÁGUA EM DIFERENTES INDIVÍDUOS ARBÓREOS NO DOSSEL EM
FLORESTA DE PLATÔ NA AMAZÔNIA CENTRAL
Ana Karoline de Aguiar Barbosa1; Gustavo Carvalho Spanner²; Niro Higuchi2
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Faculdade de Ciências Agrárias, Manaus, AM.
² Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Laboratório de Manejo Florestal (LMF), Manaus, AM.
E-mail: anaguiarbsa@gmail.com
A floresta amazônica exerce grande influência na vida terrestre por conta dos seus serviços ecossistêmicos,
principalmente através do seu ciclo hidrológico. Diante do cenário de mudança climática, os padrões no uso
de água das árvores podem ser afetados por diferentes variáveis, tais como a precipitação e a velocidade do
vento, trazendo à tona a necessidade do entendimento e conhecimento acerca dos efeitos ocasionados pelas
diferentes variáveis. Para o estudo, foram selecionados oito indivíduos arbóreos codominantes do dossel, em
uma área de floresta de terra firme localizada na Estação Experimental de Manejo Florestal ZF-2 do INPA.
Foram coletadas as características funcionas das espécies, como DAP e altura, e a quantificação de água
através do fluxo de seiva das árvores utilizando a metodologia desenvolvida por Granier. As variáveis micro-
metereológicas foram obtidas a partir da torre k-34 do projeto LBA Experimento de Larga Escala na
Biosfera-Atmosfera na Amazônia, utilizando um pluviômetro automático para obter os dados de
precipitação, e um anemômetro para a velocidade do vento. As coletas foram realizadas no período amostral
entre 06 de novembro de 2017 à 01 de junho de 2018. Os dados do uso de água para cada espécie foram
cruzados com as informações obtidas para a velocidade de vento e a precipitação e posteriormente
processados no software R e Excel. A velocidade média diária do vento durante o período selecionado foi de
0,53 m s-1, ocorrendo o aumento na série no mês de janeiro, atingindo seu ápice em fevereiro, com 1,58 m s-1
e estabilizando em maio, com a média de 0,60 m s-1. A precipitação durante o período foi de 1.376 mm, onde
68% dos dias apresentaram eventos chuvosos. Quanto ao uso de água pelos indivíduos, houve uma variação
de aproximadamente 90% entre a espécies. A Scleronema micranthum Ducke obteve o maior índice, com
74,45 litros de água por dia. Três espécies obtiveram seu pico no uso de água durante o mês de novembro de
2017, apresentando o mesmo padrão de diminuição nos meses seguintes. Não houve relação entre a
velocidade máxima diária do vento e o uso de água, pois a máxima representa apenas um ponto ao longo do
dia, diferente da velocidade média, que obteve uma correlação positiva. A precipitação influenciou na
diminuição do uso de água pelas espécies, principalmente em períodos com eventos chuvosos mais fortes. Os
efeitos observados precisam ser medidos e comparados com mais variáveis a fim de verificar se os resultados
observados têm relação com a precipitação e a velocidade do vento ou são ocasionadas por outras variáveis.
Palavras-chave: Ciclo-Hidrológico, Fluxo-de-seiva, Variáveis-Ambientais, ZF-2.
Apoio: PIBIC/CNPQ.
AMPLIFICAÇÃO HETERÓLOGA DE MARCADORES MICROSSATÉLITES PARA
ANÁLISE GENÉTICA DE Psychotria viridis, ESPÉCIE-CHAVE DO CAYAHUASCA
Helia Valéria de Souza Encarnação1; Rayssa Gomes Vasconcelos1;
Ordilena Ferreira de Miranda1; Jacqueline da Silva Batista1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
E-mail: gene.helia@gmail.com
Nativa da região Amazônica, a Psychotria viridis (chacrona) é uma espécie de Rubiaceae que desempenha
um papel fundamental em práticas socioambientais e religiosas, sendo um dos principais componentes do
chá Ayahuasca. O presente estudo teve como objetivo investigar o potencial de amplificação de marcadores
microssatélites heterólogos nesta espécie. Adotamos o método CTAB (brometo de cetiltrimetilamônio) para a
extração de DNA de matrizes oriundas de plantios localizados em Manaus, Amazonas, Brasil. Para testar a
amplificação por PCR de 16 marcadores microssatélites desenvolvidos para Psychotria homalosperma (8),
Psychotria tenuinervis (4) e Alibertia edulis (4), foram utilizadas oito amostras de P. viridis. O percentual de
amplificação foi inicialmente avaliado visualmente, com base nos padrões de amplificação e nitidez das
bandas no gel de agarose. A eletroforese dos 16 marcadores resultou em amplificação satisfatória para 87,6%
(14) dos locos com bandas nítidas e dentro do tamanho esperado (109-400pb). Entretanto, os resultados
preliminares de genotipagem revelaram sete locos (50%) polimórficos: (Pten5, Ph0353, Ph0770, Ph1051,
Ph1126, Ph1346, Aec9), sendo que 71,45% correspondem a cinco dos oito locos testados e desenvolvidos
para P. homalosperma. Dois locos resultaram em ausência de amplificação ou formação de bandas
inespecíficas: Ph0878 de P. homalosperma e Aes9 de Alibertia edulis. A amplificação heteróloga é uma
técnica vantajosa, especialmente quando não existem marcadores microssatélites espécie-específicos
disponíveis como no caso de P. viridis. Cabe ressaltar que, mesmo em espécies do mesmo gênero ou família,
os percentuais de transferibilidade podem ser altamente variáveis em função das especificidades de cada
população, espécie, primers e locos em estudo. Nossos resultados poderão auxiliar em investigações
futuras acerca da estrutura e diversidade genética de populações nativas ou plantadas de P. viridis, de modo a
contribuir para tomada de decisão sobre estratégias de conservão da espécie.
Palavras-chave: Amplificação heteróloga, Chacrona, Eletroforese.
Agradecimentos: CAPES, FAPEAM - POSGRAD/2023.
IMPACTO DA REDUÇÃO DE PRECIPITÃO NO BALANÇO ENERGÉTICO E
TEMPERATURA EM MANAUS-AM COM O MODELO NOAH-MP: ANÁLISE EM
DIFERENTES AMBIENTES
Pillar da Silva Pena¹; Karoline Santos Pereira¹; Samanta Lacerda Simões¹; Tabata Lauhanda Bastos de Macêdo¹;
Daniella de Lima Bonates¹; Aline Corrêa de Sousa²,³; Luiz Antonio Candido²
¹Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
discentes do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente (CAPES/PPG-CLIAMB/INPA-UEA), Manaus, AM.;
²Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
docente do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente (PPG-CLIAMB/INPA-UEA), Manaus, AM;
³Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
bolsista de Pós-doutorado do PDPG-AL/CAPES/INPA, Manaus, AM.
E-mail: pdsp.mcl24@uea.edu.br
O modelo de superfície NOAH-MP é essencial para simulações climáticas e hidrológicas, destacando-se por
suas parametrizações físicas avançadas, especialmente no que se refere a processos de interação solo-planta-
atmosfera, crucial para entender as vulnerabilidades climáticas e as retroalimentações geradas no sistema. O
objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da redução da precipitação em áreas com cobertura de solo
distintas, sobre as variações na disponibilidade de água, no balanço de energia, nos fluxos de calor e na
dinâmica de temperatura em Manaus-AM, durante as épocas seca e chuvosa de 2022. O NOAH-MP foi
configurado em modo desacoplado (1D), com parametrização sica padrão, utilizando dados observados e
disponíveis de precipitação, radiação, vento, temperatura e umidade do ar, de 3 estações meteorológicas
localizadas em áreas com as seguintes características: Reserva Florestal Adolpho Ducke (DUCKE), ao norte
de Manaus (100% florestada); Instituto Federal do Amazonas (IFAM), na zona leste (50% floresta e 50%
urbana); Petrópolis (PETRO), zona sul da cidade (95% urbanizada). Sete simulações foram realizadas e
incluíram condições normais de precipitação, redução de 50% e ausência total de precipitação. A análise dos
ciclos diários dos fluxos foi realizada a partir das figuras construídas com o auxílio do software GrADS. Os
resultados indicam que a falta de precipitação exacerba o efeito de ilha de calor em PETRO, cujos valores de
fluxo de calor sensível (H) e temperaturas de superfície (TS) na época seca, tornam-se críticos, com
máximos de 200 W/m² para H e 47°C para TS. O IFAM apresenta valores intermediários, mas também sofre
aumentos em H e TS. Embora resiliente, DUCKE mostra vulnerabilidade à seca, com aumento de H (acima
de 200 W/m²) e TS (35°C) quando não precipitação. Em todas as áreas, a disponibilidade de água é
essencial para regular TS, TA (Temp. do ar) e a temperatura do solo. Na ausência de precipitação, os fluxos
de evapotranspiração reduzem drasticamente, levando ao aumento de H e das temperaturas. A falta de
vegetação aumenta a absorção de calor, elevando TS e TA de forma mais intensa. A vegetação ameniza
parcialmente o aquecimento mesmo em condições de seca (precipitação 50% menor), mas sua eficácia é
limitada na ausência total de precipitação. Isso revela a sensibilidade do microclima local e a importância do
tipo de cobertura do solo, destacando a vulnerabilidade sazonal, onde períodos de seca severa podem
comprometer tanto a vegetação quanto o conforto térmico da região. O NOAH-MP desacoplado se mostrou
eficaz para representar as respostas das superfícies às variações de precipitação em termos de balanço
energético e temperaturas, sendo adequado para simular cenários de disponibilidade hídrica e com diferentes
coberturas do solo. Em uma região como Manaus, onde a vegetação é um fator crucial no microclima, o
modelo foi capaz de simular adequadamente o papel das áreas florestadas no balanço de energia e no
controle térmico. Este estudo revela a forte dependência dos ecossistemas urbanos e florestais amazônicos da
disponibilidade hídrica para manter um microclima equilibrado. Estudos futuros incluirão modelagem
acoplada, para captar e verificar as retroalimentações atmosféricas locais.
Palavras-chave: Balanço de radiação e energia, Cobertura de solo, Disponibilidade hídrica, Modelo de
superfície, Urbanização.
Apoio: CAPES - PDPG-AL, FAPEAM, CNPq.
CONHECER PARA CONSERVAR: A FAUNA BRASILEIRA NOS PARQUES E MUSEUS
DE MANAUS
Diana Nunes de Oliveira1; Davi Luiz de Moura Vasconcelos2; Glaucon Viana Aguiar2; Pedro Henrique de Oliveira
Cruz2; Wellison Rafael de Oliveira Brito1
1Secretaria de Educação e Desporto Escolar, SEDUC-AM, Professora de Biologia. Doutoranda do Programa de Pós-
Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA – UFAM). Manaus, AM.
2Secretaria de Estado de Educação e Desporto SEDUC-AM, Estudante de Iniciação Científica Jr. Manaus, AM.
E-mail: diana.biologia20@gmail.com
O Brasil apresenta uma alta diversidade de animais. Contudo, o desmatamento e as queimadas estão
alterando significativamente os biomas brasileiros, ocasionando a morte de diversos animais e levando várias
espécies ao risco de extinção. Conhecer as características e a distribuição geográfica dos animais é
importante para auxiliar nos processos de conservação da fauna brasileira. A zoologia é a área da Biologia
que se ocupa em estudar a diversidade dos animais e ela faz parte do currículo da educação básica, desde o
ensino fundamental, com a base teórica, até o ensino médio onde ocorre o aprofundamento dos estudos em
zoologia. Nesse nível de ensino, é esperado que os estudantes além de conseguir diferenciar e classificar os
animais, também sejam atuantes na sociedade, ao compreender que as ações antrópicas podem influenciar a
conservação de áreas de florestas e fragmentos florestais para a manutenção da vida de diversos seres vivos.
Nesse sentido, vale destacar a importância de áreas verdes na cidade de Manaus, como os Parques e os
Museus, que abrigam uma grande diversidade de espécies de animais da fauna brasileira. Esses espaços
podem ser utilizados no ensino e aprendizagem de estudantes da educação básica, uma vez que permite a
associação entre teoria e prática, auxiliando no processo de formação de conhecimento e nesse caso, de
conhecimento aplicado a conservação da biodiversidade. Nesses espaços podemos encontrar diferentes
representantes do reino animal, como peixes, répteis, aves e mamíferos, que podem ser utilizados como
exemplo real para o ensino da taxonomia, sistemática e nomenclatura científica. Por esta razão, este trabalho
teve como objetivo realizar o levantamento dos animais presentes nos parques e museus de Manaus, a fim de
aproximar os estudantes da nossa fauna, para que os mesmos possam conhecê-la e ser sensibilizados a
conservá-la. Dessa forma, foram realizadas visitas ao Zoológico do CIGS e ao Bosque da Ciência, para
levantar os animais ali presentes. Os animais foram fotografados, identificados e agrupados nos grandes
grupos de animais vertebrados. Foram identificadas trinta espécies de animais, sendo uma espécie de peixe,
sete espécies de répteis, oito espécies de aves e treze espécies de mamíferos. A observação e análise das
características principais dos animais, facilitou a compreensão da organização e classificação dos diferentes
grupos, bem como auxiliou na compreensão das regras de nomenclatura científica, conteúdo obrigatório na
educação básica. Além disso, aproximar os estudantes da fauna brasileira, é uma alternativa para a
sensibilização dos estudantes no que diz respeito à conservação ambiental e para a manutenção da vida
desses animais, bem como para favorecer o compartilhamento desse conhecimento com outras pessoas,
garantindo a curiosidade e o interesse por assuntos relacionados a ciência e a divulgação científica, seja por
meio do jornalismo científico ou do acesso a literatura científica. Sendo assim, incentivamos aos professores
da área de ciências da natureza, a fazer uso de áreas verdes urbanas, sobretudo, dos parques e museus de
Manaus, para fortalecer a percepção e a sensibilização dos estudantes quanto a necessidade de conservação
das florestas para a manutenção da vida.
Palavras-chave: Animais, Conservação, Educação básica.
ANÁLISE DO EFEITO DA HETEROGENEIDADE DA SERAPILHEIRA SOBRE
FORMIGAS EPIGÉICAS EM TRÊS ÁREAS DE SAVANA NA ÁREA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL (APA) ALTER DO CHÃO, SANTARÉM, PARÁ
Ana Akel Sampaio da Silva¹; Nayane do Nascimento Sanches¹; Tatiana Vieira Senra¹;
Arthur Daniel Lopes Frota¹; Iracenir Andrade dos Santos¹
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),
Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural (IFII), Santarém, PA.
E-mail: anaakelsasil@gmail.com
O avanço da degradação ambiental causada pelas progressivas ações antrópicas causa preocupações e
demanda diferentes estratégias para a conservação dos remanescentes naturais dos biomas. Na Amazônia
existem diversos ecossistemas que também estão sob intensa ameaça, principalmente, as áreas mais próximas
de núcleos urbanos, como as savanas de Alter do Chão. Neste contexto, apresentamos os resultados parciais
de um estudo que tem por objetivo analisar o efeito da heterogeneidade da serapilheira na biodiversidade de
formigas epigéicas, no bioma amazônico, em três áreas de savana. As áreas mencionadas estão situadas na
APA de Alter do Chão, na Amazônia Oriental, nas comunidades de São Pedro (02° 31’ 37.0”S 54° 54’
01.9”W), Ponta de Pedras (2° 29’47.7”S 54° 54’09.8W) e Irurama (27’53.1”S 54°52’34.6”W). A coleta
da serapilheira foi realizada em dezembro de 2023. Em cada área, foram coletadas 30 amostras de
serapilheira, 20 metros de distância equidistantes entre cada ponto, coletadas através de um quadrante de
madeira confeccionado na moldura de 50 x 50 cm. Quanto às variáveis, foram verificadas o peso-seco, talo
(pequeno, médio e grande), material particulado (material particulado pequeno, material particulado médio e
material particulado grande), talo (lenhoso e não lenhoso), folha (folha fragmentada e folha inteira) e
verificação da presença de raiz, estolão, casca, semente e flor. Quanto as formigas, estas foram coletadas no
mesmo dia que a serapilheira, em dezembro de 2023. Foram instaladas, no total, 30 armadilhas do tipo pitfall
no solo de cada área, organizadas a uma distância de 20 metros equidistantes entre cada ponto. Utilizaram-se
copos de 300 ml, que foram mantidos ao nível do solo, contendo solução de água, sal e detergente. Os
resultados obtidos em parte do material coletado, revelou uma rica diversidade de formigas epigéicas, com o
registro de 5 subfamílias, 20 gêneros e 32 espécies. Dentre todas as variáveis, as folhas fragmentadas foram
o recurso mais presente e importante para a fauna de formigas. A diversidade de itens foi fundamental para a
riqueza de espécies de formigas e isso mostra que a heterogeneidade dos ambientes contribui para a
manutenção das espécies nas savanas. Dessa forma, destaca-se a importância da conservação das áreas de
savanas na Amazônia como fator necessário para a manutenção da biodiversidade de formigas.
Palavras-chave: Amazônia, Conservação, Diversidade, Mirmecologia, Solo.
Apoio: UFOPA.
ÍNDICE DE DESFLORESTAMENTO NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL APA
ARAMANAÍ (BELTERRA – PA)
Maria Raimunda Alves¹; Wilderclay Barreto Machado2
1Universidade Federal do Oeste do Pará- UFOPA,
discente do Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais da Amazônia, Santarém, PA.
2Universidade Federal do Oeste do Pará- UFOPA,
Profº Dr - Adjunto III – Instituto de Engenharia e Geociências, Santarém, PA.
E-mail: pgrna2023@gmail.com
As áreas de proteção ambiental de uso sustentável - APA, tem o propósito de proteção do meio ambiente,
sendo assegurado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, a proteção da
biodiverdidade e o manejo adequado dos recursos naturais, que apesar de serem áreas protegidas não estão
imunes ao impacto humano. Por serem áreas que permitem um certo grau de ocupação humana, o manejo
adequado dos recursos alí existentes necessita de regras específicas, contendo normas elaboradas em função
dos objetivos da criação da unidade de conservação. Devido a esses desafios, tornaram-se necessário realizar
este estudo na unidade de conservação de uso sustentável APA Aramanaí, localizada no município de
Belterra no estado do Pará. A UC foi criada em 2003 através da Lei 097/03 com área de 10,9885 hectares e
somente após 20 anos de criação, começou-se a realização dos estudos para elaboração do plano de manejo
da unidade. Dentre as problemáticas que surgiram ao longo do tempo, foram a perda da biodiversidade,
destacando o desflorestamento da vegetação existente por ão antrópica. Por conta disso, este estudo
objetivou realizar o levantamento do índice de desmatamento para entender a dinâmica da APA no período
de 2003 a 2023, sendo os exatos 20 anos que a UC ficou sem plano de manejo. Resalta-se que após a criação
da UC, ocorreu a alteração dos limites territoriais da APA através da Lei 237/2017, diminuindo a área em
20% no ano de 2017, e este estudo trabalhou na área total, basedo na lei de criação de 2003, pois, até o
período estudado, não está em execução o plano de manejo. Para análise, foi obtidos dados oficiais de
desmatamento disponibilizados pelo INPE através do PRODES, extraídos para o recorte da área de estudo, e
classificados por ano de 2003-2023. Foi utilizado o softaware Qgis para edição e análise de dados
geoespaciais por meio de análise e realização de gráficos gerados no software Excel. Após análise de dados
foi possível observar que o desmatamento na APA Aramanaí foi maior entre os anos de 2005 a 2010,
perdendo mais de 267,57 hectares de floresta, nos anos de 2012 a 2020 não houve alertas, voltando a
apresentar dados apartir de 2021. Observou ainda que de 2003 a 2023 a UC perdeu 337,26 hectares de
floresta amazônica, com média de 3 alertas anuais. Entende-se que a falta de diretrizes estabelecidas para o
manejo adequados de recursos naturais, ocasionaram perdas significativas para o equilíbrio do meio
ambiente, uma vez que os impactos apontados no estudo estão ligados a diversos fatores, como pecuária,
expeculações imobiliárias e aberturas de estradas, sendo estes reflexos da ausência das normativas que
assegurem a garantia do manejo dos recursos, e que visem o bem comum para as presentes e futuras
gerações.
Palavras-chave: Desmatamento, Plano de Manejo, Unidade de Conservação.
Apoio: Universidade Federal do Oeste do Pará UFOPA, Programa de Pós Graduação em Recursos
Naturais da Amazônia – PPGRNA.
AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA, OXIGÊNIO E ZOOPLÂNCTON NO PERFIL
VERTICAL DE ÁREAS COM E SEM MACRÓFITAS EM UM LAGO AMAZÔNICO
Mayllon Celyo de Souza Moura1; Jhomaxon de Souza Gonçalves1; Camila Cavalcante Ferreira1;
Suanny Lima da Rocha1; Maiby Glorize da Silva Bandeira1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPGBADPI), Manaus, AM.
E-mail: mayllonmoura7@gmail.com
Geralmente, os lagos são caracterizados pela capacidade de apresentar estratificação térmica. Porém, nos
lagos amazônicos a estratificação térmica é influenciada principalmente pela variação do nível da água. Essa
variação influencia as variáveis limnológicas, como a temperatura e oxigênio, e consequentemente afeta as
comunidades aquáticas. Além disso, outra característica desses lagos amazônicos é a presença de bancos de
macrófitos que formam barreiras físicas que interferem na penetração de luz, o que acaba afetando a zona
eufótica. Com isso, a pergunta do estudo foi: qual o efeito das áreas com e sem bancos de macrófitas e do
perfil vertical desses ambientes sobre a temperatura, oxigênio dissolvido e abundância de zooplâncton no
período de vazante do lago Janauacá? Em consequência, foram levantadas duas hipóteses: 1) em áreas com
macrófita a temperatura, a concentração de oxigênio e abundância de zooplâncton aumentam; 2) a
temperatura, a concentração de oxigênio e abundância de zooplâncton diminuem com a diminuição da
profundidade do lago. Este estudo foi realizado no lago Janauacá, afluente do rio Solimões, no município
de Careiro Castanho, AM. Esse é um lago característico de várzea situado na margem direita do rio
Solimões, distante cerca de 60 km de Manaus. As coletas foram realizadas no período da vazante, em agosto
de 2024. Em três regiões diferentes do lago foram coletadas amostras e em cada região foram amostrados
dois pontos: com e sem banco de macrófitas. Nesses pontos se amostrou a temperatura e o oxigênio
dissolvido com Oxímetro YSI Pro20i, e a abundância de zooplâncton com uma Garrafa de Van Dorn (5 L). A
água da garrafa foi filtrada em rede de plâncton, com abertura de malha de 20 µm e fixadas em álcool 96%,
posteriormente foi quantificada a abundância de zooplâncton com estereomicroscópio. As amostragens
foram realizadas em diferentes profundidades (superfície, 0,5m, 1m, e 1,5m) que foram estabelecidas a partir
da zona eufótica. para isso foi utilizado um disco de Secchi. As análises dos dados seguiram as seguintes
etapas: i) análise exploratória; ii) análise dos pressupostos; iii) teste de Permanova para testar as duas
hipóteses. Nos ambientes “com e sem bancos de macrófitasa temperatura média foi de 31,64° C e 31,45° C
respectivamente. Oxigênio dissolvido apresentou valores médios de 2,15 mg/L e 3,02 mg/L. A abundância de
zooplâncton nesses ambientes teve médias de 79,5 e 72,27 respectivamente. Os resultados deste estudo não
corroboraram para as nossas duas hipóteses. Isso porque os fatores “ambientes com e sem bancos de
macrófitase “estratificação nesses ambientes não causaram efeitos significativos (p=0,23 e p=0,50) nas
variáveis “quantidade de oxigênio”, “temperatura”, e “abundância de zooplâncton”. Portanto, a estratificação
e os ambientes com e sem bancos de macrófitas não causaram efeito significativo na temperatura, oxigênio e
abundância de zooplâncton em um lago amazônico no período de vazante.
Palavras-chave: Estratificação térmica, Herbáceas aquáticas, Lago Janauacá, Rio Solimões, Várzea.
POTENCIAL DE ISOLADOS DE Trichoderma spp. PARA PROMOÇÃO DE
CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE PIMENTÃO EM CONDIÇÕES DE CAMPO
Lucas Nascimento de Almeida1; Jackeline Santos Menezes1; Antônia di Paola Rosas Batista1; Luiz Alberto Guimarães
de Assis1; André Luís Willerding1; Claudia Afras de Queiroz2; Rogerio Eiji Hanada1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós graduação em Agricultura no Trópico Úmido PPG ATU, Manaus, AM.;
2Embrapa Amazonia Ocidental, Laboratório de Biologia Molecular, Manaus, AM.
E-mail: lucas.almeida@psgrad.inpa.gov.br
O pimentão (Capsicum annuum) é uma das dez hortaliças mais importantes do Brasil, possui grande
relevância tanto no cenário nacional quanto mundial, sendo amplamente cultivado e consumido globalmente.
Na região amazônica, no entanto, seu cultivo enfrenta desafios relacionados ao clima, à incidência de
doenças e à baixa disponibilidade de nutrientes nos solos, especialmente o fósforo (P). Além disso, o uso
excessivo de fertilizantes, aumenta os custos de produção e contribui para a poluição ambiental. Dentre as
soluções sustentáveis para estes problemas, destaca-se o uso de microrganismos como aliados na melhoria da
produtividade agrícola e na redução dos impactos ambientais. O Brasil tem se tornado referência no uso
dessas tecnologias, figurando entre os principais produtores e usuários de produtos à base de
microrganismos. Entre esses estão os Microrganismos Promotores de Crescimento de Plantas (MPCP), que
incluem principalmente rizobactérias, fungos e outros microrganismos habitantes da rizosfera. Os MPCPs
podem estabelecer relações simbióticas ou associativas com as plantas, promovendo benefícios significativos
no crescimento e desenvolvimento delas. Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o
potencial de diferentes isolados de Trichoderma spp. na promoção do crescimento e no aumento da produção
de pimentão em condições de campo. Para a realização do estudo, foi conduzido um experimento, utilizando
a inoculação de uma suspensão de conídios ajustados em 1,6 x 107 conídios por mL de seis isolados de
Trichoderma spp., provenientes da Coleção de Isolados de Interesse Agrossilvicultura do INPA. Os isolados
testados foram: INPA 2473 (T1), INPA 2951 (T2), INPA 2957 (T3), INPA 2959 (T4), INPA 2961 (T5) e
INPA 2975 (T6), além de um produto comercial (Tricoturbo - T7) e uma testemunha inoculada somente com
água (T8). O experimento foi conduzido em delineamento blocos casualizados, com quatro repetições, cada
uma contendo 15 plantas por unidade experimental. Em campo, cinco plantas de cada repetição foram
selecionadas aleatoriamente para a avaliação dos parâmetros vegetativos de crescimento. A avaliação da
produção foi realizada por meio da coleta, uma vez por semana, contagem e pesagem dos frutos de todas as
plantas. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, utilizando o software SIVAR, e as médias
foram comparadas pelo Teste de Tukey, a vel de 5% de significância. Em relação ao número de frutos, os
melhores resultados foram observados nos tratamentos 4 e 5, que se destacaram significativamente em
comparação aos demais, apresentando desempenho superior. O pior desempenho foi registrado nas plantas
inoculadas com o produto comercial Tricoturbo (T7), que também se diferenciou negativamente dos outros
tratamentos. Não houve diferença significativa no peso médio dos frutos entre os tratamentos. Quanto à
altura média das plantas, os tratamentos 3 e 4 apresentaram os melhores resultados, diferenciando-se
positivamente dos demais. O tratamento T7, por outro lado, apresentou o pior resultado, com desempenho
inferior ao dos outros grupos. Dessa forma, conclui-se que os isolados de Trichoderma sp. possuem potencial
para promover o crescimento e aumentar a produtividade do pimentão em condições de campo.
Palavras-chave: Agricultura, Capsicum annuum, Hortaliças, Inoculantes, Sustentabilidade.
Apoio: CNPQ, FAPEAM, INPA, CAPES, EMBRAPA.
TIMING OF LEAF FLUSHING AS A TEMPORAL SCAPE FROM INSECT HERBIVORES
IN CENTRAL AMAZONIA
Mateus Geovane Lima da Silva1; Bruna Alberton1; Izabela Aleixo2; Leonor Cerdeira Patricia Morellato1
1Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
Laboratório de Fenologia, Departamento de Biodiversidade, Rio Claro, SP.
2National Institute of Amazonian Research (INPA), Manaus, AM
E-mail: mateus.lima@unesp.br
In tropical ecosystems, the pressure exerted by herbivores on plants is high, which has driven plants to
evolve different defense mechanisms. Plants' susceptibility to herbivores may vary in time and space, with
young leaves being particularly vulnerable to herbivory damage. As a result, aspects of leaf phenology and
leaf traits can serve as effective defenses against herbivores. During the dry season, the abundance and
activity of insect herbivores are typically low, and leaf flushing during the dry season in large portions of the
Amazon forest may be a phenological escape strategy to avoid the peak of herbivores in the wet season, an
acknowledgment that remains under investigation. This project aims to Investigate the interplay between the
timing of leaf flushing and leaf anti-herbivory traits in a Central Amazonian forest. To achieve this, we will
utilize images derived from phenocams placed above the vegetation to extract leaf phenological metrics
represented by Green Chromatic Coordination (Gcc). We will define leaf flushing patterns at both the
individual level and across different tree species. Hence, we will combine this leaf phenological data with
physiological and morphological traits, such as specific leaf area (SLA), leaf toughness, and chlorophyll
content. High values of SLA suggest high leaf palatability, low structural, and increased herbivore
preference, while high leaf toughness suggests enhanced resistance to herbivory. Finally, we will apply a
GLM to relate leaf-flushing strategies with leaf defensive traits. We hypothesize that individual trees with
less defensive leaf traits and greater vulnerability to herbivory damage will produce new leaves during the
dry season to avoid herbivores. In contrast, individual trees with more leaf anti-herbivore traits are expected
to flush new leaves during the wet season. This research can elucidate the interplay between leaf phenology
and anti-herbivory traits in defining plant strategies against herbivory pressure.
Keywords: Herbivory, Leaf traits, Leaf phenology, Phenology.
Acknowledgment: The São Paulo Research Foundation; Center for Biodiversity and Climate Change
Research.
ANTAGONISMO IN VITRO DE Trichoderma sp. CPAA-TM63
CONTRA FITOPAGENOS DE INTERESSE AGRÍCOLA
Gleucinei dos Santos Castro1, David da Silva Pereira2,
Ingride Jarline Santos da Silva2 Gilvan Ferreira da Silva3
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
3 Embrapa Amazônia Ocidental
A Amazônia é globalmente reconhecida pela sua vasta biodiversidade de microrganismos. Entre os fungos
encontrados nesse bioma, o gênero Trichoderma destaca-se pela aplicação agrícola, sendo utilizados como
agentes de biocontrole, com mais de 250 biofungicidas comerciais registrados em todo o mundo. Além disso,
espécies de Trichoderma também podem atuar na estimulação do crescimento de plantas, auxiliando na
absorção de nutrientes. Com base neste cenário, este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial
antagônico da linhagem de Trichoderma CPAA-TM63 isolada de sedimentos de rios amazônicos frente a
sete fitopatógenos prejudiciais à cultura agrícola, demonstrando os mecanismos de ação por microscopia
eletrônica de varredura (MEV). A linhagem CPAA-TM63 foi testada em cultivo pareado frente a sete
fitopatógenos de interesse agrícola, incubados a 28 °C com fotoperíodo de 12 horas. Como controle, foi
utilizado o patógeno sem pareamento com Trichoderma. A área das colônias dos patógenos foi mensurada
com o auxílio de um paquímetro e a inibição do isolado foi calculada pela fórmula: Inibição (%) = ((C-T)/C)
x 100, onde C: Área do controle e T: Área da colônia pareada. Os dados dos sete patógenos vegetais foram
primeiramente testados quanto à normalidade dos resíduos (teste de Shapiro-Wilk, P ≥ 0,05) usando o pacote
R stats v4.1.3 (R Core Team, 2022) e quanto à homogeneidade da variância (teste de Levene, P 0,05)
usando o pacote R car v3.0–12. Em seguida, os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA),
seguida por um teste HSD de Tukey (P 0,05) para todas as possíveis comparações pareadas dos patógenos
vegetais testados, usando o pacote R agricolae v1.3–5 (Mendiburu, 2021). Trichoderma CPAA TM63 teve
uma inibição de 55% contra Rhizoctonia sp. (INPA 2943) e a maior inibição contra Colletotrichum sp. INPA
2973 (71%), um fitopatógeno que afeta a cultura do mamão no estado do Amazonas. Foi realizada também
análise de micoparasitismo contra Rhizoctonia sp. (INPA 2943). O teste de antagonismo contra Rhizoctonia
sp. (INPA 2943) apresentou uma inibição de 100% com padrão de crescimento sobre a colônia. As placas de
culturas pareadas sugerem que o micoparasitismo é o mecanismo de biocontrole utilizado pela minha
Trichoderma CPAA-TM63. O micoparasitismo é o principal mecanismo de biocontrole observado nas
espécies de Trichoderma contra patógenos e inclui o reconhecimento do hospedeiro, penetração e morte
usando enzimas como β-1,3-glucanase, quitinases e proteases, que degradam a parede celular do patógeno.
Nosso resultado evidencia o potencial ativo da linhagem CPAA TM63 para o desenvolvimento de
bioprodutos.
Apoio: FAPEAM – Biodiversa, CNPq, CAPES - Procad AmazonMicro, CAPES-Amazônia Legal.
RESULTADO PRELIMINAR DA EXPEDIÇÃO RAPELD DE VERÃO:
A FUNGA DO MÓDULO 8 (BR-319)
Rafaela Saraiva Peres1, Douglas de Moraes Couceiro2, Kely da Silva Cruz1, William Ernest Magnusson1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Centro de estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica, Manaus, AM.
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Central Analítica, Manaus, AM.
E-mail: rafaelasaraiva82@gmail.com
A funga (comunidade de fungos) desempenha um papel fundamental nos ecossistemas, participando
ativamente na ciclagem de nutrientes na natureza, no papel econômico onde várias espécies de macrofungos
tem potencial comestível, e até mesmo podendo ser utilizado como biorremediadores de solo contaminados.
Levando esse conhecimento para a Amazônia, local onde é considerado o palco da diversidade neotropical,
ela é bastante negligenciada quando comparada com estudos de outros organismos da Flora e Fauna. Apesar
dos benefícios que os fungos podem trazer para humanidade e para o meio ambiente, pouco se sabe sobre
eles e muito menos a real dimensão da sua diversidade na Amazônia. Diante disso, o presente trabalho tem
como objetivo contribuir para o conhecimento da diversidade de macrofungos em um módulo RAPELD da
Br-319. O estudo ocorreu no módulo 8 localizado no km 400 sentido Manaus-Humaitá, entre os dias 5 a 11
de setembro de 2024 durante o período de estiagem Amazônica. Ao Norte da rodovia a vegetação é Floresta
Ombrófila Densa de Terras Baixa e ao Sul, Florestas Ombrófilas Abertas de Terras Baixas. As coletas
seguiram metodologia específica utilizado para macrofungos. Os materiais coletados foram analisados macro
e microscopicamente e também utilizamos a literatura para confirmar a identificação a nível de epíteto
específico. O material identificado será depositado no herbário do INPA. Os macrofungos identificados estão
distribuídos em oito famílias (Xylariaceae: 28, Polyporaceae: 20, Graphostromataceae: 14,
Hymenochaetaceae: 10, Corticiaceae: 12, Ganodermataceae: 5, Hypoxylaceae: 5, Lachnocladiaceae: 2) e
dezoito gêneros (Hypoxylon Adans.: 15, Cerrena Gray: 6, Camillea Fr.: 12, Fuscoporia Murrill: 7,
Kretzschmaria Fr.: 7, Fomes (Fr.) Fr.: 5, Ganoderma P. Karst. : 5, Polyporus P. Micheli ex Adans.: 4,
Thamnomyces Ehrenb.: 3, Perenniporia Murrill: 4, Phylacia Lév.: 4, Xylaria Hill ex Schrank: 3,
Amauroderma Murrill: 2, Atroporus Ryvarden: 2, Megasporoporia Ryvarden & J.E. Wright: 3,
Hymenochaete Lév. : 2, Porogramme (Pat.) Pat.: 1, Fomitiporia Murrill: 1). A família mais representativa
foi Xylariaceae com 28 ocorrências, seguida por Polyporaceae com 20. O gênero mais representativo foi
Hypoxylon com 15 ocorrências. Embora a coleta seja um resultado preliminar e tenha sido realizada em um
período de estiagem, encontramos uma abundância relativamente boa para as condições ambientais
enfrentadas neste período. Devemos enfatizar que esse trabalho é pioneiro para estudos com fungos no
módulo RAPELD da Br-319, mostrando assim, a importância de estudos voltados para a comunidade
fúngica da nossa região. Por conta da ação antrópica e mudanças climáticas, têm se extinguido hectares e
hectares do nosso território sem ao menos reconhecermos a diversidade local. O presente trabalho além de
reconhecer essa riqueza inexplorada, contribui para a ampliação do conhecimento da Funga da nossa
majestosa Amazônia.
