V SIMPÓSIO DE BIOLOGIA AQUÁTICA E PESCA NA AMAZÔNIA
LIVRO DE RESUMOS
Tropical Diversity, 3 (Suplemento): 2-43, 2023
ISSN: 2596-2388
DOI: 10.5281/zenodo.1111570
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
2
A HIDROLOGIA E AS CONDIÇÕES AMBIENTAIS LOCAIS
INFLUENCIAM AS ASSEMBLEIAS DE PEIXES EM RIACHOS DE
TERRA FIRME NA AMAZÔNIA ORIENTAL
Alberto Conceição Figueira da Silva 1; André Luiz Colares Canto 2; Frank Raynner Vasconcelos
Ribeiro 2
1 Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Programa de Pós-Graduação em
Sociedade, Natureza e Desenvolvimento, Santarém, Pará, albertotucuman@gmail.com
2 Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Ciências e Tecnologia das
Águas, Santarém, Pará, fraynner@yahoo.com.br
Os riachos amazônicos são um componente essencial da floresta amazônica. Dentre diversas
funcionalidades, eles fornecem habitat para uma grande variedade de peixes que desempenham
um papel fundamental no ecossistema. Com águas relativamente ácidas, pobres em sais minerais,
os riachos são cursos d'água de pequeno porte que diferente dos rios respondem de forma
diferente ao ciclo sazonal. Na presença das chuvas o volume d’água dos igarapés tende a
aumentar consideravelmente, voltando ao estado inicial poucas horas após a precipitação
chuvosa. A ictiofauna amazônica é uma das mais diversas do mundo, com cerca de 2.700
espécies descritas e estimativas sugerem que este número ultrapassa 3.000 espécies. o peixes
geralmente de pequeno porte, com menos de 15 cm de comprimento, que protagonizam por serem
bem adaptados ao ambiente e tolerante as mudanças abruptas proporcionadas por eventos de
precipitação. No entanto, os eventos de seca e precipitação chuvosa na região amazônica tem se
intensificado acentuadamente ao longo dos anos. Diante disso, investigamos as variáveis
ambientais locais e a estrutura da ictiofauna dos riachos de terra fime do baixo rio Tapajós (Flona
do Tapajós), analisando descritores ecológicos das assembleias de peixes em três diferentes
drenagens (Tapajós, Cupari e Curuá-Una) nas estações seca e chuvosa. As variáveis ambientais
locais e as amostragens dos peixes foram obtidas utilizando parcialmente o protocolo proposto por
Mendonça et al. (2005), que consiste em amostragens padronizadas em trechos de 50m dos
riachos. Foram coletados 3.740 peixes, distribuídos em 110 espécies. A abundância e a riqueza
foram maiores durante a estação seca com importantes contribuições de representantes da ordem
Characiformes. Identificamos que as variáveis estruturais dos riachos (largura, profundidade,
velocidade da corrente etc.) foram as que melhor explicaram a variância da ictiofauna em relação
ao ambiente. O efeito das variáveis físico-químicas sobre a ictiofauna foi significativo quando
somado ao efeito das variáveis estruturais. A composição e abundância da ictiofauna diferiram
entre as estações seca e chuvosa. No período seco, a ictiofauna diferiu entre todas as drenagens,
principalmente em termos de espécies indicadoras. Na estação chuvosa, apenas as drenagens
Cupari e Curuá-Una diferiram na estrutura ictiofaunística. Espécies indicadoras foram identificadas
em Curuá-Una e Tapajós, enquanto em Cupari nenhuma espécie se destacou em termos de
abundância relativa ou frequência. Nossos resultados sugerem que a dissimilaridade da ictiofauna
entre as estações seca e chuvosa também é influenciada pela dissimilaridade entre as drenagens.
Nossas descobertas são extremamente importantes, sobretudo para os riachos de terra firme
amazônicos ambientes aquáticos incrivelmente diversos e ao mesmo tempo vulneráveis a ações
antrópicas e temporais como as secas mais severas. As secas extremas têm se repetido nas
últimas décadas, sobretudo pelo fenômeno climático El Niño e ao que parece influenciado não só o
tamanho dos animais como também a composição da comunidade. Por fim, nossos resultados
indicam que dentro de uma política ambiental voltada para salvaguardar as comunidades de
peixes dos riachos amazônicos, as ações de conservação devem fomentar mudanças no
gerenciamento não só dos riachos, mas de toda a bacia hidrográfica, a fim de preservar a estrutura
dos riachos e assim manter processos ecológicos importantes como reprodução, alimentação e
abrigo para as espécies de peixes.
Palavras - chave: bacia do Tapajós, monitoramento aquático, variáveis ambientais, peixes de
riacho, sazonalidade.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
3
PERFIL SOCIOECONÔMICO DE PESCADORES DA REGIÃO DE
ARUANÃ-GO
Paula, G.A.M.D; Barbosa, D.J.G; Paula, J.V.F; Maia, R.B.V; Araújo, G.J.M; Barbosa,
W.S; Paula, F.G
Universidade Federal de Goiás (UFG), Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ), Setor de
Piscicultura. E-mail: angelobioambiental@gmail.com
O rio Araguaia é um dos maiores rios do Brasil, cuja bacia drena áreas de vários estados, como
Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará, e contam com fragmentos do bioma Cerrado e Amazônia.
Em sua bacia foram catalogadas diversas espécies, muitas com ampla distribuição, o que
aumenta a sua relevância na conservação da biodiversidade mundial. Tais recursos naturais
possuem importância vital na vida de comunidades ribeirinhas, uma vez que a pesca além de
prover alimento para as comunidades, possuem enorme papel na fonte e composição de renda
destas.O presente trabalho teve como objetivo analisar aspectos socioeconômicos de pescadores
na bacia do médio rio Araguaia, região de Aruanã-GO. O conhecimento desses dados permite que
os formuladores de políticas, pesquisadores e organizações entendam as necessidades, desafios
e oportunidades específicas enfrentadas por essas comunidades. Isso é fundamental para criar
programas e projetos que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem nessas
áreas.Para ser feita a avaliação, usou-se o banco de dados da CODEVASF a qual aplicou
questionários semi-estruturados com perguntas abertas e fechadas, em livre conversa com atores
locais que fazem uso direto do Rio. Os questionários identificaram os seguintes aspectos: social
(idade, sexo, estado civil, naturalidade, escolaridade, número de filhos/ dependentes), profissional
e produtivo (tempo de pesca, tempo de associado na colônia, acesso ao crédito e atividades
secundárias). A seleção de pescadores foi feita com a ajuda da Colônia de Pescadores de Aruanã
(Z-7), onde foi feita a indicação de pessoas. Com a indicação em mãos, a equipe buscou os
pescadores e aplicou os questionários. Os dados foram tabulados em planilhas e trabalhados de
maneira descritiva.Como resultado, foi possível verificar que a idade média dos entrevistados foi
de 49,5 anos e que, na sua maioria, nasceram em Aruanã - GO (34,6%). Ao considerar que os
entrevistados começaram o trabalho de pesca com 10 anos de idade, o que significa que
trabalham 39,5 anos com a atividade, compreende-se que 22,4% possuem alguma doença
crônica. Os pescadores, possuem média familiar de três pessoas, que moram em casa própria
(76,9%), todas construídas em alvenaria (100%), com água encanada (100%) e energia elétrica
(100%). Nestas condições, 63,5% são casados; 32,7% são solteiros e o restante são viúvo e/ou
separado. A avaliação dos questionários permitiu verificar que 67,3% dos entrevistados possuem
carteira de pescador que, na maioria, foram tiradas em 2006. Dentre os entrevistados, 41,2% são
filhos de pescadores e 31,4% são netos de pescadores, enquanto que 13,7% possuem filhos
pescadores, o restante (86,3%) está exercendo outras atividades. É um indicativo preocupante
para a atividade, uma vez que demonstra redução do interesse na pesca para as próximas
gerações. Com o intuito de auxiliar na organização geral da atividade, 67,4% dos pescadores são
filiados a alguma colônia de pesca, enquanto que 46,2% são ligados a alguma associação. A
maioria (51,9%) não concluiu o ensino fundamental e possui renda familiar mensal entre 1 a 2
salários mínimos. A pescaria foi considerada a principal atividade em 25% dos entrevistados e a
média de idade em que começaram a trabalhar com pesca foi de 10 anos. Em relação à auxílios,
64% não recebeu e 48% não recebeu seguro defeso e/ou desemprego.Podemos concluir que a
pesca artesanal teve uma redução de interesses principalmente dos filhos de pescadores, um dos
pontos que pode ter influenciado é a cota zero (Instrução Normativa SEMADS Nº 2 DE 06/05/2020)
para transporte de pescado no Estado de Goiás, em todas as bacias hidrográficas. Pode-se
perceber também que a grande maioria dos entrevistados têm ensino fundamental incompleto,
afetando assim a inserção no mercado de trabalho, e como uma saída muitos pescadores
acabaram migrando de trabalho, uma evidência disso é que cerca de 39,6% das pessoas
entrevistadas também são guias de pesca esportiva, 2,1% trabalhando com passeios de barco e
apenas 25% têm a pesca como fonte de renda principal, o restante realiza outras atividades.
Palavras - chave: Pescadores, Aruanã, Socioeconômico.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
4
DILUIR OU NÃO DILUIR? EIS A QUESTÃO: UTILIZAÇÃO DE
EFLUENTE DOMÉSTICO COMO MEIO DE CULTIVO
ALTERNATIVO PARA MICROALGAS
Mendes, R.C1; Nascimento, R.G1. & Santos-Silva, E.N1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus,
AM. E-mail: raize.mendes@gmail.com
Nos cultivos de microalgas em larga escala, além do alto custo com os meios comerciais, o
consumo de água é altamente relevante, principalmente se a água não for reutilizada. Para
minimizar estes problemas, algumas alternativas têm sido avaliadas, como por exemplo, a
utilização de efluentes (e.g. suínos, farmacêuticos, piscicultura, industrial, doméstico) como meio
de cultivo alternativo para o crescimento destes organismos. O objetivo desse estudo foi
caracterizar o crescimento da biomassa de duas microalgas verdes (Scenedesmus acuminatus e
Chlorella vulgaris) e de uma cianobactéria (Planktothrix isothrix), cultivadas em diferentes
concentrações de nutrientes de água eutrofizada por efluente doméstico. Coletamos 60 L de água
da lagoa com um tubo de PVC de 1,5 m de comprimento e 5 cm de diâmetro. Este volume de água
foi levado para o laboratório para ser filtrado e removido toda a matéria orgânica em suspensão.
Para isto, um filtro foi construído utilizando uma garrafa PET (tereftalato de polietileno) com o
volume de 20 L, que teve seu fundo removido e foi utilizada de forma invertida. No interior da
garrafa foram colocadas várias camadas de material filtrante. Após a filtragem, foi adicionado 0,5
ml de hipoclorito de sódio por litro de água filtrada. Após este procedimento a água foi armazenada
e mantida no escuro por 24 horas. O experimento foi realizado em uma sala de cultivo no
laboratório de Plâncton do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA. Para isso foram
realizados três tratamentos que consistiram em três diferentes concentrações de nutrientes de
água da lagoa. Para as diluições da água da lagoa foi utilizado água destilada: i) tratamento A
(TA), água da lagoa sem diluição, ii) tratamento B (TB), 50% da água da lagoa mais 50% de água
destilada e iii) tratamento C (TC), 10% da água da lagoa mais 90% de água destilada. Foram
utilizados dez recipientes com o volume de 900 ml para cada tratamento. Sendo dez repetições
para cada tratamento n = 90. Após as diluições para a determinação das concentrações de
nutrientes e adições dos inóculos nos recipientes, estes foram levados para sala de cultivo sob
condições controladas de fotoperíodo (12 horas claro e 12 horas escuro) e temperatura (28 ºC).
Todos os recipientes foram mantidos com aeração constante, isso foi feito para obtermos o CO2 e
para evitar que as células das microalgas sedimentassem no fundo do recipiente. O pH variou de
7.6 a 7.8. A cada 24 horas retiramos um recipiente de cada tratamento, do qual retiramos uma
alíquota de 5 mL para a determinação do biovolume, que foi utilizado como estimativa de biomassa
dos organismos. A caracterização da produção da biomassa de cada espécie em cada tratamento
foi determinada quanto a taxa específica de crescimento, crescimento da biomassa e biomassa
total. Os organismos de C. vulgaris e S. acuminatus atingiram o pico de crescimento no 7º e 9º dia,
respectivamente. Os organismos de C. vulgaris tiveram maior produção de biomassa e maior taxa
específica de crescimento em 100% (10.4 ± 9.4 mg L-1 e 1.19 d-1) e em 50%, (10 ± 8.5 mg L-1 e
1.07 d-1). O crescimento de P. isothrix foi baixo comparado ao das microalgas verdes. Concluímos
que a água eutrofizada por efluente doméstico sem diluição é a melhor opção como meio
alternativo para o cultivo de microalgas verdes planctônicas. Os organismos de C. vulgaris são a
melhor opção para utilização de sua biomassa.
Palavras - chave: Biorremediação, Cultivo de clorofíceas, Cultivo de cianobactéria, Produção de
microalgas, Taxa específica de crescimento.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
5
IMPLANTAÇÃO E USO DE UMA COLEÇÃO DIDÁTICA
ICTIOLÓGICA NO LNPBIO, CESP, UEA, PARA FINS DE
EXTENSÃO E DE ENSINO.
Ferreira, C.C.1& Silva, A.M.1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Centro de Estudos Superiores de Parintins (CESP),
Laboratório do Núcleo de Pesquisas em Biologia Aquática (LNPBIO), Parintins, AM.
E-mail: amdsilva@ue.edu.br
O conhecimento da diversidade biológica é etapa importante para a conservação do ambiente
amazônico. Uma coleção ictiológica é uma boa estratégia para o ensino e aprendizagem dentro
das ciências biológicas. O presente estudo objetiva relatar a implantação e uso da coleção didática
ictiológica do Laboratório do Núcleo de Pesquisas em Biologia Aquática (LNPBIO), Centro de
Estudos Superiores de Parintins (CESP), para fins de extensão e de ensino. Primeiramente, foram
realizadas reuniões de planejamento com a equipe do LNPBIO para definir ações. Foi realizada a
reorganização da coleção já existente através de trocas de álcool 70% e nova etiquetagem. Antes
a coleção possuía 41 exemplares representando 27 espécies de diferentes ordens. Houve a
ampliação da coleção através de coletas de novos animais, ocorrendo uma no mês de maio e
outra em agosto de 2023, utilizando rede de malha de 40, 50 e 60 mm (entre nós) em lagos de
várzea próximo a cidade de Parintins com duração de4:00 até as 10:00 horas da manhã com
despesca a cada 1 hora. Após a captura, os peixes foram transportados até o LNPBIO em caixas
térmicas com gelo, separados em grupos, etiquetados, fotografados, medidos em ictiômetro (cm),
pesados em balanças digitais (g) e verificado o sexo através da observação das gônadas após
corte ventral. Foram fixados utilizando formol 10% injetado no dorso e ventre, assim como,
submersos por 24 horas. Para o armazenamento foi utilizado álcool 70% em recipientes
adequados e etiquetados com numero do tombamento. A classificação taxonômica foi realizada
pela equipe do LNPBIO utilizando chaves de classificação e diagnoses disponíveis na literatura
vigente. Neste sentido, 75 novos espécimes foram adicionados a coleção. Atualmente, a coleção
do LNPBIO apresenta espécies das seguintes ordens: uma de Myliobatiformes, duas de
Osteoglossiformes, uma de Clupeiformes, 18 de Characiformes, 9 de Siluriformes, uma de
Gymnotiformes e sete de Perciformes. Do total de 41 espécies, a ordem Characiformes é a mais
abundante seguida de Siluriformes e Perciformes, demonstrando que uma alta diversidade
ictiológica na região. Após a ampliação, a coleção foi utilizada em eventos como a Semana de
Ciência e Tecnologia e Semana do Curso de Ciências Biológicas; em visitas técnicas de
professores e alunos do ensino fundamental e médio; assim como em aulas práticas em escolas
públicas e na UEA. Durante as ações foram realizadas observações para verificar o impacto
causado pelo uso da coleção no ensino de biologia através do número e interação com o público
alvo: estudantes, professores e comunitários. O diálogo com as turmas do ensino médio de
escolas públicas e de ensino superior da UEA, sobre as características dos peixes e a importância
de uma coleção didática, permite afirmar que houve uma intensa interação e participação ativa dos
docentes e alunos gerando um bom impacto na relação ensino-aprendizagem sobre o tema. Este
impacto pode ser observado no número expressivo de público alvo atingido: 300 estudantes do
ensino fundamental, 150 do ensino médio, 50 do ensino superior, 5 professores do ensino
fundamental, 5 do ensino médio, 4 do superior, 2 gestores, 2 coordenadores pedagógicos e 20
comunitários. Ainda necessidade de novas coletas para a ampliação da coleção, assim como,
seu uso em atividades de extensão, aulas práticas e projetos de pesquisa.
Palavras - chave: Amazônia; Biodiversidade; Peixes; Recursos pesqueiros.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
6
DISPONIBILIDADE SAZONAL, ÍNDICES CORPORAIS, RELAÇÃO
PESO E COMPRIMENTO E FATOR DE CONDIÇÃO RELATIVO DE
Semaprochilodus insignis E Semaprochilodus taeniurus
COMERCIALIZADOS EM FEIRAS DO MUNICÍPIO DE PARINTINS,
AMAZONAS
Carvalho, K. R.1& Silva, A. M.1
1Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Centro de Estudos Superiores de Parintins
(CESP), Laboratório do Núcleo de Pesquisas em Biologia Aquática (LNPBIO), Parintins,
Amazonas.
E-mail: amdsilva@uea.edu.br
O gênero Semaprochilodus, família Prochilodontidae, ordem Characiformes, inclui as espécies S.
taeniurus, conhecido como jaraqui escama - fina, e S. insignis, como jaraqui -escama - grossa.
Ambas são parecidas diferenciando-se pela textura e tamanho das escamas. Os jaraquis são de
grande importância para pesca regional, porém, os estudos sobre o monitoramento do quantitativo
pesqueiro e a sua influência na reprodução destes animais são escassos necessitando ampliá-los.
Por tanto, o presente estudo teve como objetivo descrevera disponibilidade do pescado, os índices
corporais, a relação peso e comprimento (RPC) e fator de condição relativo (Kn) de S. insignis e S.
taeniurus comercializados em feiras de Parintins, Amazonas. Para isso, visitas mensais às feiras
foram executadas entre agosto de 2022 a julho de 2023 com o intuito de observar a disponibilidade
do pescado e a obtenção de exemplares. Os animais obtidos aleatoriamente por amostragem
foram transportados ao Laboratório do Núcleo de Pesquisa em Biologia Aquática (LNPBIO), onde
foram medidos em comprimento padrão utilizando um ictiômetro (cm), pesados em balanças
digitais (g), observados o sexo gonodal através de corte ventral e identificados taxonomicamente
utilizando diagnoses descritas na literatura. Os índices corporais foram utilizados para calcular a
RPC através da equação P=a.Cb (P = peso; C = comprimento) e o Kn através da equação
Kn=Preal/Pcalculado. Foram obtidos 16 machos e 15 fêmeas S. taeniurus e 16 machos e 10 fêmeas de
S. insignis. EmS. taeniurus as fêmeas apresentaram comprimento (29,2±2,0cm) e peso
(288,0±44,9g) bem maiores que os dos machos (27,7±2,6cm e 264,1±32,9g), teste t, p>0,05. Em
S. insignis as fêmeas também apresentaram maiores comprimento (29,6±1,3cm) e peso
(392,6±66,8g) que os machos (26,7±2,2cm e 298,3±56,8g), teste t, p>0,05. A RPC em S. taeniurus
é P= 1,5801C1,5414, R2=0,87, Kn= 1,0.Em S. insiginis é P=0,1056C2,4197, R2=0,85, Kn=1,0. Este
resultado demonstra que em ambas as espécies um crescimento alométrico negativo (b<3,0)
com incremento maior em comprimento do que em peso. Os valores de Kn tanto entre as espécies
quanto entre machos e fêmeas ficaram próximos de 1,0, demonstrando boa higidez nos
exemplares obtidos. Não houve disponibilidade de jaraquis comercializados entre agosto e
novembro (vazante/seca), somente de dezembro a julho (enchente/cheia), o que influenciou no
quantitativo amostral. A ausência e presença em períodos hidrológicos diferentes coincidem com a
migração reprodutiva que estes animais realizam quando são facilmente capturados com rede de
espera. Assim, os resultados aqui apresentados podem estar vinculados ao período reprodutivo
quando a fêmea está preparada para a desova, sendo bem maior que o macho, e quando realizam
migrações. Estes resultados são semelhantes aos descritos na literatura e podem ser utilizados em
trabalhos futuros como referência.
Palavras - chave: Amazônia; Biodiversidade; Jaraqui; Prochilodontidae; Recursos pesqueiros.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
7
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE JUVENIS DE Pyrrhulina sp.
EM CATIVEIRO
Almeida, J.P.C1; Costa, T.V2; Batista, L.Y.R2
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), PPG Ciência e Tecnologia para Recursos
Amazônicos PPGCTRA, Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (ICET), Itacoatiara, AM.
joaopedrocidadea@gmail.com
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto de Ciências Sociais, Educação e
Zootecnia (ICSEZ), Parintins, AM. tvianadacosta@ufam.edu.br; larissayasmimrbatista@gmail.com
A piscicultura de corte é uma atividade que tem crescido consideravelmente e o Brasil apresenta
grande potencial, dadas às condições naturais favoráveis: amplo território, grande disponibilidade
de águas continentais e biodiversidade de seus ecossistemas. Na piscicultura ornamental, muitos
peixes também apresentam potencialidades para criação. Entre elas está a Pyrrhulina sp., espécie
da família Lebiasinidae que tem um grande potencial ornamental pela sua coloração, fácil
adaptação para criação em cativeiro e tamanho pequeno. Além disso, é uma espécie abundante
em poças e igarapés, onde ocupa quase que exclusivamente a lâmina superficial da água
utilizando o oxigênio presente, e possui uma dieta relativamente generalista. Uma vez que no
cultivo de peixes seja de corte ou ornamental, a alimentação dos animais é um dos maiores
gargalos, a busca por alimentos alternativos tem sido o desafio de pesquisadores, que realizam
substituição parcial ou total dos ingredientes convencionais da ração, viabilizando a utilização de
alimentos regionais e promovendo a redução dos custos. Nesse contexto, o objetivo desse
trabalho foi avaliar os efeitos da inclusão de diferentes proporções da farinha de minhoca como
suplemento à ração comercial no crescimento e na conversão alimentar dos juvenis de Pyrrhulina
sp. O experimento foi conduzido no Laboratório de Aquicultura Laqua/ICSEZ e todos os
procedimentos estiveram de acordo com as normas éticas de bem-estar animal. Foram capturados
250 indivíduos em ambiente natural, por meio de armadilhas confeccionadas com garrafa pet,
tarrafas e puçás. Os peixes foram distribuídos aleatoriamente em cinco tratamentos com quatro
repetições, totalizando 20 aquários, com capacidade de 20 litros de água cada (volume útil de 15
L), todos dotados de aeração constante. Os tratamentos foram compostos por: T1: 100% de ração
comercial, T2: 75% de ração comercial + 25% de alimento alternativo, T3: 50% de ração comercial
+ 50% de alimento alternativo, T4: 25% de ração comercial + 75% de alimento alternativo, T5:
100% de alimento alternativo. O experimento ocorreu em um período de 45 dias e a cada 15, após
passarem por um jejum de 12 horas, os peixes foram individualmente submetidos à biometria para
a obtenção dos dados de comprimento total (cm) e biomassa (g).O comprimento total inicial e final,
foi medido com o auxílio de um paquímetro digital da marca MTX, N°: 9015.30.00 e para a
determinação do peso inicial e final utilizou-se uma balança digital com três casas decimais do
modelo AL500C, N°: 290040. Ao final do período experimental, foram estimadas a taxa de
crescimento específico (TCE) (% dia-1) = {[ln (massa final) - ln (massa inicial)]/ dias} * 100 e o
ganho em massa relativo (GMR) (g) = [(massa final - massa inicial)/massa inicial] * 100.Os
resultados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) a um nível de significância
de 5%, com a checagem dos pressupostos de normalidade dos resíduos pelo teste Tukey. No
presente estudo foi observado que o desempenho entre os tratamentos com a inclusão de farinha
de minhoca não foi significativo em termos de crescimento, não havendo diferença estatística entre
os tratamentos (Comprimento inicial: T1 22,37 ±0,55; T2 22,46±0,43; T3 22,71±0,95; T4
22,73±0,48; T5 22,48±0,89 e Comprimento final: T1 25,14±0,99; T2 24,51±0,20; T3 24,94±1,16; T4
25,12±0,58; T5 24,55±1,06).Entretanto, em relação ao peso final, a farinha de minhoca não teve
um rendimento esperado, pois o T5 teve seu desempenho ao final do experimento abaixo do
esperado (Peso inicial: T1 0,22±0,02; T2 0,22±0,02; T3 0,23±0,04; T4 0,23±0,01; T5 0,22±0,03 e
Peso final: T10,26±0,04; T2 0,23±0,01; T3 0,24±0,04; T4 0,24±0,02; T5 0,21±0,03). Resultados
similares foram encontrados por Decarli et al. (2013) que analisaram a incluo da farinha de
minhoca na alimentação de juvenis de jundiá criados em tanques-rede. Eles também concluíram
que não houve diferenças significativas entre os diferentes tratamentos e que a inclusão da farinha
de minhoca até o nível de 3,75% o teve efeitos negativos no desempenho produtivo e
composição centesimal de juvenis de Rhamdia voulezi. Assim, com base nos resultados obtidos
neste trabalho, demonstramos a viabilidade de substituição parcial da ração comercial de peixe por
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
8
fontes alternativas de proteína animal oriunda de resíduos de animais terrestres na dieta de juvenis
de Pyrrhulina sp.