Palavras-chave:Amazônia; Br-319; Diversidade; Macrofungos.
Apoio: Conselho Nacional Científico e Tecnológico (CNPq) Brasil.
ANÁLISE DAS VARIAÇÕES TÉRMICAS E DE UMIDADE RELATIVA DO AR EM
ÁREAS URBANIZADAS E PARCIALMENTE FLORESTADAS DE MANAUS-AM
Jackeline Picanço Gonçalves1; Aline Corrêa de Sousa1; Luiz Antonio Candido2
1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente – PPG CLIAMB, Manaus, AM.
2Pesquisador, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
E-mail: jackelynne.96@gmail.com
As alterações climáticas urbanas, como os extremos de calor, são características bastante conhecidas, uma
vez que a urbanização produz o chamado efeito ilha de calor urbana, comum nos grandes centros das
cidades. Esta pesquisa teve como objetivo principal determinar a contribuição de áreas totalmente
urbanizadas e parcialmente florestadas na variação da temperatura e aumento da umidade relativa do ar em
comparação com áreas totalmente florestadas na cidade de Manaus-AM. As análises abrangeram três áreas
distintas da cidade: uma floresta nativa periurbana (Reserva Florestal Adolpho Ducke - DUCKE), uma área
urbana florestada (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA) e uma área densamente urbanizada
(Comando da Polícia Militar do Amazonas - URB_TD). Os métodos envolveram a análise de dados de
temperatura e umidade relativa do ar registrados a cerca de-12 m de altura das estações meteorológicas
instaladas nas três áreas, no período de agosto a novembro de 2023. A partir da técnica de percentil,
considerando apenas os dias sem precipitação, foi selecionado o evento extremo de calor ocorrido entre 06 e
10 de outubro de 2023. Cálculos das diferenças horárias de temperatura (TA) e umidade relativa do ar (UR)
entre as estações INPA e URB_TD, com relação a DUCKE, foram realizados permitindo a análise das
variações térmicas TA) e de umidade relativa UR) durante esses dias extremos. As temperaturas foram
mais amenas em DUCKE e exibiram uma oscilação térmica mais suave em comparação com URB_TD. A
ΔTAURB_TD durante o dia foi de aproximadamente 2 a 5 °C, e as temperaturas noturnas permaneceram mais
altas na área urbanizada devido à inércia térmica (5,5 ºC < ΔTAURB_TD < 8,2 ºC), sobretudo devido à elevada
densidade de construções e asfalto que absorvem e retêm calor. Em INPA, observou-se um comportamento
intermediário, com ΔTAINPA de até 4 ºC (8 ºC) ao longo do dia (noite) em relação à DUCKE, refletindo
características tanto urbanas quanto florestadas. As ΔURURB_TD foram de até -26%, nos horários com TA
mais elevadas. A contribuição da cobertura vegetal em INPA ajudou a manter uma umidade superior em
relação à área completamente urbanizada, com reduções de umidade em torno de 3% em URB_TD, mas
ainda com valor superior ao registrado em DUCKE, indicando a importância de preservar grandes
fragmentos de vegetação. Concluiu-se que as áreas florestadas, especialmente a floresta periurbana DUCKE,
são reguladores eficazes do microclima urbano devido à sua capacidade de reduzir a temperatura e aumentar
a umidade relativa. Estes resultados reforçam a necessidade de conservar e expandir espaços verdes na
cidade como estratégia para mitigar as alterações climáticas urbanas.
Palavras-chave: Ilhas de Calor, Manaus, Microclima, Urbanização, Vegetação.
Apoio: CNPQ/Universal, CAPES/PROAP/PDPG-AL, FAPEAM/POSGRAD.
QUANTIDADE DE HABITAT NA ESCALA DE PAISAGEM, NÃO NA ESCALA DO FRAGMENTO, MOLDA
A DIVERSIDADE TAXONÔMICA DE FORMIGAS NA AMAZÔNIA CENTRAL
Ricardo Augusto Spillari Ruaro¹; Heraldo Luis de Vasconcelos²; Fabricio Beggiato Baccaro¹
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-graduação em Biologia (Ecologia), 69080-971 Manaus, Amazonas, Brasil.
2Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), 38405-320 Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
E-mail: ricardo.spillari.ruaro@gmail.com
Apesar do grande esforço para se entender os efeitos da quantidade de habitat sobre as comunidades
biológicas, a maioria dos estudos se concentra na escala do fragmento. Definindo assim, o tamanho do
fragmento como a unidade de habitat disponível para as espécies ocorrerem. Apesar do tamanho do
fragmento ser uma variável importante, o uso exclusivo dessa escala pode causar uma concepção equivocada
dos padrões biológicos quando se investiga a influência da quantidade de habitat nas comunidades. Isso
ocorre porque as espécies podem responder à quantidade de habitat em escalas espaciais diferentes da do
fragmento. A Hipótese da Quantidade de Habitat propõe uma abordagem na escala da paisagem quando se
investiga os efeitos da quantidade de habitat sobre as comunidades. Essa considera como habitat disponível
para as espécies ocorrerem, a quantidade de habitat na paisagem ao redor de um ponto amostrado,
independente da configuração deste habitat. Assim, buscamos investigar como a estrutura das comunidades
de formigas (i.e., riqueza e composição de espécies) responde à quantidade de habitat na escala do fragmento
e na escala da paisagem, em fragmentos de 1, 10 e 100ha de floresta de terra firme na Amazônia Central.
Para isso, utilizamos dados históricos do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF)
coletados nos anos de 1993 e 1994 e dados de cobertura do solo e uso da terra do MapBiomas para os
mesmos anos. A quantidade de habitat apresentou efeito positivo sobre a riqueza de espécies, quando medida
na escala de paisagem, mas não na escala do fragmento. O mesmo foi observado para a composição de
espécies, com uma modificação da composição à medida que a quantidade de habitat na paisagem diminuía,
mas não com a diminuição do tamanho do fragmento. Estes resultados destacam a importância de se
considerar abordagens multiescala ao se investigar os efeitos da quantidade de habitat. Isso nos permite
estimar mais precisamente em que escala as comunidades estão respondendo e qual a resposta das
comunidades. Além disso, os resultados realçam como a perda de habitat leva a mudanças na estrutura das
comunidades. Evidenciando como o desmatamento, pode levar a mudanças significativas na biodiversidade
de formigas da floresta Amazônica.
Palavras-chave: Desmatamento, Escala do efeito, Floresta Amazônica, Mudança na biodiversidade, Perda
de Habitat.
Apoio: CAPES, FAPEAM, PDBFF, Thomas Lovejoy Amazon Biodiversity Center.
BIOINSUMOS: APLICAÇÃO DE Trichoderma spp. PARA O CRESCIMENTO DE
TOMATEIROS NO AMAZONAS
Antônia Di Paola Rosas Batista1; Lucas Nascimento de Almeida1; Jackeline Santos Menezes 1;
Rogerio Eiji Hanada1; Luiz Alberto Guimarães de Assis1; André Luís Willerding1;
Claudia Afras de Queiroz2; Rosalee Albuquerque Coelho Netto1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), PPG ATU, Manaus, AM.
2Embrapa Amazonia Ocidental, Laboratório de Biologia Molecular, Manaus, AM.
E-mail: antoniarosasbatista@hotmail.com
O tomateiro (Solanum lycopersicum) é uma das hortaliças mais cultivadas no Brasil, porém, sua produção na
região amazônica enfrenta desafios que afetam tanto a produtividade quanto a qualidade dos frutos. Entre as
principais limitações estão a baixa fertilidade dos solos e a vulnerabilidade a doenças. Para obter melhores
retornos econômicos, é necessário um manejo eficiente que inclua práticas de adubação, controle hídrico,
sanidade e uso de variedades geneticamente selecionadas. Nesse contexto, o uso de microrganismos
promotores de crescimento vegetal (MPCV), como Trichoderma spp., apresenta-se como uma alternativa
promissora para reduzir o uso de insumos químicos, promover o crescimento saudável das plantas e
contribuir para a sustentabilidade ambiental. O Trichoderma spp. é amplamente reconhecido por sua
capacidade de colonizar raízes de plantas, melhorar a absorção de nutrientes e promover o desenvolvimento
vegetal através da produção de fitohormônios e aumento da eficiência no uso de nutrientes. Este estudo teve
como objetivo avaliar o potencial de isolados amazônicos de Trichoderma spp. na promoção do crescimento
de tomateiros em condições de campo. O experimento foi conduzido em delineamento em blocos
casualizados com oito tratamentos: seis isolados de Trichoderma spp. (T1 - INPA 2959; T2 - INPA 2951; T3
- INPA 2961; T4 - INPA 2475; T5- INPA 2957; T6- INPA 2473), fungicida à base de Trichoderma (T7 -
Tricho-turbo) e uma testemunha sem tratamento (T8), com quatro repetições para cada tratamento. Cada
unidade experimental foi composta de cinco plantas. A microbiolização das sementes foi feita com
suspensões de conídios dos isolados de Trichoderma em concentração de 2,6 x 107 conídios-1. Após vinte
dias de semeadura, 10 ml da suspensão de conídios foi aplicada nas bandejas na mesma concentração. A
aplicação foi repetida sete dias após o transplantio. Os parâmetros avaliados incluíram altura das plantas,
produtividade, matéria fresca da parte aérea (MFPA), matéria fresca de raiz (MFR), matéria seca da parte
aérea (MSPA) e matéria seca de raiz (MSR). Os dados foram analisados por meio de análise de variância
(ANOVA), e as médias significativas foram comparadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.
Não houve diferença significativa entre os tratamentos para MFPA, MSPA, MSR, altura e produção. No
entanto, para o parâmetro de matéria fresca de raiz, os isolados T6 (0,03) e T5 (0,03) apresentaram resultados
superiores em relação aos demais tratamentos. Este resultado pode ser atribuído às propriedades de
Trichoderma que favorecem a colonização na rizosfera, melhorando a absorção de nutrientes e aumentando a
capacidade das plantas de resistirem a estresses abióticos. Assim, esses isolados demonstraram um potencial
promissor para promover o crescimento das raízes de tomateiros em condições de campo, sugerindo que sua
aplicação pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a produtividade e a sustentabilidade do cultivo de
tomate na Amazônia.
Palavras-chave: Bioagentes, Bioprospecção, Promoção de crescimento, Solanum Lycopersicum.
Apoio: CNPQ, FAPEAM, CAPES, INPA e EMBRAPA.
CITOGENÉTICA DE THAMNOPHILIDAE (AVES): CARACTERIZAÇÃO DE ESPÉCIES
AMAZÔNICAS
Victoria Tura1; Patrik Viana1; Leandro Marajó1; Alex Matheus Viana Ferreira1;
Eliana Feldberg; Camila Cherem Ribas1
1Programa de Pós-graduação em Genética,
Conservação e Biologia Evolutiva, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus-AM.
E-mail: turavict@gmail.com
A família Thamnophilidae (Aves, Passeriformes), conhecida como "typical antbirds", constitui um grupo
monofilético de aves insetívoras que desempenham um papel ecológico importante nos ecossistemas de sub-
bosque da Amazônia, apresentando uma ampla diversidade de espécies. Citogeneticamente, esta família é
pouco conhecida, uma vez que das 237 espécies descritas, apenas cinco foram cariotipadas até o momento.
As Aves possuem um cariótipo bimodal, com a presença de macrocromossomos e microcromossomos, bem
como um sistema sexual do tipo ZZ/ZW. A fim de inferir sobre a evolução cromossômica do grupo, no
presente estudo realizamos análises citogenéticas em duas espécies amazônicas de Thamnophilidae, até então
não investigadas do ponto de vista citogenético: Pithys albifrons (02 ; 02 ) e Taraba major (01 ),
coletadas em Manaus–AM. Os indivíduos foram capturados com auxílio de redes de neblina (SISBIO:
254563) e a obtenção dos cromossomos metafásicos foi a partir de cultura rápide de medula óssea. Para
determinar o padrão de heterocromatina constitutiva (banda C) foi utilizado Ba(OH)2 e para determinar o
padrão da Região Organizadora de Nucléolo (RON) as lâminas foram manipuladas em prata (Ag). As
imagens foram capturadas com o microscópio Olympus BX51, e os cromossomos foram classificados como
metacêntricos, submetacêntricos, acrocêntricos e telocêntricos. Pithys albifrons apresentou 2n=80, onde os
pares 1, 2 e 8 são acrocêntricos, 3 metacêntrico, 4 submetacêntrico e 5, 6 e 7 telocêntricos. O cromossomo
sexual W é acrocêntrico e o Z, submetacêntrico. Regiões de heterocromatina constitutiva foram observadas
nos microcromossomos, além das regiões centroméricas de praticamente todos os macrocromossomos da
espécie. Constrições secundárias foram observadas no 3° par de P. albifrons, onde foi encontrado um grande
bloco de banda C, além do W se apresentar parcialmente heterocromático, na região pericentromérica. Em T.
major (2n=78), os pares 1, 2, 3, 4 e 8 são acrocêntricos, enquanto os pares 5, 6 e 7 telocêntricos, além do Z e
W acrocêntricos. Curiosamente, constrições secundárias foram encontradas no par de T. major. A
heterocromatina constitutiva mostrou-se presente nos microcromossomos e centrômeros dos macros, e o par
portador da constrição revelou-se todo heterocromático, exceto na região da constrição. O cromossomo
sexual W de T. major se apresentou inteiramente heterocromático. A RON foi observada nas constrições de
ambas as espécies analisadas. As diferenças na morfologia dos macrocromossomos entre as espécies revelam
aspectos importantes dentro da família. O cromossomo Z em aves é geralmente conservado em tamanho,
mas não em morfologia e, de fato, o cromossomo Z das duas espécies se diferenciam morfologicamente. As
constrições encontradas são condições raras em aves, uma vez que a maioria delas ocorrem em 1 par de
microcromossomos. A presença de NORs em macrocromossomos, pode indicar rearranjos cromossômicos
como translocações de micro para macrocromossomos, ou fusões, sugerindo um padrão evolutivo cariotípico
dinâmico dentro da família. Esses rearranjos podem ter influenciado a redução do número diploide, como T.
major, sugerindo que a evolução cariotípica dentro desta família pode ser mais complexa do que se
imaginava, desafiando padrões conhecidos para aves em geral.
Palavras-chave: Aves, Cromossomos, Cariótipo, Constrições Secundárias, Amazônia.
Apoio: CAPES, CNPq, FAPEAM.
ANÁLISE FILOGENÉTICA DE PSITACÍDEOS AMAZÔNICOS ATRAVÉS DE
ELEMENTOS ULTRA CONSERVADOS DO GENOMA
Victoria Tura1; Romina Batista1,2; Mateus Ferreira3; Camila Cherem Ribas1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
2Department of Biological and Environmental Sciences, University of Gothenburg, Gothenburg, Sweden.
3Centro de Estudos da Biodiversidade, UFRR, Boa Vista-RR.
E-mail: turavict@gmail.com
Os Psittaciformes (Aves) formam um clado diversificado e facilmente identificável em comparação com
outras aves. O grupo mais rico em espécies de Psittaciformes do Novo Mundo é a tribo Arini, pertencente à
subfamília Arinae (Psittacidae), que é endêmica da região Neotropical. Psittacidae é um grupo monofilético
com vasta diversidade de espécies que se originou cerca de 27,1 milhões de anos. As tribos Arini,
Androglossini, Amoropsittacini e Forpini começaram a divergir em períodos relativamente curtos após essa
data, sendo que os Arini surgiram aproximadamente 14,5 milhões de anos. O avanço na sistemática dos
Psittaciformes ocorreu com o uso de dados de sequenciamento de DNA, que proporcionaram melhor
entendimento sobre as relações entre espécies e grupos mais amplos. No entanto, os limites entre as espécies
e as relações evolutivas entre linhagens em locais megadiversos e pouco amostrados, como a Amazônia,
permanecem com muitas lacunas a serem preenchidas. Assim, a fim de investigar as relações filogenéticas
entre os táxons incluídos na tribo Arini, com foco na região Amazônica, realizamos análises genômicas
incluindo 111 amostras, representando quase todos os táxons atualmente reconhecidos para essa região.
Foram utilizadas sequências genômicas obtidas com sondas para Elementos Ultraconservados do Genoma
(UCE). A extração do DNA genômico foi realizada com o kit DNeasy (Qiagen). A preparação da biblioteca
de UCEs foi feita pela RAPiD Genomics. As sequências foram processadas e alinhadas no PHYLUCE 1.6.5.
O software FigTree v.1.4., foi utilizado para estética final de apresentação. A árvore filogenética gerada
revela as relações evolutivas entre diferentes espécies e subespécies Amazônicas de psitacídeos, com forte
suporte na maioria dos ramos. No gênero Pyrrhura subespécies atribuídas a espécies distintas se agrupam,
indicando que padrões de fluxo gênico precisam ser melhor investigados. Pionites leucogaster e Pionites
melanocephalus compartilham um ancestral comum muito recente, formando um clado com alto suporte. Da
mesma forma, o gênero Ara também é bem suportado, com Ara severus e Ara ararauna sendo identificados
como grupos irmãos. Os gêneros Brotogeris e Pionus, que são mais distantes filogeneticamente, formam
agrupamentos com bom suporte bootstrap. Pionus é grupo irmão de Graydidascalus, enquanto Brotogeris é
de Pyrilia, Amazona, Pionus e Graydidascalus. Dentro de Arini, todos os gêneros não monotípicos são
monofiléticos com alto suporte. Recentemente, acredita que existam três clados dentro da tribo com 100% de
suporte: Clado 1: Pionites e Deroptyus accipitrinus, Clado 2: Pyrrhura e Clado 3: os gêneros restantes,
sendo que os clados 2 e 3 são irmãos (100%), corroborando com os dados apresentados aqui. Em uma
revisão abrangente dos Psittaciformes, foi rejeitado os agrupamentos anteriores de gêneros neotropicais
porque nenhum dos caracteres era informativo e colocou todos os táxons neotropicais da tribo Arini (família
Psittacidae) somente com base em dois caracteres morfológicos exclusivos. Os resultados nos mostraram que
existem inúmeras linhagens evolutivas independentes dentro dos gêneros da família Psittacidae, fornecendo
contexto para as origens dos clados Arini e a diversificação taxonômica ao longo de sua história evolutiva.
Palavras chave: Filogenia molecular, Papagaios neotropicais, Tribo Arini, UCE.
Apoio: CAPES, CNPq, FAPEAM.
SELEÇÃO DE LINHAGENS DE Bacillus PARA CONTROLE BIOLÓGICO DE
Neopestalotiopsis formicidarum UM NOVO PATÓGENO FOLIAR EM GUARANÁ
Annie de Souza e Silva1,2; Claudia Afras de Queiroz1,2; Fernanda Fátima Caniato3;
Daniel Augusto Schurt2; Gilvan Ferreira da Silva.2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
Programa de Pós Graduação em Agricultura no Trópico Úmido (PPG-ATU).;
2Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Laboratório de Biologia Molecular da Embrapa da Amazônia Ocidental,
3 Universidade Federal do Amazonas (UFAM) - Faculdade de Ciências Agrárias, Manaus, AM.
E-mail: gilvan.silva@embrapa.br
O gênero Bacillus abrange espécies de grande importância industrial e biotecnológica, sendo amplamente
utilizado como agente de biocontrole para doenças em diversas culturas. Essa aplicação se deve à capacidade
dessas bactérias de produzir uma variedade de compostos, incluindo metabólicos com atividade antibiótica e
antifúngicas. Estudos sobre as interações antagonistas de bactérias do gênero Bacillus com fitopatógenos
potencializam o uso de diversas espécies de Bacillus na agricultura, principalmente em regiões tropicais onde
a alta umidade favorece a proliferação de diversos patógenos. O guaraná é uma cultura economicamente
importante na Amazônia, e o surgimento de N. formicidarum como um novo patógeno foliar ameaça sua
produção. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial antagônico de Bacillus spp. contra
Neopestalotiopsis formicidarum INPA 2917 com base em testes de confronto utilizando linhagens de
Bacillus endofíticas obtidas de arroz e soja da Coleção da Embrapa Roraima. Foram utilizadas nos testes in
vitro de 12 linhagens de bactérias do gênero Bacillus e a identificação molecular foi realizada com base no
genoma completo por meio do cálculo do dDDH (digital DNA-DNA hybridization). Culturas pareadas de
Bacillus e o patógeno foram avaliadas em placas de Petri contendo meio BDA (batata dextrose ágar). As
placas foram incubadas a 28 °C e o crescimento de fungos foram avaliados aos 5, 10 e 15 dias, quanto à
inibição do crescimento micelial. Para tanto, foram efetuadas medições do diâmetro das colônias, em dois
sentidos diametralmente opostos, com auxílio de uma régua milimetrada, e calculando a média para cada
colônia. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com cinco repetições para
cada linhagem de Bacillus e um tratamento controle sem Bacillus. A análise estatística foi realizada
utilizando ANOVA seguida do teste de Tukey para comparação de médias. Dentre as doze linhagens, foram
identificadas cinco espécies diferentes: Bacillus paralicheniformis (1), Bacillus subtilis (1), Bacillus
amyloliquefaciens (5), Bacillus myloliquefaciens (1) e Bacillus stercoris (4). As linhagens de Bacillus
stercoris apresentaram os melhores resultados na inibição do crescimento micelial de N. formicidarum:
Bacillus stercoris 134 A (32,92%), Bacillus stercoris 147A (52,71%) e Bacillus stercoris 193A (34,49%). Em
contrapartida, Bacillus subtilis demonstrou o menor nível de inibição (3,10%). Esses resultados evidenciam o
potencial de Bacillus stercoris na inibição do crescimento micelial de fungos. Os próximos passos da
pesquisa incluirão testes in vivo em plantas de guaraná e a investigação dos mecanismos de ação das
linhagens mais promissoras de B. stercoris.
Palavras-chave: Agricultura, Biocontrole, Guaraná, Pestalotióide.
Apoio: FAPEAM - POSGRAD 2023/2024 e PROSPAM, CAPES, CNPq.
IDENTIFICAÇÃO DE FONTES DE RESISTÊNCIA À Neopestalotiopsis formicidarum NO
GERMOPLASMA DE GUARANAZEIRO
Annie de Souza e Silva1,2; Claudia Afras de Queiroz1,2; Fernanda Fátima Caniato3; Gilvan Ferreira da Silva2
1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
Programa de Pós Graduação em Agricultura no Trópico Úmido (PPG-ATU).;
2 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Laboratório de Biologia Molecular da Embrapa da Amazônia Ocidental;
3Universidade Federal do Amazonas (UFAM) - Faculdade de Ciências Agrárias, Manaus, AM.
E-mail: gilvan.silva@embrapa.br
O guaranazeiro (Paullinia cupana var. sorbilis) é uma espécie nativa da Amazônia de importância
econômica, sendo o Brasil o único produtor que atende à demanda mundial. As sementes do guaranazeiro
são conhecidas por suas propriedades estimulantes e medicinais, além de serem amplamente utilizadas na
indústria de bebidas e cosméticos. Entretanto, a produção de guaraná na região amazônica é limitada por
diversos patógenos, como Fusarium decemcellulare, agente causador do superbrotamento, Colletotrichum
spp., responsável pela antracnose, e, mais recentemente, Neopestalotiopsis spp. e Pseudopestalotiopsis spp.
foram identificados causando manchas foliares. Este trabalho teve como objetivo identificar fontes de
resistência ao Neopestalotiopsis formicidarum no germoplasma de guaranazeiro. A avaliação da resistência
ou suscetibilidade ao patógeno foi testada em 15 clones de guaranazeiro em condições de campo nas
dependências da Embrapa Amazônia Ocidental, localizada na AM 010, km 29, Manaus-AM. O N.
formicidarum (INPA 2917) foi cultivado em meio BDA incubado a 28 ºC por 14 dias para obtenção de
conidiomas, posteriormente a solução de conídios foi ajustada para 1×106 mL. O ensaio foi conduzido com
delineamento inteiramente casualizado, com três repetições e um controle negativo (inoculado com água
destilada). A presença de sintomas foi avaliada 5 dias (dias após inoculação). Os resultados obtidos
mostraram que nove clones (60%) apresentaram sintomas foliares e foram considerados suscetíveis,
enquanto outros seis clones (40%) não apresentaram sintomas foliares e foram considerados resistentes ao
INPA 2917. Destacamos os clones BRS-Amazonas, BRS-CG850, BRS Andirá, BRS-CG 612, BRS CG 882 e
BRS Cereçaporanga que apresentaram resposta de resistência e podem servir como fontes de resistência em
programas de melhoramento genético. Ao contribuir com informações fundamentais sobre o germoplasma
de guaranazeiro no tocante à resistência N. formicidarum (INPA 2917), este estudo permitirá direcionar
estratégias visando desenvolvimento de clones resistentes e adaptadas às condições de cultivo na Amazônia.
Palavras-chave: Amazônia, Guaraná, Microbiologia, Patógeno.
Apoio: FAPEAM - POSGRAD 2023/2024 e PROSPAM CAPES, CNPq.
ASSOCIAÇÃO DE Bacillus spp. AOS CRIADOUROS ARTIFICIAIS DE Aedes aegypti
(LINNAEUS 1762) E Aedes albopictus (SKUSE 1895)
EM UMA CIDADE DO LESTE MARANHENSE
Genilson Oliveira Rodrigues1*; Bianca Geovana Viana Pereira1;
Joelma Soares da Silva2; Rosemary Aparecida Roque1
1Laboratório de Controle Biológico e Biotecnologia da Malária e da Dengue, Coordenação Sociedade, Ambiente e
Saúde, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, Manaus-AM, 69067-375, Brasil.
2Grupo de Pesquisa de Controle de Insetos Vetores, Universidade Federal do Maranhão - UFMA, Centro de Ciências de
Codó, Codó - MA, 65400-000, Brasil.
E-mail: genilson3123@gmail.com
Os mosquitos Aedes aegypti (Linnaeus 1762) e Aedes albopictus (Skuse 1895) estão vinculados na
transmissão de várias arboviroses como dengue, chikungunya e Zika. Somente na região amazônica, até a
semanas epidemiológicas 26 de 2024 foram registrados 99.640 casos prováveis de dengue, 20.103 de
chikungunya e 1.825 de Zika a cada 100 habitantes. Diversos fatores dificultam o controle desses vetores,
como sua capacidade adaptativa frente às mudanças no ambiente resultantes das mudanças climáticas que
alteram o regime de chuva anualmente. Nesse sentido, o uso de bactérias entomopatogênicas contra esses
vetores, tornou-se uma alternativa importante para o controle desses mosquitos. Essas bactérias são isoladas
de diversos substratos, tais como: solo, amostras de água, insetos mortos, entre outros. A bactéria Bacillus
thuringiensis (Berliner,1911) por exemplo, é mundialmente empregada no controle de insetos vetores. Nesse
contexto, os criadouros artificiais (ambientes criados ou modificados pela atividade humana) podem conter
linhagens bacterianas com atividade entomopatogênica, incluindo B. thuringiensis (Bt). Portanto, o trabalho
teve como objetivo identificar Bacillus spp. e B. thuringiensis presentes em criadouros artificiais de A.
aegypti e A. albopictus, em Codó, Maranhão. Foram realizadas buscas ativas de criadouros com a presença
de imaturos, os quais foram classificados em 7 grupos: vasos; frascos; pneus; material de construção;
armazenamento (baldes, caixas d’água e tanques); fixos (ralos, caixa de gordura e poços) e outros (inclui
recipientes que não se encaixam nas outras categorias). Nos criadouros positivos para a presença de
mosquitos imaturos, foram coletados 50 mL de água para analisar a presença de bactérias. Para a
identificação dos imaturos foi utilizada chave dicotômica proposta por Consoli e Lourenço-de-Oliveira
(1994) e Forattini (2002). Posteriormente, as amostras passaram pelo procedimento de isolamento e
identificação dos Bacillus spp. e B. thuringiensis. Sendo que 17,11% das colônias bacterianas foram
confirmadas como Bt por microscopia de contraste de fase. Foi analisado ainda o índice médio de Bt em
cada amostra. No total, foram encontrados 57 recipientes com mosquitos imaturos de A. aegypti e A.
albopictus, sendo que em 22 foi confirmada a presença de Bacillus spp. Ao todo foram identificados 76
Bacillus spp., desse total, 47,37% (36) estavam em recipientes do tipo frascos, seguido de outros com
23,68% (18) e armazenamento com 18,42% (14). E ao analisar o índice de colônias de Bt em relação ao
número de colônias bacterianas (nCB), observou-se uma variação de 0,10 a 0,90. A existência de isolados de
Bt em recipientes que são usados pelos mosquitos vetores como sítio de reprodução, evidencia a capacidade
dessas bactérias sobreviverem nos mais diversos ambientes. Portanto, o conhecimento prévio dessas
linhagens é de fundamental importância para embasar trabalhos futuros visando o controle de vetores como o
A. aegypti e A. albopictus.
Palavras-chave: Bacillus thuringiensis, Controle de Insetos, Recipientes.
VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE E DO AR EM MANAUS-AM:
INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE E COBERTURA VEGETAL
Michel Jader de Oliveira Miranda¹; Luiz Antonio Candido²; Aline Corrêa de Sousa³; Adriano Lima Pedrosa4; Jackeline
Picanço Gonçalves4; Rogério Ribeiro Marinho5
1Bolsista FAPEAM de Doutorado em Clima e Ambiente
PPG CLIAMB, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
²Pesquisador, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM;
³Bolsista CAPES de pós-doutorado do PPG-CLIAMB
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM;
4Bolsista FAPEAM de Mestrado em Clima e Ambiente
PPG CLIAMB, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM;
4Bolsista CAPES de Mestrado em Clima e Ambiente
PPG CLIAMB, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM;
5Professor da Universidade Federal do Amazonas - UFAM, Manaus, AM.
E-mail: mjdom.dcl21@uea.edu.br
A complexidade dos processos envolvidos na interação entre a vegetação e o ambiente urbano gera
microclimas com características térmicas distintas e isto exige um estudo detalhado de cada caso específico,
considerando as características particulares de cada local. Neste contexto, projetou-se e desenvolveu-se um
experimento de monitoramento urbano mais completo e diversificado em termos de sensores, características
dos locais e escala temporal que abrangeu os últimos 4 anos na cidade de Manaus-AM. O objetivo foi avaliar
a variação da Temperatura da Superfície (TS) e da Temperatura do Ar (TA) nas épocas seca e chuvosa. A área
de estudo abrangeu o Campus I do INPA e o entorno urbano (67% de cobertura vegetal e 33% de
urbanização, determinados a partir de dados Google Earth). Dados de TS derivados de imagens dos satélites
Landsat 7, 8 e 9 (sensor TIRS), a cada 16 dias, com resolução espacial de 30m, e faixa espectral do
infravermelho termal foram utilizados. Dados de TA foram obtidos a cada 10s via estação meteorológica
RX3000-HOBO (sensor THB) instalada a 12 m de altura. O período de análise foi de 1º de janeiro de 2020 a
31 de dezembro de 2023, e considerou a TS média na área às 10:30 “hora local (HL)”, e a TA média entre 10
e 11 HL. Os resultados mostram variações sazonais mais fortes de TS em relação a TA, com valores mais
elevados na época seca (superando os 38ºC para TS, e os 34ºC para TA). Na época chuvosa, a cobertura de
nuvens e a precipitação associada resultam em TS moderadas durante o dia, pois a radiação solar é
parcialmente bloqueada. Esse efeito é ainda mais forte na porção vegetada da superfície. As maiores
diferenças entre TS e TA ocorrem nos meses de agosto a outubro (época seca), indicando a contribuição
diferenciada dos elementos que compõem a superfície. Este padrão de TA (TS) foi sistemático na época seca
nos anos de 2020, 2021 e 2022, oscilando entre 35-36°C (38-40°C), mas apresentou variações extremas,
mais de 38-40°C (39-42°C), em 2023. Os meses em que a TA foi superior a TS com diferenças significativas,
estão associados a dias com cobertura de nuvens e/ou precipitação. Os dados evidenciam um padrão típico de
variação térmica em ambientes abertos e expostos, onde a superfície tende a aquecer mais do que o ar em
resposta direta à radiação solar ou com a presença de estruturas urbanizadas com alto poder de aquecimento.
Os resultados são relevantes para entender os impactos das mudanças ambientais e climáticas e na gestão de
áreas vegetadas na cidade de Manaus. Os elementos urbanos e a vegetação regulam de maneira diferenciada
a intensidade e variação da temperatura. A região do INPA através da floresta agiu para reduzir TS e TA na
época chuvosa, em comparação aos valores elevados de TS e TA favorecidos pela área urbana na época seca,
gerando um padrão espacial de TS bem característico dessas áreas.
Palavras-chave: Geometria urbana, Temperatura do ar, Uso do solo.
Apoio: CNPq - Universal, CAPES – PROAP - PDPG-AL, FAPEAM - POSGRAD.
EFICIÊNCIA SIMBIÓTICA DE RIZÓBIOS AMAZÔNICOS EM AMENDOIM
FORRAGEIRO (Arachis pintoi) cv AMARILLO EM CASA-DE-VEGETAÇÃO
Daniella de Vasconcelos da Silva1; Enílson Luiz Saccol de Sá2; José Renato Pereira Cavallazzi3; Cláudia Majolo4;
Everton Rabelo Cordeiro4; Aleksander Westphal Muniz4
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agricultura do Trópico Úmido, Manaus, AM
2Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, Porto Alegre, RS
3Universidade Federal do Amazonas, (UFAM), Manaus, AM.
4Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Manaus, AM.
E-mail: aleksander.muniz@embrapa.br
A abertura de novas áreas de pastagens são a maior causa do desmatamento da floresta amazônica. Essa
necessidade de novas áreas é decorrente da degradação destas pastagens, que foram implantadas em solos de
baixa fertilidade natural. Assim, faz-se necessário recuperar o pasto degradado e diminuir a pressão sobre a
floresta. Deste modo, a utilização de leguminosas como o amendoim forrageiro (Arachis pintoi) pode
colaborar para a alimentação do rebanho bovino, bem como, contribuir no aumento da matéria orgânica do
solo por meio da fixação biológica de N. Com base nessas premissas, o objetivo deste trabalho foi selecionar
isolados de rizóbios eficientes na fixação biológica de nitrogênio para amendoim forrageiro em casa de
vegetação. O experimento foi conduzido sob delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições.
Os tratamentos utilizados foram 40 isolados de diferentes solos amazônicos com cinco controles:
SEMIA6156, SEMIA6440, SEMINA6439; não inoculado com adubação nitrogenada e não inoculado sem
adubação nitrogenada. As variáveis avaliadas foram massa seca da parte aérea (MSPA) e nodulação (número-
NNOD e massa de nódulos-MNOD). Com base na produção de MSPA foi determinada a eficiência
simbiótica em casa-de-vegetação. Os resultados demonstraram que os isolados E501, E513, E514, E527,
E528, E536, E544, E547, E548, E550, E551 e E552 promoveram uma maior produção de MSPA, com 224,
183, 198, 151, 159, 193, 161, 253, 281, 212, 226 e 218 mg MSPA/planta, respectivamente. Enquanto os
isolados E515, E527, E528, E532, E547, E548 e E552 apresentaram um maior número de nódulos com uma
variação entre 70 e 111 nódulos/planta. Por sua vez, a maior massa seca de nódulos foi obtida pela
inoculação do isolado E544 com 3,94 mg/planta. Conclui-se que os isolados E514, E505, E547, E551, E548,
E501, E524, E503, E552, E528, E527, E536 apresentaram bons resultados quanto à eficiência simbiótica
para amendoim forrageiro cv. Amarillo em condições controladas de casa-de-vegetação superior as estirpes
de referência atualmente recomendadas pela Embrapa. Podendo ser utilizados em novos trabalhos de seleção
tanto em casa de vegetação quanto em campo.