Palavras - chave: Alimento alternativo, desempenho, nutrição.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
9
FARINHA DESENGORDURADA DE LARVAS DE MOSCA
SOLDADO-NEGRA EM DIETAS PARA JUVENIS DE PIRARUCU,
Arapaima gigas
Monteiro dos Santos, D.K1, de Oliveira, J.B2, Dantas, F.M2, Prestes, A. G2, Yamamoto, F.Y3,4,
Gonçalves, L.U1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo 2936; 69060-001 - Manaus
AM; driely.monteiro@gmail.com; 2Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Recursos
Pesqueiros, Universidade Federal do Amazonas - Manaus - AM; 3Thad Cochran National Warm
water Aquaculture Center, Mississippi State University - Stoneville MS - USA; 4Department of
Wildlife, Fisheries and Aquaculture, Mississippi State University - Starkville MS USA
As larvas da mosca soldado negra (MSN), Hermetia illucens, destacam-se como um ingrediente
promissor para a nutrição animal, devido ao seu alto teor protéico que pode alcançar níveis de até
60%, semelhante a farinha de peixe. A utilização de farinhas de inseto na nutrição de peixes,
colabora com a redução da sobrecarga nos estoques pesqueiros a longo prazo. Neste trabalho foi
avaliado o potencial da farinha desengordurada de larvas de MSN (DMSN) como ingrediente
protéico em dietas para juvenis de pirarucu, Arapaima gigas. Foram formuladas cinco dietas
isoprotéicas e isocalóricas, com diferentes níveis de substituição de farinha de peixe por DMSN
(0%, 25%, 50%, 75% e 100%). Juvenis de pirarucu (93,82±2,57g) foram alojados em 20 tanques
de polietileno (150 L; n=4; 15 peixes/tanque), em um sistema de recirculação de água com
fitorremediação. Os peixes foram alimentados 4 vezes por dia (08h, 11h, 14h e 16h) até saciedade
aparente, durante 48 dias. Ao final do ensaio foi realizada biometria de todos os peixes e coleta de
sangue de 3 peixes por tanque para análises hematológicas e bioquímicas. Foram eutanasiados 4
peixes por tanque para obtenção dos índices biométricos (víscero-somático e hepato-somático),
análises hematológicas, e composição centesimal do corpo inteiro. Os dados de desempenho
zootécnico foram submetidos à ANOVA de uma via, e teste de Tukey-HSD (p<0,05) ou teste de
Kruskal Wallis, seguido de teste de Dunn para dados que não foram distribuídos normalmente ou
apresentaram variância desigual. Foi realizada uma análise de regressão para verificar qual o
melhor nível de inclusão da farinha DMSN para o melhor ganho em peso dos juvenis de pirarucu.
Não foi observada rejeição das dietas pelos peixes. A taxa de sobrevivência foi igual para todos os
tratamentos. Os grupos de peixes alimentados com dietas que continham DMSN apresentaram os
maiores valores para peso final (PF>423,40 g), ganho de peso (GP>329,8 g) e taxa de crescimento
relativo (TCR>3,25 %/dia) em relação ao controle (0DMSN; PF=353,10 g; GP=259,6 g; TCR=2,85
%/dia). Os melhores valores para a conversão alimentar aparente (CCA=0,95) foram observados
nos peixes que consumiram a dieta 75DMSN. O nível estimado de substituição de farinha de peixe
por DMSN que garantiu o maior ganho de peso foi de 70%. Os parâmetros de saúde, bioquímicos,
biométricos e composição centesimal do corpo inteiro o apresentaram diferenças significativas.
A farinha de larva desengordurada de MSN pode ser utilizada em até 36% como fonte protéica em
dietas para pirarucu substituindo parcial ou totalmente a farinha de peixe, contribuindo para a
sustentabilidade ambiental da Amazônia.
Palavras - chave: Farinha de peixe, Proteína de inseto, Sustentabilidade.
Agradecimentos: FAPEAM (Edital n° 008/2021-PROSPAM/FAPEAM, e pela bolsa de mestrado de
J.B.O.); Ao CNPq, pela bolsa de pesquisa de L.U.G (Processo 312.492/20219).
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
10
SUBSTITUIÇÃO DO ALIMENTO VIVO POR RAÇÃO ÚMIDA NA
TRANSIÇÃO ALIMENTAR DE LARVAS DE PIRARUCU
Prestes, A.G1; Farias, A.B.S2; Santos, D.K.M3; Epifânio, C.M.F3; Gonçalves, L.U3
1Autor correspondente: armando.gomesprestes@gmail.com
1Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Recursos Pesqueiros, Universidade
Federal do Amazonas;2Programa de Pós-graduação em Aquicultura, Universidade Nilton
Lins;3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
Um dos grandes desafios da larvicultura de pirarucu (Arapaima gigas) é obter microcrustáceos
em quantidade e qualidade para alimentar as larvas que crescem a taxas aceleradas. Além disso,
o zooplâncton selvagem pode ser transmissor de doenças, parasitos, ser indigestível e possuir
grande variação na qualidade nutricional. A larva de pirarucu é capaz de consumir zooplâncton
morto congelado, o que demonstra que a mobilidade dos microcrustáceos não é essencial para
captura pela larva do pirarucu. Neste trabalho foramcomparadasduas rações (ração seca e ração
úmida) para larvas de pirarucu durante o período de transição alimentar, do alimento vivo para
alimento inerte, com base no desempenho zootécnico.As duas rações foram formuladas com os
mesmos ingredientes para serem isoproteicas e isoenergéticas (50% de proteína bruta e 4555
Kcal de energia bruta/kg). Os ingredientes foram misturados e moídos a300 μm. Os péletes da
ração secaforam produzidos em extrusora a frio e secos em estufa até obter umidade de 8%.
Para o processamento da ração úmida, a mistura de ingredientes foi hidratada com água
quente(100 ºC). Após a hidratação e homogeneização, a massa de ração foi modelada em uma
placa de petri e refrigerada a 5 ºC, durante 1 hora. A massa foi cortada em pequenas porções, e
cada porção foi pressionada contra a malha de uma peneira 500 µm, para a obtenção dos péletes
que continham 50% de umidade. Os péletes foram armazenados refrigerados (5 ºC) até o
momento da alimentação das larvas, e a cada 3 dias foram produzidos novos péletes para manter
sua qualidade nutricional.Larvas de pirarucu (4,49±0,37 cm e 0,56±0,01g) foram alojadas em 14
caixas (volume útil 50 L; n=7; 70 larvas/caixa) em um sistema fechado de recirculação de água
com fitorremediação, aeração artificial constante e fotoperíodo de 12L:12E. A transição alimentar
foi realizada pela técnica de coalimentação que teve duração de 15 dias, com mudança gradual
do alimento vivo (náuplios de artêmia) para o alimento inerte (ração seca e ração úmida). Nos
primeiros 5 dias foram ofertados 75% de náuplios de artemia e 25% de ração; do 6 ao 1dia
foram ofertados 50% de náuplios de artêmia e 50% de ração; do 11 ao 1foram ofertados 25%
de náuplios e 75% de ração. Foram ofertados inicialmente 1.200 náuplios de artêmia/larva/dia,
com ajuste gradual de acordo com a transição alimentar e o crescimento das larvas. A oferta de
ração foi calculada com base em 13% do peso das larvas e com base na máteria seca, para
disponibilizar a mesma quantidade de nutrientes por tratamento. Os peixes foram alimentados 8
vezes ao dia (06:00; 08:00; 10:00; 12:00; 14:00; 16:00; 18:00 e 20:00 h). Após os 15 dias de
transição alimentar, os peixes foram contados, medidos e pesados, e os dados avaliados quanto
à sobrevivência e desempenho zootécnico (ganho de peso, ganho em comprimento, taxa de
crescimento relativo, uniformidade do lote em comprimento, uniformidade do lote em peso e
sobrevivência). Os dados foram submetidos aos pressupostos de normalidade e
homocedasticidade, e a eficácia dos tratamentos nos parâmetros avaliados foi verificada pelo
Teste T de Student (p<0,05) para dados paramétricos ou Teste de Mann-Whitney (p<0,05) para
dados não paramétricos. As larvas que consumiram a ração úmida apresentaram maior (p<0,05)
ganho de peso (GP=1,22±0,16g) e taxa de crescimento relativo (TCR=8,01±0,70%/dia) em
comparação com as larvas que consumiram a ração seca (GP=1,04±0,10g, TCR=7,23±0,47). Isso
indica que a ração úmida permitiu uma melhor digestão e aproveitamento dos nutrientes pelas
larvas de pirarucu. Os resultados não diferiram para as variáveis ganho em comprimento,
uniformidade do lote em comprimento, uniformidade do lote em peso e sobrevivência. Dessa
forma, recomenda-se a utilização de ração úmida durante a co-alimentação de larvas de pirarucu
a partir de 4 cm de comprimento.Os resultados desse estudos, encorajam os pesquisadores do
Projeto GIGAS do INPA a avançarem os estudos coma substituição total do alimento vivo pela
ração úmida para larvas precoces de pirarucu.
Palavras - chave: Larvas de peixes, Larvicultura indoor, Nutrição de peixes, Processamento de
ração, Ração úmida.
Agradecimento: FAPEAM (Edital 010/2021- CT&I ÁREAS PRIORITÁRIAS/FAPEAM); CAPES
(Bolsa de doutorado).
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
11
PERÍODOS PISCOSOS EM ARUANÃ - GO
Barbosa, D.J.G¹; Paula, G.A.M.D²; Paula, J.V.F³; Maia, R.B.V4; Araújo, G.J.M5;
Barbosa, W.S6; Paula, F.G7; Rodrigues, D.O8
Universidade Federal de Goiás (UFG), Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ), Setor de
Piscicultura.
E-mail: angelobioambiental@gmail.com
O rio Araguaia é um dos maiores rios do Brasil, cuja bacia drena áreas de vários estados, como
Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará e contam com fragmentos do bioma Cerrado e Amazônia.
Em sua bacia foram catalogadas diversas espécies, muitas com ampla distribuição, o que
aumenta a sua relevância na conservação da biodiversidade mundial. Tais recursos naturais
possuem importância vital na vida de comunidades ribeirinhas, uma vez que a pesca além de
prover alimento para as comunidades, possuem enorme papel na fonte e composição de renda
destas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar qual mês do ano tem maior captura de
peixes no município de Aruanã GO, segundo os pescadores entrevistados. Conhecendo essas
informações nos permite fazer planejamentos futuro mais eficaz das atividades pesqueiras,
otimizando esforços e recursos durante os momentos mais produtivos. Para ser feita a avaliação,
usou-se o banco de dados da CODEVASF a qual aplicou questionários semi-estruturados com
perguntas abertas e fechadas, em livre conversa com atores locais que fazem uso direto do rio. Os
questionários apresentavam perguntas com objetivo de responder quais espécies apresentaram
maior quantidade em determinada época do ano. A seleção de pescadores foi feita com a ajuda da
Colônia de Pescadores de Aruanã (Z-7), onde foi feita a indicação de pessoas. Com a indicação
em mãos, a equipe buscou os pescadores e aplicou os questionários. Os dados foram tabulados
em planilhas e trabalhados de maneira descritiva. Como resultado, verificou-se, segundo os
pescadores, que as espécies apresentaram maior abundância nos seguintes meses: Barbado
(Pinirampus pirinampu) Maio;Bargada (Sorubimichthys planiceps) abril e maio; Cachara
(Pseudoplatystoma fasciatum) maio; Cachorra (Hydrolycus scomberoides) junho, julho e Agosto;
Caranha (Piaractus mesopotamicus) maio; Dourada (Pellona castelnaeana) agosto e setembro;
Filhote (Brachyplatystoma filamentosum) maio; Jaú (Paulicea luetkeni) não teve nenhum mês que
se destacou; Jiripoca (Hemisorubim platyrhynchos) julho e Agosto; Mandubé (Ageneiosus brevifilis)
maio; Matrinxã (Brycon brevicauda) maio e junho; Pacu (Piaractus mesopotamicus) maio e junho;
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) maio e junho; Piraíba (Brachyplatystoma filamentosum)
maio; Pirarara (Phractocephalus hemioliopterus) maio e junho; Pirarucu (Arapaima gigas) maio;
Tucunaré (Cichla spp.) não teve nenhuma mês de destaque. Durante a piracema, de de
novembro a 28 de fevereiro, é proibida a pesca em todo o Brasil. Aproximadamente, 120 dias de
proibição da pesca, o que leva ao aumento da presença de pescadores no rio logo quando o
defeso é encerrado. Diante das respostas dos pescadores entrevistados, pode-se perceber que no
mês de maio ocorre aumento na quantidade de peixes capturados na região de Aruanã GO.
Esse entendimento não apenas beneficiam os pescadores, comunidades que dependem da pesca
e a comunidade científica, auxiliando em uma coleta de dados mais eficiente.
Palavras - chave: Abundância na ictiofauna; pesca e pescadores.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
12
PRODUTIVIDADE PESQUEIRA EM PORTO ALEGRE DO NORTE-
MT EM 2012
Paula, G.A.M.D¹; Barbosa, D.J.G;² Francisco, N.G³; Nogueira, P.H.M4; Ghannam, J.P5; Rappa,
A.C.F6; Maia, R.B.V7; Rodrigues, D.O8; Paula, F. G9.
Universidade Federal de Goiás (UFG), Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ), Setor de
Piscicultura.
E-mail: angelobioambiental@gmail.com
A pesca para comercialização no estado do Mato Grosso é uma atividade de grande importância
econômica e social, provendo alimento para as comunidades, e fazem parte da composição de
renda destas. É realizada em diversas modalidades, incluindo a pesca artesanal, a pesca de
subsistência e a pesca profissional. A declaração de pesca individual entrou em vigor pela Lei
9096, de 16 de Janeiro de 2009 - D.O. 11.03.09. Essa declaração é um documento oficial
preenchido por pescadores individuais ou grupos de pescadores para registrar suas atividades de
pesca. Seu principal objetivo é monitorar e controlar as operações de pesca, bem como coletar
dados relevantes que auxiliem na gestão sustentável dos recursos aquáticos. O presente trabalho
tem como objetivo levantar a produção pesqueira de Porto Alegre do Norte-MT em 2012.
Levantando quantidades (em números), peso total e o peso médio dos animais capturados pelos
pescadores. Auxiliando assim no monitoramento e controle da quantidade de animais retirados do
rio, evitando assim uma pesca predatória. Para conduzir uma avaliação, utilizamos o banco de
dados fornecido pela CODEVASF, que incluiu 460 fichas de declaração de pesca individual
fornecidas pelas colônias de pescadores em Porto Alegre do Norte. Essas fichas foram
processadas e organizadas com o auxílio do Formulários Google para posterior abordagem
descritiva. Após tabular e analisar os dados, apresentamos os seguintes resultados: Em primeiro
lugar, destacamos o Tucunaré (Cichla spp), com 10.094 unidades capturadas, totalizando 12.350,6
Kg de peso, resultando em uma média de 1,224 Kg por peixe. Em segundo lugar, temos o Piau
(Leporinus spp), com 17.788 unidades capturadas e um peso total de 7.250,8 Kg, resultando em
um peso médio de 0,408 Kg por peixe. Na terceira posição, encontramos o Pacu (Piaractus
mesopotamicus), com 12.415 unidades capturadas e um peso total de 6.891,5 Kg, resultando em
um peso médio de 0,555 Kg por peixe. Em quarto lugar, temos a Cachara (Pseudoplatystoma
fasciatum), com 702 unidades capturadas e um peso total de 3.630,9 Kg, resultando em um peso
médio de 5,172 Kg por peixe. Em quinto lugar, a Piabanha (Brycon insignis), com 2.391 unidades
capturadas e um peso total de 1.909,6 Kg, resultando em um peso médio de 0,799 Kg por peixe.
Na sexta posição, o Pirarucu (Arapaima gigas), com 461 unidades capturadas e um peso total de
1.803,2 Kg, resultando em um peso médio de 3,911 Kg por peixe. Em sétimo lugar, encontramos a
Matrinchã (Brycon spp), com 1.279 unidades capturadas e um peso total de 1.568,9 Kg, resultando
em um peso médio de 1,227 Kg por peixe. Na oitava posição, a Pirarara (Phractocephalus
hemioliopterus), com 117 unidades capturadas e um peso total de 1.202,5 Kg, resultando em um
peso médio de 10,278 Kg por peixe. Em nono lugar, a Cahorra (Hydrolycus scomberoides), com
413 unidades capturadas e um peso total de 895,5 Kg, resultando em um peso médio de 2,169 Kg
por peixe. E, por fim, em décimo lugar, temos a Piranha (Pygocentrus spp), com 1.259 unidades
capturadas e um peso total de 778,9 Kg, resultando em um peso médio de 0,619 Kg por peixe.
Podemos concluir que a espécie que teve uma maior captura foi o Tucunaré (Cichla spp) com
10.094 unidades capturadas, totalizando 12.350,6 Kg de peso, resultando em uma média de 1,224
Kg por peixe, seguido pelo Piau (Leporinus spp), com 17.788 unidades capturadas e um peso total
de 7.250,8 Kg, resultando em um peso médio de 0,408 Kg por peixe.
Palavras - chave: Mato-Grosso, pescadores, espécies.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
13
LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE ICTIOFAUNÍSTICA DO
ARQUIPÉLAGO DE MARIUÁ, BACIA DO RIO NEGRO (BARCELOS,
AM)
Carlos, V.S.S¹; Marcelo, S.R².
¹Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Licenciatura em Ciências Biológicas
²Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Doutor em Biologia de Água Doce e Pesca Interior
(INPA)
E-mail: cvss.bio20@uea.edu.br
O rio Negro é um dos principais tributários da bacia amazônica com uma área de
aproximadamente 696.808 km², sendo 80% pertencente ao território brasileiro. É caracterizado
pela cor de suas águas escuras, rica em ácidos húmicos e fúlvicos e pH abaixo de cinco. Apesar
das águas serem ácidas e pobres em nutrientes, a bacia possui uma das mais ricas diversidades
de peixes e uma das menos conhecidas e estudadas quando comparadas com rios de águas
brancas. No médio rio Negro, na região do município de Barcelos (AM), encontra-se o maior
arquipélago fluvial do mundo, o arquipélago de Mariuá, com 1.400 ilhas em 275 km². Apesar de
sua vasta extensão, são poucos os trabalhos que visam o conhecimento da ictiofauna presente
nesta região. Dessa forma, essa pesquisa objetivou realizar um levantamento ictiofaunístico do
arquipélago baseado em material coletado, a fim de alavancar o conhecimento a respeito da
diversidade de peixes que ocorrem na bacia do rio Negro, especialmente no arquipélago de
Mariuá. O trabalho foi desenvolvido na Coleção de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia - INPA e consistiu em identificar os peixes de coletas recentes realizadas em Mariuá
(dezembro de 2021), bem como analisar o banco de dados da Coleção com os demais lotes da
área. A identificação desses exemplares foi feita com o auxílio de lupas para observação e chaves
de identificação especializada. O banco de dados foi obtido através de filtragens na Plataforma
Specify, e para correção e atualização de nomes científicos utilizou-se a Plataforma Catalog of
Fishes. Após a identificação dos peixes coletados na campanha de dezembro de 2021, foram
contabilizadas 45 espécies e 35 gêneros divididos em 6 ordens, sendo Characiformes (42,22%) a
ordem que representa a maior porcentagem de espécies, seguida de Siluriformes (35,55%),
Perciformes (11,11%), Cyprinodontiformes (4,44%), Gymnotiformes (4,44%) e Gobiiformes
(2,22%). Além disso, 21 famílias foram registradas, sendo Characidae e Lebiasinidae (13,33%) as
famílias com a maior quantidade de espécies, seguidasde Cichlidae (11,11%) e Auchenipteridae
(8,88%). Por outro lado, as famílias que apresentaram o menor quantitativo de espécies foram
Curimatidae, Gasteropelecidae, Fluviphylacidae, Rivulidae, Eleotridae, Hypopomidae,
Rhamphichthyidae, Aspredinidae, Callichthyidae, Heptapteridae, Trichomycteridae e
Pseudopimelodidae com apenas 2,22% cada uma. Por outro lado, para os demais exemplares
previamente registrados no acervo para a região de Barcelos foram contabilizadas 359 espécies e
188 gêneros, divididos em 11 ordens, sendo Characiformes (46,23%) a ordem que representa a
maior porcentagem de espécies, seguida de Siluriformes (29,80%), Perciformes (12,25%),
Gymnotiformes (6,40%), Myliobatiformes (1,94%), Clupeiformes (0,83%) Gobiiformes,
Beloniformes, Synbranchiformes, Cyprinodontiformes e Osteoglossiformes com 0,55% cada. Além
disso, 44 famílias foram registradas, sendo Characidae (18,94%) a família com a maior quantidade
de espécies, seguida de Cichlidae (11,69%) e Loricariidae (10%). Por outro viés, as famílias que
apresentaram o menor quantitativo de espécies foram Cynodontidae, Chalceidae, Eurythrinidae,
Triportheidae, Polycentridae, Sciaenidae e Osteoglossidae com apenas 0,27% cada um. Ademais,
com a atualização dos nomes científicos de peixes, mudou-se famílias desatualizadas, como
exemplo dos peixes registrados na família Characidae que agora pertencem a família
Iguanodectidae, além do gênero Anablepsoides antigamente classificado como Rivulus, e muitos
outros. Com a identificação dos peixes do arquipélago de Mariuá em comparação com os peixes
coletados e já registrados no banco de dados de Barcelos, percebeu-se a similaridade de espécies
existentes nas áreas. No entanto, 9 espécies que não estavam presentes no banco de dados
da Coleção de Peixes do INPA na localidade de Barcelos que estão nas coletas recentes de
Mariuá. São as seguintes: Poecilocharax weitzmani Géry 1965, Copella arnoldi (Regan, 1912),
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
14
Copella meinkeni (Steindachner, 1876), Copella nigrofasciata (Meinken, 1952), Tatia aulopygia
(Kner, 1858) Tatia strigata Soares-Porto 1995 Trachelyopterichthys taeniatus (Kner, 1858),
Platydoras armatulus (Valenciennes, 1840) e Gladioglanis machadoi Ferraris & Mago-Leccia 1989.