Palavras-chave: Fixação Biológica de Nitrogênio, Nodulação, Pastagens.
Apoio: INCT-CNPq 465133/2014-4, FAPEAM, EMBRAPA
EFEITO DA INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS PROMOTORAS DE
CRESCIMENTO DE NA BIOMASSA MICROBIANA DO SOLO CULTIVADA COM
Urochloa brizantha cv. marandu
Sara Batista Rodrigues1; Cláudia Majolo2; Natasha Helena Souza Ribeiro2; Enílson Luiz Saccol de 3; Rogério Perin2,
Marco Antônio Nogueira4, Ithalo Gomes Braga1; Diego Monteiro Nunes1; Aleksander Westphal Muniz2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agricultura do Trópico Úmido, Manaus, AM
2Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Manaus, AM.
3Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS
4Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Londrina, PR.
E-mail: aleksander.muniz@embrapa.br
A mudança do uso da terra na Amazônia é a maior causa de desmatamento. A mudança de uso que mais
contribui para a diminuição da floresta amazônica é a abertura de área para novas pastagens. Isso ocorre
devido a degradação das pastagens que foram implantadas em solos de baixa fertilidade natural como
Latossolos e Argissolos. Deste modo, faz-se necessário recuperar as pastagens degradadas. Destas pastagens
a maioria absoluta é formada pela espécie Urochloa brizantha. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito
da inoculação e coinoculação das bactérias promotoras de crescimento de plantas Rhizobium anhuiense (RZ),
Azospirillum brasiliense (AZ) e Pseudomonas fluorescens (PF), associadas à diferentes doses de NPK na
biomassa microbiana do solo. Para isso, foi implantado um experimento em blocos casualizados com 4
repetições. O carbono da biomassa microbiana (CBM) do solo foi obtido pelo método de fumigação-
extração, enquanto a respiração (RB) foi obtida utilizando armadilhas de CO2 com hidróxido de sódio. O
quociente metabólico (qCO2) foi determinado utilizando uma relação entre CBM/RB. Os resultados
demonstraram que a inoculação e coinoculação não afetaram o CBM, que respondeu as maiores doses de
fertilizantes. Já a RB foi diretamente influenciada pela inoculação e coinoculação na área sem fertilizantes e
com a dosagem maior de fertilizantes. O qCO2 apresentou maior variação nos tratamentos inoculados e
coinoculado com AZ+PF. Conclui-se que o CBM aumenta com a fertilização de U. brizantha cv Marandu. E
ainda, a RB e qCO2 aumentam com a inoculação (AZ e PF) e coinoculação (RZ+PF).
Palavras-chave: braquiária, carbono da biomassa microbiana, quociente metabólico, respiração do solo
Apoio: Fundação Agrisus, INCT-CNPq 465133/2014-4, FAPEAM, EMBRAPA
POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE LINHAGENS DE Fusarium ISOLADAS DE
Gustavia hexapetala
Ana Beatriz de Araújo Mendes1; Adriano Ferrari de Almeida1; Larissa Kirsch Barbosa1; Patrícia Melchionna
Albuquerque2; Ieda Hortêncio Batista¹; Francisca da Silva Ferreira¹
1 Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Normal Superior, Manaus - AM.
2 Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Superior de Tecnologia – EST, Manaus, AM.
E-mail: abdam.bio23@uea.edu.br
Os fungos endofíticos colonizam tecidos internos de plantas sem causar danos aparentes aos seus
hospedeiros e são conhecidos por sua capacidade de produzir metabólitos bioativos com potenciais
aplicações na biotecnologia. O gênero Fusarium, em particular, se destaca por seu histórico de produção de
compostos secundários com atividades antifúngica e antibacteriana. Trabalhos anteriores indicam que
espécies de Fusarium isoladas de plantas produzem diferentes classes de metabólitos, como policetídeos,
especialmente quinonas e naftoquinonas, peptídeos não ribossomais e terpenos, que apresentam atividade
antimicrobiana moderada a alta. Essa versatilidade metabólica torna o gênero Fusarium promissor para
pesquisas voltadas ao desenvolvimento de novos tratamentos terapêuticos. A planta Gustavia hexapetala,
pertencente à família Lecythidaceae, é endêmica da Amazônia e possui propriedades medicinais e uma rica
diversidade de fungos associados. O objetivo deste estudo foi investigar o potencial antimicrobiano de
linhagens do gênero Fusarium isoladas de galhos de G. hexapetala contra os patógenos Candida albicans,
C. tropicalis, Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Cinco linhagens de Fusarium sp. foram reativadas
em meio sólido BDA+EL (Batata-Dextrose-Ágar acrescido de extrato de levedura) e incubadas por 10 a 14
dias a 28°C em BOD. Para a avaliação da atividade antimicrobiana, foi utilizada a técnica de bloco de gelose,
onde placas de Petri contendo suspensão dos patógenos S. aureus, E. coli, C.albicans e C. tropicalis,
padronizados pela escala McFarland nº1, nos meios de cultura Mueller-Hinton e Sabouraud dos patógenos,
respectivamente. Posteriormente, blocos de 1 cm² contendo micélio de Fusarium sp. foram inoculados nas
placas de Petri previamente semeadas com os patógenos e incubadas em BOD a 37°C durante 24 horas. O
controle positivo empregado foi terbinafina para C. albicans e C. tropicalis e levofloxacina para S. aureus e
E. coli. A produção de metabólitos com ação antimicrobiana foi avaliada pela formação de halos de inibição,
medidos em dois eixos utilizando um paquímetro, com a média dos diâmetros calculada como o halo de
inibição médio (HIM). Os resultados indicaram que das cinco linhagens testadas, duas apresentaram
atividade antimicrobiana. A linhagem de Fusarium sp. (Ghx G - 3.1.3 - TA) apresentou atividade
antimicrobiana significativa contra dois dos patógenos testados. Para C. albicans, o HIM registrado foi de
8,5 mm, enquanto para C. tropicalis, o HIM foi de 12,3 mm, demonstrando uma ação mais eficaz contra este
último. Além disso, a linhagem Fusarium sp. (Ghx G - 3.1.1A - TA) apresentou atividade contra E. coli e S.
aureus, com HIMs de 14,5 mm para E. coli e 23,8 mm para S. aureus. Esses resultados reforçam o potencial
biotecnológico de fungos endofíticos na produção de compostos antimicrobianos, tanto contra leveduras
quanto contra bactérias. Em conclusão, o estudo evidenciou que as linhagens de Fusarium isoladas de
Gustavia hexapetala são capazes de produzir metabólitos com atividade antimicrobiana, especialmente
contra Candida tropicalis, S. aureus e E. coli. Isso aponta para a relevância de investigações mais
aprofundadas sobre os compostos bioativos desses fungos e seu potencial uso no desenvolvimento de novos
agentes antimicrobianos, contribuindo para o avanço de terapias alternativas no combate a infecções fúngicas
e bacterianas.
Palavras-chave: Atividade Antimicrobiana, Fungos Endofíticos, Metabólitos secundários, Testes de
Inibição.
Apoio: CNPq, Fapeam, UEA.
RESPOSTAS DE Heliconia acuminata AO EXPERIMENTO DE FERTILIZAÇÃO NA
AMAZÔNIA CENTRAL
Bruna Lima¹; Flávia Santana¹; Raffaello Di Ponzio²; Bárbara Brum1, Gyovanni Augusto Aguiar Ribeiro1, Rafael Assis3,
Kelly Andersen4, Carlos Alberto Quesada¹, José Luís Camargo¹
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
2Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós-graduação em Ecologia,
Conservação e Manejo da Fauna Silvestre, Belo Horizonte, MG,
3 Instituto Tecnológico da Vale, Desenvolvimento Sustentável, Belém, PA,
4Missouri Botanical Garden, St. Louis, Missouri.
E-mail: brunamelolima@gmail.com
A limitação de nutrientes, afeta a produtividade do ecossistema e pode influenciar na dinâmica populacional
das plantas, com respostas espécie-específicas ainda pouco compreendidas. As florestas de Terra Firme na
Amazônia Central estão situadas em solos pobres em nutrientes, especialmente Fósforo (P) e Cátions (Ca,
Mg, K), e para responder como a limitação de nutrientes pode afetar o funcionamento da floresta, foi
instalado um experimento multifatorial de adição de nutrientes, o Amazon Fertilisation Experiment (AFEX).
O AFEX eslocalizado a 100 km ao Norte de Manaus e abrange quatro blocos, cada um com oito parcelas
permanentes de 50 x 50 m, totalizando 32 parcelas. Sete dessas recebem tratamentos com adição de
Nitrogênio (N), P, Cátions, N + P, N + Cátions, P + Cátions e N + P + Cátions, enquanto uma parcela
permanece como controle. Este estudo focou na espécie herbácea de sub-bosque Heliconia acuminata,
avaliando como a adição de nutrientes afeta aspectos vegetativos e reprodutivos. Para cada parcela, foram
analisados o investimento em aquisição de carbono foliar por meio da massa seca foliar por unidade de área
(LMA), o potencial reprodutivo, medido pela proporção de indivíduos reprodutivos em uma área de 900
(30 x 30 m) e a demografia populacional. O levantamento demográfico classificou os indivíduos em adultos,
jovens e plântulas, com base no número de rametas, número de folhas e altura. Encontramos que a adição de
Cátions refletiu na diminuição do LMA, ou seja, indivíduos com menor investimento em aquisição de
carbono por área foliar, o que pode ser atribuído à melhora na disponibilidade de nutrientes no solo na
produção de folhas. A adição de todos os nutrientes aumentou a concentração de nutrientes foliar com seus
respectivos nutrientes adicionados, exceto na adição de Cátions que houve diminuição na concentração de
cálcio foliar. Além disso, o P aumentou o potencial reprodutivo dos indivíduos, enquanto a adição de Cátions
afetou negativamente. A adição de N diminuiu o número de plântulas, sugerindo que o excesso de N pode ter
impactos negativos no processo de frutificação, germinação e/ou estabelecimento das plântulas. Após cinco
anos de fertilização no AFEX, os resultados destacaram os diferentes efeitos dos nutrientes: a adição de
Cátions afeta a aquisição de carbono, enquanto o P influencia o potencial reprodutivo de maneira positiva. Já
a adição de N, em solos naturalmente ricos neste nutriente, impactou negativamente o número de plântulas,
evidenciando o efeito adverso do excesso de N na dinâmica populacional de H. acuminata. O estudo reforça
a importância de considerar a flexibilidade na alocação de energia para a reprodução e as múltiplas
influências ambientais ao analisar adaptações de plantas em solos com diferentes níveis de fertilidade na
Amazônia Central.
Palavras-chave: Fertilização, Herbácea de sub-bosque, Limitação nutricional.
Apoio: CAPES, FAPEAM, CNPq.
ESTUDO DOS FOCOS DE CALOR NA EXTENSÃO DO RIO SOLIMÕES-AM BASEADO
EM DADOS ABERTOS
Lohanne Vitor Carvalho1; Dario Pereira Castro1; Elias Lourenço Vasconcelos Neto1; Emerson 2Eduardo Oliveira de
Souza; José Fellip Catique Marinho3; Drielly Bentes Gomes3; Iandro Xavier Santarém1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA),
Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara (CESIT), Itacoatiara, AM.
²Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
Departamento de Ciências Florestais e da Madeira, Jerônimo Monteiro, ES.
3Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC),
Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), Departamento de Engenharia Florestal, Lages, SC.
E-mail: lohannevitor12@gmail.com
O Rio Solimões, localizado a oeste do estado do Amazonas, está inserido em uma região de cerca de 57.922
km² e desempenha um papel fundamental na economia e na ecologia da área. No entanto, essa região
enfrenta graves desafios ambientais, principalmente relacionados aos incêndios florestais, que são
frequentemente provocados por práticas agrícolas tradicionais e pela expansão da pecuária extensiva. Essas
atividades contribuem diretamente para o desmatamento e o aumento dos focos de calor. O monitoramento
desses focos, realizado por meio de imagens de satélite, tem se mostrado uma ferramenta eficiente a detecção
rápida ao combate ás queimadas. O objetivo deste estudo foi avaliar a ocorrência de focos de calor ao longo
do Rio Solimões entre 2020 e 2024, buscando entender os padrões de incêndios florestais e os fatores que
influenciam sua distribuição. Para isso, foram utilizados dados abertos do Programa Queimadas do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), processados com os softwares QGIS Desktop 3.36.1 e Microsoft
Excel. No QGIS, foram realizadas análises espaciais, como a criação de buffers ao longo do rio e a contagem
de focos de calor dentro dessas áreas, além da identificação das zonas de maior concentração de incêndios ao
longo do tempo. No Excel, foram aplicadas análises descritivas e construção de gráficos para avaliar
variações anuais e mensais na quantidade de focos, destacando os períodos de maior incidência. Durante o
período analisado, foram registrados 1.336 focos de calor na área de preservação permanente. O ano de 2023
apresentou o maior número de registros, com 276 focos, o que representa um aumento de aproximadamente
30% em relação a 2022. Os meses de agosto e setembro se destacaram como os períodos de maior incidência
de focos, coincidindo com a estação seca, o que intensifica os incêndios florestais. A análise espacial revelou
que a região inferior do Rio Solimões foi a mais afetada, com um total de 1.054 focos, devido à maior
concentração de municípios nessa área e ao uso intensivo do solo para atividades agropecuárias. Foi
observada uma correlação positiva entre a densidade de focos de calor e a área total (em km²), indicando que
regiões maiores tendem a concentrar mais focos, possivelmente devido a fatores ambientais, como clima e
topografia, e antrópicos, como manejo inadequado do solo e desmatamento. Os resultados evidenciam a
necessidade urgente de práticas mais sustentáveis de uso do solo e manejo florestal na região do Rio
Solimões, de modo a reduzir a incidência de focos de calor e os impactos ambientais associados. O uso de
tecnologias de sensoriamento remoto, como imagens de satélite, é crucial, permitindo o monitoramento
contínuo das áreas afetadas e fornecendo informações para a formulação de políticas públicas de preservação
ambiental. A análise dos padrões de ocorrência de focos de calor ao longo dos cinco anos fornece subsídios
valiosos para o planejamento de ações de preservação da biodiversidade, proteção de áreas de preservação
permanente e desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Palavras-chave: Correlação espacial, Gestão ambiental, Impactos ambientais, Sensoriamento remoto,
Sustentabilidade.
APLICAÇÕES MEDICINAIS DA FAMÍLIA ARACEAE NA AMAZÔNIA: UMA REVISÃO
ETNOBOTÂNICA
Cleissa de Oliveira Martins1; Charles Zartman Eugene1; Maria de Lourdes da Costa Soares Moraes1; Paulo Alexandre
Lima Santiago2; Adriano Costa Quaresma1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Programa de Pós-Graduação em Ciência Biológicas (Botânica),
2Universidade do Estado do Amazonas, Centro de Estudos Superiores de Tabatinga-CESTB.
E-mail: cleissab.i.o@gmail.com
A Amazônia é uma região de importância elevada por sua biodiversidade e pelo uso tradicional extensivo de
plantas nativas em práticas terapêuticas. Dentre as famílias botânicas mais relevantes, destaca-se a Araceae
Juss., composta por ervas perenes ou sazonais com uma variedade de hábitos, incluindo espécies aquáticas,
epífitas, hemiepífitas e terrícolas, amplamente distribuídas nas regiões tropicais. Com 142 gêneros
reconhecidos mundialmente, a Araceae desempenha um papel fundamental na medicina tradicional em
países como Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia e Equador. Este trabalho tem como objetivo investigar o uso
medicinal das espécies dessa família, identificando as mais utilizadas e as partes das plantas associadas às
aplicações terapêuticas tradicionais. Documentar esse conhecimento pode contribuir para a preservação da
biodiversidade, para o desenvolvimento de práticas medicinais sustentáveis e para possíveis avanços na
medicina ocidental. A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão da literatura, utilizando a base de dados
Google Acadêmico, com os descritores "ethnobotany of Araceae from Amazon" em português e inglês.
Foram encontrados 1.520 resultados em inglês e 1.230 em português, dos quais foram selecionados estudos
que mencionavam os termos "ethnobotany", "medicinal plants", "Amazon", "community", "Araceae" e
"species". Os dados foram organizados e analisados no software R, gerando uma ntese das informações
relevantes. Também foi realizada a revisão taxonômica das espécies de acordo com a nomenclatura botânica
correta. Os resultados das pesquisas revelaram o total de 41 espécies da família Araceae que são amplamente
utilizadas na medicina tradicional amazônica. Destacam-se Pistia stratiotes L., Montrichardia linifera
(Arruda) Schott, Caladium bicolor (Aiton) Vent., e Thaumatophyllum solimoesense (A.C.Smith) Sakur.,
Calazans & Mayo mencionadas em 3 estudos, seguida de Montrichardia arborescens (L.) Schott, Anthurium
croatii Madison, Anthurium ernestii Engl., Dracontium spruceanum (Schott) G.H.Zhu e Philodendron
ernestii Engl., mencionadas em 2 estudos. As demais espécies foram mencionadas em apenas um estudo.
Essas espécies são utilizadas principalmente no Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia e Equador. Em relação às
partes das plantas mais utilizadas, as folhas foram as mais citadas, com 22 ocorrências, seguidas pelos
caules, com 8 menções, e pelas raízes e tubérculos, ambos com 7 menções cada. A planta inteira foi citada
em 6 casos, enquanto as inflorescências apareceram em 3. Outros componentes menos frequentes incluem
sementes, rizomas e seiva cada um com 2 menções, além dos pecíolos, e da seiva e casca da raiz,
mencionados apenas uma vez. As principais aplicações terapêuticas observadas foram para picadas de cobra,
com 9 menções, seguida pelo tratamento de úlceras, com 7 menções, feridas, com 6 menções, e reumatismo,
com 5 menções. Efeitos anticoncepcionais, tratamentos para dermatose e malária foram citados 4 vezes cada.
Outras finalidades medicinais incluem propriedades diuréticas e tratamento para picadas de insetos, com 3
menções cada. Os demais usos tiveram menos que 3 citações. Conclui-se que a família Araceae desempenha
um papel significativo na medicina tradicional amazônica, com uma diversidade de espécies e usos
terapêuticos. Este estudo fornece uma base para futuras pesquisas sobre os potenciais bioativos dessas
plantas, além de contribuir para a preservação do conhecimento tradicional e o desenvolvimento de práticas
medicinais sustentáveis.
Palavras-chave: Biodiversidade, Espécies medicinais, Uso tradicional.
Apoio: Capes.
CONDUÇÃO DE PLANTIO DE ENRIQUECIMENTO DE Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.
EM ÁREA DE MANEJO FLORESTAL DE BAIXO IMPACTO NO MÉDIO AMAZONAS
Drielly Bentes Gomes1; Emerson Eduardo Oliveira de Souza2; Joane Palmeira Gomes3; Vicente Pereira dos Santos
Neto4; Dario Pereira Castro4; Adriene de Oliveira Amaral4; Silvia de Oliveira Amaral4; Kaline Fernandes Miranda4;
Victor Alexandre Hardt Ferreira dos Santos4
1 Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias (UDESC/CAV),
Departamento de Engenharia Florestal, Lages, SC.
2 Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
Departamento de Ciências Florestais e da Madeira, Jerônimo Monteiro, ES.
3 Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Recife, PE.
4 Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara, Itacoatiara, AM.
E-mail: driellybentes@gmail.com
O manejo inadequado de florestas tropicais tem, ao longo dos anos, afetado o aproveitamento e crescimento
de espécies remanescentes, ocasionando a perda da diversidade biológica da floresta. A extração de árvores
forma descontinuidades no gradiente florestal (clareiras), a regeneração natural dessas florestas demanda
tempo e para aceleração desse processo são tomadas algumas medidas silviculturais. O objetivo deste
trabalho foi investigar a condução de um plantio de enriquecimento de Dipteryx odorata (Aubl.) Willd., em
uma área de manejo florestal de baixo impacto no Amazonas, verificando o desempenho em relação à
aplicação do tratamento silvicultural de liberação e das características das clareiras. O enriquecimento foi
realizado em 20 clareiras, sendo que, em 10 clareiras, aplicou-se o tratamento silvicultural de liberação,
eliminando plantas competidoras em um raio de 1 metro da muda plantada. A área da clareira e a abertura do
dossel foram mensuradas. A coleta de dados de crescimento e sobrevivência das mudas foram realizadas
bimestralmente, ao longo de 536 dias pós-plantio. A taxa de sobrevivência foi de 82% para clareiras com
tratamento e 74% sem tratamento. Não foi observada diferença significativa no crescimento em altura
(cm.ano-1) e diâmetro do colo (mm.ano-1) das mudas em clareiras com tratamento de liberão (16,12
cm.ano-1 e 2,52 mm.ano-1) e nas que não receberam (17,14 cm.ano-1 e 2,42 mm.ano-1). Nas clareiras tratadas,
a área da clareira e a abertura do dossel tiveram forte influência positiva no crescimento em altura das
plantas, enquanto nas clareiras sem tratamento, a área da clareira teve associação negativa com crescimento
diamétrico (-0,71 mm.ano-1) em um período de baixa disponibilidade hídrica. Esses resultados indicam que a
integração de tratamentos silviculturais e as características das clareiras podem influenciar no crescimento
das plantas em plantios de enriquecimento de clareiras em áreas de manejo florestal sustentável.
Palavras-chave: Clareiras, Exploração madeireira, Silvicultura Tropical, Sobrevivência de espécies
arbóreas, Tratamento Silvicultural.
REGENERAÇÃO NATURAL EM CLAREIRAS ORIUNDAS DO MANEJO FLORESTAL
DE BAIXO IMPACTO NO MÉDIO AMAZONAS
Joane Palmeira Gomes1; Drielly Bentes Gomes2; Emerson Eduardo Oliveira de Souza3; Dario Pereira Castro1; Vicente
Pereira dos Santos Neto1; Adriene de Oliveira Amaral4; Silvia de Oliveira Amaral1; Kaline Fernandes Miranda1; Victor
Alexandre Hardt Ferreira dos Santos1
1 Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara, Itacoatiara, AM.
2 Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias (UDESC/CAV),
Departamento de Engenharia Florestal, Lages, SC.
3 Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
Departamento de Ciências Florestais e da Madeira, Jerônimo Monteiro, ES.
4 Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Recife, PE.
E-mail: joanepalmeira@gmail.com
No Amazonas, o manejo florestal em pequena escala possibilita a exploração por produtores rurais
familiares, de menor impacto e de baixo custo. No manejo florestal, após a retirada das árvores surgem
clareiras que ocasionam mudanças microclimáticas que possibilitam a ocorrência da regeneração natural.
Este trabalho teve por objetivo analisar o efeito das clareiras sobre a regeneração natural de espécies
comerciais em áreas exploradas no manejo florestal em pequena escala. Foram caracterizadas 44 clareiras de
acordo com o tamanho e abertura de dossel. A regeneração natural foi diagnosticada através da identificação
das mudas de espécies arbóreas comerciais com altura >1,3 m em 9 parcelas de 2 x 2 m, em cada clareira.
Foram encontrados 338 indivíduos regenerando naturalmente nas clareiras, as cinco espécies mais
abundantes foram Protium apiculatum, P. decandrum, P. spruceanum, Zygia racemosa e Goupia glabra. Foi
observada uma variação na área das clareiras em uma ordem de 6,45, onde 84% das clareiras encontradas
foram classificadas como pequenas, com média de abertura do dossel para as 44 clareiras de 22%. A riqueza
de espécies variou na ordem de 10 vezes e em média foram encontradas quatro espécies por clareira, em
relação a abundância foram observados em média sete indivíduos por clareira e uma variação na ordem de 31
vezes. Não foram observadas associações significativas entre as características da clareira (área e abertura do
dossel) e a regeneração natural (riqueza e abundância de espécies comerciais). Entre as 5 espécies mais
abundantes, Goupia glabra foi a única espécie que demonstrou correlação significativa entre a abundância de
mudas e as características da clareira (r = 0,77 área de clareira e r = 0,96 abertura de dossel). A abertura do
dossel é pequena em clareiras formadas em área de manejo florestal de baixo impacto; e isso torna escassa a
regeneração de espécies comerciais. Portanto, nessas áreas, são imperativas as ações de enriquecimento com
as espécies que foram exploradas.
Palavras-chave: Abertura de dossel, Diagnóstico silvicultural, Dinâmica florestal, Diversidade florística,
Restauração florestal.
EFEITO DOS ÓLEOS ESSÊNCIAS DE Lippia gracilis E Piper aduncum NO CONTROLE
DE Colletotrichum spaethianum
Carina Nascimento Silva1; Luiz Alberto Guimarães2; Rogerio Eiji Hanada3;
Suene Vanessa Reis de Almeida4; Francisco Célio Maia Chaves5
1Universidade Federal Rural de Pernambuco;
Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade, Recife, PE.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Coordenação de Sociedade Ambiente e Saúde (COSAS) Manaus, AM.
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido (PPG ATU), Manaus, AM.
4 Barry Callebaut, Altamira, PA.
5 Embrapa Amazonia Ocidental, Manaus, AM.
E-mail: cncarinaczs@gmail.com
A cebolinha (Allium fistulosum L.) é uma hortaliça consumida em todo o mundo, e na região amazônica do
Brasil, é amplamente utilizada como condimento no preparo de pratos típicos. No entanto, a produção local
enfrenta problemas relacionados à antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum spaethianum (Allesch),
que se desenvolve principalmente nas condições climáticas tropicais, afetando diretamente a produtividade
da cultura. A estratégia de controle mais comum para essa doença é o uso de fungicidas, mas até o momento
não produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), específicos
para o controle da antracnose em cebolinha. Por isso, métodos alternativos têm sido estudados para suprir
essa lacuna. Os óleos essenciais (OEs) de plantas, tem se destacado pelas suas propriedades química de
amplo espectro, sendo considerados alternativas promissoras para o manejo fitossanitários. Além disso, são
ecológicos e biodegradáveis, que apresentam menor impacto ambiental em relação aos fungicidas. Este
estudo teve como objetivo avaliar o potencial dos OEs de Lippia gracilis Schaur e Piper aduncum L. sobre o
crescimento micelial de C. spaethianum e na redução da severidade da antracnose em plantios de cebolinha
em condições de campo. A atividade inibitória dos OEs foi testada em meio de cultura BDA, com
concentrações de 0; 0,2; 0,5; 0,7; 1,0 e 1,2%, sendo a concentração zero utilizada como controle. O
crescimento micelial foi medido até o momento que o fungo cobriu completamento o meio de cultura nas
placas de Petri do grupo controle. Em experimento de campo, a severidade da doença foi avaliada em uma
escala de notas de 1 a 5, sendo a nota 5 atribuída à presença de lesões cobrindo até 70% da área foliar e com
presença dos sinais do patógeno. Os OEs foram emulsificados com 0,1% de Tween 80 e diluídos em água
destilada esterilizada na concentração de 1,2%. As soluções foram aplicadas cinco vezes, em intervalos de
sete dias. Os resultados mostraram que o OE de L. gracilis inibiu 100% o crescimento micelial em todas as
concentrações testadas, enquanto o OE de P. aduncum reduziu o crescimento do fungo em mais de 60% em
todas as concentrações. Em campo, os tratamentos com óleos essenciais também mostraram resultados
positivos no controle da severidade da doença, onde as plantas tratadas apresentaram notas entre 2 e 3 na
escala de severidade, enquanto as plantas controles receberam nota 4, correspondente a 50% de lesões com
presença de estruturas reprodutivas do fungo. Os resultados deste estudo destacaram o potencial dos OEs de
L. gracilis e P. aduncum como alternativas viáveis e promissoras no manejo da antracnose em cebolinha,
oferecendo uma opção segura, eficaz e sustentável no controle da doença.
Palavras-chave: Allium fistulosum, Controle alternativo, Severidade da doença.
Apoio: Fapeam, CNPq, Capes.
EFICÁCIA DO ÓLEO ESSENCIAL DE Mentha piperita L. NO CONTROLE DA
ANTRACNOSE NA CEBOLINHA
Carina Nascimento Silva1; Luiz Alberto Guimarães2; Rogerio Eiji Hanada3; Suene Vanessa Reis de Almeida4; Francisco
Célio Maia Chaves5
1Universidade Federal Rural de Pernambuco; Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade, Recife, PE.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Coordenação de Sociedade Ambiente e Saúde (COSAS) Manaus, AM.
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido (PPG ATU), Manaus, AM.
4 Barry Callebaut, Altamira, PA.
5 Embrapa Amazonia Ocidental, Manaus, AM.
E-mail: cncarinaczs@gmail.com
A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum spaethianum, em cebolinha (Allium fistulosum L.) é um
dos principais fatores limitantes na produção da hortaliça na região Amazônica. Essa doença ocorre em todo
o país, especialmente em regiões com condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento, sendo um
dos patógenos de maior relevância econômica na fase de pós-colheita. Como não existem agroquímicos
registrados para o controle da antracnose em cebolinha, é essencial explorar alternativas que minimizem o
impacto ambiental e promovam a saúde dos consumidores. Os compostos secundários presentes em extratos
e óleos essenciais (OEs) de plantas oferecem uma ampla gama de substâncias químicas que podem
representar alternativas promissoras no controle de doenças em culturas agrícolas. O presente estudo teve
como objetivo avaliar o potencial do óleo essencial (OE) de Mentha piperita na germinação de conídios de
C. spaethianum e na severidade da antracnose. O efeito do OE sobre a germinação dos conídios foi testado
em placas de ELISA, utilizando as concentrações de 0; 0,2; 0,5; 0,7; 1,0 e 1,2%. A avaliação consistiu na
contagem de conídios germinados e não germinados para calcular a percentagem de germinação. No
experimento in vivo, plantas de cebolinha foram tratadas com o OE de M. piperita para avaliar a severidade
da doença, utilizando uma escala de notas de 1 a 5, onde 5 representava a maior gravidade. Para determinar a
gravidade das lesões, foi utilizada uma escala diagramática. O OE foi emulsificado com a adição de 0,1% de
Tween 80, diluídos em água destilada e esterilizada, e a concentração utilizada nos testes in vivo foi de 1,2%.
As aplicações do tratamento ocorreram em intervalos de sete dias, totalizando cinco aplicações. Os
resultados mostraram que o OE de M. piperita inibiu completamente a germinação dos conídios nas
concentrações de 1,0 e 1,2%, com 100% de inibição. Nas concentrações entre 0,2 e 0,5%, houve uma
inibição de 90%. Além disso, o tratamento com OE de M. piperita foi promissor no controle da severidade
da doença, reduzindo significativamente a progressão das lesões necróticas em comparação com as plantas
não tratadas. Os resultados deste estudo destacam o potencial do OE de M. piperita na supressão da
antracnose em cebolinha, oferecendo uma alternativa viável para o manejo sustentável da doença.
Palavras-chave: Colletotrichum spaethianum, Controle Alternativo, Severidade da Doença.
Apoio: Fapeam, Capes, CNPq.
FORMIGAS EPIGÉICAS (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) EM SAVANAS
AMAZÔNICAS, (PARÁ, BRASIL)
Nayane do Nascimento Sanches¹; Maria Antônia Nascimento Pereira2; Tatiana Vieira Senra3; Ana Akel Sampaio da
Silva4; Iracenir Andrade dos Santos5
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),
Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA), Santarém, PA;
2Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),
Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF), Santarém, PA.
3Colaborador Externo, Santarém, PA.
4Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Formação Interdisciplinar e Intercultural (IFII) Santarém, PA.
5Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural (IFII), Santarém, PA.
E-mail: nayanens16@gmail.com
Nos ecossistemas tropicais, as formigas desempenham um papel vital, ocupando quase todas as camadas da
vegetação, desde o solo até a copa das árvores. Pretendeu-se avaliar a diversidade e a distribuição de
formigas epigéicas (Hymenoptera: Formicidae) nas savanas de Alter do Chão, no Pará, Brasil, entre os dias
11 e 20 de dezembro de 2023, onde foram distribuídas 30 armadilhas no solo do tipo pitfall, que
permaneceram instaladas por 48 horas, na comunidade de Irurama (02°27’53.1”S, 54°52'34.6”W). Também
coletou-se variáveis relacionadas à complexidade estrutural da vegetação, como densidade herbácea, arbórea
e conectividade das plantas e coleta de serapilheira onde foi feita a análise de biomassa. As formigas foram
identificadas no laboratório com base em características morfológicas e chaves específicas. A amostragem
em Irurama obteve o total de 7.372 espécimes de Formigas; estas estão distribuídas 5 subfamílias, 20 gêneros
e 32 espécies. A subfamília mais abundante foi Dolichoderinae seguida por Myrmicinae e Formicidae. Os
gêneros de maior ocorrência foram Dorymyrmex, Camponotus e Cyphomyrmex. Os gêneros com maior
riqueza em mero de espécies ou morfoespécies foram: Camponotus (cinco), Pseudomyrmex (quatro),
Solenopsis (três), Pheidole (três). Este levantamento contribui para o conhecimento da diversidade de
formigas na região. Além disso, as variáveis estruturais coletadas servirão para elucidar sua influência sobre
as comunidades de formigas.
Palavras-chave: Diversidade; Solos; Pitfalls trap.
ÍNDICE DE SEVERIDADE DE SECA DE PALMER (PDSI): CONEXÕES COM
ANOMALIAS NOS OCEANOS TROPICAIS E IMPACTOS EM SUB-BACIAS DA REGIÃO
AMAZÔNICA
Rosimeire Araújo Silva1*; Philip Martin Fearnside1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
INCT do Valor Ambiental da Amazônia – VALAMB, Manaus, AM.
E-mail: cientistadedados2020@gmail.com
A relação entre as temperaturas do mar e os eventos climáticos na Amazônia é mais complexa do que pode
sugerir os modelos climáticos tradicionais. As variações de temperatura em diferentes regiões dos oceanos
tropicais impactam a Amazônia de maneiras distintas, com efeitos variados nas sub-regiões. Este estudo
aplica a Função Ortogonal Empírica (FOE) para investigar a variabilidade das anomalias de temperatura da
superfície do mar (ATSM) nos oceanos Pacífico e Atlântico Tropical entre 1950 e 2022 e seus efeitos nos
períodos secos e úmidos nas sub-bacias da Amazônia. O primeiro modo no Pacífico Tropical está associado
ao El Niño Central, caracterizado por anomalias positivas espalhadas por toda a bacia, com oscilações de 2 a
8 anos. O segundo modo, relacionado ao El Niño Oriental, apresenta um centro positivo na região do Niño
1+2 (0º-90ºW) e dois negativos no Pacífico Norte (15ºN-160ºW) e Sul (15ºS-170ºW). Esse modo apresenta
oscilações entre 1 e 4 anos, com anomalias menos intensas e maior frequência que o primeiro. No Atlântico
Tropical, o primeiro modo é associado ao Modo Atlântico Equatorial (MEA) Frio, com anomalias negativas
ao longo da bacia e máximo em -30ºW, oscilando entre 2 e 4 anos. O segundo modo está relacionado ao
Dipolo Positivo do Atlântico, com sinal positivo ao norte (5ºN-40ºW) e negativo ao sul (15ºS-10ºW). Esse
modo oscila em escalas de 6 meses a 1 ano, com várias ocorrências ao longo da rie. As correlações entre os
modos climáticos e o Índice de Seca de Palmer (PDSI) mostram que o El Niño Central tem grande impacto
sobre as secas na Amazônia, com influência forte e consistente durante o ano, especialmente nas porções
norte e central da região, com destaque para as sub-bacias do Japurá, Rio Negro, Trombetas-Uatumã e Paru-
Jari. O El Niño Oriental tem efeito moderado e impacta de forma diferenciada a sub-bacia do Alto Rio
Negro, com efeitos inversos em São Gabriel da Cachoeira. O MEA Frio favorece condições mais úmidas na
estação chuvosa, mas, se presente na transição para a estação seca, pode causar episódios secos no dio e
Baixo Rio Negro, Trombetas-Uatumã e Paru-Jari, enquanto Purus, Madeira, Juruá e Tapajós mantêm alta
umidade o ano inteiro. Quando o Dipolo Positivo do Atlântico se forma na estação chuvosa, Japurá e Negro
experimentam condições mais úmidas, enquanto as demais bacias apresentam sinais de seca moderada. O
Dipolo intensifica as secas durante a transição para a estação seca, afetando Japurá, Purus, Madeira,
Trombetas-Uatumã e Paru-Jari. O Pacífico e o Atlântico têm papéis complementares na variabilidade
climática da Amazônia. O El Niño Central causa secas mais prolongadas, enquanto o Atlântico, com o MEA
e o Dipolo, modula eventos em ciclos sazonais curtos. O Pacífico gera secas mais amplas e recorrentes,
especialmente nas transições interanuais, enquanto o Atlântico pode intensificar ou amenizar essas condições
dependendo da fase do evento e do período do ano. A gestão hídrica na região deve considerar a influência
simultânea e alternada dos oceanos para melhorar a previsão e mitigação de eventos extremos.