Portanto, entende-se que as coletas e identificações foram fundamentais para aprofundar o
conhecimento a respeito da diversidade de peixes presentes nesse arquipélago, uma vez que foi
possível registrar a ocorrência de espécies ainda não inseridas no banco de dados, o que
colaborou para o entendimento da ictiofauna dessa região.
Palavras - chave: Coleção de peixes; Coletas; Identificação; Similaridade.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
15
ECOMORFOLOGIA DA CARAPAÇA DE QUELÔNIOS AQUÁTICOS
E TERRESTRES
Dias, F.V.N1; Maia, L2; Araújo, J. S.3,4 & Borges, S. H.3,5
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Manaus,
AM.diasfernandavn@gmail.com
2Centro de Estudos dos Quelônios da Amazônia (CEQUA). lucasmaia95@gmail.com
3Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Departamento de Zoologia, Manaus, AM.
4juliana_araujo@ufam.edu.br 5 shborges9@gmail.com
Os quelônios são popularmente chamados de bichos de casco por possuírem na parte superior de
seu corpo a carapaça e na parte inferior o plastrão. Sua morfologia está relacionada diretamente
com o ambiente onde vivem por conta de sua adaptação. Deste modo, qual seria a relação do
habitat dos quelônios aquáticos e terrestres sobre a sua morfologia? Sendo assim, o objetivo deste
trabalho foi comparar a ecomorfologia de carapaça de quelônios aquáticos e terrestres a partir da
morfometria. Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da disciplina IBB309 Prática Zoológica
ministrada para o curso de Graduação Licenciatura em Ciências Naturais da Universidade Federal
do Amazonas. As medições foram realizadas nos animais do Centro de Estudos dos Quelônios da
Amazônia CEQUA (INPA Manaus).Foram selecionadas sete espécies de quelônios,
Chelonoidis carbonariuse, Chelonoidis denticulatus (espécies terrestres) e Peltocephalus
dumerilianus, Podocnemis erythrocephala, Podocnemis expansa, Podocnemis sextuberculata e
Podocnemis unifilis(espécies aquáticas) totalizando 42 espécimes (17 fêmeas, 18 machos e sete
juvenis), sendo seis indivíduos de cada espécie. Para as medições das carapaças foi utilizado um
paquímetro analógico com ± 0,5 mm de precisão e fita métrica, as medidas realizadas foram o
comprimento retilíneo da carapaça (CRC), altura da carapaça (AC), largura anterior (LA) e largura
posterior (LP). A espécie com os maiores indivíduos analisados foi P. expansa (média 546 mm de
CRC), seguida por C. denticulatus(média 377,3 mm de CRC), P. dumerilianus (média 345,5 mm de
CRC), C. carbonarius (média 254,3 mm de CRC), P. sextuberculata (média 190,5 mm de CRC), P.
erythrocephala (média 175,3 mm de CRC),e P. unifilis (média 171,7 mm de CRC). Para
analisarmos a morfologia das carapaças dos dois grupos de quelônios terrestres e aquáticos foi
feita inicialmente uma proporção entre a largura posterior e a altura da carapaça (LP/AC) de cada
indivíduo. Essa proporção foi utilizada uma vez que analisamos indivíduos jovens e adultos e
variações de tamanhos inerentes a cada espécie. Todos os espécimes aquáticos obtiveram
proporções maiores variando de 1,80 mm a 3,29 mm, isto é, são animais mais largos e carapaças
mais baixas. Os animais terrestres tiveram essa proporção variando entre 1,01 mm e 1,60 mm, ou
seja, mais estreitas e altas. Ao comparar todas as medidas da carapaça (aquáticos e terrestres),
foi verificada uma diferença significativa através do teste de Qui-quadrado (x²=366,62
,df=123,p<0,0001)com animais aquáticos maiores que animais terrestres. Com relação à altura das
carapaças, os animais terrestres possuem carapaças mais altas do que animais aquáticos
(p<0,05). Deste modo, para as espécies analisadas, os quelônios aquáticos possuem cascos mais
achatados/baixos e largos, o que proporciona maior estabilidade para mergulhar e nadar, são mais
hidrodinâmicos. Os quelônios terrestres possuem cascos mais altos, o que pode estar relacionado
coma proteção contra predadores terrestres proporcionando uma barreira mais difícil de ser
quebrada e também são mais estreitos o que facilita sua locomoção no ambiente terrestre
permitindo que se movam mais facilmente entre a vegetação.
Palavras - chave: Morfometria, adaptações, ecologia.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
16
CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL DOS RIBEIRINHOS SOBRE
A PESCA E AS MUDANÇAS AMBIENTAIS NO SISTEMA LAGO
GRANDE, MANACAPURU, AMAZÔNIA CENTRAL
Lima, L.G.¹,2; Freitas, C.E.C3
1Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Recurso Pesqueiro da Faculdade de
Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas FCA/ UFAM. 2Secretaria de Educação
e Desporto do Estado do Amazonas, SEDUC. Coordenadoria Distrital de Educação 03. Escola
Estadual Altair Severiano Nunes. 3Universidade Federal do Amazonas, Faculdade de Ciências
Agrárias, Departamento de Ciências Pesqueiras.
E-mail : liagalvao@gmail.com
A pesca representa a atividade profissional mais tradicional na Amazônia, desempenhando papel
importante na economia, no processo de ocupação humana na região, no sustento de populações
ribeirinhas, como também, na cultura, tornando-se depositária de informações da dinâmica dos
recursos e do ambiente aquático. Nesse contexto, é possível prever as mudanças ambientais
como fatores adicionais de perturbação ao meio de vida das populações ribeirinhas, principalmente
as associadas com mudanças climáticas globais, em relação ao aumento da frequência e da
intensidade dos eventos extremos na região Amazônica. O objetivo dessa pesquisa foi verificar o
Conhecimento Ecológico Local (CEL) dos ribeirinhos sobre as mudanças ambientais e seus
possíveis efeitos na pesca artesanal ribeirinha de subsistência, com ênfase nos eventos extremos
de secas e cheias, no Sistema Lago Grande de Manacapuru, a partir de estudo de caso.Foram
realizadas consultas no Banco de Dados do projeto Sub-Rede Baspa Bases para a
sustentabilidade da pesca na Amazônia- BASPA executado durante o período 1: 2006 e 2008,
sobre as atividades produtivas no Sistema Lago Grande de Manacapuru e comparada com as
informações que foram coletadas no período 2: 2014 e 2015 por meio de entrevistas semi-
estruturadas, com os ribeirinhos residentes nesse local e que vivenciaram os eventos de extremos
de seca, nos anos de 2005 e 2010, e de cheias extremas, em 2009 e 2012. Foram feitas análise
estatísticas descritivas, Teste Z, análise de consenso índice de fidelidade (FL), que se baseia na
concordância entre as respostas dos informantes. Essa análise permitiu verificar: a) distribuição do
conhecimento mais importante no grupo social e b) distribuição do conhecimento de determinada
informação na localidade. Foram entrevistados 41 ribeirinhos residentes da localidade, os quais
relataram que praticam a pesca artesanal diariamente, tanto para o consumo, quanto para
comercialização, sendo observado assim, que o peixe ainda é a principal fonte de proteína dessa
população, mantendo o padrão encontrado em outros trabalhos realizados na região. Estes
apresentaram um total conhecimento ecológico ajustado com as sazonalidades naturais das
águas. Com relação aos aspectos socioeconômicos e dinâmica da pesca, somente os tipos de
embarcação variaram temporalmente (2008 2014/2015). Antigamente se utilizava mais canoa a
remo e, durante o período da entrevista, foi verificada a predominância do uso de rabetas. Isso
pode ser explicado por dois fatores, os incentivos governamentais e a escolha do pescador para
diminuir os custos de manutenção e da pesca. Em relação ao CEL sobre mudanças ambientais
nos pontos de pescas, em conformidade (FL=0,59) informaram alterações nos locais onde
realizam as pescarias. Dentre as causas dessas modificações nos locais de pesca, o
“desmatamento para abertura de campofoi apontado com maior índice de consenso (FL=0,59).
Seguido das queimadas sem controle, principalmente para fazer roça ou criar animaise, também
em relação ao surgimento de outro tipo de vegetação, depois das queimadas, ou de secas fortes,
acabou o capim, mas apareceu um novo tipo de capim, e agora o peixe tem onde se esconder”.
Para os ribeirinhos a diminuição dos peixes está relacionada mais com a pesca predatória (FL=
0,64) do que com os eventos extremos. É consenso entre os pescadores a diminuição drástica do
pirarucu (FL:1) e do tambaqui (FL:0,88), principais alvos da pesca e já em estado de explotação.
De acordo com os ribeirinhos, a pesca é afetada tanto pelas secas extremas (FL:0,34) quanto
pelas cheias extremas (FL:0,35), porém nas secas extremas a principal dificuldade relatada foi o
transporte, devido à seca dos rios e o escoamento do pescado nas secas extremas “a gente anda
muito, é muito longe para ir pescar e depois voltar com os peixes, muita lama, e na cheia, com as
águas altas, a correnteza fica muito forte leva as malhadeiras, e também o peixe some, ou seja, é
mais difícil pescar. É notório que os rios assumem uma importância fundamental na vida do
homem amazônico, principalmente que diz a locomoção de pessoas, pois, geralmente é por via
fluvial que se a comercialização de bens e mercadorias, além de ser fonte de subsistência, a
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
17
partir da pesca. Dessa forma, conclui-se que os ribeirinhos desta localidade apresentam o CEL
detalhado e, e tem passado esse conhecimento ao longo das gerações, não associaram as causas
de eventos extremos na pesca, no entanto, é perceptível associação de eventos antrópicos na
pesca.
Palavras - chave: Pescador de subsistência; Etnoconhecimento; Etnoecologia; Eventos extremos;
Consenso dos informantes.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
18
IDENTIFICAÇÃO DA ICTIOFAUNA DA LAGOA DO AREIAL,
PARINTINS/AM
Almeida, J.P.C1; Costa, T.V2; Batista, L.Y.R2; Cardoso, J.B2; Santos, W.G1
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), PPG Ciência e Tecnologia para Recursos
Amazônicos PPGCTRA, Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (ICET), Itacoatiara, AM.
joaopedrocidadea@gmail.com;wendellzoot12@gmail.com
2Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto de Ciências Sociais, Educação e
Zootecnia (ICSEZ), Parintins, AM. tvianadacosta@ufam.edu.br; larissayasmimrbatista@gmail.com;
batistajan70@gmail.com
Com mais de 2.500 espécies atualmente listadas, a fauna de peixes do rio Amazonas
representa mais de 15% de todas as espécies de peixes de água doce descritas no mundo. Os
ecossistemas aquáticos da Bacia Amazônica cobrem uma área de mais de 1 milhão de
quilômetros quadrados e drenam quase 7 milhões de quilômetros quadrados de floresta tropical ou
savana. Em regiões áridas e semiáridas é bastante comum a formação de lagoas temporárias ou
permanentes. O estudo em ecossistemas temporários e permanentes permite o entendimento da
história de vida das espécies, das dinâmicas das populações e organização das comunidades que
neles habitam, além de serem sistemas propícios para estudar os conceitos ecológicos, por serem
de fácil manipulação em experimentos que permitem replicações, podem abrigar vetores
causadores de diversos tipos de doenças, além de contribuir para o conhecimento da
biodiversidade global. A grande fronteira e desafio da ictiologia Sul - Americana consiste no estudo
da sistemática, evolução e biologia geral dos peixes e outros organismos aquáticos de águas
doces. Segundo CASTRO (1999), são poucos trabalhos diretamente relacionados aos peixes de
água doce de rios, lagoas de pequeno e médio porte. Esta falta de informação nos direcionou a
questionar alguns aspectos da lagoa Areial: Qual a ictiofauna da lagoa permanente do Areial?
Quantas e quais lagoas são permanentes e aquelas de ciclos curtos? O estudo foi desenvolvido no
Areial, localizado no Município de Parintins (2º37’40”S e 56°44’09”W), no extremo leste do estado,
distante 372 quilômetros em linha reta de Manaus. Os petrechos de pesca utilizados na captura
dos organismos aquáticos foram rapiché, cacuri, covos e puçá, sendo a tecnologia e o método de
captura empregado dependentes das características ambientais. Os exemplares coletados foram
levados vivos ao laboratório para posterior registro, sendo mantidos vivos em um recipiente
plástico, com volume de água compatível com suas necessidades, sempre dotados de aeração
constantes.Os dados foram armazenados em planilhas eletrônicas e serão analisados através da
estatística descritiva.Para a identificação dos peixes, foram utilizadas chaves de identificação
(ARMBRUSTER e PAGE, 2006; QUEIROZ, 2009; OTTONI, 2018), sites especializados (ACSI All
Catfish Species Inventory; FISHBASE, KULLANDER, 2021; ITIS Integrated Taxonomic
Information System) e livros de aquariofilia, como o Atlas of Freshwater Aquarium Fishes
(AXELROD et al., 2007). Para identificação das lagoas permanentes e temporárias, foram
utilizadas imagens de satélites e registros feitos in loco. Foram identificadas 13 espécies de
peixes,distribuídos nas seguintes ordens: Characiformes (69,13%), Gymnotiformes (15,38%) e
Perciformes (15,38%). Algumas famílias apresentaram clara predominância de alguns gêneros,
como a Lebiasinidae que teve como principal representante o Pyrrhulina sp., sendo esta família a
que mais contribuiu em diversidade de espécies ao longo do ano (3 espécies), seja no período de
cheia ou seca das lagoas; seguido pelas famílias Cichlidae e Gymnotidae, com 2 espécies,
respectivamente. De acordo com TOWNSEND et al. (2010), em um ambiente mais amplo pode-se
obter uma maior quantidade de recursos, porém pode não ocorrer o aumento na sua variedade. As
planícies de inundação como da bacia Amazônica oferecem grande diversidade de abrigos para os
peixes durante o período da cheia, permitindo que muitas espécies partilhem a mesma área
Durante o trabalho foram registradas 13 espécies de peixes com características ornamentais na
lagoa permanente do Areial, entretanto pode-se considerar ainda o conhecimento do local e sua
ictiofauna como insipiente, tanto do ponto de vista taxonômico como biológico, ecológico e
culturais, sendo necessário estudos mais abrangentes na área, visando torná-la uma área de
preservação, tendo em vista a diversidade de espécies da fauna e flora que podem compor este
intrincado ecossistema, localizado em Parintins/AM.
Palavras - chave: Biodiversidade; Meio Ambiente; Peixes Ornamentais.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
19
VARIAÇÃO MORFOLÓGICA E ANÁLISE DE DISTÂNCIAS
GENÉTICAS EM POPULAÇÕES NATURAIS DE PIRARUCU
(Arapaima gigas) DA BACIA AMAZÔNICA
Valdenor Magalhães Silva1; Lúcia H. Rapp Py-Daniel1; Izeni Pires Farias2
E-mail: vvaldenorsilva@gmail.com
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Programa de Pós-graduação em Biologia de
Água Doce e Pesca Interior; 2 Universidade Federal do Amazonas Laboratório de Evolução e
Genética Animal
O pirarucu além de ser a maior espécie de peixe de escamas da região amazônica, é também
considerado um símbolo da biodiversidade local. Podendo alcançar até 3 metros de comprimento e
pesar até 200kg, o alto rendimento e o sabor de sua carne, somada a sua facilidade de captura,
quase levaram a espécie ao colapso, chegando a ser considerada uma espécie em estado
vulnerável de extinção no final do século XX. Os esforços para recuperação da espécie
iniciaram em 1999 na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mimirauá com base em uma
série de estudos que envolveram ecologia, biologia e reprodução que formaram as bases
científicas para o manejo sustentável do Pirarucu. Por quase 150 anos o gênero Arapaima foi
considerado monotípico, sendo Arapaima gigas a única espécie lida até 2013, quando foi
sugerida a revalidação de A. agassizii, A. arapaima e A. mapae, além da descrição de A.
leptosoma para a região de confluência do rio Purus/Solimões. Por outro lado, estudos usando
vários marcadores moleculares sugeriram que o Pirarucu forma uma grande população
amplamente distribuída ao longo da bacia amazônica com algum nível de estruturação
populacional baseada nas distâncias geográficas. Até o momento, os estudos sobre a espécie
tinham seguido basicamente duas vertentes, a genética de populações ou a taxonomia tradicional,
divergindo amplamente em seus resultados. Neste sentido, um estudo que use a abordagem
morfológica e molecular para caracterizar as populações naturais de Arapaima gigas e investigar a
presença de espécies crípticas faz-se necessário no atual contexto taxonômico para embasar as
políticas preservação e avaliação do status de conservação dos estoques naturais. Sendo assim, o
objetivo deste trabalho foi caracterizar morfológica e geneticamente representantes das
populações naturais de Arapaima gigas de ocorrência em lagos de várzea ao longo da bacia
Amazônica. Foram utilizadas amostras genéticas e morfológicas de Tonantins-AM, Rio Juruá, RDS
Piagaçu-Purus e Santarém-PA, além de amostras genéticas do Rio Unini, Iquitos (PE), REBio
Lago Piratuba-AP, Tucuruí-PA e Ilha da Mexiana-PA. As coletas foram realizadas prioritariamente
em áreas onde existe o manejo do Pirarucu. Após a captura, foram selecionados indivíduos com
comprimento padrão entre 110cm- 160cm, cada exemplar foi fotografado usando uma escala de
1cm com aproximação de até 1mm. De cada exemplar fotografado uma amostra de tecido foi
retirada e fixada em tubo eppendorf contendo álcool 96%. Além, disso foram coletados alguns
exemplares para preparação de esqueleto seco para análise osteológica. As medidas
morfométricas foram obtidas através das fotografias usando o programa ImageJ 3.1 e analisadas
usando o programa PAST 4.3. Para a análise molecular foi o utilizado o protocolo do DNA
Barcode. Foram utilizados 90 exemplares nas análises morfológicas, 15 para análise osteológica e
65 para análise molecular. A Análise dos Componentes Principais usando as proporções de
comprimento padrão mostrou que as populações de pirarucu apresentam diferenciação
morfométrica por sub-bacia e em partes por distâncias geográficas, além disso, foi possível
perceber que as diferenças morfológicas e merísticas ocorrem individualmente em praticamente
todas as localidades e não caracterizam unidades taxonômicas distintas. Isso foi corroborado pelos
resultados das análises moleculares utilizando o gene mitocondrial COI, que mostrou que as
distâncias genéticas par-a-par entre os indivíduos amostrados variou entre 0,1-0,7%. A AMOVA
demonstrou também que praticamente 100% da variação genética ocorrem dentro das populações
(Fst= -0,0052, P= 0,43), além disso, a maior parte da diferenciação entre as populações não foi
significativa. O Teste de Mantel mostrou que o houve correlação significativa entre as distâncias
genéticas das populações e a distância geográfica entre as localidades (r=0,06 e P>0,05). Através
da rede de haplótipos percebeu-se que dois haplótipos principais são compartilhados entre todas
as localidades e outros haplótipos menos frequentes, são exclusivos para diferentes localidades
nas porções Leste e Oeste da bacia. Com base nos resultados obtidos, sugere-se que as
populações naturais de pirarucu da bacia Amazônica formam um complexo morfológico que se
distingue, a princípio, por sub-bacias hidrográficas. Ainda que poucas diferenças tenham se
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
20
mantido, as evidências aqui apresentadas e corroboradas pelos resultados moleculares, apontam
para a existência de uma única unidade taxonômica a nível de espécie para a Amazônia brasileira.
Palavras - chave: Conservação. Diversidade. Genética. Peixes. Taxonomia.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
21
MIGRAÇÃO VERTICAL DO ZOOPLÂNCTON EM UM LAGO DE
VÁRZEA DA AMAZÔNIA
Matheus da Silva, Karoline Castro da Silva, Maria Auxiliadora Menezes Firmino, Victor Hugo
Cunha Martins
Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia
E-mail: micaelcavalli@gmail.com
Dentro de um ambiente aquático os organismos como peixes e zooplâncton costumam migrar
na coluna d’água ao longo do dia, processo denominado de migração nictemeral migração
nictemeral, comportamento de migração vertical do zooplâncton usualmente é relacionado a
disponibilidade de alimento na coluna d’água e para fugir de predação, podendo ser associada
com estímulos por luz e temperatura. Hipóteses que tentam explicar esta migração relacionam o
comportamento à vantagens metabólicas em especial para organismos filtradores que um dos
itens o qual consomem, o fitoplâncton, também migra nos estratos da coluna d’água; além de fugir
de predadores orientados pela visão. Em lagos que sofrem influência do pulso de inundação como
o lago do Catalão, a disponibilidade de nutrientes, variáveis físico,químicas e físico-químicas da
água como pH,oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, transparência, temperatura e a
profundidade variam ao longo dos períodos do ciclo hidrológico, sendo que a maioria dessas
variáveis podem estimular a migração nictemeral como luz e temperatura. Em períodos mais
secos, com a profundidade mais baixa, menos locais para servirem de abrigo e uma alteração
mais marcante na distribuição de nutrientes na coluna d’água devido a baixa profundidade, a
abundância de organismos zooplanctônicos ao longo da coluna d’água pode variar. Assumindo
que a migração nictemeral ocorra em todos os pontos do lago, próximo as margens, na região
central etc; foi hipotetizado que a migração vertical do zooplâncton é influenciada pelo local
(margem e área central), pela profundidade, horário e pelos parâmetros d’água mencionados.
Sendo assim este estudo teve objetivo de verificar a distribuição vertical do zooplâncton e se todos
os parâmetros d’água, assim como horário e profundidade em diferentes locais do lago afetam a
distribuição vertical do zooplâncton e sua abundância. As coletas ocorreram no período da
vazante (agosto), no lago do Catalão, situado na várzea do rio Solimões próximo a sua
confluência com o rio Negro a 10km de Manaus, faz parte do município de Iranduba, localização
esta que permite a entrada de solutos de ambos os rios, condicionado ao pulso de inundação,
sendo este lago descrito como uma mistura variável dessas duas fontes distintas quimicamente.
Durante o período de coleta, o lago encontrava-se na vazante, tendo sua área mais profunda 23
metros. 3 pontos de coletas foram escolhidos ao acaso, 2 pontos próximos a bancos de macrófitas
com 3 e 6 metros de profundidade respectivamente e um ponto mais próximo a região central do
lago com 17 metros de profundidade e padronizado que a coluna d’água seria amostrada até 3
metros de profundidade. Após isto foram realizadas coletas por 72 horas nestes pontos, num
intervalo de 6 horas (6,12,18 e 24 horas). Para coletar o zooplâncton foi utilizado um coletor
Schindler/Patalas, com marcações na sua corda indicando 1,2 e 3 metros sendo submergido até
atingir estas profundidades e então recolhido, a amostra concentrada no copo concentrador e
então colocadas em recipientes plásticos e fixados com formalina 4%.Simultaneamente às coletas,
eram realizadas as medições das seguintes variáveis da água: transparência, temperatura,
oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e pH utilizando uma sonda multiparâmetro. Realizadas
as coletas, as amostras foram levadas a base flutuante do INPA no catalão onde foram
identificadas com auxílio de literatura e utilizando um microscópio estereoscópico. Foram
considerados os seguintes grupos: Cladocera, Copepoda e Rotífera. Para verificar o efeito do
local, horário e profundidade sob a abundância do zooplâncton, uma Anova de 3 fatores foi
realizada e não foram encontradas diferenças significativas dessas variáveis sob a abundância
total do zooplâncton e nem entre os diferentes subgrupos (P<0,05). Posteriormente foi realizada
um PCA e apó a análise montado um gradiente ambiental e uma Anova onde: X1=pc1, X2=pc2,
Y=abundância, os resultados mostraram que dos parâmetros do gradiente ambiental temperatura,
pH e transparência foram os que mais tiveram correlação com a abundância de zooplâncton
durante as coletas. Após análise dos dados e da literatura, concluímos que não ocorreu migração
nictermeral durante as 72 horas de coleta. Temperatura, pH, transparência e oxigênio dissolvido
tiveram maior correlação com a abundância de zooplâncton encontrada.