Palavras-chave: Anomalias, Clima, Secas, Variabilidade Climática, Temperatura da superfície do mar.
Apoio: CAPES - INCT do Valor Ambiental da Amazônia – VALAMB.
CONVERGÊNCIA INTRAESPECÍFICA DA DENSIDADE DA MADEIRA EM ESPÉCIES
FLORESTAIS
Vitória Miléo da Silva¹,*; Arthur Daniel Lopes Frota2; Laenna Morgana Cunha da Silva1; Larissa de Oliveira Barbosa1;
Mayra Valéria do Nascimento Brito1; Luciana Ferreira Alves3; Deliane Vieira Penha4
1Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas, Santarém, PA; 2Universidade
Federal do Oeste do Pará, Bacharelado em Biotecnologia, Santarém, PA;
3Universidade da Califórnia, Los Angeles, Estados Unidos;
4Universidade Federal do Oeste do Pará,
Programa de Pós-graduação em Biodiversidade (PPGBEES), Santarém, PA.
E-mail: mileovitoria@gmail.com
Com a crescente perda de floresta tropical nas últimas décadas, a restauração ecológica é uma alternativa
imprescindível para a recuperação de ecossistemas degradados e o plantio de espécies na fase de mudas é
uma maneira para esse processo. De modo geral, o crescimento de mudas na fase inicial depende de
múltiplos fatores. Características funcionais como a densidade da madeira são importantes indicadores de
estratégias relacionadas ao crescimento e à sobrevivência das plantas, especialmente na fase adulta. Por
exemplo, madeiras de baixa densidade estão associadas ao crescimento rápido devido ao menor acúmulo de
biomassa no fuste, enquanto madeiras de alta densidade estão associadas à maior sobrevivência, devido ao
maior investimento em segurança hidráulica e resistência contra danos físicos. Compreender a variação da
densidade da madeira ao longo das diferentes fases de crescimento das plantas é crucial para otimizar
práticas de manejo florestal e selecionar espécies adequadas para projetos de restauração. O presente trabalho
teve como objetivo avaliar a variação intraespecífica da densidade da madeira entre indivíduos na fase de
mudas e na fase adulta. Foram selecionadas cinco espécies florestais Bertholletia excelsa Bonpl,
Chamaecrista scleroxylon (Ducke) H.S.Irwin & Barneby, Monach, Carapa guianensis Aubl; Ceiba
pentandra (L.) Gaerth e Manilkara elata (Allemão ex Miq.). As mudas foram doadas pela BADERNA
(Brigada de Amigos Defensores da Ecologia e dos Recursos Naturais da Amazônia), uma organização sem
fins lucrativos dedicada à educação ambiental. Para cada muda, estimamos a densidade da madeira do
tronco. Cortamos amostras de três centímetros do tronco de cada espécie na fase de muda. As amostras foram
hidratadas por 24 horas e, em seguida, o volume fresco foi determinado pelo método de deslocamento de
água. Depois, as amostras foram secas em estufa a 100°C por quatro dias e, posteriormente, pesadas em
balança analítica para determinar a massa seca. Por fim, a densidade foi calculada pela razão entre a massa
seca e o volume saturado (g/cm³). Para os indivíduos adultos, os dados foram coletados na Floresta Nacional
do Tapajós. Os resultados mostraram que a densidade da madeira entre juvenis e indivíduos adultos da
mesma espécie não variou significativamente. Dentre as espécies avaliadas, C. scleroxylon apresentou a
maior densidade (0,862 g/cm3 na fase juvenil e 0,955 g/cm3 na fase adulta). Enquanto C. pentandra a
menor (0,335 g/cm³ na fase juvenil e 0,29 na fase adulta). Nossos resultados têm implicações importantes
para a seleção de espécies potenciais para restauração de áreas degradadas e/ou desmatadas na Amazônia. A
densidade da madeira reflete estratégias ecológicas úteis para seleção de grupos com base neste atributo,
possibilitando a tomada de decisões sobre espécies que investem mais em segurança ou taxa de crescimento.
Considerando a demanda por restauração e a diversidade de plantas no bioma, ressaltamos a importância de
avaliar espécies que representam alta dominância na floresta para ampliar a avaliação dos padrões de
variação da densidade da madeira ao longo das fases de crescimento encontradas neste estudo.
Palavras-chave: Crescimento, Ecologia, Restauração, Segurança hidráulica.
Apoio: Instituto Serrapilheira, Niaras do Tapajós, BANERNA, LBA, ATMOS, LABECON.
GOVERNANÇA ADAPTATIVA SOBRE EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS NO
ESTADO DO AMAZONAS: ANÁLISE INICIAL
Lyvia Amado de Oliveira1; Evandro Mateus Moretto²
1 Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental, Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo
(PROCAM/ IEE/ USP), Doutoranda, São Paulo, SP.
² Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, Professor Associado, São Paulo, SP.
E-mail: lyviaamado@gmail.com
Mudanças climáticas globais tendem a intensificar a ocorrência de eventos extremos. Na Amazônia, nas
últimas duas décadas, têm ocorrido frequentes eventos extremos, sobretudo, referentes às alterações
anormais na hidrologia regional, incêndios florestais e deslizamento em leito de rios (“terras caídas"). Estes
eventos geram efeitos adversos às dinâmicas socioecológicas de cidades amazônicas e seus interiores. Esses
acontecimentos necessitam de abordagens de governança que fortaleçam a capacidade adaptativa dos
sistemas e que permitam endereçar respostas às mudanças abruptas e dotadas de incerteza. Nesse sentido, a
governança adaptativa se apresenta como um modelo que orienta os processos de planejamento e gestão para
a manutenção da capacidade adaptativa dos sistemas frente a este cenário. Essa abordagem se baseia em uma
estrutura policêntrica com aprendizado experiencial, formação de capital social, mecanismos de
comunicação, disponibilidade de informação confiável e interação entre diferentes instituições. Este estudo
tem como objetivo apresentar resultados iniciais sobre a análise da governança adaptativa em escala estadual
no Amazonas para lidar com eventos climáticos extremos. Para isso, foi realizado revisão da literatura sobre
o tema, levantamento do arcabouço de leis em plataformas oficiais, assim como a leitura de atas do Fórum
Amazonense de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Serviços Ambientais (FAMC) e o uso da técnica
análise de conteúdo. As evidências iniciais mostram que o principal colegiado para discussões sobre o clima
no estado, o FAMC, tem empregado esforços para projetos de mitigação. Pode-se notar um surgimento
recente de novas instituições para lidar com o aumento de eventos extremos no estado, de caráter adaptativo.
Frente a seca de 2023, foi criado pelo poder executivo o “Painel do Climacom emissão de boletins sobre
eventos extremos, constituindo-se de um canal oficial para informar a população e gestores públicos. Assim
como, uma nova Lei 6528/2023, que estabelece diretrizes para elaboração de planos de adaptação
climática. No ano de 2024, o governo criou o “Comitê de Enfrentamento à Estiagem”, composto por órgãos
estaduais. Além disso, elaborou um comitê técnico-científico com a participação de especialistas sobre
subtemas referentes a eventos climáticos extremos. Estes dois comitês surgem no mesmo ano em que
novamente o recorde de baixa da cota do Rio Negro foi registrado. Essas novas instituições, embora reativas,
apontam para o desenvolvimento de medidas adaptativas que podem promover ações preventivas e proativas
para evitar impactos ou a magnitude de suas consequências. A abordagem da governança adaptativa presume
que tenha a participação plural de atores e conhecimentos para endereçamento de respostas. Para isso, além
do apoio da produção científica e técnica dos diversos setores públicos, defende-se a ideia de que haja a
participação da sociedade civil com representantes de base social, para aprimorar os processos de
aprendizado sobre acontecimentos passados e contribuir com a construção de respostas, que sejam adequadas
e justas. Assim como, processar uma governança pautada na articulação com atores multi-níveis na
elaboração de políticas públicas regionais.
Palavras-chave: Amazônia, Adaptação climática, Políticas Públicas, Rede de Atores.
Apoio: Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
BRYOPHYTES AS THE FINAL REFUGE FOR OPHIOCORDYCEPS-INFECTED
INSECTS? A CHECKLIST FROM ADOLPHO DUCKE FOREST RESERVE, MANAUS,
AMAZONAS
Tales Alves Júnior corrigido; João Paulo Machado De Araújo2; Aristóteles Góes-Neto3; Thairine Mendes-Pereira4;
Charles Eugene Zartman1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM, BR.
2University of Copenhagen, Natural History Museum of Denmark, Copenhague, Dinamarca.
3Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas, Belo Horizonte, MG, BR.
4Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Entomologia, Viçosa, MG, BR.
E-mail: tjfilho01@gmail.com
Few fungi exhibit such a diversity of life modes as Hypocrealean fungi (Ascomycetes, Hypocreales) as
illustrated by the fact that they present themselves as saprophytes, parasites or endophytes in an array of
hosts, such as plants, other fungi or animals even on occasion restricting themselves to a single lifestyle or
host. Among entomopathogenic fungi, Ophiocordyceps (Ascomycota, Hypocreales) stands out by being one
of the genera containing lineages that not only infect and kill their hosts, but also manipulate their behavior.
Via a specialized chemical arsenal, it affects the host’s physiological and social functions, with the objective
of guiding the host away from its colony. When it reaches a place where the microclimatic conditions are
ideal for the parasite to grow and sporulate, the host bites or embraces onto the substrate in a behavioral
phenomenon named the “death-grip”. Different aspects are purportedly involved in the “selection of the
death locality, including abiotic factors such as temperature, relative humidity and light incidence. Likewise,
the localities are usually substrate specific (twigs, leaves, thorns or moss), and highly geographically
structured. Substrate specificity is also revealed among species. For example, the “death gripsubstrates for
certain ant-infecting lineages, such as O. camponoti-renggeri, O. monacidis, O. kniphofioides s.s. and O.
odontomachi are typically on bryophyte leaves in the Amazon region. Therefore, we aim to further
investigate the diversity of Ophiocordyceps-infected insects with Amazonian bryophytes. Field surveys were
conducted in the Adolpho Ducke Forest Reserve, a 10,000-hectare reserve located north of Manaus,
Amazonas, during the rainy seasons of 2023 and 2024. We searched the forest understory (0-2m) for infected
insects that were attached to bryophytes as their death substrate. The samples were then stored and later
taken to the INPA Herbarium, where they were photographed and identified based on fungal
macromorphology and host associations. In total, we collected 21 insects representing 11 lineages of
Ophiocordyceps. A majority were found on bryophytes of the genus Octoblepharum (N=12), while others
were associated with genus like Leucomium (N=1), Plagiochila (N=1) and unidentified genus within
Lejeuneaceae (N=7). Interestingly, we also found species that were not previously reported in bryophytes,
including O. curculionum, O. camponoti-balzani, O. camponoti-nidulantis, O. camponoti-chartificis and O.
evansii. Ongoing research aims to shed light whether this substrate selectivity is related to a potential dual
entomopathogenic-endophytic lifestyle displayed by Ophiocordyceps species.
Palavras-chave: Amazon; Entomopathogenic; Host Specificity; Insect-microbe interaction.
Apoio: FAPEAM, CAPES.
EPIZOOTIC ARANEOPATHOGEN? FIRST REPORT OF THE GENUS HEVANSIA IN
THE AMAZON
Tales Alves Júnior1; João Paulo Machado De Araújo2; Aristóteles Góes-Neto3;
Thairine Mendes-Pereira4; Charles Eugene Zartman1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM, BR.
2University of Copenhagen, Natural History Museum of Denmark, Copenhague, Dinamarca.
3Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas, Belo Horizonte, MG, BR.
4Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Entomologia, Viçosa, MG, BR.
E-mail: tjfilho01@gmail.com
As with other groups within Arthropoda, spiders are a known target of infection by pathogenic Ascomycetes.
Within the Hypocreales order, these pathogens are known as araneopathogenic fungi, are currently found
across four families, with emphasis on Cordycipitaceae, which by itself harbors a total of nine genera
containing araneopathogenic species. During field surveys conducted in the first semester of 2024 in the
Adolpho Ducke Forest Reserve, located on the northside of Manaus, we observed an epizootic episode, in
which a significant number of dead spiders were found infected with an unknown fungus. Therefore, this
research aimed to identify the fungal pathogen and elucidate its taxonomic placement. Before the specimens
were carefully collected, they were photographed in situ through a Nikon DSLR Camera coupled with a
macro lens. To characterize fungal morphology a stereomicroscope was used to study macromorphology, and
to sort fungal mass for micromorphology assay. Subsequently, the material was mounted on a slide and
stained with lacto-fuchsin to observe and measure each fungal structures twenty to fifty times. Based on the
combination of morphological and ecological evidence gathered from the collected specimens, we report for
the first time the occurrence of the genus Hevansia Luangsa-ard, Hywel-Jones & Spatafora outside its
previously known distribution, which was limited to Asia and Oceania. However, despite the similarities
between the specimens and the other species in the genera (such as H. novoguineensis), significant
divergences are observed on morphological and ecological traits, such as the variation of fungal structures
measurements (synnemata, phialides, conidia) and unique spider host preference (Pholcidae). Also, the
Neotropical specimens were found attached to the host’s webs, unlike the original description that mentions
the spider hosts usually attaching to the underside of leaves. These findings strongly support the hypothesis
that these specimens belong to a new, undescribed species in Hevansia. However, further confirmation
through genetic evidence is needed to understand its phylogenetic placement relative to other known
lineages. Our finding, which reveals a massive geographical disjunction at the genus level and a possible
new species, sheds light on the necessity for further taxonomic studies and field work of Ascomycota in the
Amazon Basin.
Palavras-chave: Cordycipitaceae, Reserva Ducke, Fungal diversity, Pathogens.
Apoio: FAPEAM, CAPES.
NAS ALTURAS DA AMAZÔNIA CENTRAL: REVELANDO A DIVERSIDADE DE
Stenomicra COQUILLETT, 1900 (INSECTA: DIPTERA) DO DOSSEL
Sandra Duque dos Santos¹ ²; Luana Machado Barros², Rosaly Ale-Rocha²
1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Campus Avançado Iranduba, Rod. Carlos Braga, s/n
- Km 1 - Zona Rural, Iranduba - AM.;
²Coordenação de Biodiversidade-COBIO,
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), CEP 69067-375, Manaus, AM, Brasil.
E-mail: duquesnts@gmail.com
As florestas tropicais apresentam uma variação ao longo dos estratos vegetais, e essa estrutura ao nível
vertical é em grande parte, responsável pela elevada diversidade dessas florestas. As copas das florestas
tropicais estão entre os ecossistemas terrestres mais complexos e biodiversos do planeta. E nos últimos anos,
o interesse científico pelo dossel tem aumentado significativamente. Estudos comparando a fauna de insetos
em diferentes estratos de florestas tropicais encontraram maior riqueza de espécies no dossel, se comparada
ao sub-bosque. Essas diferenças foram relacionadas às condições microclimáticas diversas de cada estrato.
Para Diptera (moscas e mosquitos), 61.6% das espécies foram encontradas apenas em estratos superiores, e
não foram obtidas no nível do solo. Nesta ordem temos Periscelididae, que é uma família amplamente
distribuída mundialmente com 11 gêneros válidos. Os periscelidídeos possuem uma grande diversidade
morfológica, mas podem ser identificados por suas antenas, onde o pedicelo possui uma fenda dorsal e a
arista possui ramos dorsais e ventrais. Dentro da família, temos Stenomicra Coquillett, um grupo de tamanho
diminuto (1,5 a 3 mm), geralmente amarelos a pretos, reconhecidos pela ausência das cerdas interfrontais e
ocelares, pela presença de pseudovibrissas e por uma cerda catepisternal bem desenvolvida. Até o momento,
o gênero possui três espécies válidas para o Brasil: Stenomicra manausensis Freitas & Ale-Rocha, 2011;
Stenomicra amazonensis Freitas & Ale-Rocha, 2011 e Stenomicra urbana Gomes, Ale-Rocha & Ferreira-
Keppler, 2018, ambas restritas ao Bioma Amazônico. Esse estudo pretendeu revelar a diversidade de
Stenomicra do dossel de uma floresta na Amazônia central. O material estudado foi coletado na Estação
Experimental de Manejo Florestal, ZF2, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e na
Reserva do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) com auxílio de armadilha
Malaise, instaladas em diferentes alturas, na torre de observação da reserva, entre outubro de 2018 e outubro
de 2019, com retirada da armadilha quinzenalmente. Os espécimes foram triados, montados em alfinetes
entomológicos, etiquetados e identificados conforme literatura específica. As fotografias foram feitas em
lupa com câmera acoplada e as imagens foram editadas no Adobe Photoshop. Foram identificadas três
espécies novas de Stenomicra: sp. nov.1, sp. nov. 2 e sp.nov. 3. Stenomicra sp. nov.1 possui coloração
corporal predominantemente marrom, face bulbosa e esternito 5 com um pente de cerdas longas e foi
coletada em 24 metros. Stenomicra sp. nov. 2 e Stenomicra sp. nov. 3 têm coloração corporal
predominantemente amarela com mancha marrom no escuto, em Stenomicra sp. 2, a mancha marrom
encontra-se na região anterior do escuto, enquanto em sp. 3, a mancha está na região posterior do escuto,
ambas coletadas em 20 metros. Com nossos resultados, Stenomicra passa a ter seis espécies para o Brasil, o
que representa um acréscimo de 100% no número de espécies conhecidas para o país. Portanto, este estudo
evidencia a importância de investigar ambientes pouco explorados, como o dossel das florestas, para
conhecer melhor a biodiversidade, especialmente da Ordem Diptera.
Palavras-chave: Biodiversidade, Periscelididae, Stenomicrinae, Taxonomia.
Apoio: CAPES, CNPq e FAPEAM.
RIQUEZA EM MINIATURA: IDENTIFICANDO E ORGANIZANDO OS RICHARDIIDAE
(INSECTA: DIPTERA) DA COLEÇÃO DE INVERTEBRADOS DO INSTITUTO
NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
Elifas De Oliveira Brandão¹; Luana Machado Barros²; Sandra Duque dos Santos3; Rosaly Ale-Rocha²
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto de Ciências Biológicas, Manaus, AM.;
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Coordenação de Biodiversidade-COBIO, Manaus, AM, Brasil;
3Instituto Federal do Amazonas (IFAM), campus avançado Iranduba, Iranduba, AM.
E-mail: duquesnts@gmail.com
Richardiidae representa um grupo de moscas relativamente pequeno, com 200 espécies válidas, distribuídas
em 32 gêneros e dividida em duas subfamílias: Richardiinae e Epiplateinae. A distribuição atual de
Richardiidae está restrita ao Novo Mundo, com a maioria das espécies registradas na Região Neotropical. No
Brasil, foram registrados 15 gêneros e 63 espécies válidas, com apenas nove espécies na Amazônia. No
entanto, devido à falta de estudos abrangentes, esses números subestimam a real diversidade do grupo. As
coleções entomológicas, como a Coleção de Invertebrados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA), desempenham um papel crucial no armazenamento e preservação de espécimes conhecidos, além de
grande quantidade de informões que ainda são desconhecidas para a ciência. Esta coleção tem em seu
acervo grande quantidade de exemplares de Richardiidae não identificados, bem como material em
miscelâneas, proveniente de diversas regiões do Brasil, em especial da Amazônia. Assim, este projeto propôs
a identificação dos Richardiidae em nível genérico da Coleção do INPA, visando organizar a coleção e
atualizar as informações sobre distribuição geográfica de Richardiidae na Amazônia. Os espécimes que
fazem parte deste estudo pertencem ao acervo da Coleção do INPA. Parte do material foi montado em
alfinetes entomológicos. Os Richardiidae foram identificados em gênero com literatura específica⁠. A
morfologia externa foi estudada sob lupa. As fotografias foram feitas utilizando estereomicroscópio Leica
M165 C com câmera acoplada e as imagens foram editadas e montadas através do Adobe Photoshop. Foram
confeccionadas diagnoses dos gêneros e os registros geográficos dos espécimes foram plotados em mapas no
programa QGIS Las Palmas ver. 2.18.10 software. A coleção de via seca da família Richardiidae contava
com 1795 espécimes. As gavetas entomológicas foram todas organizadas com etiquetas identificando os
gêneros. Além dos espécimes que estavam alfinetados e montados, foram incluídos na coleção de
Richardiidae 612 espécimes. Agora o acervo da família na Coleção conta com 2407 espécimes distribuídos
em 15 gêneros, sendo eles: Acompha Hendel, Antineuromyia Hendel, Automola Loew, Beebeomyia Curran,
Coilometopia Macquart, Epiplatea Loew, Euolena Loew, Hemixantha Loew, Melanoloma Loew, Oceanicia
Enderlein, Poecilomyia Hendel, Richardia Robineau-Desvoidy, Richardiodes Hendel, Sepsisoma Johnson e
Setellia Robineau-Desvoidy. Os espécimes foram coletados em diversos locais do Brasil, com destaque para
a Região da Amazônia brasileira sendo representada por cinco estados da Região Norte: Amazonas, Acre,
Amapá, Pará e Rondônia. Nossos resultados apontam para o primeiro registro de Acompha para o Brasil,
especificamente no Amazonas. Também foi identificado o primeiro registro de Beebeomyia para o Amazonas
e Roraima e do gênero Poecilomyia para Pernambuco. Nosso estudo ressalta a importância da realização de
pesquisas em Coleções Zoológicas com a finalidade de conhecer a diversidade de insetos e a distribuição
geográfica dos táxons. Além do cuidado com essas coleções que abrigam material testemunho e que poderão
ser estudados por diferentes pesquisadores ao longo do tempo.
Palavras-chave: Biodiversidade, Coleções científicas, Insetos, Taxonomia.
Apoio: FAPEAM, CNPQ.
DEBATES EM SALA DE AULA SOBRE A MUDANÇA DO CLIMA E O TIPPING POINT
NA AMAZÔNIA
Cianir Mendonça dos Santos1
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Mestra em Zoologia - PPGZOO, Manaus, AM.
E-mail: cianirbio@gmail.com
A pesquisa discorre sobre a Educação Ambiental para promover a reflexão e a ação dos discentes em relação
à mudança do clima e o tipping point na Amazônia – ponto de inflexão ou estado crítico que gira em torno do
colapso climático por intermédio da ação humana. Tendo em vista o aumento expressivo dos focos de
queimadas e do desmatamento - principalmente na região denominada como “arco de desflorestamento”; a
péssima qualidade do ar; a redução do volume de chuvas; a seca severa dos rios; a estiagem cada vez mais
prolongada; o aumento da temperatura e da sensação térmica na região amazônica, evidenciando o aumento
da intensidade do efeito estufa. Nesse cenário, o presente trabalho teve como objetivo: a compreensão dos
discentes sobre conceitos inerentes à mudança do clima, ao tipping point e a relação com a Amazônia; a
análise de consumo dos discentes com o auxílio de calculadora de pegada de carbono com o propósito de
conscientizá-los sobre como o consumo e como a emissão de carbono impacta no meio ambiente; além de
promover alternativas subjetivas para a redução da emissão de carbono mediante mudanças de atitudes do
cotidiano que ajudariam a minimizar impactos ambientais. Trata-se de uma pesquisa-ação com 200 alunos do
ensino médio, na disciplina de Biologia, em uma escola da rede pública da cidade de Manaus-AM, um
projeto realizado no âmbito do Programa Ciência na Escola por meio de pesquisa bibliográfica,
questionários, utilização de calculadora de carbono, debates em sala de aula, análise de dados, levantamento
ações para a redução de emissão de carbono. Através da pesquisa, os alunos compreenderam a relevância da
Educação Ambiental, a começar pelas atitudes em casa quanto ao consumo excessivo, refletindo sobre a
importância da redução da emissão de carbono para evitar o ponto de não retorno, bem como passaram a
entender sobre a emergência climática e seus impactos. Nesse sentido, com a utilização de calculadora de
pegada de carbono, os alunos puderam simular e desenvolver o pensamento crítico quanto a emissão de CO2
de acordo com seus consumos de energia, alimentos, meio de transporte e aquisição de produtos. Os alunos
notaram o quanto o consumo em excesso, o desperdício de água e energia, e atitudes do cotidiano impactam
no meio ambiente - devido ao meio de produção e transporte desses objetos de consumo, compreenderam
ainda sobre a importância do consumo consciente para evitar o tipping point, tendo a ciência de que
pequenas atitudes do dia a dia geram impactos tanto no meio ambiente, bem como agrava a questão
climática. O que requer mudanças de hábitos de consumo subjetivos e coletivos para evitar o colapso do
bioma Amazônia.
Palavras-chave: Amazônia, Educação Ambiental, Emergência Climática, Ponto de não retorno.
Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
DESAFIOS ENFRENTADOS POR RIBEIRINHOS DO ALTO SOLIMÕES/AMAZONAS NA
BUSCA POR ACESSO A SERVIÇOS DE SAÚDE EM MEIO AS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS
Alícia Patrine Cacau dos Santos1,2; Theo de Lima Guerra1,3; Inácio Coelho Sá1,3; Evellyn Antonieta Rondon Tomé da
Silva1,2; Hiran Sátiro Souza da Gama1,2; Rafaela Nunes Dávila1,2; Ana Paula Silva Oliveira1; Hélio Afonso Amazonas
Júnior1; Vinícius Azevedo Machado1,2; Wuelton Marcelo Monteiro1,2; Felipe Leão Gomes Murta1,2
¹ Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus, AM.;
² Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus, AM;
³ Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM.
E-mail: aliciacacau22@gmail.com
Aproximadamente 951.867 pessoas vivem às margens dos rios na Amazônia Brasileira, enfrentando diversos
desafios no acesso a serviços básicos de saúde devido a barreiras geográficas e vulnerabilidade econômica.
Nesse contexto, as unidades de saúde móveis, como embarcações, são fundamentais. No entanto, sua
ausência por longos períodos compromete a continuidade do atendimento, especialmente de pessoas com
doenças crônicas. Estudos mostram que ribeirinhos percorrem longas distâncias até áreas urbanas para
receber cuidados médicos. Além disso, as mudanças climáticas, como a estiagem severa que o Rio Solimões
vem enfrentando nos últimos anos, agravam o isolamento e as dificuldades de acesso dessas comunidades.
Portanto, o objetivo desse estudo foi compreender os aspectos e desafios enfrentados no acesso a serviços de
saúde. Isso é especialmente importante considerando a vulnerabilidade dessas populações no contexto das
mudanças climáticas. O estudo ocorreu em uma comunidade ribeirinha de Tabatinga, no Alto Solimões,
região marcada pela alta mobilidade, insegurança e desigualdades no acesso à saúde. Entrevistas em grupos
focais foram realizados com homens e mulheres a partir de 12 anos. Análise temática reflexiva foi realizada
através do software MAXQDA. Foram identificados três temas principais, sendo o primeiro: Impactos da
Sazonalidade Amazônica, que aborda sobre as dificuldades enfrentadas durante o período de estiagem. O
segundo: Vulnerabilidade socioeconômica, refere-se à escassez de recursos financeiros que dificulta o acesso
aos serviços de saúde. Por fim, o terceiro: Partir e parir na busca por assistência médica, trata dos óbitos e
nascimentos ocorridos durante o trajeto até o atendimento médico. Os achados destacam como as mudanças
climáticas intensificam os desafios enfrentados por comunidades ribeirinhas no acesso à saúde, exacerbando
problemas existentes, como longas distâncias, sazonalidade e condições financeiras limitadas. A crise
climática, com estiagens severas, compromete o transporte fluvial e o acesso a água potável, aumentando a
vulnerabilidade a doenças gastrointestinais e infecciosas. Além disso, o estudo ressalta a urgência de políticas
públicas que adaptem o sistema de saúde às mudanças climáticas, promovendo meios de transporte
alternativos.
Palavras-chave: Acesso, Impactos, Ribeirinhos, Saúde, Mudanças Climáticas.
Apoio: FAPEAM.
ELABORAÇÃO DE IOGURTE SABORIZADO COM POLPA DE CACAU, PARÂMETROS
FÍSICO-QUÍMICOS E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA
Kaio José Prescinca Cavalcante1; Aldiane Bezerra da Costa1;
Sérgio Dantas de Oliveira Júnior1,2; Elson Antônio Sadalla Pinto1
1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM,
Laboratório de Microbiologia, Manaus, AM, Brasil.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA,
Laboratório de Cultivo de Fungos Comestíveis – LCFC, Manaus, AM, Brasil.
E-mail: kaioprescinca@gmail.com
A crescente demanda pela alimentação saudável tem feito com que novas opções de produtos sejam criadas
ou adaptadas com foco em propriedades funcionais. Essa constante procura por produtos naturais tem
estimulado a realização de pesquisas e desenvolvimento de novos produtos adicionados de ingredientes
como cereais, probióticos, frutas e vitaminas. Dessa forma, o desenvolvimento de iogurte adicionado com
polpa de cacau pode agregar valor nutricional, econômico e sensorial ao produto. pode ser uma forma de
aproveitamento do fruto, além de agregar valor nutricional e econômico, contribuindo com o sabor do
produto, contribuindo para uma oferta mais atrativa no mercado. Pensando neste contexto, o objetivo deste
trabalho foi desenvolver iogurte saborizado com diferentes proporções de polpa de cacau, uma releitura mais
natural e artesanal, de baixo custo, nutritivo, com baixo teor de açúcares e gorduras, sem corantes e
conservantes, visando obter um produto saboroso e adequado ao consumo, com características físico-
químicas e microbiológicas dentro da legislação específica. Os formulados apresentaram coloração
semelhante ao iogurte comercial utilizado como controle (Vigor Grego), cheiro característico e textura
cremosa. Os valores de °Brix observados para o iogurte natural produzido e os iogurtes em diferentes
concentrações de polpa de cacau apresentaram diferença estatística, com valores entre 11,00 e 14,00. O
iogurte natural desenvolvido sem a polpa e os iogurtes formulados não apresentaram diferença estatística
para a determinação do pH, com valor médio de 4,21. O valor de acidez obtida nessa análise para os iogurtes
não apresentaram diferenças significativas, com valores de 0,62%. Os valores de umidade para o iogurte
natural e as formulações foram entre 84% e 87%. E valores encontrados de cinzas foram entre 0,15% e
0,38%. A Instrução Normativa 46 de 24 de outubro do MAPA, não recomendações mínimas de
umidade e cinzas para produtos lácteos fermentados, tal qual o iogurte. A análise microbiológica mostrou que
as boas práticas de higiene foram adequadas para garantir a qualidade microbiológica dos produtos, com
baixa presença de microrganismos aeróbios mesófilos nas amostras. Os resultados obtidos mostraram que os
iogurtes saborizados com a fruta regional do Norte do Brasil tem viabilidade técnica e podem ser uma
excelente opção de alimento nutritivo no mercado de laticínios.
Palavras-chave: Bactérias lácticas, Fruto da Amazônia, Laticínios.
Apoio: LCFC-INPA, Laboratório de Microbiologia - IFAM.
PRESENÇA DE RIZOMORFOS DE Marasmius EM NINHOS DE AVES CONHECIDAS
COMO JAPU OU “TOWIRI” NA LÍNGUA BANIWA
Joaquim da Silva Lopes1,4; Alexandre Tyson Ferreira de Souza1,4; Atmam Campelo Batista1;
Ruby Vargas-Isla1,5; Camila Cherem Ribas1; Marly Castro Lima1,5;
Jadson Souza de Oliveira2; Tiara Sousa Cabral³; Noemia Kazue Ishikawa1
1Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.;
2Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Manaus, AM.
3Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM. 4Programa de Pós-Graduação em Ecologia (INPA).
5Bolsista CNPq (INPA).
E-mail: joaquimbaniwalopes@gmail.com
Com as mudanças climáticas cada vez mais extremas, as aves também estão procurando se adaptar, pois
essas mudanças tendem a indicar reduções bruscas no tamanho da população, fortes eventos de migração e
na reprodução. As aves, pertencentes ao reino Animalia, o ovíparas e habitam a floresta amazônica. Para
reproduzirem-se, elas utilizam os ninhos como principal meio de suporte, variando em tamanho, formato e
materiais conforme a espécie. Na região da bacia do rio Ayari, três espécies de aves são conhecidas na língua
indígena Baniwa como: “Towiri” [Psarocolius decumanus (Pallas, 1769), P. bifasciatus (Spix, 1824), P.
viridis (Statius Muller, 1776)], na língua portuguesa são chamadas de Japu. As três espécies confeccionam
seus ninhos em colônias, geralmente nas palmeiras ou outras árvores altas. Os ninhos são alongados,
semelhante a uma bolsa, e são as fêmeas que se encarregam de sua confecção. A presença de rizomorfos nos
ninhos de Japu nos motivou a investigar e comparar a composição dos ninhos nas zonas rural e urbana,
considerando que as chances de encontrar rizomorfos são menores na área urbana. O objetivo deste trabalho
foi verificar a presença de rizomorfos em ninhos de Japu coletados tanto na zona rural quanto na urbana do
Amazonas. Ninhos de quatro locais do Amazonas foram coletados com a indicação de serem de Japu, os
locais foram: Museu da Amazônia (Musa) e Conjunto Acariquara, em Manaus; Comunidade Canadá, no rio
Ayarí Terra Indígena (TI) Alto Rio Negro em São Gabriel da Cachoeira, e TI Andirá-Marau em Barreirinha,
no estado do Amazonas. Os ninhos caídos foram coletados na época da seca, entre julho e setembro de 2024.
Foram coletados um total de 29 ninhos de Japu: 19 no Canadá; 7 em Acariquara; 3 no Museu da Amazônia
(Musa); e 3 em Barreirinha. Os ninhos foram desmanchados manualmente e uma balança semi-analítica e
analítica foram utilizados para pesar a massa dos materiais separadamente. Ninhos coletados na comunidade
Canadá apresentaram fibras vegetais (73,52%), folhas secas (23,77%) e rizomorfos (2,71%). Em Barreirinha,
foram encontrados predominantemente fibras vegetais (99,00%), além de rizomorfos (0,78%) e sementes
envolvidas por paina (0,22%), sem a presença de folhas secas. Por outro lado, o ninho coletado no Musa
apresentou fibras vegetais (52,61%), folhas secas (11,16%), rizomorfos (22,63%) e, diferentemente dos
ninhos da zona rural, 13,60% de material industrializado, como linha de pipa. Os ninhos do conjunto
Acariquara não apresentaram rizomorfos, apresentando somente fibra vegetal e sementes envolvidas por
paina (0,23%). Concluímos que os ninhos das aves Japu da zona rural analisados utilizam rizomorfos e
exclusivamente materiais da floresta na sua construção. No ninho coletado no Musa, localizado em uma
árvore no limite entre uma reserva de 10 mil hectares e a zona urbanizada de Manaus, apresentou não
apenas, materiais vegetais e rizomorfos, mas material como linhas de pipa. os ninhos do conjunto
Acariquara, na zona urbanizada de Manaus não foi encontrado rizomorfos nos ninhos. Os próximos passos
serão ampliar o número de ninhos a serem analisados e identificar taxonomicamente os fungos e as
respectivas aves.
Palavras-chave: Amazônia, Bacia do rio Andirá, Bacia do rio Ayari, Ninhos em colônias, Psarocolius spp.
Apoio: CNPq, CAPES, FAPEAM.
INCREMENTO MÉDIO DIÁRIO NA ALTURA DE Ochroma pyramidale SUBMETIDA A
CONTAMINAÇÃO POR REJEITO DE MINERAÇÃO
Ananda Gabrielle de Matos Rebêlo¹; Sergio Duvoisin Junior²; Maria Terezinha Ferreira Monteiro¹
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), PPG CLIAMB, Manaus, AM.
²Universidade do Estado do Amazonas
E-mail: agmrebelo@gmail.com
As atividades antrópicas têm exercido forte impacto sobre os ecossistemas naturais, e as indústrias de
mineração, embora importante para o desenvolvimento econômico, estão associadas à degradação e
contaminação de vastas áreas. Nesse contexto, a seleção de espécies florestais capazes de tolerar as
condições desses ambientes é crucial para promover alternativas eficazes de revegetação. Dessa forma, o
objetivo deste trabalho foi avaliar o incremento médio diário na altura da espécie Ochroma pyramidale (Pau
de Balsa) submetida a diferentes concentrações de rejeito de mineração. O experimento foi conduzido em
casa de vegetação de julho a dezembro de 2023. O solo para o tratamento controle foi o Latossolo Amarelo
coletado na Reserva Florestal Adolpho Ducke, e o rejeito contaminado utilizado no experimento foi
disponibilizado pela empresa de mineração Taboca, localizada em Manaus-AM. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado (DIC), com 4 tratamentos e 5 repetições cada, sendo o T0, o
tratamento controle composto apenas por Latossolo Amarelo, o T1 composto por 60% de Latossolo Amarelo
e 20% de rejeito de mineração, T2 por 60% de Latossolo Amarelo e 40% de rejeito e o T3 composto por 40%
de Latossolo Amarelo e 60% de rejeito. Cada unidade experimental consistiu em vasos plásticos com
capacidade para 5,0 litros. Durante o período do experimento (6 meses) coletou-se a altura (H) das plantas a
cada 15 dias. O incremento diário foi calculado, revelando as diferenças de crescimento entre os tratamentos.
Os resultados obtidos para T0 apresentou valor de 0,13 cm dia-1, 0,12 cm dia-1 para o T1, 0,09 cm dia-1 para
T2 e 0,10 cm dia-1 para o T3. Esses resultados sugerem que o rejeito de mineração tem impacto negativo no
crescimento em altura das mudas de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale). No entanto, não houve diferenças
significativas entre os tratamentos (p = 0,0599), revelando tolerância dessa espécie às crescentes doses de
rejeito. No presente estudo, a porcentagem de rejeito testada não resultou em alterações estatisticamente
significativas na altura das mudas, sugerindo que a utilização da espécie pode ser viável na restauração
ecológica de áreas contaminadas por mineração.
Palavras-chave: Altura da planta; Mineração; Pau de Balsa.
Apoio: Este projeto contou com o apoio financeiro da empresa Samsung Electronics e do Grupo de Pesquisa
Química Aplicada à Tecnologia – QAT.
CARACTERIZAÇÃO DOS ATRIBUTOS FÍSICOS E QUIMÍCOS DO SOLO DE ÁREA
MINERADA PELA EXTRAÇÃO DE ESTRANHO E MINERAIS INDUSTRIAIS NA
REGIÃO AMAZÔNICA
Ananda Gabrielle de Matos Rebêlo¹; Sergio Duvoisin Junior²; Maria Terezinha Ferreira Monteiro¹
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), PPG CLIAMB, Manaus, AM.
²Universidade do Estado do Amazonas
E-mail: gmrebelo@gmail.com
A extração de minério tem representado grande potencial econômico para o Brasil e em especial para a
Região Amazônica, contribuindo de forma decisiva para a balança comercial e desenvolvimento regional. No
entanto, é uma prática que traz sérios impactos ambientais, como a redução da vegetação e fauna nativas, a
remoção da camada fértil do solo e a alteração dos cursos d'água, levando à degradação da área. O objetivo
deste estudo foi avaliar os atributos físicos e químicos do solo de uma área degradada por mineração e
compará-lo aos solos de mata nativa. As amostras de solo foram coletadas na área de mineração denominada
Taboca, no estado do Amazonas, em 2021. Os substratos foram secos e submetidos as análises físicas e
químicas no Laboratório de Solos e Plantas do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA). Os resultados
mostraram alterações significativas nos solos afetados pela mineração, com variações nas frações de argila
(1%), silte (28%) e areia (96%). Esse padrão sugere que a atividade de mineração removeu ou deslocou a
maior parte das partículas mais finas (argila), que são importantes para a retenção de água e nutrientes no
solo. Em contraste, o solo ficou com uma alta proporção de areia, que é menos capaz de reter esses
elementos, tornando o solo menos fértil e mais suscetível à erosão. Houve um aumento no valor do pH do
solo (6,11), sendo mais básico do que o esperado para solos amazônicos (4,0 a 5,5). Essa elevação do pH
pode ser explicada pela remoção da camada superficial do solo (que contém matéria orgânica ácida) durante
a mineração e pela exposição de camadas mais profundas e minerais associados à atividade de mineração,
que podem ter uma composição química mais alcalina. Reduções no teor de carbono (0,15 g/kg) e matéria
orgânica (0,26 g/kg) também foram observados. A matéria orgânica é essencial para a fertilidade do solo e o
ciclo de nutrientes. A sua baixa concentração indica que a área minerada perdeu boa parte da sua capacidade
de sustentar vegetação, visto que a matéria orgânica é importante para a retenção de umidade, aeração e
fornecimento de nutrientes às plantas. Além disso, a presença de carbono no solo também reflete o sequestro
de CO₂, um processo vital para a mitigação de mudanças climáticas. Esses dados confirmam que a mineração
afeta severamente a estrutura e fertilidade do solo, dificultando a regeneração da vegetação e fauna nativa.
Para recuperar essas áreas, seriam necessárias intervenções como adição de matéria orgânica, correção da
textura e reflorestamento.
Palavras-chave: Amazônia, Mineração, Solos.
Apoio: Este projeto contou com o apoio financeiro da empresa Samsung Electronics e do Grupo de Pesquisa
Química Aplicada à Tecnologia – QAT.
POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE Talaromyces sp. NA SOLUBILIZAÇÃO DE DIFERENTES FONTES
DE FOSFATO
Karina Afras de Lima1,3; Claudia Afras de Queiroz1,2; Joelma dos Santos Fernandes1,2; Annie de Souza e Silva1,2;
Rogério Eiji Hanada2; Gilvan Ferreira da Silva1
1 Embrapa Amazônia Ocidental (CPAA), Manaus, AM.
2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Pós-graduação em Agricultura no Trópico Úmido
(PPG-ATU), Manaus, AM.
3 Universidade Estácio de Sá – (ESTÁCIO), Manaus, AM.
E-mail: gilvan.silva@embrapa.br
A solubilização de fosfato por fungos é um processo essencial para a ciclagem de nutrientes em ecossistemas
terrestres, especialmente no que se refere à disponibilização de fósforo, um elemento indispensável para o
crescimento e desenvolvimento das plantas. O fósforo é comumente encontrado em formas insolúveis no
solo, como fosfatos inorgânicos de ferro, alumínio e cálcio, o que limita sua absorção pelas raízes das
plantas. No entanto, fungos solubilizadores de fosfato possuem a capacidade de liberar fosfato disponível ao
meio através da secreção de ácidos orgânicos e fosfatases, transformando essas formas insolúveis em íons
fosfato acessíveis para as plantas. Este mecanismo desempenha um papel crítico não apenas na nutrição
vegetal, mas também na sustentabilidade dos ecossistemas terrestres, contribuindo para a ciclagem eficiente
de fósforo e para o aumento da produtividade agrícola. O presente estudo teve como objetivo identificar
molecularmente e caracterizar a capacidade de solubilização de diferentes fontes de fosfato por três
linhagens de fungos com características morfológicas da ordem Eurotiales, presentes na coleção
microbiológica da Embrapa Amazônia Ocidental. Inicialmente, as linhagens foram reativadas e submetidas a
extração de DNA utilizando o método CTAB 2%. Em seguida, foi realizada a amplificação da região CaM
(calmodulina), que serve como um marcador molecular para identificação de espécies, seguida pelo
sequenciamento e análise filogenética. Para garantir a robustez da análise, utilizou-se o método de maximum
likelihood com 1000 replicatas, com base no alinhamento de sequências de espécies relacionadas. Para
avaliar o potencial de solubilização de fosfatos inorgânicos, os isolados foram submetidos a ensaios
qualitativos in vitro em meios contendo três formas distintas de fosfato insolúvel: fosfato de ferro (FePO₄),
fosfato de alumínio (AlPO₄) e fosfato de cálcio (Ca₃(PO₄)₂). Os fungos foram incubados por um período de
quatro dias a uma temperatura constante de 28°C. A solubilização de fosfato foi quantificada por meio do
índice de solubilização, um parâmetro que indica a capacidade dos fungos em gerar halos de solubilização ao
redor de suas colônias em meio de cultura. Esse índice foi calculado com base na razão entre o diâmetro do
halo de solubilização e o diâmetro da colônia fúngica. A análise filogenética confirmou que as três linhagens
investigadas pertencem à espécie Talaromyces sayulitensis. Nos ensaios realizados, as linhagens de
Talaromyces sayulitensis demonstraram elevado potencial para solubilizar diferentes fontes de fosfato
inorgânico, apresentando halos de solubilização em todos os meios testados. Observou-se o maior índice de
solubilização no meio contendo fosfato de alumínio (AlPO₄). Esses resultados sugerem que Talaromyces
sayulitensis possui notável capacidade de solubilizar diversas formas de fosfato, destacando-se como uma
ferramenta biotecnológica promissora para melhorar a disponibilidade de fósforo em solos pobres,
promovendo o crescimento vegetal e contribuindo para práticas agrícolas sustentáveis.
Palavras-chave: Biorremediação, Biotecnologia agrícola, Ciclagem de nutrientes.
Apoio: FAPEAM - POSGRAD 2023/2024; INPA - PROSPAM, CAPES, CNPq.
POTENCIAL DE DEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS POR ISOLADOS DE
Trichoderma: UMA ABORDAGEM SUSTENTÁVEL PARA BIORREMEDIAÇÃO
AMBIENTAL
Karina Afras de Lima1,3; Claudia Afras de Queiroz1,2; Joelma dos Santos Fernandes1,2; Annie de Souza e Silva1,2;
Rogério Eiji Hanada2; Gilvan Ferreira da Silva1
1 Embrapa Amazônia Ocidental (CPAA), Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Pós-graduação em Agricultura no Trópico Úmido
(PPG-ATU), Manaus, AM.
3 Universidade Estácio de Sá – ESTÁCIO, Manaus, AM.
E-mail: gilvan.silva@embrapa.br
Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos amplamente utilizados na indústria, mas sua liberação no
ambiente, seja por vazamentos de petróleo ou poluição atmosférica, representa um sério problema ambiental.
A degradação desses compostos é essencial para mitigar seus impactos adversos à saúde humana e ao
ecossistema. Nesse contexto, o fungo Trichoderma tem se destacado por sua capacidade de degradar
hidrocarbonetos, oferecendo uma alternativa promissora para a biorremediação desses poluentes. A busca por
métodos eficientes e sustentáveis de degradação de hidrocarbonetos é crucial, uma vez que as abordagens
convencionais de remediação são frequentemente caras e podem gerar subprodutos tóxicos. O gênero
Trichoderma, amplamente distribuído na natureza, possui características que o tornam um candidato ideal
para biorremediação. Entre essas, destaca-se a capacidade de secretar enzimas lignocelulolíticas e de se
adaptar a diferentes condições ambientais, tornando-o eficiente na degradação de hidrocarbonetos. O
objetivo deste estudo foi avaliar o potencial de três isolados do gênero Trichoderma para a degradação de
hidrocarbonetos, visando à aplicação desses fungos na biorremediação de áreas contaminadas. O presente
estudo foi realizado no Laboratório de Biologia Molecular da Embrapa Amazônia Ocidental, onde isolados
de Trichoderma foram obtidos a partir de amostras de lâmina d’água do rio Juruá e cultivados em meios de
cultura contendo hidrocarbonetos como única fonte de carbono. Para avaliar a degradação dos
hidrocarbonetos, os isolados foram submetidos ao ensaio de degradação de DCPIP (2,6-diclorofenol-
indofenol), utilizado para medir a capacidade de metabolização de hidrocarbonetos aromáticos. Os resultados
mostraram que, em um período de apenas três dias a 28°C, todos os três isolados testados foram capazes de
degradar mais de 80% dos hidrocarbonetos presentes no meio. Esses resultados indicam que o fungo
Trichoderma apresenta uma notável capacidade de degradar hidrocarbonetos, tornando-se uma ferramenta
potencialmente valiosa para a biorremediação de áreas contaminadas. A aplicação de cepas de Trichoderma
em processos de degradação de hidrocarbonetos oferece uma abordagem eficaz e sustentável para a
recuperação ambiental. Além disso, a compreensão dos mecanismos moleculares e da expressão gênica das
enzimas envolvidas nesse processo pode proporcionar novas oportunidades para otimizar a eficiência da
biorremediação. Sua aplicação na biorremediação representa uma solução viável e ecologicamente correta
para a recuperação de áreas contaminadas, contribuindo para a proteção dos ecossistemas e da saúde
humana.
Palavras-chave: Compostos aromáticos, Microrganismos degradadores, Remediação ecológica.
Apoio: FAPEAM - POSGRAD 2023/2024; INPA - PROSPAM, CAPES, CNPq.
CARACTERIZAÇÃO DO GRAU DE REPLEÇÃO E ESTÁDIOS REPRODUTIVOS DE
PEIXES DO LAGO JANAUACÁ, NO PERÍODO DA VAZANTE
Amanda Karla de Souza Monteiro¹; Gabriella de Azevedo Benchaya1; Matheus Samuel Cunha Braga¹; Jomara
Cavalcante de Oliveira1
1Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior,
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (BADPI/INPA).
E-mail: amandaa.karlla@gmail.com
Na Amazônia, variação do nível da água exerce uma grande influência sobre a fauna aquática. Nos peixes
por exemplo, os hábitos reprodutivos e alimentares estão intimamente relacionados ao nível dos rios. A
disponibilidade de alimento também é impactada pelas variações hidrológicas, levando-os a aproveitar os
períodos de maior abundância para acumular reservas energéticas. Em indivíduos adultos, essas reservas
podem ser convertidas para os processos reprodutivos. O objetivo do presente estudo foi verificar o grau de
repleção, estádios reprodutivos e categoria alimentar predominante dos peixes durante o período de vazante
do lago Janauacá - AM. A coleta dos peixes foi realizada em quatro pontos do Lago Janauacá, com coletas
pela manhã e à noite, utilizando-se uma bateria de malhadeiras com malhas variando entre 30 e 120 mm,
com verificação a cada 2 horas. Foram coletados 487 exemplares de peixes, distribuídos em 54 espécies. As
categorias alimentares predominantes foram: piscívoros 34,3%, onívoros 33,5% e planctófagos 24,2%. Os
piscívoros apresentaram um alto percentual de estômagos vazios, indicando menor atividade alimentar
durante a vazante. Essa característica pode ser interpretada como uma adaptação estratégica para maximizar
a exploração dos recursos em diferentes fases do regime fluvial. De modo geral, sabe-se que a restrição física
dos corpos de água nos períodos de vazante e seca, propicia um aumento da densidade de espécies-presa no
ambiente, favorecendo espécies piscívoras, com a maior oferta de alimento. Porém, ao contrário do que se
esperava, a espécie piscívora (Acestrorhynchus falcitrostris) apresentou 80,4% dos estômagos vazios. Isto
pode ser explicado pelo fato de que A. falcitrostris alimenta-se com mais intensidade nos períodos de
enchente e cheia. E porque as características da dieta dessa espécie, é composta basicamente por juvenis de
peixes Characiformes, indicando uma estratégia alimentar baseada na exploração da disponibilidade de
juvenis de outras espécies de peixes. Em relação ao estágio reprodutivo, 97,5% das espécies analisadas
estavam na fase de "em maturação", sugerindo que os peixes acumulam energia para o crescimento corporal
e desenvolvimento gonadal nesse período. Isso reforça a importância do regime hidrológico, pois a redução
dos níveis de água e a limitação de recursos durante a vazante levam as espécies a priorizarem o
armazenamento energético em vez da reprodução. As adaptações nos hábitos alimentares e desenvolvimento
gonadal nos diferentes períodos hidrológicos destacam a importância da variação do nível das águas na
ecologia das espécies e reforçam a necessidade de considerar as flutuações sazonais ao desenvolver
estratégias de manejo e conservação dos ambientes aquáticos.
Palavras-chave: Comportamento Alimentar, Maturação Gonadal, Regime fluvial, Várzea.
Apoio: CAPES, FAPEAM - POSGRAD.
CARACTERIZAÇÃO HIDROSSEDIMENTAR DA CONFLUÊNCIA DOS RIOS JAPURÁ E
SOLIMÕES - AMAZONAS (BRASIL)
Filipe de Araujo Oliveira¹; Rogério Ribeiro Marinho²
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM),
Discente do Programa de Pós-Graduação em Geografia - Brasil, Manaus, AM.
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM),
Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia - Brasil, Manaus, AM.
E-mail: filipeoliveira950@gmail.com
O estudo caracteriza a assinatura espectral da água nos rios Solimões e Japurá, analisando a relação da
estimativa de concentração de sedimentos, precipitão e nível dos rios. Para isso, foram realizados
levantamentos da concentração de sedimentos suspenso por imagens de satélite, níveis da água e precipitação
abrangendo o período de 2003 a 2017. As estimativas de concentração de sedimentos suspensos (CSS) foram
obtidas através de imagens do sensor MODIS. Os dados de precipitação são do satélite TRMM, enquanto as
informações sobre os níveis dos rios são provenientes da Agência Nacional de Águas (ANA). A precipitação
estimada no Rio Japurá e Solimões, nas regiões dos municípios de Maraã e Fonte Boa, mostram um
comportamento mensal caracterizado por maiores níveis de chuva entre dezembro e maio, sendo maio o mês
mais chuvoso, com 354 mm no rio Japurá e 350 mm no Solimões. E os menoresveis de chuva entre junho
e novembro. Foi observado que os rios Solimões e Japurá apresentam comportamentos hidrológicos
semelhantes ao longo do ano de variação de níveis de água. Os ciclos de cheia e vazante ocorrem de forma
sincronizada, com o período de cheia se iniciando entre outubro e novembro, e a vazante ocorrendo entre
julho e setembro. A amplitude das variações entre a menor cota e o pico da cheia é significativa,
especialmente no Rio Solimões, que apresenta uma amplitude média de 856 cm, enquanto o Rio Japurá tem
uma amplitude de 641 cm. O rio Japurá montante apresenta as menores médias mensais de CSS, enquanto o
rio Solimões montante tem as maiores concentrações. O pico de CSS no rio Japurá a montante ocorre em
fevereiro (73,42 mg.L-1) e o mínimo em julho (6,8 mg.L-1). Observou-se um padrão de maior CSS de outubro
a março e menor de maio a agosto. Após a confluência com Paraná do Aranapú que conecta o rio Solimões
ao Japurá, a concentração de sedimentos no rio Japurá jusante deste Paraná aumenta significativamente,
especialmente entre novembro e abril, variando de 42 mg.L-1 a 80 mg.L-1. Portanto, esses resultados indicam
que as águas do Solimões impactam a dinâmica hidrossedimentar do rio Japurá. Os resultados demonstram
que a confluência entre os rios Japurá e Solimões desempenha um importante papel na dinâmica
hidrossedimentar da região. A água do Solimões, com sua maior carga sedimentar, modifica
significativamente a concentração de sedimentos no Japurá após a confluência do Paraná do Aranapú,
evidenciando a complexidade dos processos fluviais e sedimentares nessa bacia hidrográfica.
Palavras-chave: Assinatura espectral, Confluências, Sedimento Suspenso, Amazônia.
Apoio: CAPES, FAPEAM.
ZONAS CLIMÁTICAS LOCAIS PARA A ÁREA URBANA DE MANAUS, BRASIL
Aurora Miho Yanai1; Denise Holanda Hall1; Carla de Souza Farias1;
Joice de Jesus Machado1; Luiz Antonio Candido1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Dinâmica Ambiental, Manaus, AM.
E-mail aurorayanai@gmail.com
As áreas urbanas têm um papel crítico nas mudanças climáticas e para as emissões de gases do efeito estufa.
O crescimento populacional em centros urbanos intensifica a conversão de áreas com cobertura natural para
áreas de construções (i.e., estabelecimentos comerciais e habitacionais) intensificando problemas como
ondas de calor nas cidades e aumentando a vulnerabilidade das cidades a enchentes e secas severas. Portanto,
para um melhor entendimento sobre a urbanização associada a mudanças climáticas é fundamental
identificar os tipos de uso e cobertura do solo em zonas urbanas. Isso contribui para entender os processos de
ocupação e as possíveis trajetórias de mudança em áreas urbanas. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi
mapear a paisagem urbana de Manaus em tipos de construções e cobertura do solo com base na classificação
da superfície em zonas climáticas locais (LCZ: Local Climate Zone). Além disso, a distribuição espacial das
LCZs nas diferentes áreas de Manaus foi analisada e associada com o processo de ocupação histórica da
cidade. A área de estudo abrangeu a área urbana de Manaus (483 km2) e entorno (buffer de 30 km). O
processo de classificação foi feito na plataforma LCZ Generator (https://lcz-generator.rub.de/), o qual gerou
a classificação de 10 classes LCZs (6 de tipo de construção e 4 de cobertura do solo) com base nas amostras
de treinamento coletadas e submetidas na plataforma. Assim, as etapas para a classificação LCZ consistiram
da (i) seleção de áreas de treinamento utilizando o mosaico de imagens do Google Earth de 2019; (ii)
classificação das LCZs com o Random Forest e avaliação de acurácia. O mapa classificado com as LCZz foi
gerado com resolução espacial de 100 m para 2019. A acurácia global da classificação foi de 0,79 para a área
toda de estudo. Considerando somente a área urbana de Manaus, os resultados indicaram que 70% (33.869
ha) da área urbana de Manaus foi constituída por LCZs de tipos construídos (e.g., LCZ 2: compacta de média
elevação; LCZ 6: aberta de baixa elevação) e 30% (14.470 ha) por algum tipo de cobertura do solo (e.g.,
LCZ A: vegetação arbórea densa; LCZ F: solo exposto). Isso indica que a maior parte da cobertura natural na
cidade foi convertida para uma área construída para fins de habitação ou comercial. A zona sul, onde se
localiza o polo industrial de Manaus (Zona Franca), e o centro da cidade (i.e., zonas centro-sul, centro-oeste,
sul e norte) abrangeram as maiores áreas com tipos construídos. Essas zonas são caracterizadas pelo
adensamento de estabelecimentos comerciais e de serviços de médio e grande porte. Em contraste, as zonas
leste e oeste da cidade apresentaram boa parte das suas áreas com cobertura do solo natural. A distribuição
espacial das zonas climáticas locais tem importantes implicações para uma cidade e para a qualidade de vida
de seus habitantes. Além das informações geradas pela classificação das zonas climáticas locais, o produto da
classificação da LCZs é muito útil para ser usado em simulações de modelos climáticos, pois contribuem
para a avaliação de impactos climáticos e de mudança de uso e cobertura da terra em importantes áreas
urbanas na Amazônia.
Palavras-chave: Amazônia, Classificação LCZ, Clima urbano, Urbanização, Uso e cobertura da terra.
Apoio: CAPES - PDPG-AMAZÔNIA-LEGAL. Projeto: Integração de Estratégias de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovão (PD&I) na Consolidação da Modelagem Climática e Hidrológica na Amazônia
e ampliação da formação de pessoal em Clima e Ambiente.
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIFÚNGICO DE Streptomyces ISOLADAS DOS
SEDIMENTOS DOS RIOS AMAZÔNICOS
Claudia Afras de Queiroz1,2; Annie de Souza e Silva1,2; Karina Afras de Lima1,3; Joelma dos Santos Fernandes1,2;
Rogério Eiji Hanada2; Gilvan Ferreira da Silva1;
1 Embrapa Amazônia Ocidental (CPAA), Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – Programa de Pós-graduação em Agricultura no Trópico Úmido
(PPG-ATU), Manaus, AM.
3 Universidade Estácio de Sá – ESTÁCIO, Manaus, AM.
E-mail: gilvan.silva@embrapa.br
A crescente demanda por métodos sustentáveis de controle de doenças agrícolas, associada à necessidade de
reduzir o uso de produtos químicos, tem impulsionado o desenvolvimento de novas tecnologias baseadas no
uso de microrganismos. O controle biológico é uma alternativa promissora para mitigar os danos causados
por fitopatógenos em culturas de interesse agrícola. Dentre os principais agentes de biocontrole, as bactérias
do gênero Streptomyces se destacam devido à sua capacidade de produzir compostos bioativos, como
antibióticos, sideróforos e enzimas com ação antimicrobiana. Este estudo teve como objetivo avaliar in vitro
o potencial de uma espécie de Streptomyces (MPUR 22.1) no controle de fitopatógenos de relevância
agrícola. Os testes de antagonismo, realizados para verificar a atividade antifúngica, foram conduzidos em
triplicata com seis espécies de fitopatógenos da coleção da Embrapa Amazônia Ocidental, pertencentes ao
Laboratório de Genômica e Microbiologia Aplicada da Amazônia. Os fitopatógenos incluíram Fusarium
decemcellulare (F307), causador do superbrotamento em guaranazeiro; Colletotrichum theobromicola (1809)
e Colletotrichum spaethianum (2908), patógenos foliares de cebolinha; Corynespora cassiicola (2971),
patógeno do tomate; Colletotrichum scovillei (2910), patógeno do fruto da pimenta de cheiro; e
Colletotrichum siamense (Coll 2N), patógeno da Synedrella nodiflora. Os resultados indicaram que o isolado
MPUR 22.1 apresentou eficiência no controle de todos os patógenos testados, com índices de inibição
variando entre 58% e 73,2%. Os melhores resultados foram observados contra C. scovillei (2910), com
73,2% de inibição, seguido por C. spaethianum (2908) com 72% de inibição e F. decemcellulare (F307) com
69%. O patógeno C. siamense (Coll 2N) apresentou 63% de inibição, enquanto C. cassiicola (2971) e C.
theobromicola (1809) foram inibidos em 60% e 58%, respectivamente. Esses resultados sugerem que a cepa
de Streptomyces MPUR 22.1 possui um alto potencial como agente de controle biológico, demonstrando
eficácia no combate a diferentes fitopatógenos de importância agrícola. A capacidade dessa espécie de inibir
significativamente o crescimento de patógenos reforça seu potencial como uma ferramenta biotecnológica
para reduzir o uso de produtos químicos nos campos agcolas, promovendo práticas agrícolas mais
sustentáveis e ambientalmente seguras.
Palavras-chave: Antagonismo, Antimicrobiano, Biocontrole.
Apoio: FAPEAM - POSGRAD 2023/2024, INPA, PROSPAM, CAPES, CNPq.
ANÁLISE GENÔMICA DE Burkholderia sp. CPAA-010: POTENCIAL PARA DEGRADAÇÃO DE
HIDROCARBONETOS E APLICAÇÕES EM BIORREMEDIAÇÃO
Claudia Afras de Queiroz1,2; Karina Afras de Lima1,3; Annie de Souza e Silva1,2; Joelma dos Santos Fernandes1,2;
Rogério Eiji Hanada2; Gilvan Ferreira da Silva1;
1 Embrapa Amazônia Ocidental (CPAA), Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – Programa de Pós-graduação em Agricultura no Trópico Úmido
(PPG-ATU), Manaus, AM.
3 Universidade Estácio de Sá – ESTÁCIO, Manaus, AM.
E-mail: gilvan.silva@embrapa.br
A contaminação do solo por hidrocarbonetos é uma consequência comum de diversas atividades humanas,
incluindo vazamentos de combustíveis, refinamento de petróleo, uso de pesticidas e descarte inadequado de
resíduos industriais e agrícolas. Esses poluentes apresentam sérios riscos ao meio ambiente e à saúde
humana, sendo sua remoção essencial para a recuperação de áreas degradadas. A biorremediação, que utiliza
microrganismos com capacidade de degradar compostos tóxicos, surge como uma alternativa econômica e
ambientalmente sustentável em comparação com os métodos convencionais de remediação, que são
frequentemente caros e ineficazes a longo prazo. Entre os microrganismos com potencial para a
biorremediação, o gênero Burkholderia se destaca pela presença de genes que codificam enzimas capazes de
degradar hidrocarbonetos. Várias espécies desse gênero têm sido estudadas devido à sua eficiência na
metabolização de compostos orgânicos complexos, incluindo hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos. O
presente estudo teve como objetivo realizar uma análise genômica de uma nova linhagem, Burkholderia sp.
CPAA-010, para identificar genes relacionados à degradação de hidrocarbonetos e avaliar seu potencial para
uso em biorremediação. A análise do genoma de Burkholderia sp. CPAA-010 revelou a presença de nove
genes que codificam enzimas associadas à degradação de hidrocarbonetos. Entre eles, foi identificado o gene
AlkB, que codifica uma monooxigenase responsável pela oxidação de alcanos em álcoois e aldeídos,
tornando esses compostos mais solúveis em água e, portanto, mais facilmente removidos do ambiente. Além
disso, foram identificados dois genes que codificam a enzima catecol 1,2-dioxigenase, que realiza a clivagem
de anéis aromáticos, um gene para a enzima intradiol, envolvida na clivagem de compostos aromáticos, e um
gene para homogentisato, que também atua na degradação de hidrocarbonetos aromáticos. Esses genes são
de extrema importância para a degradação de hidrocarbonetos presentes em derivados de petróleo. Além
desses, o genoma também apresentou dois genes que codificam a enzima catecol 2,3-dioxigenase,
responsável por outro mecanismo de clivagem de anéis aromáticos, e dois genes para citocromo P450, uma
monooxigenase que oxida uma ampla gama de compostos orgânicos complexos, incluindo hidrocarbonetos
policíclicos. A presença desses genes sugere que Burkholderia sp. CPAA-010 possui a capacidade de
degradar tanto hidrocarbonetos alifáticos quanto aromáticos, sendo um microrganismo versátil para
processos de biorremediação. Dada a diversidade de enzimas relacionadas à degradação de hidrocarbonetos
presentes no genoma de Burkholderia sp. CPAA-010, esta linhagem apresenta um grande potencial
biotecnológico. Sua aplicação pode ser explorada tanto na remediação de solos contaminados quanto na
produção de biocombustíveis e produtos químicos renováveis. A identificação desses genes oferece novas
perspectivas para o desenvolvimento de tecnologias baseadas no uso de microrganismos na recuperação
ambiental, contribuindo para práticas agrícolas e industriais mais sustentáveis.
Palavras-chave: Biorremediação, Degradação de hidrocarbonetos, Degradação enzimática.
Apoio: FAPEAM - POSGRAD 2023/2024, INPA, PROSPAM, CAPES, CNPq.
EFEITO DA APLICAÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE
DIFERENTES MADEIRAS AMAZÔNICAS TERMICAMENTE MODIFICADAS
José Fellip Catique Marinho1; Victor Fassina Brocco2; Lohanne Vitor Carvalho2; Thâmara dos Santos Osaki1; Larissa
Vitória Barbosa Bacelar3
1 Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Departamento de Engenharia Florestal, Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Florestal – PPGEF, Lages, SC.;
2 Universidade do Estado do Amazonas (UEA),
Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara (CESIT), Itacoatiara, AM.
3 Universidade Federal Rural da Amazônia (ICA-UFRA), Instituto de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação
em Ciências Florestais.
E-mail: fcatique@gmail.com
A busca por minimizar peculiaridades apresentadas pela madeira, como a alta higroscopicidade, anisotropia e
a suscetibilidade à degradação biológica, atrelada à limitação na comercialização de alguns produtos
preservantes tradicionalmente utilizados, tem feito com que haja um aumento significativo nas pesquisas que
buscam novos produtos e métodos alternativos com a mesma eficácia que os produtos químicos
convencionais, como os óleos vegetais e o processo de modificação térmica. Diante disso, o presente
trabalho avaliou o efeito da aplicação de diferentes tipos de óleos vegetais nas propriedades físicas de
diferentes madeiras amazônicas modificadas termicamente. A pesquisa foi realizada no Laboratório de
Tecnologia da Madeira do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara CESIT/Universidade do Estado do
Amazonas UEA, onde utilizou-se quatro espécies madeireiras de ocorrência natural da Região Amazônica
(Sextonia rubra, Trattinnickia burserifolia, Caryocar villosum e Simarouba amara) e quatro tipos de óleos
(Linhaça, Andiroba, Tungue e Olio Brasile®), os quais foram caracterizados quanto a sua densidade e pH.
Para impregnação dos óleos e determinação das propriedades físicas, foram retirados corpos de prova de
dimensões nominais de 2 x 3 x 5 cm, os quais foram impregnados e colocados em estufa a 100°C para o
processo de cura dos óleos, onde o óleo seca e se polimeriza, criando uma camada protetora que penetra nas
fibras da madeira, proporcionando resistência à umidade e evitando o seu desgaste. Após a cura, as amostras
foram divididas em dois grupos, sendo o primeiro, aquelas que não passaram pelo processo de modificação
térmica e o segundo, aquelas que foram modificadas termicamente a 180°C por 2h, posteriormente avaliando
a sua perda de massa. As amostras foram postas para saturar em água destilada e, durante a saturação, os
corpos de prova de cada espécie tiveram a massa e as dimensões obtidas com auxílio de uma balança
analítica de precisão e um paquímetro digital, respectivamente, em intervalos de 24, 48, 96h e ao final do
ensaio (600h). Após esse período, avaliou-se o efeito dos óleos e da modificação térmica nas propriedades
físicas da madeira pela determinação da umidade de equilíbrio higroscópico, densidade básica, coeficiente de
inchamento linear, volumétrico e coeficiente de anisotropia. Para a análise de dados, aqueles referentes a
densidade e pH dos óleos foram analisados empregando três repetições e avaliados por meio de estatística
descritiva. para a impregnação da madeira, modificação térmica e ensaio de inchamento, o experimento
foi realizado em delineamento inteiramente casualizado (DIC), em esquema duplo fatorial, com oito
repetições para cada situação testada. Esses dados foram avaliados através do teste de Dunnett à 5% de
probabilidade de erro para verificar a eficiência da madeira tratada com o tratamento controle. A estatística
proposta permite avaliar a interação entre os fatores e variância experimental com maior precisão. Pelos
resultados encontrados, verificou-se que as características apresentadas pelos diferentes óleos não
influenciaram no processo de impregnação das madeiras, mas sim as suas características anatômicas, uma
vez que as espécies com média ou alta densidade absorveram menos óleo por possuírem menos espaços
vazios (lume). A modificação térmica não apresentou efeito significativo na perda de massa devido a
absorção do óleo, porém a impregnação dos óleos apresentou efeitos positivos com relação a absorção de
água e instabilidade dimensional da madeira principalmente nas primeiras 24 horas. A espécie S. rubra
apresentou destaque dentre as demais.
Palavras-chave: Ácidos graxos, Estabilidade dimensional, Modificação térmica, Teor de umidade.
FORMIGAS ARBORÍCOLAS (HYMENOPTERA: FORMICIDAE)
EM SAVANAS AMAZÔNICAS (PA-BRASIL)
Maria Antônia Nascimento Pereira¹, Nayane do Nascimento Sanches2, Tatiana Vieira Senra3,
Arthur Yan Sousa Araújo1; Iracenir Andrade dos Santos4
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF), Santarém
2Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA), Santarém.
3Colaborador Externo, Santarém, PA.
4Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural (IFII).