Palavras - chave: Zooplâncton; migração vertical; Várzea
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
22
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DOS DENTES DE Calophysus
macropterus (LICHTENSTEIN, 1819) (SILURIFORMES:
PIMELODIDAE)
Cavalli, M¹; Cavalcante, P. A2 & Rocha, M. S3
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Programa de Pós-Graduação em Zoologia, Manaus,
AM. E-mail: micaelcavalli@gmail.com (autor correspondente).
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Pós-Graduação em Biologia
de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, AM. E-mail: palomaandrade.cavalcante@gmail.com
3Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Normal Superior (ENS), Manaus, AM. E-
mail: marcelo.inpa@gmial.com
A fauna de peixes de água doce e marinha da América do Sul é a mais diversa do planeta, com
estimativas atuais de riqueza de espécies acima de 9.100 espécies, havendo pelo menos 100
espécies descritas todos os anos, durante a última década. Assim, atualmente existem cerca de
5.160 espécies de peixes de água doce descritas para a América do Sul, distribuídas em 739
gêneros, 69 famílias e 20 ordens. Este número representa cerca de um terço (⅓) de todos os
peixes de água doce em todo o mundo, comprimidos em cerca de 12% (=⅛) da superfície
continental total da Terra. Diante disso, uma das ordens mais representativas é a ordem
Siluriformes compreendendo cerca de 40 famílias das quais muitas são endêmicas da América do
Sul. Apesar da sua notável diversidade, o entendimento sobre a anatomia dentária dos peixes
pertencentes a esta ordem permanece limitado. Para preencher a falta de conhecimento, foi
sugerido investigar a anatomia dentária de Calophysus macropterus, um representante da família
Pimelodidae (ordem Siluriformes). Para facilitar a compreensão, também foram analisados os
estados plesiomórficos da anatomia dentária dos peixes da família Diplomystidae, a família mais
plesiomórfica dos Silurifomres em termos de morfologia, nos permitindo fazer comparações e,
assim, obter um melhor entendimento de como a anatomia dentária está relacionada dentro da
ordem dos Siluriformes. A espécie C. macropterus é comumente conhecida como piracatinga,
mota, urubu d’água e pintadinha, é um bagre de tamanho médio (cerca de 30 cm) que apresenta
longos barbilhões e manchas pretas na região dorsal e abaixo da linha lateral; seu corpo pode
variar de cinza a marrom escuro, e algumas variantes com menos manchas também são
encontradas. Esta espécie apresenta uma dentição única dentre os Siluriformes. Assim, espera-se
desvendar como a notável diversidade de espécies de peixes de água doce na América do Sul se
reflete na evolução e na variação das estruturas dentárias dos peixes da ordem Siluriformes. O
estudo osteológico foi conduzido nas instalações da Coleção de Peixes do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA). Utilizou-se o processo de diafanização, seguindo o protocolo
estabelecido por Potthoff em 1984, para a melhor visualização das estruturas. Este método se
mostrou fundamental na preparação dos espécimes, permitindo a transparência dos tecidos moles
e destacando as características das estruturas calcificadas. Simultaneamente, realizou-se uma
análise detalhada das estruturas utilizando espécimes em esqueleto seco, material esse que foi
preparado utilizando colônias de larvas de besouro da espécie Dermestes maculatus, coleópteros
que se alimentam de matéria orgânica em decomposição, muito utilizados por vários museus e
coleções para a limpeza de material ósseo. Para a captura das imagens, utilizou-se uma lupa
Leica com uma câmera integrada, e posteriormente, as fotos foram processadas e analisadas por
meio do software Photoshop 2021. Ao analisar os espécimes diafanizados, verificou-se que a
anatomia dentária de C. macropterus não corresponde com aquela geralmente vista em
Siluriformes - dentes do tipo cardiformes de tamanhos pequenos, finos e agrupados em placas,
com aspecto de lixa. Piracatinga apresenta pré-maxila e dentário com muitos dentes caniniformes,
tricúspides, finos e dispostos em séries de tamanhos, diminuindo acentuadamente em altura
posteriormente. Dentes pré-maxilares em cerca de 1-2 fileiras regulares; dentes dentários com
cerca de 1 fileira regular e estreitando-se em tamanho conforme se aproximam da base do
processo coronóide. Palato sem dentes. Em última análise, é evidente que a característica mais
típica desta espécie são os dentes finos dispostos em uma ou duas fileiras, ao contrário de outros
bagres da família Pimelodidae. Acredita-se que o formato de seus dentes seja reflexo de seu
hábito de vida predominantemente necrófago, embora também possa se alimentar de peixes vivos,
invertebrados e material vegetal.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
23
Palavras - chave: Amazônia; Biodiversidade; Peixes; Piracatinga; Sistemática.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
24
HISTOPATOLOGIA ASSOCIADA À INFECÇÃO
PORMETACERCÁRIAS NO HEPATOPÂNCREASDE PEIXES
ORNAMENTAIS AMAZÔNICOS Symphysodon discus Heckel, 1840
E Pterophyllum scalare Shultze, 1823
Farias, R.A.C¹; Matos, L.V²; Barbosa, K.F.S³; Gomes, A.L.S4; Duncan, W.L.P5;Oliveira, M.I.B6
¹ Instituto de Pesquisas da Amazônia Programa de Pós-graduação em Biologia de Água Doce
e Pesca Interior. E-mail: ruthfarias.ufam@gmail.com, Manaus AM(correspondente)
² Instituto de Pesquisas da Amazônia Programa de Pós-graduação em Biologia de Água Doce
e Pesca Interior. lohbio@hotmail.com, Manaus-AM
³ Graduada em Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Amazonas.
karinabaarbosa@hotmail.com, Manaus-AM
4 Universidade Federal do Amazonas, Departamento de Parasitologia.
anapaimagomes@gmail.com, Manaus AM
5 Universidade Federal do Amazonas, Departamento de Morfologia. wduncan@ufam.edu.br,
Manaus-AM
6 Universidade Federal do Amazonas, Departamento de Morfologia.
maryabraga@hotmail.com,Manaus- AM
O mercado de peixes ornamentais tem crescido exponencialmente nos últimos anos. No Brasil, o
Estado do Amazonas contribui com grande parte das espécies exportadas oriundas de pesca
extrativista na Região do Alto Rio Negro, situada na Bacia Amazônica, que abriga inúmeras
espécies de peixes ornamentais de grande valor comercial. Nestes peixes, os parasitos são
abundantes e podem ser uma das principais causas de doença e morte na cadeia produtiva de
ornamentais, tornando imprescindível estudos sobre o parasitismo e suas consequências para os
hospedeiros. O objetivo deste trabalho foi descrever a histopatologia associada ao parasitismo por
metacercárias de digênea no hepatopâncreas (Hp) de dois ciclídeos ornamentais, Symphysodon
discus e Pterophyllum scalare. Para tanto, espécimes adultos de S. discus (n=7) e P. scalare
(n=6), advindos do município de Barcelos, foram cedidos pela exportadora de peixes ornamentais
Amazon Fish, localizada em Manaus AM. Após anestesia e eutanásia dos animais, conforme
CONCEA (2018), o hepatopâncreas foi removido e fixado em formol 10% tamponado para rotina
de processamento histológico. As alterações teciduais observadas foram analisadas e fotografadas
com o auxílio do sistema de captura LAZ Leica. Para análise morfométrica dos centros de
melanomacrófagos (CMM’s) e relação com os cistos parasitários foram quantificados, no software
Stepanizer, cerca de 400 pontos aleatórios para cada corte selecionado. A prevalência de infecção
no Hp por metacercárias em S. discus foi de 69%, com intensidade média de 2,4±0,29, mínimo de
1 e máximo de 5 cistos. Em P. scalare, a prevalência foi de 58%, intensidade média de 7,17±0,79,
com mínimo de 2 máximo de 12 cistos. As principais alterações teciduais relacionadas a presença
das metacercárias, para ambas as espécies, foram: a fibrose, recorrente do encistamento dos
parasitos no parênquima hepático; alterações celulares, como a presença de macrófagos com
grânulos de hemossiderina, vacuolização citoplasmática, vacuolização nuclear, hipertrofia celular e
núcleo picnótico; e alterações vasculares do tipo congestão e dilatação dos capilares sinusoidais.