E-mail: mariaantoniaa2610@gmail.com
As savanas amazônicas são ecossistemas com características peculiares e com biodiversidade adaptadas às
suas condições. Os invertebrados como as formigas arborícolas são importantes na manutenção do equilíbrio
ecológico das savanas. Este estudo teve como objetivo avaliar diversidade e distribuição de formigas
arborícolas (Hymenoptera: Formicidae) nas savanas amazônicas da Área de Proteção Ambiental em Alter do
Chão, Pará, Brasil. As coletas foram executadas em dezembro de 2023, utilizando armadilhas do tipo pitfall
arbóreo, em três comunidades: São Pedro (02° 31’37.0” S 54° 54’01.9” W), Irurama (02° 27’53.1” S 54°
52’34.6” W) e Ponta de Pedras (02° 29’47.7” S 54° 54’09.8” W). Para a pesquisa foram utilizadas 360
armadilhas, contendo urina humana, como atrativo, detergente para quebra da tensão superficial e o sal para
conservação dos espécimes, estas foram colocadas suspensas nas árvores por 48 horas. Foram coletadas
correspondentes variáveis como altura da planta, conectividade, CAP, densidade herbácea e arbórea, espécies
herbáceas e arbóreas relacionadas à estrutura da vegetação. O material foi processado e identificado
conforme suas características morfológicas para identificação das espécies. Como resultado, obteve-se
diferença significativa quanto a quantidade de formicídeos em relação aos outros grupos de insetos nas áreas
estudadas, Irurama, São Pedro e Ponta de Pedras onde respectivamente, 78,4%, 77,8% e 72%, representaram
Formicidae. Na Comunidade de São Pedro, foram coletadas 21 espécies distribuídas em cinco subfamílias
(Formicinae, Dolichoderinae, Ectatomminae, Myrmicinae e Pseudomyrmecinae). Dentro dessas subfamílias,
nove gêneros diferentes foram identificados respectivamente: Camponotus (Ronque et al., 2018) (seis
espécies), Brachymyrmex Mayr, 1868 (uma espécie), Dorymyrmex (uma espécie), Tapinoma Forster, 1850
(uma espécie), Ectatomma (Poteaux et al., 2015) (duas espécies), Crematogaster (Vale Junior et al.2017)
(duas espécies), Solenopis (Vale Junior et al., 2017) (duas espécies), Cephalotes (Teixeira et al., 2022) (três
espécies) e Pseudomyrmex (Gallego-Ropero e Feitosa, 2014) (três espécies). Na Comunidade de Irurama,
foram registradas 24 espécies divididas em seis subfamílias (Formicinae, Dolichoderinae, Ectatomminae,
Myrmicinae, Ponerinae e Pseudomyrmecinae). Dentre as subfamílias, 13 gêneros foram identificados:
Camponotus (Ronque et al., 2018) (cinco espécies), Brachymyrmex Mayr, 1868 (três espécies), Dorymyrmex
Mayr, 1866 (uma espécie), Dolichoderus Lund, 1831 (uma espécie), Azteca Forel, 1878 (uma espécie),
Forelius Lund, 1831 (uma espécie), Ectatomma (duas espécies), Crematogaster (Vale Junior et al.2017)
(uma espécie), Cephalotes (Teixeira et al., 2022) (duas espécies), Pheidole Westwood, 1839 (uma espécie),
Solenopsis (Vale Junior et al., 2017) (uma espécie), Hypoponera Santschi, 1938 (uma espécie) e
Pseudomyrmex (Gallego-Ropero e Feitosa, 2014) (quatro espécies). Na comunidade de Ponta de Pedras
foram listadas 19 espécies divididas em cinco subfamílias (Formicinae, Dolichoderinae, Ectatomminae,
Myrmicinae e Pseudomyrmecinae). Entre essas subfamílias, 10 gêneros foram detectados: Camponotus
(cinco espécies), Brachymyrmex (uma espécie), Nylanderia Emery, 1906 (uma espécie), Dorymyrmex (uma
espécie), Dolichoderus (uma espécie), Azteca (uma espécie), Ectatomma (duas espécies), Cephalotes (duas
espécies), Crematogaster (três espécies) e Pseudomyrmex (duas espécies). Estudos sobre a diversidade de
formigas nas savanas, destacam sua função como bioindicadores ambientais. As formigas arborícolas nas
áreas de savana amazônica, tem se revelado com maior diversidade e abundância indicando que as savanas
possuem habitat rico em biodiversidade contribuindo para a manutenção dos ecossistemas locais.
Palavras-chave: Diversidade, Mirmecofauna, Pitfall Trap.
Apoio: FAPESPA.
REPOVOAMENTO DE PEIXE NO AMAZONAS
Jackson Angelo Ferreira Lima Junior1; Carlos Petrônio de Souza Queiroz²
1Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas – ADAF/AM, Manaus, AM.
²Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas – ADAF/AM, Manaus, AM.
E-mail: jackson@hotmail.com
Conforme a Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura no Amazonas, 140 mil pescadores vivem
diretamente da atividade pesqueira e cerca de 200 mil pessoas estão envolvidas no sistema produtivo da
pesca e subprodutos segundo dados oriundos de trabalhos realizado nos municípios através da Agência de
Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas –ADAF/AM. A Amazônia já vem registrando
outros episódios de estiagem extrema e prolongada, quase sempre associados à ocorrência do fenômeno
climático El Niño: a primeira em 2005, a segunda em 2010, a terceira em 2015-2016 e a mais recente em
2022-2023. Verificamos que a seca que vem se estendendo desde 2022 até hoje, vem diminuindo o pescado
nos rios e lagos, devido a diminuição das águas e o aquecimento, que diminui o oxigênio e aumenta a
mortandade. Pensando na normalização dos estoques pesqueiros dos rios, o objetivo deste trabalho é a
implantação de bases municipais de piscicultura para repovoamento dos rios e lagos, para regenerar com
mais rapidez a fauna de pescado na região. A implantação de bases em municípios polos como exemplo
município de Carauari no Rio Juruá, Tefé no Rio Solimões, Itacoatiara no Rio Amazonas, Novo Aripuanã no
Rio Madeira, Novo Ayrão no Rio Negro, viria a repovoar e reabastecer o mercado local. A implantação de
cultivos de tanques em terra de espécies nativas e regionalizadas com o despejo de alevinos com uma boa
qualidade genética, a uniformidade de tamanho dos alevinos (proporcionando uma oferta de animais em
períodos do ano) e com o tamanho mínimo, iria proporcionar uma sobrevida maior. Com este trabalho
teremos uma rápida melhoria de oferta de pescado e aumento da população de peixes nesses rios e lagos,
restabelecendo o sistema populacional de pescado da bacia do Amazonas, diminuindo e minimizando os
efeitos deste. Assim, quando as águas dos rios do Amazonas estiverem em sua normalidade, teremos alevinos
de pescado para repovoamento, minimizando os efeitos nocivos da quebra da cadeia produtiva e alimentando
os habitantes, visto que o peixe é o alimento essencial na mesa do Amazonense.
Palavras-chave: Amazonas, Peixe, Repopulação, Rios.
Apoio: Secretaria Executiva de Pesca e Aquicultura – SEPA/SEPROR.
ABORDAGEM METAGENÔMICA DE MICRORGANISMOS DAS ÁGUAS DO RIO
JURUÁ
Samára Ferreira Santos1, 2; Cláudia Afras de Queiroz1, 2; Annie de Souza e Silva1, 2;
Jeferson Chagas da Cruz1; Gilvan Ferreira da Silva1; Rogério Eiji Hanada2.
1 Embrapa Amazônia Ocidental
2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - PPG Agricultura dos Trópicos Úmidos.
E-mail: samara.baggins@gmail.com & rhanada.inpa@gmail.com
As interações simbióticas entre microrganismos e seus hospedeiros desempenham um papel crucial no
equilíbrio e na resiliência dos ecossistemas, resultando na produção ou indução de metabólitos secundários
(MS), que trazem benefícios significativos às plantas. Esses benefícios incluem a promoção do crescimento,
aumento da tolerância a estresses abióticos, defesa contra patógenos e redução da herbivoria. Com o avanço
das ferramentas de bioinformática e plataformas de sequenciamento de última geração, a exploração de
novos produtos naturais a partir de dados genômicos tem se tornado uma abordagem promissora. Isso facilita
a descoberta de compostos bioativos com potencial biotecnológico, com aplicações em áreas como
agricultura e medicina. O presente estudo teve como objetivo realizar uma análise metagenômica in silico do
potencial de produção de metabólitos secundários por microrganismos presentes em amostras de água do rio
Juruá, uma área rica em biodiversidade. As amostras foram coletadas em junho de 2018, em uma região
localizada a 03° 28' 52" S de latitude e 66° 04' 08" W de longitude, com uma altitude de 55 metros. O DNA
das amostras foi extraído usando o kit DNeasy® Blood and Tissue (Qiagen®, EUA) e sua qualidade foi
avaliada por espectrofotometria (NanoDrop 1000, Thermo). A integridade do DNA foi verificada em gel de
agarose a 0,8%, e o DNA foi quantificado em fluorômetro Qubit® 2.0 (Life Technologies®). Após essa
etapa, o DNA foi enviado à Genohub Inc. para sequenciamento metagenômico, utilizando o sistema Illumina
HiSeq 2500, com 150 leituras emparelhadas e uma qualidade de Q30>80%. A análise dos clusters gênicos
biossintéticos (BGCs) foi realizada utilizando o pipeline antiSMASH versão 7, com foco na identificação de
clusters associados à síntese de metabólitos secundários. Esses clusters foram comparados ao banco de dados
MIBiG para identificação de compostos previamente conhecidos. A análise genômica resultou na predição de
82 BGCs, sendo que 4 deles apresentaram alta similaridade com clusters descritos na literatura. No total,
foram identificadas 12 classes de moléculas distintas, incluindo peptídeos não ribossomais (NRPSs),
policetídeos sintéticos (PKSs), terpenos e híbridos. A diversidade de moléculas bioativas identificadas sugere
um elevado potencial para a descoberta de novos compostos com atividades relevantes, com aplicações
potenciais na farmacologia e em biotecnologia. A descoberta dessas moléculas pode ser valiosa na produção
de antibióticos e no controle biológico de pragas, destacando a importância da prospecção metagenômica em
ambientes ricos em biodiversidade, como o rio Juruá. Este estudo revela o potencial biotecnológico dos
microrganismos presentes na Amazônia para a produção de novos metabólitos secundários, contribuindo
para o avanço em diversas áreas da ciência e tecnologia.
Palavras-chave: Bioatividade, Biotecnologia, BGCs, Produtos Naturais
Apoio: Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas pelo suporte
financeiro e concessão de Bolsas de estudo obtido a partir do programa Biodiversa (Edital Nº 007/2021). Ao
Conselho Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES-Procad AmazonMicro e
CAPES-Amazônia Legal.
BIOPROSPECÇÃO DE FUNGOS AQUÁTICOS ISOLADOS DA BACIA DO
RIO TARUMÃ AÇU – MANAUS, AM
Pedro Henrique de Oliveira Cantuário¹, Adriano Ferrari de Almeida¹, Ieda Hortêncio Batista¹,
Marta Rodrigues de Oliveira², Francisca da Silva Ferreir
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus-AM,
²Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP).
E-mail: pedrocantuario36@gmail.com
O bioma Amazônico se destaca pela diversidade de ecossistemas que abrigam enorme biodiversidade,
variando de organismos vegetais, animais e microbianos. Na região, o ecossistema hídrico tem grande
importância pela sua diversidade de corpos d 'água, com inúmeros lagos, igarapés e rios, onde podem viver
organismos de grande valor biotecnológico, com destaque para os microrganismos, em particular, os fungos.
Visando ampliar o conhecimento sobre a diversidade desses microrganismos nos ambientes aquáticos da
Amazônia, o trabalho realizado objetivou isolar fungos de amostras de água presentes na Bacia Hidrológica
do rio Tarumã-Açu em Manaus-AM, a fim de identificar a diversidade de fungos desses ambientes e
contribuir para futuras pesquisas de interesse bioecológico. Foram realizadas coletas de água em dois pontos
do baixo curso da Bacia do Tarumã-Açu nos períodos de estiagem (Nov/2023) e cheia (Mar/2024). Das
amostras foram retiradas 50 μl de água e espalhada com auxílio de uma alça de Drigalski em placas de Petri
contendo meio de cultura Batata Dextrose Ágar (BDA) e Extrato de Malte, em triplicata, sendo esses meios
suplementados com os antibióticos Tetraciclina e Ampicilina (50mg/mL) para inibir o crescimento
bacteriano. À medida que as colônias de fungos cresceram, foram transferidas para placas com o mesmo
meio do isolamento em repiques tripontais e posteriormente uni pontuais, a fim de obter colônias puras. Após
o processo de purificação, foram feitas as análises macromorfológicas considerando aspectos de cor, textura,
topografia, pigmento difuso, cor do verso e topografia do verso das colônias. Para a análise
micromoforlógica foi realizado o microcultivo para observação em microscópio óptico de hifas, fiálides,
conidióforo e conídios e posteriormente comparados em literatura especializada. Os fungos foram
conservados, em triplicatas, seguindo a metodologia de Castellani. Foram isolados 20 fungos filamentosos,
sendo 17 identificados a nível de gênero e 3 não identificados As linhagens identificadas pertencem aos
seguintes gêneros: Aspergillus sp. (11 isolados); Cladosporium sp. (1 isolado); Helicodendron sp. (1
isolado); Fusarium sp. (1 isolado); Paecilomyces sp. (2 isolados) e Penicillium sp. (1 isolado). Entre os
resultados obtidos houve predominância de fungos filamentosos do gênero Aspergillus, embora esse não seja
um fungo característico de ambientes aquáticos, sua capacidade cosmopolita confere alguma adaptação para
sobreviver nesses ambientes. Por fim, entende-se que a Bacia do Tarumã-Açu contém uma diversidade de
microrganismos presentes, sendo necessário mais trabalhos relacionados a ecologia desses organismos em
relação aos impactos antrópicos e do ambiente, além de estudos de âmbito biotecnológico.
Palavras-chave: Amazônia, Ambiente aquático, Biotecnologia, Biodiversidade, Fungos.
Apoio: Universidade do Estado do Amazonas, Fapeam, HUB tecnologias e inovações, Laboratório ILUM,
Mestrado ProfÁgua.
BIOMONITORAMENTO DE METAIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SOLIMÕES
Jaiciana dos Santos Paiva Pontes¹; Charles Eugene Zartman¹; Luiz Henrique Vieira Lima2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.
2 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Agronomia, Recife, PE.
E-mail: jaiciana.paiva@posgrad.inpa.gov
A Floresta Amazônica é um complexo sistema ecológico que desempenha múltiplas funções vitais para o
planeta e a preservação desta é fundamental para a sobrevivência da humanidade. Ao monitorar a qualidade
do ar, é possível mensurar as concentrações de poluentes. Usando o musgo Calymperes palisotii
Schwagrichen como biomonitor com o objetivo de desenvolvermos um gradiente da deposição atmosférica
de metais pesados como chumbo (Pb), Cádmio (Cd), Níquel (Ni), Arsênio (As) entre outros como metaloides
e não metais, na Bacia Hidrográfica do Rio Solimões, por meio de analises de cidades com características
distintas em um gradiente de urbanização: Manaus, com alta densidade populacional e intensa atividade
industrial; Tefé, maior cidade da região do Médio Solimões; Jutaí, sede da Reserva Extrativista do Rio Jutaí -
Cujubim, a maior unidade de conservação do Estado. Das amostras analisadas de C. palisotii foram coletadas
4 g de filídios, secos em estufa a uma temperatura de 50 ºC por 48 h e em seguida macerados. Após a
maceração os musgos, passaram pelo processo de digestão química onde foram adicionados a tubos de
ensaio com 2 ml de peróxido de hidrogênio (H2O2) e 8 ml de ácido nítrico (HNO3), esses tubos foram para o
micro-ondas a uma temperatura de 170 ºC até a digestão completa. Os musgos agora liquidificados são
chamados aqui de extratos, esses extratos são filtrados para balões volumétricos, completados com 25 ml de
água ultrapura. Os teores de metais, metaloides e não metais, foram determinados por Espectroscopia de
Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES). Os teores medianos dos metais de Manaus
em ordem decrescente são (em mg kg-1): Ca (10382) > Al (1905) > Mg (1891) > P (1731) > Fe (1645) > Zn
(114) > Ba (59) > Mn (49) > Ti (30) > Sr (18) > Cu (17) > Pb (7,5) > Ni (3,8) > Cr (2,8)> V (1,9) > As (1,4)
> Cd (0,9) > Co (0,7). Os teores apresentam altos níveis de coeficientes de variação (entre16% e 96%)
podendo indicar várias fontes de contaminação. Em comparação com estudos realizados no Brasil, esta
primeira amostra corrobora o fato de C. palisotii ser um biomonitor adequado e de baixo custo portanto,
permite avaliar a influência de diferentes fontes de poluição na deposição de metais em áreas urbanas,
industriais e remotas. Este estudo visa preencher uma lacuna importante ao avaliar a qualidade do ar em
municípios distantes da capital do Estado do Amazonas, oferecendo informações cruciais para políticas
públicas e estratégias de proteção ambiental, na Bacia Hidrográfica do Rio Solimões, a presente pesquisa
encontra-se em fase de desenvolvimento por esse motivo os relatos são somente do centro urbano de
Manaus.
Palavras-chave: Biomonitor, Floresta Amazônica, Musgo, Qualidade do Ar.
Apoio: CAPES.
MUSGOS COMO BIOMONITORES AMBIENTAIS: ANÁLISE PRELIMINAR DA
DEPOSIÇÃO ATMOSFÉRICA DE METAIS PESADOS EM ÁREA URBANO-
INDUSTRIAL DE MANAUS
Nikson da Costa Castro¹; Luiz Henrique Vieira Lima²; Charles Eugene Zartman¹
¹Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus - AM.
²Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
E-mail: niksonbiologia@gmail.com
A floresta amazônica desempenha um papel crucial na regulação do clima. No entanto, a região enfrenta uma
intensa pressão antropogênica, com fatores que têm contribuído significativamente para a degradação da
qualidade do ar. Manaus, capital do estado do Amazonas, tem enfrentado um crescimento significativo de
urbanização, industrialização e aumento na frota veicular, resultando no aumento das concentrões de
poluentes atmosféricos, especialmente metais pesados, que devido à sua toxicidade e persistência no
ambiente, representam um problema à saúde pública e ambiental. Dessa forma, o biomonitoramento com
briófitas, é uma alternativa para avaliar as concentrações desses elementos, uma vez que são ótimos
indicadores ecológicos, amplamente distribuídos e com características fisiológicas que permitem a absorção
de nutrientes e outros componentes diretamente do ar. Este trabalho teve como objetivo realizar uma análise
preliminar das concentrações de metais pesados em áreas adjacentes e distantes de uma zona industrial de
Manaus, por meio do biomonitoramento com o musgo Calymperes palisotii Schwägr. As coletas foram
realizadas em oito pontos da cidade, localizados principalmente nas proximidades do Distrito Industrial I,
além de alguns pontos mais distantes, classificados como áreas urbanas. As amostras de C. palisotti foram
coletadas em junho de 2024, representando cada ponto de amostragem com uma coleta composta,
homogeneizada a partir de cinco amostras simples retiradas de troncos de árvores a uma altura de 1,5 metros
do solo. As amostras foram armazenadas e limpas no laboratório de Criptógamas e Anatomia Vegetal do
INPA. Após a limpeza, foram secas em estufa a 50ºC por 72 horas, maceradas e submetidas a digestão
química com ácido nítrico e peróxido de hidrogênio em forno de micro-ondas, seguidas de filtração após
resfriamento. A determinação das concentrações de metais pesados foi realizada por espectrometria de
emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP-OES) empregando padrões certificados pelo NIST
para garantir o controle de qualidade. Para a análise estatística foi utilizado o software RStudio, utilizando os
testes de Shapiro-Wilk, Mann-Whitney e Análise descritiva. Foram identificados e quantificados 18
elementos metálicos, dos quais se destacam, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Ni, Pb, V, Zn, Mn e Ba, considerados metais
pesados. O ferro (Fe) apresentou a maior concentração em áreas industriais, com média de 2783,4 mg/kg.
Elementos como arsênio (As), cádmio (Cd), cobalto (Co) e cromo (Cr) exibiram coeficientes de variações
significativos nessas áreas, sugerindo contaminação pontual. A semelhança nas concentrações da maioria dos
metais pesados indica prováveis origens em comum, podendo ser fontes naturais, o tráfego veicular ou
emissões industriais. As concentrações médias de Cd (0,4 mg/kg), Ni (7,7 mg/kg) e Zn (101,7 mg/kg)
mostraram-se relevantes em comparação a outros estudos de biomonitoramento. O trabalho preliminar,
permitiu avaliar as concentrações de 18 elementos metálicos, especificamente metais pesados, onde Fe, Cd,
Ni e Zn, apresentaram concentrações significativas de contaminação. Da mesma forma, demonstrou a
sensibilidade e eficácia da espécie C. palisotii no biomonitoramento atmosférico. Destaca-se, ainda, a
importância de novas aplicações com outras espécies de briófitas na Amazônia, e investigações quanto à
fisiologia e comportamento de espécies bioacumuladoras de metais pesados.
Palavras-chave: Amazônia, Briófitas, Biomonitoramento.
Apoio: Agradecimento à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
RIQUEZA DE AVES ACUÁTICAS Y PSITÁCIDOS RIBEIRINHOS DO LAGO DE
TUCURUÍ, PARÁ, BRASIL: IMPLICAÇÕES PARA LÁ GESTÃO DA UC
Juan Felipe Castro Ospina1; Luiza Magalli Pinto Henriques1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, MPGAP, Manaus, AM.
E-mail: juanfelipecastro94@gmail.com
Rios represados perdem suas características naturais relacionadas ao pulso de inundação, pois sua vazão
passa a ser controlada pelas demandas de geração de energia das usinas hidrelétricas. Na Amazônia, a
Hidrelétrica de Tucuruí localizada no Rio Tocantins, é uma das maiores em operação. Desde sua construção e
posterior operação, o fluxo de água é controlado, afetando diretamente muitos processos ecológicos do rio.
Contudo, o gerenciamento correto dessas áreas impactadas pode desempenhar um papel importante na
conservação de espécies de aves aquáticas e ribeirinhas definidas como todas as espécies de aves que
utilizam os habitats às margens dos rios, mas que não se alimentam nem obtêm seu alimento na água o sus
margens, as quais fornecem importantes serviços ecossistêmicos e culturais para as comunidades tradicionais
do entorno dos reservatórios. Neste estudo, investigamos como a composição e a abundância da comunidade
de aves aquáticas e ribeirinhas variaram em relação ao percentual de vegetação florestal no entorno do
reservatório da Hidrelétrica de Tucuruí. Os dados foram coletados entre 2005, 2006, 2007 e 2024, por meio
de censos visuais que registraram as espécies de aves aquáticas e ribeirinhas (Psitacídeos e Accipitrídeos) ao
redor do reservatório. Ao todo, foram realizados 103 censos nos quatro anos do estudo. Em 2024, os métodos
anteriores foram seguidos, com 20 transectos para monitorar mudanças na riqueza e abundância dessas
espécies. No total, foram registradas 149 espécies de aves, sendo 44 aquáticas e ribeirinhas. As espécies mais
abundantes foram Butorides striata (6.036 indivíduos), Cairina moschata (2.436), Nannopterum brasilianus
(2.320) e Ardea cocoi (2.274). Além disso, foram registradas espécies de importância para a conservação,
como Guaruba guarouba, endêmica e vulnerável (IUCN). Anhima cornuta foi pela primeira vez registrada
em Tucuruí, sugerindo uma expansão recente na sua distribuição. A riqueza média de aves aquáticas foi de
16 espécies em 2005, 16 em 2006, 18 em 2007 e 15 em 2024, mostrando uma leve redução em 2024 em
relação a 2007. A análise de Kruskal-Wallis revelou diferenças significativas na riqueza de aves aquáticas
entre os anos (p < 0,05), sugerindo que mudanças ambientais ter influenciado. Contudo, a riqueza de aves de
psitacídeos e aves de rapina, não apresentou diferenças significativas (p = 0,39). A abundância e riqueza de
aves aquáticas e psitacídeos por literatura normalmente se correlacionadas com o percentual de vegetação
florestal. Isso se torna relevante nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) desmatadas. Futuros projetos
de reflorestamento devem ser desenvolvidos nas margens da usina, buscando a recuperação de habitats para
as espécies aquáticas e ribeirinhas (Psitacídeos e Accipitrídeos). Nossos resultados reforçam a necessidade de
desenvolver programas integrados de restauração florestal, especialmente nas APPs, como determinado pela
Lei 12.651/2012 e de se continuar o monitoramento das aves aquáticas e ribeirinhas.
Palavras-chave: Aves aquaticas, Aves Ribeirinhas, APA Lago Tucuruí, Guaruba guarouba, Anhima cornuta,
RDS Pucuruí-Ararão, RDS Alcobaça.
Apoio: FAPEAM, Eletronorte, Universal soluções ambientais, IDEFLOR.
ARMAZENAMENTO DE TUBÉRCULOS DE ARIÁ (Goeppertia allouia (AUBL.) BORCHS.
& S. SUÁREZ, MARANTACEAE) EM DIFERENTES EMBALAGENS E AMBIENTES
Atmam Campelo Batista1; Ariel Dotto Blind2; Eli Minev-Benzecry3; Maiana Costa do Lago4; Ruby Vargas-Isla5;
Alexandre Tyson Ferreira de Souza4; Joaquim da Silva Lopes4; Noemia Kazue Ishikawa1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus, AM.; 2Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde; 3Colégio Connexus; 4
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Pós-graduação em Ecologia; 5 Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA), Bolsista CNPq.
E-mail: atmam.batista@inpa.gov.br
O ariá (Goeppertia allouia (Aubl.) Borchs. & S. Suárez) é uma raiz tuberosa presente na alimentação das
diversas comunidades tradicionais na Amazônia milhares de anos. A intensificação da estiagem na
Amazônia tem inviabilizado o principal meio de transporte que é o modal hidroviário, isolando cidades e as
comunidades rurais e aumentando a insegurança alimentar. Os ariás são cultivados pelos povos tradicionais e
indígenas, tendo o ciclo de cultivo anual e sua colheita se dando de junho a outubro no Amazonas,
geralmente esses tubérculos são consumidos logo após a colheita e não o hábito de estocá-los. As
mudanças climáticas cada vez mais intensas estão tendo consequências graves em praticamente todas as
áreas da agricultura na Amazônia, levando a necessidade de ter estratégias de estocagem de alimentos para
lidar com a estiagem. A boa qualidade dos alimentos depende do cuidado no manuseio durante a colheita,
embalagem e armazenamento, pode disponibilizar este alimento por mais tempo. No entanto, ainda
necessidade de buscar meios acessíveis a população rural para armazenar os alimentos. Deste modo, o
objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de embalagens e ambientes no pós-colheita de raízes tuberosas de
ariá no contexto das comunidades rurais. Os ariás utilizados nesse estudo são oriundos da Estação
Experimental de Hortaliças Alejo Von der Pahlem Inpa. Os materiais recém-colhidos selecionados foram
colocados em saco plástico (Zip Lock), saco de papel (Kraft) e sem embalagem, em três ambientes de
armazenamento: Geladeira (4 ºC), temperatura ambiente (média 29 ºC) e câmara BOD (25 ºC) como controle
experimental. Cada tratamento com cinco repetições de 200±2g foi avaliado a cada semana os seguintes
parâmetros: perda de massa fresca (%) e avaliação de características visuais externas. Os tratamentos sem
embalagem e com papel Kraft nos três ambientes estudados mantiveram qualidade de consumos por três
semanas, sendo descartados na quarta semana de armazenamento. Os ariás armazenados em sacos de
plásticos em todos os ambientes mantiveram-se com características visuais boas a a nona semana de
armazenamento. Podemos concluir que o ariá pode ser armazenado em saco plástico tipo Zip Lock em
temperatura ambiente de Manaus entre agosto a outubro de 2024, em geladeira ou BOD por até nove
semanas, possibilitando opção de armazenamento e colaborando com a segurança alimentar de muitas
famílias durante a estiagem. Assim, os dados dão suporte para incentivar as comunidades rurais a plantarem
mais ariás, colherem e armazenarem em sacos de plásticos para consumo em meses mais críticos da seca no
Amazonas, quando acesso a alimentos dependente de vias hidroviárias fica impossibilitado.
Palavras-chave: Alimento, Estocagem, Hortaliças, Raiz Tuberosa, Segurança Alimentar.
Apoio: CNPq, CAPES, FAPEAM.
MAPEAMENTO DOS CONFLITOS NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) ARAMANAÍ
(BELTERRA – PA)
Maria Raimunda Alves¹; Iracenir Andrade dos Santos2
¹Universidade Federal do Oeste do Pará- UFOPA,
discente do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Amazônia, Santarém, PA.
2Universidade Federal do Oeste do Pará- UFOPA, Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural,
Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Amazônia,
Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA.
E-mail: pgrna2023@gmail.com
As unidades de conservação têm como objetivo a proteção dos recursos naturais e da biodiversidade para as
gerações presentes e futuras. E o avanço da degradação ambiental na Amazônia coloca em risco não a
biodiversidade, serviços ecossistêmicos essenciais, mas a própria sobrevivência humana. A Área de Proteção
Ambiental (APA) Aramanaí, localizada no município de Belterra Oeste do Pará, com área de criação de
10.9885 há, foi criada em 2003 e teve redução de 20% de sua área original em 2017. grande necessidade
de dados para subsidiar o entendimento da dinâmica e dos conflitos existentes na UC e isso dificulta o
manejo dos recursos naturais. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi identificar a sobreposição de limites
entre a área da APA Aramanaí, assentamentos do INCRA e áreas produtivas. Para isso, foram coletadas
imagens de satélites Landsat no período 2003 a 2023 e realizado o cruzamento com as bases de dados
vetoriais oficiais utilizando o softaware Qgis para edição e análise de dados geoespaciais. A base de
classificação realizada foi através do índice de vegetação nativa, proporcionando a elaboração de mapas
temáticos e interpretação dos resultados. Após o cruzamento de dados foi observado que a UC possui um
grande deslocamento na base vetorial, não estando de acordo com a lei de criação. E esse erro abrange áreas
que legalmente não estão incluídas na APA, dificultando os processos de licenciamento, pelos produtores
rurais, que estão fora dos limites dessa APA. As análises mostraram que o PAE Pindobal e o PAE Aramanaí
estão integralmente dentro da APA Aramanaí. Apesar dos conflitos, a criação da APA Aramanaí reduziu os
alertas de desmatamento comparada com as áreas do entorno da referida APA, conforme dados do prodes no
período estudado. Esses resultados mostram o quanto a APA é importante no processo de conservação da
biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos da região e destaca a urgência na implantação do plano de
manejo da APA Aramanaí. O erro entre as diversas plataformas dos governos coloca em risco não só a APA
Aramanaí, mas diversas outras Unidades de Conservação na região. E isso é extremamente preocupante
divido ao avanço da agricultura graneleira e pecuária, a perda acelerada de áreas nativas e a ampliação das
áreas degradadas na Amazônia. Portanto, a correção dos limites da APA Aramanaí e das diversas
sobreposições com Projetos de Assentamentos e áreas privadas é fundamental para a manutenção e
conservação dos recursos naturais e demais serviços ecossistêmicos disponibilizados pela UC.
Palavras-chave: Dados geoespaciais, Recursos Naturais; Unidade de Conservação.
Apoio: UFOPA – PPGRNA.
EFEITO DA INOCULAÇÃO DE Bacillus megaterium e Bacillus subtilis NA PRODUÇÃO DE
MUDAS DE AÇAIZEIRO (Euterpe precatoria Mart.)
Esmael Cunha Pinheiro1; Ithalo Gomes de Lima1; Diego Monteiro Nunes1; Jessica Pinheiro dos Santos2;
Cláudia Majolo3; Ricardo Lopes3; Maria do Rosário Lobato Rodrigues3;
Aleksander Westphal Muniz3; Christiane Abreu de Oliveira Paiva4
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agricultura do Trópico Úmido, Manaus, AM.
2Universidade Nilton Lins, Bolsista de Iniciação Científica, CNPq, Manaus, AM.
3Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Manaus, AM.
4Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Sete Lagoas, MG.
E-mail: esmael.cunha@gmail.com
O açaizeiro da espécie Euterpe precatoria é uma palmeira cujo os frutos são produzidos em escala comercial
no Amazonas, e a partir deles, produzida a bebida denominada açaí ou vinho de açaí. A procura pelo açaí tem
aumentado nos últimos anos, no entanto, a produção não tem acompanhado o ritmo de crescimento. Um fator
de extrema importância para o êxito do cultivo em campo é a qualidade das mudas utilizadas. O objetivo
deste trabalho foi avaliar o efeito da inoculação de espécies de B. megaterium e B. subtilis na produção de
mudas de açaizeiro (E. precatoria). O experimento foi conduzido em delineamento completamente
casualizado. A inoculação foi realizada utilizando o produto comercial BiomaPhos® contendo as cepas de
BRM 119 (B. megaterium) e BRM 2084 (B. subtilis) na concentração de 4×109 UFC/mL. Os tratamentos
consistiram em diferentes doses do inoculante (BiomaPhos®): 0, 1, 3, e 4 ml/planta. Foi utilizado um
delinemanento completamente casualizado com dez repetições. O experimento foi conduzido durante 180
dias. As variáveis analisadas foram: massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR), diâmetro
da muda (DMT), altura (ALT), número de folhas (NFOL), e área foliar (AF). Os resultados demonstraram
que a inoculação aumentou a MSPA, NFOL e AF. Para essas variáveis foram obtidas as seguintes equações:
MSPA=-0005x2+0,13x+0,88, (R2=0,64); NFOL=-0,17x2+3,17x+18,92 (R2=0,76); e AF=
=0,31x2+3,17x+18,92 (R2=0,68). O R2 (coeficiente de determinação) indica a que as equações explicam a
variância encontrada. Conclui-se que a inoculação com BiomaPhos® promove o aumento da MSPA, NFOL e
AF das mudas de açaizeiro.
Palavras-chave: Bacillus megaterium, Bacillus subtilis, BiomaPhos®.
Apoio: CNPq-INCT, FAPEAM, EMBRAPA.
CARACTERIZAÇÃO ENERGÉTICA DO RESÍDUO DA Oenocarpus sp.
Wesley Lopes Pinto¹; Maria Luiza Mendes Vinhote da Silva¹, Iandra Victória Pinto Guimarães¹, Amaury Caldeira de
Lima Gonçalves¹, Fernando Walasse Carvalho Andrade¹
1 Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Biodiversidade e Floresta (IBEF), Santarém, PA.
E-mail: lopeswesley031@gmail.com
As emissões de gases do efeito estufa, principalmente de combustíveis fósseis, estimula a busca por energias
renováveis e de carbono zero. A biomassa, que transforma produtos vegetais em combustível, é uma das
principais alternativas. No Brasil, com abundância de matéria-prima, oportunidades para o setor
econômico e para atender aos acordos internacionais sobre as mudanças climáticas e contribuir para os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente os de energia limpa (ODS 7) e combate às
mudanças climáticas (ODS 13). A bacaba (Oenocarpus sp.) é uma espécie de palmeira, que produz frutos
elipsoides, de 1,5 a 1,8 cm, após o processamento do fruto gera um resíduo fibroso, geralmente descartado de
forma irregular. Para este estudo foi feito a caracterização energética do resíduo da bacaba, com foco
principal nas sementes, analisando seu potencial energético. Para as análises foram utilizadas as sementes da
bacaba, in natura, de quatro indivíduos oriundas de um plantio no município de Santarém, aclimatada em
umidade a 12%. foram trituradas no moinho de facas em partículas menores, e com o particulado foi
realizado processo de homogeneização das amostras, que consiste na mistura do resíduo dos quatro
indivíduos selecionados, formando uma única amostra composta. Determinou-se o poder calorífico superior
(PCS), por meio da bomba calorimétrica. Realizou-se análise imediata para determinar o teor de material
volátil (TMV), carbono fixo (CF) e cinzas (CZ), seguindo as orientações da American Society for Testing and
Materials, descritas na norma D-1762-84. Os resultados apresentados pela análise imediata, o CF foi de
19,73%, no caso dos TMV foi de 82,06%, e CZ de 1,46%, estes são os resultados da média dos valores
obtidos pela triplicata, em relação ao PCS, atingiu 4397 cal/g. O TMV, refere-se à liberação de gases
afetando diretamente a combustão do material, o teor de CF representa a fração que queima e promove a
estabilidade e resistência térmica do combustível, o CZ trata-se do resíduo gerado após a queima do material
combustível, comumente composta por minerais. Logo o ideal é que o teor de cinzas seja baixo, no que diz
respeito ao PCS é a quantidade de energia na forma de calor liberada durante a combustão, de acordo com a
literatura consultada o valor é considerado elevado, resultado positivo visando sua utilização para fins
energéticos. Os valores de CF, TMV, CZ e PCS do resíduo da bacaba alinhados apresentam propriedades
com potencial para produção de energia, para produção de biocombustíveis.
Palavras-chave: Análise Imediata, Bacaba, Biomassa, Poder Calorífico.
EXPLORANDO A RELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS FUNCIOANAIS AÉREAS DE
MUDAS FLORESTAIS E A COLONIZAÇÃO DE MICORRIZAS ABAIXO DO SOLO
Larissa de Oliveira Barbosa1,2*; Mayra Valéria do Nascimento Brito1,3; Vitória Miléo da Silva1,3;
Arthur Daniel Lopes Frota1,3; Laenna Morgana Cunha da Silva1,3; Túlio Silva Lara1,2;
Marcos Diones Ferreira Santana1,2; Deliane Vieira Penha1,3
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA);
2Laboratório de Fisiologia Vegetal e Crescimento de Plantas; 3Laboratório das Niaras.
E-mail: lari.obarbosa02@gmail.com
Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) são microorganismos fundamentais às plantas, pois associam-se às
suas raízes favorecendo a absorção de água e nutrientes, contribuindo para aumento da taxa de crescimento e
ocupação das espécies em novos ambientes. A relação micorrízica está associada principalmente à fatores
relacionados ao sistema solo-planta como condições nutricionais do solo e características do sistema
radicular (por exemplo, presença de tricomas nas raízes). Nesse sentido, nosso entendimento acerca de como
características funcionais de árvores tropicais acima do solo estão relacionadas à colonização por FMA é
ainda limitado. Densidade da madeira e taxa de crescimento são características que predizem estratégias
ecológicas importantes para o entendimento de processos ecossistêmicos e dinâmica de comunidades. Por
exemplo, espécies com madeira de maior densidade, estão frequentemente associadas a um crescimento mais
lento, oposto do que acontece com espécies de menor densidade. Considerando a contribuição simbiótica dos
FMA para o crescimento e desenvolvimento de espécies vegetais, exploramos como a densidade da madeira
em espécies florestais pode estar relacionada a colonização por FMA. Testamos a hipótese de que espécies
com alta densidade de madeira (e menor crescimento em altura), apresentam menor taxa de colonização por
FMA. Coletamos 1g de raiz de cinco espécies de mudas florestais: Carapa guianensis Aubl., Ceiba
pentandra (L) Gaertn., Manilkara huberi A. Chev., Bertholetia excelsa Bonpl. e Chamaecrista scleroxylon
(Ducke) H.S.Irwin., e as submetemos a coloração de micorriza para quantificar a porcentagem de
colonização, realizada por intersecção de quadrante (1cm2), utilizando placas de Petri (90 mm ø). A
densidade da madeira foi determinada pela razão entre a massa seca e fresca, baseada no volume fresco
determinado pelo método de deslocamento de água. Nossos resultados mostram que as espécies de mudas
diferem quanto à densidade da madeira, C. guianensis e C. scleroxylon apresentaram densidade mais alta
(0,862 g/cm3 e 0,818 g/cm3 respectivamente) que as demais espécies. Enquanto C. pentandra e B. excelsa
foram as que tiveram menor densidade (0,335 g/cm3 e 0,56 g/cm3 respectivamente). Espécies com alta
densidade da madeira apresentaram média (58%) e baixa (10%) taxa de colonizão por FMA, portanto,
nossa hipótese não foi corroborada. Nossos resultados indicam que atributos funcionais acima do solo estão
relacionados ao investimento em estrutura do tronco e ou/ crescimento em altura não contribuem para
interação simbiótica com os FMA. Considerando que esse estudo é exploratório, é necessário ampliar o
número de espécies investigadas e agregar ao modelo mais atributos funcionais para elucidar o entendimento
dessa relação na Amazônia.
Palavras-chave: Colonização, Densidade de Madeira, Fungos Micorrízicos, Interações Ecológicas.
A GEOGRAFIA E A ATUAÇÃO DO BANCO DA AMAZÔNIA NAS ATIVIDADES
ECONÔMICAS NO ESTADO DO AMAZONAS
Emily Khetlen Pessoa Venâncio1; Thiago Oliveira Neto1; Fredson Bernardino Araújo da Silva1
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM.
Email: emilyvenancio9@gmail.com
Este estudo tem como foco compreender o papel do Banco da Amazônia enquanto instrumento estatal na
consolidação de políticas territoriais e na promoção das atividades econômicas produtivas e de serviços no
estado do Amazonas. A partir de um levantamento preliminar de informões atuais, identifica-se que o
Banco da Amazônia exerce um papel estratégico no financiamento de atividades tanto urbanas (setor de
serviços) quanto rurais e urbanas (setor produtivo). Este banco público atua como um mecanismo de
ampliação da ação estatal no território, direcionando recursos para o desenvolvimento econômico. O Banco
da Amazônia também se destaca como um ator central na implementação de políticas territoriais voltadas à
dinamização das atividades econômicas, especialmente no contexto da expansão das frentes pioneiras no sul
do Amazonas que são forças sócio espaciais da degradação ambiental. Nessa região, o banco desempenha um
papel fundamental no fomento ao dinamismo econômico e à estruturação das cadeias produtivas. Os
resultados preliminares desta pesquisa indicam uma estreita relação entre as ações do Banco da Amazônia e
o financiamento de atividades econômicas em áreas rurais e urbanas, o que reforça seu papel como agente
estatal essencial para a efetivação de políticas territoriais e o estímulo ao desenvolvimento econômico no
estado do Amazonas, porém, não necessariamente considerando o impacto ambiental oriundo de seu
financiamento.
Palavras-chave: Amazonas, Banco, Geografia.
A LIGAÇÃO RODOVIÁRIA MANAUS-BOA VISTA: INTERPRETAÇÕES
GEOGRÁFICAS
Rayanne do Nascimento Medina1; Fredson Bernardino Araújo da Silva; Thiago Oliveira Neto
1 Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM.
E-mail: rayannemedina2016@gmail.com
A Amazônia possui um padrão de rede urbana rodoviária que começou a se consolidar no século XX,
alterando fluxos e reorganizando o território. A construção e pavimentação da rodovia Manaus-Boa Vista
(BR-174) inserem-se em um contexto geopolítico de integração territorial, com foco no acesso a fronteiras e
na exploração geoeconômica dos recursos naturais. A rodovia também fomentou a expansão de atividades
como a pecuária e, mais recentemente, a produção de grãos. Este trabalho tem como objetivo analisar as
transformações territoriais e ambientais decorrentes da construção da BR-174 entre os estados do Amazonas
e Roraima, com ênfase no contexto contemporâneo. A pesquisa baseou-se em levantamento bibliográfico e
na análise de jornais do período de 1960 a 2000. Os resultados revelam que a rodovia foi impulsionada tanto
por motivações geopolíticas clássicas referentes a integração territorial e o acesso as fronteiras políticas,
quanto por interesses geoeconômicos de apropriação do território e de exploração dos recursos naturais por
empresas e pode ser entendida em quatro fases: propostas iniciais; construção; trafegabilidade precária e
consolidação; e, finalmente, o aumento dos fluxos com novos sistemas de infraestrutura, como a linha de
transmissão interestadual e a nova rodovia BR-432. Além disso, a pesquisa possibilitou compreender como
cada período teve suas manifestações espaciais, principalmente com a abertura da rodovia, momento
marcado pelas obras de construção e consequente degradação ambiental e o início de um processo de
deslocamento das frentes pioneiras ao longo do percurso da rodovia, assim como, o rompimento da primazia
do transporte fluvial entre Manaus e Caracaraí com a ligação rodovia estabelecida em 1977. Enquanto que o
segundo principal marco foi o estabelecimento de fluxos rodoviários e a consolidação da rodovia dentro de
uma proposta de estabelecer fluxos internacionais entre Manaus e Caracas com conclusão em 1998. Por fim,
tem-se o último marco da periodização estabelecida, que consiste nas mudanças recentes com o aumento do
fluxo rodoviário associado a expansão das atividades relacionadas principalmente a expansão da produção de
grãos de soja em Roraima e o transporte de Gás Natural Liquefeito (GNL) entre Amazonas (Silves) e
Roraima (Boa Vista) para abastecimento de uma usina termelétrica. Como síntese, elaborou-se um mapa
espaço-temporal do desmatamento que permitiu verificar os vetores principais da degradação ambiental a
partir do eixo da rodovia.
Palavras-chave: Fluxo, Rede, Rodovia.
Apoio: FAPEAM.
A GEOGRAFIA AMAZONENSE E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA COMPREENDER OS
PROCESSOS ESPACIAIS NO SUL DO AMAZONAS
Thiago Oliveira Neto1; Ana Beatriz Castro de Jesus1; Fredson Bernardino Araújo da Silva1
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM.
E-mail: thiagoton@ufam.edu.br
Este trabalho explora o papel do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGGeog) da Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), tanto no nível de Mestrado quanto de Doutorado, na análise e compreensão
das transformações espaciais no sul do Amazonas. Esta região, caracterizada por dinâmicas intensas, destaca-
se pelo avanço e consolidação de frentes pioneiras, associadas à expansão das atividades madeireiras,
agropecuárias e de produção de grãos, especialmente ao longo dos eixos das rodovias Transamazônica (BR-
230) e Manaus-Porto Velho (BR-319). A pesquisa baseia- se na revisão teórica da geografia por meio de
levantamento bibliográfico das produções do PPGGeog da UFAM. Os resultados preliminares apontam para
uma recente produção de artigos e de capítulos de livros com temas que versão sobre a expansão e
consolidação das frentes pioneiras, pesquisas estas que foram realizadas a partir de levantamentos
bibliográficos teóricos de autores como Pierre Monbeig, Hervé Théry e Neli Aparecida de Mello-Théry,
assim como, baseadas em diversos trabalhos de campo realizados entre os anos de 2022 e de 2024, com
enfoque nos deslocamentos ao longo das rodovias BR-230, BR-319 e no trecho inicial da ligação Apuí-Novo
Aripuanã (AM-174). Os trabalhos identificados e produzidos recentemente apresentam uma relevância no
sentido de destacar que a ciência geográfica está com pesquisadores inseridos nas discussões e no
acompanhamento das dinâmicas de transformação em uma fração territorial onde as frentes pioneiras
permanecem ativas, com ênfase na expansão da pecuária, da produção agrícola e seus impactos ambientais.
Além disso, a produção acadêmica, particularmente na pós-graduação, tem gerado análises e reflexões de
maneira a elucidar sobre as transformações contemporâneas nessa área, identificando a existência de uma
faixa territorial em que está ocorrendo a expansão de atividades econômicas nos últimos 10 anos,
envolvendo o percurso da rodovia Transamazônica entre as cidades de Lábrea, Humaitá, distrito de Santo
Antônio do Matupi (Manicoré) e Apuí, com mudanças nos fluxos, estes mais densos, principalmente no
transporte de cargas, com ligações rodoviárias pelo transporte de passageiro em operação de maneira e
sazonal com Manaus, identificando ainda, uma densa e complexa rede geográfica com fluxos rodoviários e
que estão vinculados aos fluxos fluviais. A pesquisa também promoveu o estabelecimento de diálogos com
outros pesquisadores, em especial nas cidades de Humaitá (AM) e Porto Velho (RO), fortalecendo uma rede
de colaboração científica na região, o que possibilitou uma maior difusão dos trabalhos e da troca de
conhecimento entre os pesquisadores que possuem a área de estudo em comum ou até mesmo que residem
em um dos municípios supracitados.
Palavras-chave: Desmatamento, Frentes Pioneiras, Rede.
Apoio: FAPEAM.
PERCENTUAL DE TEOR DE ÁGUA DE Barcella odora (TRAIL) DRUDE (ARECACEAE:
ARECOIDEAE) EM CONDIÇÕES MICROCLIMÁTICAS DIFERENTES
Pedro Cavalcante da Cruz1; Maria Gracimar Pacheco de Araújo2
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Programa de Pós-Graduação em Botânica, Manaus, AM.
2Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Ciências Biológicas, Manaus, AM.
E-mail: pedrocdc13@gmail.com
Barcella odora (Trail) Drude (Arecaceae) chama a atenção por ser uma palmeira endêmica da região
amazônica com distribuição restrita aos ambientes de campinarana da Bacia do Alto Rio Negro. As
campinaranas são ambientes de vegetação aberta de alta incidência luminosa, com solos arenosos,
hidromórficos e oligotróficos estando sujeitas à passagem de fogo, seja ele natural ou antrópico. Condições
ambientais específicas exigem que as plantas possuam adaptações morfofuncionais para viver no seu habitat.
O objetivo do estudo foi comparar a diferença do percentual de teor de água da espécie de uma campinarana
do PARNA Viruá em indivíduos de duas áreas com condições microclimáticas diferentes, sendo uma aberta,
de baixo relevo e afetada pelo fogo e outra na borda da floresta, de alto relevo e não afetada pelo fogo. Por
meio de método destrutivo foram coletados um indivíduo em cada uma das áreas estudadas. De cada
indivíduo foram mensurados o peso da matéria fresca dos órgãos vegetativos (folhas, estipes e raízes) em
balança de precisão. As amostras das partes vegetativas foram colocadas em sacos de papel e levadas à estufa
de secagem a 60 ºC, onde o peso foi medido semanalmente até que as amostras apresentassem constância nas
medidas e, assim, mensurado o peso da matéria seca. Com estes resultados obtidos foi possível calcular o
percentual de teor de água. O estipe subterrâneo de Barcella odora é curto e coberto por inúmeras fibras,
após a remoção destas fibras é observado na porção inferior do estipe, raízes adventícias e, na porção
superior, encontram-se a inserção das folhas (bainhas e parte do pecíolo). Na bainha e no pecíolo
subterrâneos observa-se uma estrutura aveludada em tons que variam de amarelo a creme. Além disso, foi
observado a ocorrência de inflorescências interfoliares em estágio inicial de desenvolvimento. Os maiores
valores de percentual de teor de água estão associados a área afetada pelo fogo, indicando que nesses locais
as populações armazenam mais água para que os indivíduos possam continuar com suas atividades
morfofuncionais em períodos mais secos e realizar o desenvolvimento de folhas novas, caso haja a passagem
do fogo. Logo, é perceptível que a espécie responde às adaptações exigidas pelo ambiente, pois, in loco, é
notável que a maior parte da população está concentrada na área onde ocorre a passagem de fogo.
Palavras-chave: Adaptação, Anatomia, Estipe Subterrâneo, Fogo, Matéria Fresca, Matéria Seca, Palmeira.
Apoio: CNPq, FAPEAM.
PRODUÇÃO DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS DE UMA ESPÉCIES DE
Trichoderma DA AMAZÔNIA
Gleucinei dos Santos Castro1; David da Silva Pereira2; Gilvan Ferreira da Silva3
1 Universidade do Estado do Amazonas,
2 Universidade Federal do Amazonas,
3 Embrapa Amazônia Ocidental
Trichoderma é um gênero de fungo filamentoso encontrado em uma ampla variedade de habitats. Esses
fungos são conhecidos por sua capacidade de produzir uma variedade de metabólitos secundários, enzimas e
compostos bioativos, com aplicações em várias indústrias, incluindo alimentícia e farmacêutica. Muitos
produtos naturais de Trichoderma exibem múltiplas funções biológicas. Uma das funções mais destacadas é
o controle biológico de patógenos, pois Trichoderma atua como agente de biocontrole, ajudando a suprimir
doenças em plantas causadas por fungos patogênicos. Além disso, muitas espécies de Trichoderma são
conhecidas por promover o crescimento vegetal, além de serem uma fonte significativa de enzimas
industriais, como celulases e xilanases. Essas enzimas são amplamente utilizadas em processos industriais,
incluindo a produção de bioenergia, e, portanto, podem afetar vários organismos simultaneamente ou
apresentar atividade por meio de diferentes mecanismos moleculares. Trichoderma sp. CPAA-TM63 foi
encontrado em sedimentos de rios da Amazônia, no Estado do Amazonas, Brasil. Descobrimos que o isolado
era capaz de produzir compostos com altos valores de m/z.Para explorar a capacidade de Trichoderma sp.
CPAA-TM63 de biossintetizar metabólitos secundários, três plugues quadrados de ágar (3 cm 2) contendo
micélio e esporos do isolado foram inoculados em três frascos Erlenmeyer (três plugues por frasco) contendo
20 g de arroz parboilizado e 70 mL de água. Em seguida, os frascos foram incubados por um período de 14
dias em temperatura ambiente (aproximadamente 28 °C). Após esse período, o material fúngico foi extraído
uma vez por maceração a frio com 100 mL de acetato de etila durante a noite, e as fases orgânicas dos três
frascos foram combinadas e evaporadas sob pressão reduzida para fornecer o extrato bruto. O extrato de
AcOEt do isolado foi analisado por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de
massas em tandem de alta resolução (LC-MS/MS). Os espectros de íons de produto (MS/MS) foram
analisados e organizados em redes moleculares usando a plataforma GNPS. A rede molecular gerada mostrou
vários nós conectados, referindo-se a íons monocarregados com m/z entre 898, 872, 860 e 834 indicativos de
moléculas com alto peso molecular. A análise do extrato bruto revelou um conjunto quimicamente diverso de
metabólitos secundários. Em conclusão, a nova espécie de Trichoderma é uma produtora promissora de
produtos naturais secundários, especialmente quando cultivada em arroz, que apresenta a maior diversidade
de metabólitos secundários como peptídeos não ribossomais (NRP) e os policetideo. Além disso, a falta de
correspondências nas bibliotecas pode indicar a possibilidade de encontrar produtos naturais.
Apoio: FAPEAM - Biodiversa. CAPES - Procad AmazonMicro, e CAPES - Amazônia Legal.
ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO NA FLORESTA DA FAZENDA PRIMAVERA,
PRESIDENTE FIGUEIREDO, AM
Ithalo Gomes de Lima1; Esmael Cunha Pinheiro Braga1; Diego Monteiro Nunes1; Maria de Albuquerque Berçot2; Edson
Silva3; Cláudia Majolo4; Aleksander Westphal Muniz4
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agricultura do Trópico Úmido, Manaus, AM.
2Greenshield, Brasília, DF.
3Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), Florianópolis, SC.
4Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Manaus, AM.
E-mail: ithalogomesdelima10@gmail.com
O sequestro de carbono é um serviço ambiental dos solos e da serrapilheira e sua estimativa da quantidade
estocada é fundamental para creditação. Esses estoques são utilizados em modelos para validar os créditos de
carbono. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o estoque de carbono do solo na floresta da fazenda
Primavera no município de Presidente Figueiredo no Amazonas. As amostras de solo foram em 36 parcelas
de 1000 m2, distribuída em uma área de 466,5 hectares de florestas. A coleta de solo foi realizada em três
profundidades (0-10; 10-20; 20-40 cm). As amostras de solo foram processadas para determinar a densidade
do solo e carbono elementar. Também foi realizada a análise de fertilidade do solo na camada de 0 a 20 cm e
análise de carbono da serrapilheira. Os resultados obtidos demonstraram que a densidade do solo variou nas
diferentes profundidades de 0,96 até 1,11 g/cm3, enquanto o C variou de 17,90 a 29,35 g/kg de solo. O
carbono total estocado na Fazenda Primavera variou de 23,29 a 39,96 ton/ha. Os valores observados foram
menores do que em outros trabalhos com variação entre 90 e 241 ton/ha. A análise de fertilidade revelou um
solo ácido com baixos níveis de P, K, Ca e Mg e altos teores de Al, que é compatível com os solos
amazônicos. O C da serrapilheira observado foi de 502,39 g/kg. O estoque estimado de carbono do solo na
área da Fazenda Primavera em Presidente Figueiredo é de 42.409,52 toneladas, enquanto o carbono da
serrapilheira é de 1.436,82 toneladas. Conclui-se que o carbono do solo varia conforme a profundidade do
solo. E ainda, que a floresta concentra carbono tanto no solo quanto na serrapilheira.
Palavras-chave: Fertilidade do solo, Serviço ambiental, Serrapilheira.
Apoio: Greenshield, INCT-CNPq 465133/2014-4, FAPEAM, EMBRAPA.
POTENCIAL ANTIFÚNGICO DE Streptomyces costaricanus MPUR 40.3 CONTRA
Colletotrichum scovillei, AGENTE CAUSAL DA ANTRACNOSE EM FRUTOS DE Capsicum
chinense
Ingride Jarline Santos da Silva1; Thiago Fernandes Sousa1; Gleucinei dos Santos Castro2; Beatriz Miranda Gomes1;
Gilvan Ferreira da Silva3
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM;
2Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus, AM; 3Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM.
E-mail: ingridejsantos@gmail.com
Colletotrichum spp. é um dos principais agentes causadores de doenças em culturas agrícolas de grande
importância econômica. Estudos recentes apontam para um aumento na severidade das infecções,
especialmente em variedades de Capsicum chinense. Diante desse cenário, torna-se essencial a busca por
novas alternativas para diminuir esta problemática. As Streptomyces destacam-se por seu elevado potencial
biológico, como na produção de antibióticos, enzimas e outros compostos bioativos, oferecendo uma
promissora estratégia para reduzir a incidência de doenças em plantas. Neste estudo, investigamos o
potencial antagônico de Streptomyces costaricanus MPUR 40.3 contra seis fitopatógenos da coleção
microbiológica da Embrapa Amazônia Ocidental: Colletotrichum guaranicola (INPA 2939), Colletotrichum
scovillei (INPA 2910), Colletotrichum spaethianum (INPA 2908), Colletotrichum siamense (CPAA Coll 2N),
Colletotrichum sp. (INPA 2973) e Colletotrichum theobromicola (INPA 1809). As análises de antagonismo in
vitro, utilizando a técnica de pareamento de cultura dupla, demonstraram que a linhagem Streptomyces
costaricanus MPUR 40.3 apresenta atividade antifúngica significativa contra as espécies de Colletotrichum
testadas. O percentual de inibição variou amplamente, de 75% a 88%, com maior eficácia observada na
diminuição do crescimento micelial de C. guaranicola (INPA 2939), com 88% de inibição, C. scovillei
(INPA 2910), com 86%, e Colletotrichum sp. (INPA 2973), com 85%. Testes pós-colheita realizados com
Streptomyces costaricanus MPUR 40.3 em frutos de Capsicum chinense mostraram uma redução
significativa na incidência da doença em comparação ao controle. Enquanto o índice de infecção atingiu 98%
nos frutos não tratados, aqueles tratados com Streptomyces costaricanus MPUR 40.3 apresentaram um índice
de apenas 5%. Dessa forma, a eficácia no controle da antracnose em C. chinense foi de 95% para o isolado
MPUR 40.3. Com base nos resultados obtidos, fica claro que Streptomyces costaricanus MPUR 40.3
apresenta um elevado potencial como agente biocontrolador desses fitopatógenos, especialmente em culturas
de Capsicum chinense. As análises in vitro demonstraram uma inibição significativa do crescimento micelial
das espécies de Colletotrichum testadas, e os testes pós-colheita reforçaram a eficácia do isolado na redução
da incidência de antracnose, com uma redução de até 95%. Esses resultados evidenciam o potencial
promissor de Streptomyces costaricanus MPUR 40.3 como agente biocontrolador de Colletotrichum, com
destaque para C. scovillei, agente causal da antracnose em Capsicum chinense. A capacidade desse isolado
de inibir o crescimento micelial de várias espécies de Colletotrichum e a expressiva redução da incidência de
antracnose nos testes pós-colheita mostram sua eficácia no controle de doenças sob as condições avaliadas
neste estudo. No entanto, estudos futuros poderão explorar a aplicabilidade de Streptomyces em outras
culturas e patógenos, visando ampliar as alternativas sustentáveis para o manejo de doenças agrícolas. Desse
modo, o uso de Streptomyces representa uma estratégia promissora e ambientalmente responsável, que pode
contribuir para a redução do uso de fungicidas químicos e para a promoção de práticas agrícolas mais
seguras e ecológicas.
Palavras-chave: Antagonismo, Controle biológico, Fitopatógeno, Sustentabilidade.
Apoio: FAPEAM.
PERCEPÇÕES DE PESCADORES ARTESANAIS SOBRE OS RISCOS OCUPACIONAIS
NA JORNADA DE TRABALHO INTENSIFICADOS PELAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
NA AMAZÔNIA
Evellyn Antonieta Rondon Tomé da Silva1,2; Alicia Patrine Cacau dos Santos1,2; Débora Nery Oliveira1,2; Hiran Sátiro
Souza da Gama1,2; Hélio Afonso Amazonas Júnior2; Rafaela Nunes Dávila1,2; Ana Paula Silva de Oliveira2; Jacqueline
de Almeida Gonçalves Sachett1,2; Wuelton Marcelo Monteiro1,2; Vinícius Azevedo Machado1,2; Felipe Leão Gomes
Murta1,2
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
2Fundação de Medicina Tropical Heitor Viera Dourado (FMT-HVD).
A segurança ocupacional na pesca visa prevenir, preservar e cuidar da saúde do pescador, pois a jornada de
trabalho dos pescadores artesanais pode apresentar riscos, que no contexto Amazônico podem ser vistos
durante a seca dos rios, agravados em virtude das mudanças climáticas. Com isso, os riscos aumentam
devido às condições precárias de trabalho a que os pescadores são frequentemente expostos, como atividades
insalubres, longas jornadas para alcançar a meta diária, inalação de fuma dos motores das embarcações e
infecções gastrointestinais causadas pelo consumo de água contaminada dos rios. Tais condições afetam
diretamente a saúde, segurança e bem-estar dos pescadores. Este estudo tem como objetivo descrever as
experiências de pescadores artesanais sobre saúde e segurança ocupacional frente às mudanças climáticas nas
comunidades ribeirinhas da Amazônia. Trata-se de um estudo observacional descritivo, de abordagem
qualitativa, no qual foram realizadas entrevistas individuais no período de outubro de 2023 à abril de 2024
nos municípios de Manacapuru, Iranduba e Barcelos, seguidas de uma análise temática reflexiva. As
entrevistas revelaram que, além da pesca, os pescadores precisam desempenhar outros trabalhos para
complementar a renda familiar, devido à dificuldade crescente da atividade pesqueira em função das
mudanças climáticas. Além disso, os pescadores enfrentam acidentes ocupacionais como naufrágio de suas
embarcações por causa de temporais, deslizamento de barrancos; e doenças, decorrentes de acidentes
causados por peixes (ictismo), lesões com materiais perfurocortantes (anzol), doenças gastrointestinais,
infecções fúngicas, perda de visão, problemas de pele, lesões por movimento repetitivo (LER), pressão alta,
e consequentemente, doenças psicológicas como depressão e ansiedade. As mudanças climáticas têm
intensificado esses problemas, uma vez que o verão amazônico mais severo resultou na alta mortalidade de
peixes, desaparecimento de rios e em um grande número de queimadas, está contribuindo para aparecimento
de doenças respiratórias e até casos de óbito. Portanto, compreender esses aspectos é crucial para
desenvolver intervenções que melhorem as condições de trabalho e protejam a saúde dos pescadores no atual
contexto socioeconômico e socioambiental.
Palavras-chave: Pesca artesanal, Pesquisa qualitativa, Segurança ocupacional.
Apoio: CAPES, FAPEAM, INSTITUTO COMUM.
O USO DAS REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA CONSERVAÇÃO DE AVES AMAZÔNICAS
Bruna Kathlen da Silva e Silva¹; Rebeca Soares Braga²; Sarah Felipe Bessa³; Katell Uguen⁴
¹Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Curso de pós-graduação em Zoologia.;
²Universidade Nilton Lins, Curso de Jornalismo;
³ Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Curso de Ciências Biológicas;
⁴Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Normal Superior (ENS),
Professora do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas.
E-mail: brunasilva0030@gmail.com
As redes sociais têm se tornado um amplo espaço para promoção da educação ambiental através dos
conteúdos voltados à temática, permitindo o alcance de vastos públicos de forma rápida, promovendo a
conscientização ambiental através do compartilhamento de informações sobre a biodiversidade e espécies
ameaçadas. Nestas redes, é possível estreitar a relação entre os cientistas e o público, contribuindo com a
compreensão acerca das pesquisas realizadas no âmbito acadêmico. No caso da ornitofauna, são inúmeros os
projetos que utilizam a internet como veículo de educação, como é o caso do movimento “Vem Passarinhar”,
que teve seu início em São Paulo, cujo objetivo é promover a observação de aves em locais públicos da
cidade, de forma gratuita e sem restrição de idade ou conhecimento. Gradualmente, outros Estados adotaram
a prática e atualmente o movimento existe em todas as regiões do país. Em Manaus (AM), o “Vem
Passarinhar Manaus surgiu em 2021, vinculado à Universidade do Estado do Amazonas como extensão
universitária, tendo como objetivos: promover o conhecimento acerca da avifauna urbana de Manaus,
incentivar a prática da observação de aves e estratégias de conservação e construir uma rede de conexão
entre a população e os pesquisadores da área. Através das redes sociais Facebook e Instagram, o Projeto
realiza a divulgação de conteúdos sobre a avifauna urbana de Manaus, apresentando temas relacionados à
história natural, taxonomia, morfologia, conservão e curiosidades culturais das espécies, como lendas,
além da divulgação das atividades de campo para praticar a observação, conhecidas como "passarinhadas".
Atualmente, ambas as redes somadas contam com 2.147 seguidores, com média de 390 interações mensais -
entre curtidas, comentários e reações. Até o momento, as publicações totalizam 220, distribuídas entre
postagens estáticas e Reels (vídeos curtos), sendo 30 delas representadas por divulgações de eventos,
incluindo “passarinhadas”, minicursos e visitas a coleções científicas, e o restante sobre temas relacionados a
avifauna da região. O Projeto também conta com um grupo no WhatsApp, possuindo 146 membros, desde
profissionais, estudantes e entusiastas da Ornitologia. Em todos os meios de comunicação busca-se adequar a
linguagem científica para o público não acadêmico, garantindo a compreensão do conteúdo. Assim, a
utilização das redes sociais funciona como uma ferramenta de educação e conscientização, transmitindo
informações importantes sobre as aves amazônicas para a populão e contribuindo para a conservação
ambiental, além de auxiliar na divulgação científica e consequentemente em um maior alcance de pessoas
nos eventos presenciais. Além disso, a busca por públicos cada vez maiores e diversos faz parte das
perspectivas futuras de crescimento do Projeto, visando abranger mais pessoas engajadas na conservação da
avifauna de Manaus, bem como do meio ambiente.
Palavras-chave: Avifauna, Divulgação científica, Manaus, Vem Passarinhar.
Apoio: UEA - PADEX.
ESPÉCIES NOVAS E NOVOS REGISTROS DE FUNGOS GASTEROIDES NAS
RESERVAS DO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
Tiara Sousa Cabral1; Ruby Vargas-Isla2; Jadson José Souza de Oliveira3; Noemia Kazue Ishikawa2
1Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM,
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM. (INPA),
3Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, Manaus, AM.
E-mail: ttiara@gmail.com
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) possui três reservas florestais e duas biológicas, além
de quatro estações experimentais, que compreendem uma área de mais de 32 mil hectares. Estas reservaso
utilizadas para pesquisa em diversos campos, além de funcionarem como áreas de proteção da diversidade
biológica. O desenvolvimento de estudos nessas localidades tem permitido o conhecimento da
biodiversidade em diferentes grupos taxonômicos, com a descoberta de novas espécies e registros de
espécies já conhecidas, sendo significativo para plantas e animais. Para os fungos, as estimativas de espécies
nessas áreas ainda são incipientes, especialmente por não haver uma organização das informações
disponíveis em bancos de dados públicos, como também pelo menor número de estudos realizados quando
comparado a outros grupos taxonômicos. Sabe-se, por exemplo, que o Herbário INPA possui cerca de 2800
registros oriundos da Reserva Florestal Adolpho Ducke (RFAD), dos quais 56 são tipos nomenclaturais; no
entanto, dados para outras reservas ainda não estão disponíveis. Neste trabalho, foram levantados os dados
de primeiros registros e de descrição de espécies novas de fungos gasteroides (Agaricomycetes,
Basidiomycota) para as áreas florestais em domínio do INPA. De 94 espécies descritas para a Amazônia,
aproximadamente 13% possuem holótipos oriundos de reservas do INPA, sendo sete da Reserva Florestal
Adolpho Ducke, quatro do Campus I do INPA sede e uma da Estação Experimental de Silvicultura Tropical.
Ainda, três espécies coletadas no Campus I e II do INPA consistiram em primeiros registros para a
Amazônia. Em tempos em que, ano após anos, vivenciamos destruição de milhares de hectares de florestas,
seja pelas mudanças climáticas seja por questões políticas públicas, estes dados demonstram a importância
das reservas florestais do INPA no entendimento da micobiota amazônica; especificamente, as espécies
descritas para a sede do INPA ilustram a importância de não negligenciar a micobiota no entorno da área
urbana, dado que espécies novas e novos registros foram descobertos nessas áreas.
Palavras-chave: Biodiversidade, Fungos gasteroides, INPA, Micobiota, Reservas florestais.
Apoio: CNPq, CAPES, FAPEAM.
HERBÁCEAS AQUÁTICAS: ANÁLISE COMPARATIVA DE RIQUEZA E HÁBITOS EM
DIFERENTES AMBIENTES DO LAGO JANAUACÁ
Antonio Kardson de Oliveira Moldes 1; Guilherme Rodrigo Cruz Pereira 1; Layon Oreste Demarchi 2; Marlei Raimunda
de Almeida Silva 1; Wilany Nunes dos Santos 1
1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPG BADPI).
2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Pós-Graduação em Botânica (PPG BOT).
E-mail: guirodrigo13@gmail.com
As herbáceas aquáticas desempenham um papel fundamental nos ecossistemas aquáticos, contribuindo para a
ciclagem de nutrientes, servindo de abrigo para organismos aquáticos e oferecendo substrato para o perifíton.
Elas enriquecem o ambiente com carbono e nutrientes, promovendo o equilíbrio dos ecossistemas onde estão
inseridas. Devido à sua alta adaptabilidade, essas plantas colonizam uma variedade de habitats, desde águas
salobras em estuários até águas doces em rios e lagos, sendo influenciadas por fatores como nutrientes, pH,
luminosidade e a variação do nível de água. Nas várzeas amazônicas, rios de águas brancas com alta
concentração de sedimentos favorecem a diversidade de herbáceas aquáticas. O presente estudo teve como
objetivo investigar se os diferentes ambientes durante o período de vazante no Lago Janauacá influenciam a
riqueza, composição e hábitos de vida das herbáceas aquáticas. A hipótese testada é que a variação entre
esses ambientes afeta significativamente a distribuição e riqueza dessas plantas. Os dados foram coletados
com o auxílio de uma voadeira, utilizando-se transectos distribuídos em três diferentes ambientes do Lago
Janauacá: um canal isolado, um canal que conecta o Lago ao Rio Solimões, e o lago principal. Foram
instalados seis transectos em cada ambiente, totalizando 18 transectos, com espaçamento de 20 metros entre
eles. Ao longo de cada transecto, um quadrado de madeira de 1 foi utilizado para amostrar a vegetação
em cinco posições distintas: duas de cada lado da voadeira e uma na frente, totalizando 90 de área
amostrada. As espécies encontradas foram identificadas, e sua abundância e distribuição nos diferentes
ambientes foram registradas. Os resultados indicaram que as herbáceas flutuantes emersas foram as mais
abundantes nos três ambientes estudados, sendo o lago aberto o local com maior riqueza de espécies. A
análise de variância (ANOVA) identificou uma diferença significativa na riqueza de espécies entre os
ambientes (P < 0,05), com o lago aberto apresentando maior diversidade. Essa diferença pode estar associada
à maior disponibilidade de luz devido à decantação de sedimentos no lago, favorecendo o crescimento de
espécies como Pistia stratiotes, Eichhornia crassipes, Pontederia repens e Salvinia auriculata. A análise de
similaridade (ANOSIM) também revelou uma dissimilaridade moderada nos hábitos de vida das herbáceas
entre os ambientes (R = 0,2153, significância = 0,001), principalmente entre o lago aberto e os demais
ambientes. As conclusões indicam que os diferentes ambientes durante a vazante no Lago Janauacá
influenciam a composição e riqueza das herbáceas aquáticas, com o lago aberto apresentando maior
diversidade devido à maior penetração de luz. Isso sugere que fatores ambientais, como a decantação de
sedimentos, exercem uma influência significativa na estruturação dessas comunidades, destacando a
importância do estudo de ambientes heterogêneos para a compreensão da dinâmica ecológica em áreas de
várzea. O trabalho reforça a relevância desses ecossistemas para a biodiversidade e a necessidade de
estratégias de conservação que considerem as particularidades ambientais locais.
Palavras-chave: Ambiente Fluvial, Adaptação Aquática, Biodiversidade, Comunidades Vegetais, Dinâmica
de Várzea.
Apoio: Esta pesquisa foi realizada no âmbito da disciplina de Ecologia de Áreas Alagáveis pelo Programa de
Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPG BADPI) do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (INPA), com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) e Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE HOTSPOTS PARA OBSERVÃO DE AVES NA
CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS
Rebeca Soares Braga1; Katell Uguen2
1Universidade Nilton Lins, Curso de Jornalismo.
2Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Normal Superior (ENS),
Professora do Curso de licenciatura em Ciências Biológicas.
E-mail: aceber1919@gmail.com
A observação de aves é uma prática popular tanto no meio acadêmico quanto no público em geral, atraindo
pessoas de diversas idades pela beleza e diversidade de espécies. Com o avanço da tecnologia, plataformas
digitais de ciência cidadã, como eBird e WikiAves, têm possibilitado a troca de informações entre
observadores de todo o mundo, ampliando o alcance dessa atividade. Este trabalho teve como objetivo
analisar algumas localidades situadas em Unidades de Conservação (UCs) do perímetro urbano de Manaus e
avaliar as condições que as classificam como hotspots para observação de aves. Este projeto integra o projeto
de extensão universitária "Vem Passarinhar Manaus (VPM)", que promove visitas guiadas e workshops
voltados à conscientização ambiental da avifauna. Após visitas das principais UCs da cidade pela equipe do
VPM, foram selecionados cinco locais acessíveis ao público e por ele mais visitados: Bosque da Ciência
INPA, Museu da Amazônia - MUSA, Parque Municipal do Mindú, RPPN Dr. Daisaku Ikeda - Instituto Soka
e o campus da Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Juntos essas cinco localidades correspondem a
cerca de 800 hectares de áreas verdes. Esses locais foram avaliados quanto à infraestrutura, acessibilidade,
relevância para a recreação e potencial para atividades de pesquisa acadêmica. Os dados de fauna foram
levantados a partir de observações in situ e do banco de dados do GBIF. Foram desenvolvidos índices
considerando fatores ambientais e socioambientais para classificar os hotspots. As áreas estudadas
demonstraram ser potenciais hotspots para observação de aves, com características que favorecem essa
prática. O MUSA, por exemplo, possui uma torre de 42 m para observação, facilitando a visualização de
aves na copa das árvores. A RPPN Dr. Daisaku Ikeda desenvolve projetos de educação ambiental. No Parque
Municipal do Mindú, os visitantes são numerosos, porém, há desafios relacionados à poluição no Igarapé do
Mindú. Na UFAM, muitos projetos de pesquisa realizam levantamentos de avifauna. Nossa análise revelou
que, apesar da infraestrutura existente e do número de espécies documentadas, muitas dessas áreas ainda
são subaproveitadas em termos de turismo de observação de aves, especialmente considerando o potencial de
Manaus como destino de ecoturismo. Os cinco locais analisados têm qualificações para serem considerados
hotspots para observação de aves, mas ainda necessitam de melhorias em infraestrutura e segurança para
tornar essa atividade mais acessível e segura. Nestas localidades, a integração entre ensino, pesquisa e
extensão é um processo importante que precisa ser desenvolvido. Essas localidades em UCs não apenas
servem como áreas de lazer e pesquisa, mas também desempenham um papel crucial na educação ambiental
e na conscientização da população sobre a importância da preservação da biodiversidade, reforçando a
conexão entre sociedade e natureza.
Palavras-chave: Birdwatching, Ciência Cidadã, Sensibilização Ambiental, Unidades de Conservação.
Apoio: UEA - PADEX.
EFEITOS DA SAZONALIDADE NA CONCENTRAÇÂO E
FLUXO DE METANO (CH4) NO RIO NEGRO
Jonismar Souza da Silva1,2; Alex Vladimir Krusche3; Tania Pena Pimentel1; Hella van Asperen4; Bruce Rider Forsberg1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
2Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPG-BADPI), Manaus, AM.
3Universidade de São Paulo, Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Piracicaba, SP.
4Max Planck Institute for Biogeochemistry, Jena – Germany.
E-mail: jonis20@gmail.com
A Bacia Amazônica é uma importante fonte de metano (CH4) para a atmosfera e um componente importante
do orçamento regional e global de CH4. As últimas décadas mostraram uma mudança no ciclo hidrológico da
região, com eventos mais frequentes de inundações e secas extremas. Esses eventos extremos, alteram os
padrões de precipitação e afetando diretamente os níveis dos rios amazônicos como o Rio Negro. Aqui,
investigamos variações sazonais nas concentrações de CH4 dissolvido e emissões difusivas no Rio Negro, no
período de 2005 a 2011, abordando a a variação sazonal e possível influência de eventos extremos de cheia e
seca sobre a dinâmica do CH4. Foram realizadas 44 coletas, durante as fases de vazante, seca, enchente e
cheia. As concentrações de CH4 dissolvido na água foram estimadas usando o método de extração por
headspace ou troca gasosa ar-água. Uma vez equilibrada, a fração de ar foi coletada e analisada quanto ao
CH4 por cromatografia gasosa usando um detector de ionização de chama (FID). Com os dados de
velocidade do vento e concentração de CH4 dissolvido, o fluxo difusivo de CH4 foi estimado. As
concentrações de CH4 no Rio Negro foram sempre maiores do que a concentração atmosférica. No período
de seca, as concentrações foram significativamente maiores do que em todas as outras fases (p <0,001). Os
eventos extremos de seca nos anos de 2005 e 2010, apresentaram as maiores concentrações de CH4 (0.22
µM) em todo o estudo. Já o evento extremo de cheia em 2009, apresentou as menores concentrações (0.001 a
0.009 µM). As menores concentrações na cheia podem ser resultado da diluição, por conta do maior volume
d’água, e maior oxidação do CH4, por organismos oxidantes. em condições de seca extrema, o Rio Negro
pode refletir características semelhantes às dos rios afetados por barragens; reduzindo substancialmente o
fluxo do rio, favorecendo a estratificação e a produção de CH4. Foi possível demonstrar que a temperatura e
a profundidade do rio influenciam diretamente as concentrações de CH4, explicando até 70% desses valores.
Os fluxos difusivos seguiram o mesmo padrão observado para as concentrações de CH4, sendo maiores
durante a seca e menores durante a cheia, com diferença significativa entre seca e as outras fases
hidrológicas (p <0,001). Os picos ocorreram durante os eventos extremos de seca de 2005 (4,90 mmol m-2 d-
1) e 2010 (8,63 mmol m-2 d-1). Esses valores são cerca de quatro vezes superiores aos valores encontrados em
outros estudos, mostrando que eventos extremos, podem ter impacto no fluxo difusivo de CH4. Concluímos
que o Rio Negro é uma fonte líquida de CH4 para a atmosfera durante todo o ano, demonstrando que os
eventos climáticos extremos parecem alterar a dinâmica do CH4, sendo que no contexto das mudanças
climáticas, esses eventos deverão ser mais frequentes nas próximas décadas. Mais estudos de longo prazo
são necessários para monitorar a dinâmica do CH4 sob condições de eventos extremos e suas implicações
para as estimativas regionais de CH4.
Palavras-chave: Ambientes aquáticos, Eventos extremos, Metano.
Apoio: CNPq, CAPES, FAPEAM
SELEÇÃO DE RIZÓBIOS PARA FEIJÃO GUANDU CV BRS MANDARIM EM
CONDIÇÕES DE CAMPO EM LATOSSOLO AMARELO NO AMAZONAS
Kedson Tavares Ramos1; Ithalo Gomes de Lima1; Esmael Cunha Pinheiro1; André Luís de Sena Rebello2; Rogério
Perin3; Cláudia Majolo3; Aleksander Westphal Muniz3
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agricultura do
Trópico Úmido, Manaus, AM.
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Programa de Pós-graduação em Agronomia Tropical, Manaus, AM.
3Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Manaus, AM.
E-mail: kedsontavares20@gmail.com
O feijão-guandu (Cajanus cajan) é uma leguminosa utilizada como forragem para bovinos e para recuperar
pastagens degradadas. No Amazonas existem aproximadamente 265 mil hectares de pastagens com algum
grau de degradação. E a recuperação destas pastagens diminui a pressão por novas áreas e consequentemente
o desmatamento da floresta amazônica. Assim, o objetivo desse trabalho foi selecionar rizóbios para feijão-
guandu cv BRS Mandarim em condições de campo. Os tratamentos testados foram: AM10119, AM11919,
SEMIA1119, SEMIA1120, Controle não inoculado com N (30 kg N.ha-1), Controle não inoculado sem N. Os
isolados e as estirpes SEMIA foram inoculados nas sementes utilizando meio líquido, solução açucarada e
turfa estéril. As sementes foram plantadas no espaçamento 50 x 20 cm. Ao final de 78 dias foi realizada a
coleta de nódulos e biomassa para avaliação. As variáveis analisadas foram: nodulação (número e massa de
nódulos), massa seca da parte aérea (MSPA) e nitrogênio da MSPA. Os resultados demonstraram que os
tratamentos utilizados não apresentaram diferenças entre si para as variáveis estudadas. E ainda, que o feijão-
guandu produz massa seca de 5.310,37 kg/ha-1 e fixa biologicamente 184,77 kg N/ha1. Conclui-se que não é
necessário realizar a inoculação de rizóbios nas condições desse estudo e que futuros estudos levando em
conta outras variáveis ou outros tratamentos devem ser realizados para a seleção de rizóbios associados ao
desenvolvimento de feijão-guandu.
Palavras-chave: Cajanus cajan, Fixação biológica de nitrogênio, Recuperação de áreas degradadas.
FUNGOS ENDOFÍTICOS ISOLADOS DE GALHOS DE Gustavia hexapetala (Alb.) Sm.
(Lecythidaceae) COMO POTENCIAIS PRODUTORES DE AMILASES
Jennifer Matos Lopes1; Ieda Hortêncio Batista1; Francisca da Silva Ferreira1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Normal Superior (ENS), Manaus, AM.
E-mail: jml.bio20@uea.edu.br
Os fungos endofíticos são organismos que habitam o interior dos tecidos vegetais, como folhas, caules e
raízes, sem causar danos aparentes à planta hospedeira. Eles podem colonizar esses tecidos através de
aberturas naturais, como os estômatos, ou por ferimentos causados por insetos ou patógenos. Dentro dessa
relação ecológica, os fungos podem ser capazes de sintetizar moléculas bioativas que possuem funções
importantes para os seus hospedeiros, além de serem uma fonte de produção de bioativos que são conhecidos
originalmente apenas em plantas. Entre os metabólitos produzidos por esses fungos é possível destacar as
enzimas, biomoléculas que catalisam as reações químicas nos organismos vivos e que podem ser aplicadas
em diversos ramos da indústria. Em especial, as amilases que são amplamente utilizadas na produção de
bebidas, detergentes, na panificação e na indústria farmacêutica, atuando na catalisação da hidrólise de
ligações glicosídicas. Este estudo teve como objetivo avaliar qualitativamente a produção de amilases por
fungos endofíticos isolados de fragmentos de galhos da planta medicinal da Amazônia Gustavia hexapetala,
tendo em vista a importância dessas enzimas e a necessidade de expandir os estudos biotecnológicos
voltados para a biodiversidade amazônica. Estas foram reativadas em meio de cultura BDA+L (batata,
dextrose, ágar + extrato de levedura) trinta linhagens fúngicas isoladas de G.hexapetala conservadas em
Castellani, depositadas na Central de Coleções Microbiológicas da Universidade do Estado do Amazonas
(CCM/UEA). Para a avaliação da produção de enzimas hidrolíticas foi utilizada a técnica do bloco de gelose,
em que se realizou o repique de fragmentos do micélio de cada colônia em meio mínimo suplementado com
amido (2%). O experimento foi realizado em triplicata e as placas incubadas em B.O.D., à 28 ºC, por 7 dias.
Para evidenciar a produção de amilases foi utilizado solução de lugol. Os halos de degradação foram
medidos com o auxílio de um paquímetro e foram feitos os cálculos de indicie enzimático (IE). Com a
realização dos testes enzimáticos, dezessete fungos apresentaram resultados positivos para a produção de
amilases: IE= 1,28; 1,31; 1,37; 1,38; 1,44; 1,44; 1,50; 1,72; 2,00; 2,30; 2,33; 2,40; 2,73; 2,82; 3,10; 6,38;
6,41, em que nove linhagens tiveram IE 2,00 sendo consideradas promissoras. A partir da caracterização
morfológica, duas linhagens são do gênero Fusarium e sete Myceliasterilia. Este estudo evidencia o
potencial dos fungos endofíticos de Gustavia hexapetala na produção de enzimas com aplicação industrial,
especialmente amilases. Os resultados sublinham a relevância da biodiversidade amazônica para a
biotecnologia e destacam a necessidade de pesquisas contínuas na área.
Palavras-chave: Amazônia, Biotecnologia, Bloco de gelose, Endófitos, Enzimas.
AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PROTEASES POR FUNGOS ENDOFÍTICOS
ISOLADOS DE Ficus benjamina L. (Moraceae)
Jennifer Matos Lopes1; Raissa Rodrigues Sarges1; Diana Magalhães Martins1;
Emilly Vitória Farias Alves1; Larissa Kirsch Barbosa1
1 Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Normal Superior (ENS).
E-mail: jml.bio20@uea.edu.br
Os fungos endofíticos são microrganismos que habitam os diferentes tecidos internos das plantas sem causar
dano aparente à planta hospedeira. Estes fungos são produtores de diversas enzimas extracelulares, como
amilases, lipases e proteases como parte dos mecanismos de defesa contra outros organismos. O gênero
Ficus, pertencente à família Moraceae, é encontrado nas regiões tropicais e subtropicais e, em geral, são
plantas perenes. As propriedades funcionais de algumas espécies desse gênero foram descritas, como é o
caso da Ficus benjamina L. relatos de atividade antimicrobiana, anti-helmíntica e antiviral de extratos
etanólicos das folhas deste vegetal, além da presença de protease, quitinase, peroxidase e β-1, 2-glucanase
em seu látex. Devido à importância biotecnológica do vegetal, o objetivo desta pesquisa foi isolar fungos
endofíticos de F. benjamina e avaliar a capacidade de produzir proteases. Amostras de folhas, ramos e frutos
foram coletadas em junho de 2024, nas dependências da Escola Normal Superior (ENS/UEA) e lavadas em
água corrente. Fragmentos de 5x5 mm de cada um dos tecidos foram cortados e imersos em etanol 70%,
hipoclorito de sódio 1,5% e água destilada esterilizada. Foram inoculados 5 fragmentos de cada amostra em
placas de Petri contendo meio ágar-batata-dextrose com ampicilina (100mg/L). O isolamento foi feito em
duplicata e as placas foram incubadas à 28 ºC por 7 dias. Caracterizou-se a macromorfologia das colônias
isoladas a fim de identificar e selecionar cinco linhagens que apresentassem as características mais distintas
para realizar os testes de atividade proteolítica. Os fungos selecionados foram repicados em meio ágar-leite,
em triplicata. Calculou-se a taxa de colonização (TC) e o Índice Enzimático (IE). No total, foram isolados 44
fungos, sendo 25% isolados de folhas, 50% de ramos e 25% de frutos. A TC foi de 90% para folhas e frutos,
e 100% para os ramos. Pela macromorfologia, os fungos apresentaram borda regular ou irregular; coloração
micelial branca (47,72%), verde militar (36,36%), bege mármore (11,36%), cinza concreto (2,28%) ou castor
(2,28%); pigmento difusível (6,81%) ou não difusível no meio de cultura (36,6%), ou exsudato (2,28%);
textura algodonosa (70,45%), pulverulenta (11,36%), veludosa (2,28%), penugenta (6,81%) e leveduriforme
(9,10%). Com relação a produção de proteases, dois fungos testados apresentaram halo de degradação, sendo
os IE: 0,63 e 1,21 (< 2,0), os demais não apresentaram resultados positivos. O isolamento de fungos
endofíticos de F. benjamina apresentou uma alta taxa de colonização, com destaque para ramos. As colônias
apresentaram uma grande diversidade de características, o que indica a riqueza de endófitos associados à
espécie hospedeira. A partir dos testes enzimáticos realizados foi possível analisar que a atividade
proteolítica dos fungos endofíticos selecionados foi consideravelmente baixa (IE <2,0), não podendo
considerar as linhagens como promissoras para a produção da enzima em grande escala, apesar de evidências
de ótima produção de proteases pelo metabolismo vegetal.
Palavras-chave: Caracterização morfológica, Crescimento fúngico, Endófitos, Enzimas, Isolamento.
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DE TREPADEIRAS E EPÍFITAS VASCULARES SOBRE
ESPÉCIMES DE CAIAUÉS (Elaeis oleifera (Kunth) Cortés) EM UM FRAGMENTO FLORESTAL NA
AMAZÔNIA CENTRAL
Evelyn Lopes Ferreira1; Katell Uguen2, Ires Paula de Andrade Miranda3
1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de pós-graduação em Ciências Florestais Tropicais (CFT), Manaus, AM.
2 Universidade do Estado do Amazonas (UEA),
Escola Normal Superior (ENS), Licenciatura em Ciências Biológicas, Manaus, AM.
3 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de pós-graduação da Rede Bionorte/UEA, Manaus, AM.
E-mail: lopes.eve4@gmail.com
A floresta tropical úmida de terra firme é um ambiente complexo, não apenas pela diversidade das espécies,
mas também pela diversidade de formas de vida das plantas e pelas interações entre as espécies. Em
fragmentos florestais, florestas secundárias e áreas antrópicas, a estrutura da vegetação passa por alterações
significativas, com interações e competição entre espécies nativas, cultivadas e naturalizadas. O objetivo do
estudo foi caracterizar a composição florística e estrutura de epífitas e trepadeiras sobre uma espécie
ornamental de palmeiras, Elaeis oleifera (Kunth) Cortés, presente em um fragmento florestal urbano na
Amazônia Central. O estudo foi desenvolvido no câmpus do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA), que abriga um fragmento florestal situado na zona urbana de Manaus, AM. Foram incluídos na
amostragem os espécimes de caiaué com altura acima de 50 cm, onde foram registradas as epífitas e
trepadeiras, indicando a presença ou ausência. A classificação das epífitas utilizada considerou as seguintes
categorias: holoepífitas, hemiepífitas e trepadeiras nômades. Para as trepadeiras, foram consideradas apenas
as duas categorias, herbáceas e lenhosas. Entre as holoepífitas, foram levantadas cinco espécies, pertencendo
a cinco gêneros e cinco famílias, sendo três espécies samambaias, uma orquídea, e uma espécie de
Commelinaceae. As epífitas mais frequentes foram as samambaias holoepífitas Nephrolepis rivularis (Vahl)
Mett. Ex Krug e P. decumanum (Willd.) J. Sm. Entre as hemiepífitas, foram levantadas duas espécies do
gênero Ficus (Moraceae). Entre as trepadeiras nômades foram levantadas três espécies da família Araceae:
Epipremnum aureum (Linden & André) G.S.Bunting, originária do Pacífico conhecida como jiboia,
Syngonium angustatum Schott e Philodendron sp.. Entre as trepadeiras herbáceas, foram registradas quatro
espécies, pertencentes a três gêneros e três famílias: duas espécies de samambaias do gênero Lygodium, uma
Vitaceae e uma Cucurbitaceae. Entre as lianas foram levantadas três espécies, pertencentes a três gêneros e
três famílias: Fabaceae, Malpighiaceae e Bignoniaceae. Duas espécies exóticas foram levantadas:
Epipremnum aureum (Linden & André) G.S.Bunting, uma trepadeira nômade originária do Pacífico
conhecida como jiboia, e Tradescantia spathacea Sw, uma erva perene decumbente originária da América
Central conhecida como abacaxi-roxo. Ambas são registradas como cultivadas na Flora do Brasil, mas
apresentam-se como espontâneas no fragmento florestal neste estudo. Uma das espécies, a jibóia, E. aureum,
é classificada nacional e internacionalmente como invasora pois inibe o crescimento e compromete a
sobrevivência de espécies nativas. Outra espécie, o singônio, S. angustatum, é nativa do Brasil, amplamente
cultivada como ornamental, mas é considerada também como invasora, em especial na Mata Atlântica e pode
afetar ambientes como florestas secundárias, áreas degradadas e ambientes urbanos. Duas espécies
amplamente distribuídas no Brasil foram registradas, incluindo Lygodium venustum Sw., Cissus verticillata
(L.) Nicolson & C.E.Jarvis. Além da importância paisagística na região urbana, a palmeira E. oleifera
apresenta associações ecológicas essenciais para manutenção da flora nos ambientes florestais e urbanos.
Palavras-chave: Espécies invasoras, Ficus, Interações ecológicas, Trepadeira nômade.
FORMIGAS ARBORÍCOLAS NOS TRIBUTÁRIOS DO RIO TAPAJÓS
Lohrene Lopes Cruz¹; Yara Fernanda Ferreira Henn1; Tatiana Viera Senra1;
Maria Antônia Nascimento Pereira1; Iracenir Andrade dos Santos1
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Campus de Santarém, Santarém, PA.
E-mail: mariaantoniaa2610@gmail.com
O Rio Tapajós faz parte da bacia amazônica oriental e grande parte de seus tributários estão localizados no
Estado do Pará, Brasil. Estes locais abrangem uma das maiores biodiversidades do planeta, pois está incluso
na maior floresta do mundo, suas matas ciliares são pouco exploradas pela atividade antrópica e guardam
espécies que conseguem sobreviver apenas em ambientes preservado. Entre os diversos grupos de
organismos presentes, as formigas arborícolas (Hymenoptera: Formicidae) desempenham papéis cruciais,
ocupando uma ampla variedade de nichos ecológicos. Elas são essenciais para a ciclagem de nutrientes,
dispersão de sementes, controle biológico de pragas e atuam como bioindicadores no ecossistema. Dadas
essas importâncias, o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento de formigas arborícolas
nos tributários do rio Tapajós. A metodologia consistiu em utilizar um coletor de artrópodes arbóreo descrito
por Viana-Junior et al. (2021) para captar as formigas. Nessa dinâmica determinou-se 10 pontos de coleta por
cada tributário, o material foi armazenado em álcool 96%, triado e posteriormente identificado. Como
resultado obteve-se os seguintes dados a quantidade de formicídeos: Em Anumã (02º32'57, 4" S, 55º08'19,0"
W) foram encontrados quatro invidivíuos, Capixauã (02º37'29, 3" S, 55º10'54,0" W) sete indivíduos,
Amorim (02º48'20, 9" S, 55º14'49,8" W) 12 indivíduos, Serraria (03º09'13, 7" S, 55º16'03,0" W) seis
indivíduos, Tumbira (03º33'16, 9" S, 55º21'53,4" W) seis indivíduos e Jatuarana (03º41'17, 2" S, 55º21'45,8"
W) seis indivíduos. Esse levantamento amplia o conhecimento sobre a diversidade de formigas nos tributário
do rio Tapajós, destacando sua função como bioindicadores ambientais, onde as espécies mais
representativas foram: Anumã: duas subfamilías Pseudomyrmecinae, Formicinae, dois gêneros
(Pseudomyrmex (Gallego-Ropero e Feitosa, 2014), Camponotus (Ronque et al., 2018) e quatro espécies
(Pseudomyrmex sp.5, Pseudomyrmex sp.3, Pseudomyrmex sp.2, Camponotus crassus Mayr, 1862); Capixauã
cinco subfamílias (Formicinae, Myrmicinae, Dolichoderinae, Pseudomyrmicinae, Ponerinae), cinco gêneros
(Camponotus, Azteca Forel, 1878, Dolichoderus Lund, 1831, Pseudomyrmex, Hypoponera Santschi, 1938 ) e
sete espécies (Camponotus crassus, Camponotus sp.1, Azteca sp.1, Dolichoderus bispinosus,Olivier, 1792,
Dolichoderus sp.1, Hypoponera sp.1); Serraria : três subfamilías (Myrmicinae, Pseudomyrmecinae,
Dolichoderinae ), cinco gêneros (Azteca , Crematogaster (Vale Junior et al.,1917), Cephalotes (Teixeira et
al., 2022), Pseudomyrmex, Dolichoderus) e cinco espécies (Azteca sp.1, Crematogaster sp.1, Cephalotes
pusillus Klug, 1824, Pseudomyrmex sp.1, Dolichoderus sp.1); Tumbira: três subfamilías (Myrmicinae,
Pseudomyrmex, Formicinae), cinco gêneros (Crematogaster, Azteca, Solenopsis, (Vale Junior et al., 2017)
Pseudomyrmex, Camponotus) e cinco espécies ( Crematogaster sp.1, Azteca sp.1, Solenopsis sp.1,
Pseudomyrmex sp.1, Camponotus crassus); três subfamilías (Pseudomyrmecinae, Ponerinae, Myrmicinae),
quatro gêneros (Pseudomyrmex, Platythryrea, Cephalotes, Crematogaster) e quatro espécies (Pseudomyrmex
sp.1, Platythryrea punctata Smith, F.1853 , Cephalotes cordatus Smith, F. 1853, Crematogaster sp.2).
Portanto, a comunidade de formigas arborícolas nas áreas de igarapés amazônicos tem se revelado com uma
diversidade e abundância significativa indicando que áreas de tributários possuem habitat ricos em
biodiversidade contribuindo para a manutenção dos ecossistemas nesses ambientes.
Palavras-chaves: Arbóreo, Formicídeos, Igarapés.
Apoio: FIAM, FAPESPA.
O RECONHECIMENTO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
(RPPN) SÍTIO BONS AMIGOS, MANAUS - AMAZONAS COMO HOTSPOT DE
BIODIVERSIDADE PARA A OBSERVAÇÃO DE AVES: UM EXEMPLO DE CIÊNCIA
CIDADÃ
Lucas Beckman Amaral1; Lidia Rabelo Araújo1; Heitor Feitoza Baia1; Sara Cristina Santos de Oliveira2;
Marcos Antônio dos Santos3; Katell Uguen1
1 Universidade do Estado do Amazonas (UEA),
Escola Normal Superior (ENS), Curso de licenciatura em Ciências Biológicas.
2 Instituto Federal do Amazonas (IFAM-CMZL),
Curso de Medicina Veterinária; 3Proprietário da RPPN e AICOM Sítio Bons Amigos.
E-mail: lba.bio20@uea.edu.br
A atividade de observação de aves vem sendo mais conhecida e reconhecida a cada ano. Também conhecida
como passarinhada ou birdwatching, é uma prática que pode ser realizada por qualquer pessoa, tanto em
áreas urbanas como em áreas rurais. O birdwatching integra várias técnicas, como caminhadas, utilização de
comedouros, uso de roupas de camuflagem, observação em torres de observação, gravações, entre outras. Os
dados sobre a ocorrência de aves podem ser registrados através de listas por observadores, cientistas ou
amadores, na plataforma de ciência cidadã eBird. Assim, os observadores de aves podem contribuir
ativamente para o conhecimento da diversidade e dinâmica da avifauna. Por meio destes registros na
plataforma eBird, são designados hotspots, que são locais acessíveis onde muitos observadores de aves
registram avistamentos, permitindo assim a identificação dos locais para outros observadores e a comparação
de registros de diferentes épocas. A Amazônia é um dos biomas com maior biodiversidade de avifauna,
sendo muito procurada pelos observadores de aves, porém, na região rural próximo à Manaus, ainda
poucos hotspots. O objetivo deste trabalho foi validar a Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN)
Sítio Bons Amigos como hotspot de biodiversidade na plataforma eBird. O projeto integra ações do projeto
de extensão Vem Passarinhar Manaus (VPM) da Universidade do Estado do Amazonas, onde se buscou
desenvolver uma parceria com gestores da RPPN para o tema da conservação da avifauna. A RPPN Sítio
Bons Amigos, também registrada como Área de Importância para a Conservação de Morcegos (AICOM), é
localizada na margem esquerda do Tarumã-Açu, em Manaus. O pedido de reconhecimento de hotspots foi
feito por uma solicitação para equipe do eBird via e-mail. Os critérios para avaliar um possível hotspot no
eBird é possuir uma sequência de listas indicando a riqueza da avifauna. Através de visitas a partir de
setembro de 2022, a equipe do VPM vem fazendo registros das aves no local. No ano de 2023 a RPPN Sítio
Bons Amigos foi reconhecida como hotspot de biodiversidade para a observação de aves. Até o momento,
foram registradas 151 espécies de aves com cerca de 42 listas. A RPPN abriga aves que são bastante
procuradas na Amazônia, como o beija-flor-brilho-de-fogo (Topaza pella). A riqueza de corujas no local
também é alta, com cinco espécies. Gaviões, psitacídeos e passeriformes são facilmente encontrados. A
importância da RPPN se tornar um hotspot consiste em contribuir para o conhecimento de uma localidade
com rica biodiversidade, e consequentemente reconhecer a importância da RPPN para a conservação da
avifauna na região. Além disso, a RPPN fica reconhecida por observadores e pesquisadores que podem
visitar o local. Os registros das aves na RPPN continuam através de observações e eventos realizados pelo
projeto VPM para disseminar a educação ambiental. Os dados de avifauna ainda são parciais, pois a maioria
das listas foram realizadas na área antropizada da RPPN; sem dúvida, na área de floresta densa, serão
registradas numerosas espécies de aves.
Palavras-chave: Birdwatching, Corujas, eBird, Topaza pella, Vem Passarinhar.
Apoio: UEA - PADEX.
UM ESTUDO FLUVIOMÉTRICO DO RIO TROMBETAS: QUEBRANDO RECORDES DE
SECA EM DOIS ANOS SEGUIDOS
Jorge Emanuel Cordeiro Rocha1; Ana Carla dos Santos Gomes1; Raphael Pablo Tapajós da Silva1.
1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),
Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Amazônia (PPGRNA), Santarém, PA.
E-mail: jorgerocha.bio@gmail.com
Os rios constituem o principal meio de locomoção e alimentação na Amazônia. No entanto, com a influência
do El Niño Oscilação Sul e das queimadas, redução do volume de chuvas, impactando a cota dos rios.
Nos períodos de menor volume hídrico ocorrem impactos imensuráveis na população amazônica. Diante
disso, o presente estudo tem como objetivo caracterizar a fluviometria do Rio Trombetas, no estado do Pará,
com foco nos períodos de seca. A estação fluviométrica usada possui registro sob o código 16900000 na
Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica (SNIRH), e está localizada no porto da cidade de
Oriximiná. Os dados da variável cota, foram obtidos na Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico
(ANA), para o período de 1970 a 2023, com informações de 2024 (até 15 de outubro) extraídas do site de
hidrotelemetria da SNIRH. As análises foram através de mapas de calor matriciais (com abscissa dia e
ordenada ano) e filtragem dos dias de eventos extremos de seca. Consideramos eventos extremos de seca
quando o Rio Trombetas atingiu nível de cota inferior a 50 cm. Frisamos que índices negativos refletem a
diferença do marco 0, que foi estabelecido durante a instalação da estação. O período de cheia correspondeu
de dezembro a junho, e o de seca, de julho a novembro. Detectamos períodos com o rio menor que 50
centímetros nos anos de 1995, 1997,1998, 2005, 2010 e 2023 e 2024. Os 40 dias mais secos da história do
Rio Trombetas, desde o início das medições, ocorreram em 2023. Neste ano, o nível mais baixo foi no dia 25
de outubro, com 95 centímetros abaixo de zero. Contudo, no dia 15 de outubro de 2024, às 21:30, horário de
Brasília, a cota d’água registrada foi de -112 cm. Embora a seca de 2023 tenha sido a pior da história do Rio
Trombetas até então, a de 2024 está quebrando os recordes, sendo a mais severa registrada. A
caracterização da fluviometria do Rio Trombetas durante os períodos de seca mostrou que o nível do rio pode
cair a menos de 50 cm em anos críticos, como mostrado nas últimas três décadas. Esses eventos estão
diretamente relacionados à influência do El Niño e à intensificação das queimadas na região, afetando
drasticamente o comportamento hidrológico do rio. Essa variabilidade fluviométrica impacta tanto a
navegação quanto o abastecimento das comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas, que vivem às
margens do Rio Trombetas e seus afluentes. Portanto, destaca-se a necessidade de ações mitigadoras e um
monitoramento mais rigoroso para prever e gerenciar os impactos futuros nesta região.
Palavras-chave: Amazônia, Fluviometria, Mudanças Climáticas, Secas Extremas, Pluviosidade.
Apoio: Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Amazônia (PPGRNA).
EFEITOS HISTOPATOLÓGICOS DA EXPOSIÇÃO E RECUPERAÇÃO AO GLIFOSATO
EM BAÇO E PÂNCREAS DE FILHOTES DA TARTARUGA-DA-AMAZÔNIA (Podocnemis
expansa)
Emily Lyn Leal de Oliveira1; Lídia Aguiar da Silva-Borges2; Fabíola Xochilt Valdez Domingos-Moreira3
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), Manaus, AM.
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPGBADPI), Manaus, AM.
3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
Coordenação de Dinâmica Ambiental (CODAM), Manaus, AM.
E-mail: emilynlloliveira@gmail.com
O comércio global de agrotóxicos está em constante crescimento e, no Brasil, o ingrediente ativo glifosato
tem liderado as vendas nos últimos anos. Este herbicida é amplamente utilizado na Amazônia, e possui
potencial para causar contaminação em ambientes aquáticos devido à sua alta solubilidade em água. A
legislação brasileira permite até 65 ug/L de glifosato em águas doces de classe I e II, no entanto, estudos são
necessários para compreender seus efeitos em animais, como quelônios de água doce, bem como determinar
concentrações seguras no ambiente. O objetivo do presente estudo foi avaliar se concentrações de glifosato
permitidas pela legislação brasileira induzem aumento nos índices de lesão no baço e pâncreas de filhotes de
tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) e se, após a interrupção da exposição, haveria diminuição dos
índices de lesão destes órgãos. Filhotes de P. expansa (N= 30) foram distribuídos aleatoriamente em 30
aquários correspondentes a três tratamentos: grupo controle (n=10), grupo exposto à concentração de 32 ug/L
(n=10) e grupo exposto à concentração de 65 ug/L de glifosato (n=10). Após 14 dias de exposição, cinco
exemplares de cada grupo foram eutanasiados. A água dos aquários dos exemplares restantes foi substituída
por água limpa e os animais permaneceram por mais 14 dias, sendo posteriormente eutanasiados. Amostras
de baço e pâncreas foram submetidas ao processamento histológico convencional e as lâminas histológicas
foram analisadas em microscópio óptico. Foi calculado o Índice de Lesão (ILO) de cada órgão de acordo
com a fórmula: ILO = (S x IF), onde S corresponde à extensão de cada lesão observada e IF ao fator de
importância patológica. O teste não paramétrico de Kruskal-Wallis foi utilizado para comparar o ILO do
baço e do pâncreas nos filhotes de P. expansa entre os grupos: controle, 32 ug/L e 65 ug/L de glifosato, da
exposição e recuperação, com nível de significância de p<0,05. O baço de P. expansa é formado pela polpa
branca, composta por linfócitos, macrófagos, células dendríticas e muitos capilares, e polpa vermelha, cuja
principal função é filtrar o sangue, removendo partículas estranhas e eritrócitos danificados. As principais
alterações observadas no baço de P. expansa foram focos de necrose e depósito de pigmentos. O pâncreas
exócrino de P. expansa é formado por células acinares cujas porções apicais são eosinofílicas e as porções
basais são basofílicas. A parte exócrina do pâncreas está associada à secreção das enzimas digestivas tais
como amilase, protease e lipase. As principais alterações observadas no pâncreas foram fibrose e infiltração
leucocitária. O ILO do baço (KW=2,59; df=5; p=0,76) e do pâncreas (KW=1,96; df=5; p=0,85) foi similar
entre os grupos controle, 32 ug/L e 65 ug/L de glifosato nos períodos de exposição e recuperação. Os
resultados indicam que as concentrações de glifosato permitidas pela legislação brasileira não causaram
efeitos histopatológicos significativos no baço e pâncreas de filhotes de P. expansa, no entanto, mais estudos
são necessários para avaliar a segurança dessas concentrações em outras espécies de quelônios e órgãos,
como o fígado, que pode ser mais sensível aos efeitos do glifosato em tartarugas.
Palavras-chave: Agrotóxicos, Ecotoxicologia, Poluição aquática, Quelônios, Qualidade ambiental.
Apoio: CNPq, FAPEAM.