Apesar da presença de cistos parasitários, nenhum dano irreversível foi observado em ambas as
espécies. A avaliação histopatológica indicou especificidade na resposta tecidual frente ao mesmo
tipo de infecção: os CMM’s, formados pela agregação de macrófagos, contendo
predominantemente pigmentos de hemossiderina e lipofucsina, foram frequentemente observados
em S. discus; enquanto os granulomas, caracterizadas por uma coleção de células inflamatórias
próximos aos cistos, foram visualizados somente em P. scalare e em baixa frequência de
ocorrência. Quanto a análise morfométrica no Hp em S. discus, observou-se correlação direta
significativa (r=0.88; p<0,05) entre a área ocupada pelos cistos e os CMM’s no parênquima
hepático, o que pode representar uma mudança estrutural importante relacionada à infecção
parasitária. Portanto, a histopatologia revelou respostas teciduais comuns e específicas dos
hospedeiros frente à infecção por metacercárias. Dentro deste contexto, a histopatologia mostra-se
uma ferramenta importante para auxiliar na busca de informações sobre a relação parasito-
hospedeiro, elucidando sobre as consequências das parasitoses e a necessidade de práticas de
manejo adequadas para evitar perdas econômicas durante a cadeia produtiva de peixes
ornamentais, desde a retirada do ambiente natural até o consumidor final.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
25
Palavras - chave: Parasitismo; histopatologia; peixes ornamentais
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
26
CONHECIMENTO DOS PESCADORES SOBRE O EFEITO DAS
MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PESCA ARTESANAL EM UMA VILA
AMAZÔNICA, RORAIMA
Castelo Branco, T. X¹; Mendel, B²; Souza, A. O1& Castilho, C. V1,3
1’Universidade Federal de Roraima (UFRR), Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais
(PRONAT), Boa Vista, RR. tainaraxcb@hotmail.com (autora correspondente);
arlene.oliveira@ufrr.br; 2Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá(IDSM), Análise
geoespacial, ambiente e território amazônico, Tefé, AM. bruna.naissinger@mamiraua.org.br;
3Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Centro de Pesquisa Agroflorestal de
Roraima, Boa Vista, RR. carolina.castilho@embrapa.br
Os efeitos das mudanças climáticas geram consequências para os recursos pesqueiros. Na
Amazônia, o efeito combinado dessas mudanças e desflorestamento têm resultado em alterações
no padrão de pluviosidade e das fases (cheia/vazante) do regime fluvial. Para agravar a situação,
2023 está sendo marcado pelo início de um novo evento El Niño, reduzindo a precipitação local,
ocasionando secas mais severas que alteram o regime fluvial da região e afetam negativamente a
ictiofauna e a pesca. O rio Branco é o principal rio de Roraima e um importante afluente do rio
Negro. Na região do médio-baixo rio Branco está localizado o município de Caracaraí, que tem sua
história, socioeconomia e cultura da população associada ao rio, principalmente através da pesca
artesanal. Os pescadores artesanais de Caracaraí possuem conhecimento sobre ambientes
aquáticos e a ictiofauna local, pois vivenciamos efeitos de eventos climáticos extremos na pesca,
sendo importante registrar o conhecimento deles sobre esses eventos.Esse estudo foi realizado na
vila Vista Alegre, situada na margem esquerda do rio Branco, a 11 km da sede de Caracaraí. A vila
possui uma população de aproximadamente 500 pessoas e cerca de 120 são pescadores
artesanais. Foram realizadas 35 entrevistas semi-estruturadas com pescadores e pescadoras, em
2020. A Plataforma Brasil (parecer 4.054.356), autorizou a pesquisa. As entrevistas foram
gravadas, após ciência e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos
entrevistados. Os dados aqui apresentados foram coletados durante a pesquisa de dissertação da
primeira autora e ainda não foram divulgados. Adicionalmente, dados preliminares estão sendo
coletados através da Observação Participante, que trata do contato da pesquisadora com os
pescadores para a pesquisa de doutorado. Dos 35 entrevistados, 26 são homens, com uma média
de tempo na pesca de 25 anos e 9 são mulheres, com média de 34 anos. A importância
econômica sociocultural da pesca é evidente, pois se trata da principal atividade dos entrevistados,
que a realizam no âmbito familiar. A pesca artesanal na vila é organizada de acordo com o regime
fluvial do rio Branco e a reprodução dos peixes: Seca em que precisam realizar viagens para locais
mais distantes em busca de pescado, principalmente Matrinxã (Characidae), Pacu (Characidae),
Aracu (Anostomidae), Surubim (Pimelodidae) e Jandiá (Pimelodidae); a Piracema, a pesca para
comercialização fica proibida para a reprodução dos peixes e a Cheia, quando abundância de
pescado nas proximidades da vila e ocorre a pesca da Mamurí (Characidae), principal etno
espécie da região.Segundo a estação fluviométrica da Agência Nacional de Águas de Caracaraí o
rio Branco atingiu a cota mínima em 1998 e a cota máxima em 2011 com 10,28 metros. Esses
eventos extremos marcaram a vida dos pescadores, que contaram impactados que na seca de
1998 o peixe ficou escasso e em alguns trechos era possível atravessar o rio a pé. em 2011,
com a cheia, houve muita fartura de peixes. 91% dos entrevistados responderam que alterações
no regime fluvial do rio Branco afeta a pesca, principalmente quando o rio fica com níveis mais
baixos, como exemplificado na fala do pescador Mauro: “é de lei: se o rio baixou, todos os peixes
diminuem”.A estação seca de 2023/24 será severa. Nos meses de agosto e setembro desse ano, a
cota do rio foi menor que nos mesmos meses no episódio da seca de 1998. Em julho desse ano
não houve a pesca da etnoespécie Mamurí. Os pescadores estão com dificuldades em capturar o
pescado, o que gera escassez de renda e de alimento. 60% dos pescadores associam a
diminuição do tamanho dos peixes à redução de chuvas e nível do rio Branco, como explica o
pescador José: “o tamanho diminuiu, com pouca água ele cresce pouco”.Já a pescadora Antonieta
destacou a diminuição de tamanho de algumas etnoespécies: mudaram alguns, os Aracus
(Anostomidae) diminuíram de tamanho, antes eram grandes. A Pescada (Sciaenidae) diminuiu
também, e o Tucunaré (Cichlidae) também. E o pescador Tiago associou o tamanho dos peixes à
quantidade de chuvas: tamanho varia, 2020 a Mamurí veio grande, porque a chuva foi boa”.Os
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
27
resultados apresentados, embora preliminares, indicam que os pescadores artesanais do rio
Branco (Caracaraí, Roraima) percebem os impactos dos eventos climáticos extremos nas suas
atividades cotidianas. Anos de seca severa são marcados pela redução da pesca e do tamanho
médio dos peixes, enquanto anos de cheias extremas são marcados pelo aumento da abundância
de peixes. Monitoramento contínuo e de longo prazo é necessário para quantificar o impacto das
mudanças climáticas na diversidade e estoque dos recursos pesqueiros e consequentemente no
modo de vida e segurança alimentar dos pescadores artesanais de Roraima.
Palavras - chave: Rio Branco; Pesca na Amazônia Ocidental; Conhecimento tradicional de
pescadores.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
28
PERCEPÇÃO AMBIENTAL E ECOLÓGICA DOS PESCADORES
ESPORTIVOS SOBRE O AMBIENTE AQUÁTICO EM BARCELOS,
AMAZONAS
Moema Pinheiro 1 *, Chiara Lubich 2 , Flávia Siqueira-Souza 3
1Graduação em Engenharia de Pesca, Departamento de Ciências Pesqueiras, Universidade
Federal do Amazonas; 2 Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal e Recursos Pesqueiros,
Universidade Federal do Amazonas; 3 Departamento de Ciências Pesqueiras, Universidade
Federal do Amazonas
E-mail: moemapinheiro14@gmail.com
A pesca esportiva envolve capturar e soltar peixes, proporcionando aos praticantes uma
conexão com a natureza e a emoção de fisgar diferentes espécies. Com o aumento da
popularidade, surgem preocupações sobre a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos. A
Associação Internacional de Pesca Esportiva (IGFA) e outras organizações promovem práticas
éticas nesse tipo de pesca. A Amazônia, rica em recursos hídricos e espécies, é um destino
popular para essa atividade. Programas como o &quot;Peixe Vivo&quot; destacam a importância
da preservação do ambiente aquático. Regulamentações mais rígidas visam o manejo sustentável
das populações de peixes e a proteção dos ecossistemas. Apesar disso, os ecossistemas
aquáticos brasileiros sofrem ameaças devido à pesca excessiva e à degradação dos habitats.
Dessa forma, é crucial que os pescadores se envolvam em iniciativas de conservação e sigam
práticas sustentáveis para proteger esses ambientes. A conscientização ambiental em todos os
níveis, especialmente entre os pescadores, é essencial para garantir que as futuras gerações
desfrutem dos ambientes aquáticos. Dessa forma, o objetivo do estudo é buscar entender a
percepção ambiental e ecológica de pescadores esportivos que atuam no médio rio Negro, no
município de Barcelos.O município de Barcelos é um dos principais destinos dos pescadores
esportivos, devido principalmente aos atuais recordes em comprimento e peso, das espécies do
gênero Cichla spp. (tucunaré) e comprimento da espécie Phractocephalus hemioliopterus
(Pirarara) capturados nessa região. Para a coleta de dados sobre os aspectos demográficos e
percepção ambiental dos Pescadores esportivos foram aplicados questionários semi-estruturados
durante três meses (outubro a dezembro) em 2022, coincidente com os meses de maior
intensidade da atividade de pesca esportiva no município. A pesquisa foi submetida e aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Amazonas
(Protocolo CAAE: 52326221.6.0000.5020). Foi feito uso principalmente de estatística descritiva,
para o cálculo de frequência numérica, medidas de tendência central (média, moda e mediana) e
dispersão dos dados (variância e desvio padrão). Foram aplicados 132 questionários aos
Pescadores esportivos em Barcelos. Sobre o perfil dos pescadores, todos os entrevistados eram
do sexo masculino (100%), possuiam idade entre 27 80 anos (54,24±13,88anos), com nível
superior completo (84,84%), estado civil casado (82,58%) e com renda superior a R$ 6.000,00
(93,93%). Quase a totalidade dos pescadores esportivos entrevistados considera a pesca
esportiva muito importante para a economia de Barcelos (96,21%), sendo as demais classificações
citadas como: alta importância (0,76%), media importância (1,52%) e baixa importância (1,52%).
Em relação a organização da atividade no município, a maioria considera uma boa organização
(39,39%), seguido de ruim (26,52%) e indiferente (16,67%). Quando questionados sobre algum
tipo de fiscalização ambiental ou ecológica existente durante a semana de pescaria, 97,73%
informaram não haver nenhum tipo de fiscalização ambiental. Todos os entrevistados informaram
realizar o pesque-solte (100%), e 93,18% informaram possuir algum tipo de licença para realização
da pesca amadora (Internacional, Federal, Estadual ou Municipal). Quando foi realizada a
pergunta: “A pesca esportiva exerce algum impacto negativo no meio ambiente?”. A maioria dos
entrevistados escalou a resposta como “nenhum(43,18%), seguido por “baixo” (39,39%), médio
(9,09%) e alto (8,33%). Em relação a mudança no tamanho do tucunaré (Cichla sp.), 28,79%
informou que houve um aumento, seguido por 17,42% que relataram não ter havido mudança. Por
fim, quando questionados sobre a degradação existente no meio ambiente (poluição), a maioria
dos pescadores (70,45%) informou haver baixa degradação, seguida por média degradação
(9,09%). De acordo com os pescadores, a degradação ambiental, por meio da poluição é mais
visível conforme se aproximam do município de Barcelos. Por tanto, evidenciamos que através da
percepção ambiental e ecológica dos pescadores esportivos que pescam em Barcelos, o ambiente
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
29
pode ser classificado como com baixa degradação ambiental, mas serve de alerta para os órgãos
competentes, visto que apesar da baixa densidade demográfica no município, e o real cenário do
crescimento do turismo de pesca esportiva em Barcelos, torna-se preocupante o crescimento do
nível de poluição, visto que as cidades do interior do Amazonas o possuem sistema de coleta e
tratamento de esgoto, dessa forma, os dejetos são lançados in natura no leito, gerando sua
poluição e contaminação.
Palavras - chave: Conscientização Ambiental; Pesca esportiva; Recursos naturais; Rio Negro;
Recursos Pesqueiros
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
30
HISTOPATOLOGIA DO INTESTINO E AVALIAÇÃO DE
INDICADORES DE SAÚDE EM Bryconops giacopinii DE
IGARAPÉS ÍNTEGROS E IMPACTADOS DE MANAUS, AM
1Sara Pereira Silva dos Santos, 2dia Aguiar da Silva-Borges, 3Fabíola Xochilt Valdez
Domingos-Moreira
E-mail: lidiasilva.ag@gmail.com
1Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas PAIC / INPA; 2Programa de Pós-
Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior PPGBADPI / INPA; 3Coordenação de
Dinâmica Ambiental CODAM / INPA
Na Amazônia os riachos de pequeno porte, conhecidos regionalmente como igarapés, têm sido
alvo de intensas pressões antrópicas. Na cidade de Manaus, no bairro Tarumã, os igarapés estão
sob impacto adicional gerado pela presença de um aterro sanitário além da influência do esgoto
doméstico. O chorume pode infiltrar no solo e alcançar esses corpos d’água causando
consequências diretas aos organismos aquáticos, podendo induzira ocorrência de efeitos
subletais. Índices somáticos representam uma forma de avaliar o estado de saúde dos peixes. O
fator de condição (K) e o índice hepatossomático (IHS) refletem os efeitos de fatores bióticos e
abióticos nas condições fisiológicas desses animais. A dieta de um organismo é uma importante
via de assimilação de nutrientes, bem como de substâncias químicas potencialmente tóxicas que
são absorvidas pelas lulas epiteliais do intestino, os enterócitos. Durante o processo de
absorção, o intestino fica suscetível à ocorrência de lesões teciduais que podem ser induzidas por
poluentes. Bryconops giacopinii (Iguanodectidae) é um peixe que apresenta ampla distribuição nos
igarapés de terra firme da Amazônia, ocorrendo tanto em ambientes íntegros como em ambientes
impactados como os igarapés do bairro Tarumã. O presente estudo teve como objetivo determinar
o K, o IHS e o índice de lesão do intestino (ILO) de exemplares de B. giacopinii coletados em um
igarapé íntegro da Reserva Florestal Adolpho Ducke (RFAD) e em um igarapé sob impacto
antrópico do bairro do Tarumã (ITAR). Em cada local foram obtidos os parâmetros limnológicos:
pH, temperatura, oxigênio dissolvido e condutividade elétrica. Os peixes coletados na RFAD (n=40)
e no ITAR (n=36) foram submetidos à biometria e eutanasiados para amostragem de tecidos. O
fígado foi pesado para o cálculo do IHS de acordo com a fórmula IHS=Wf/Wt*100 (Wf: peso do
fígado (g), Wt: peso total do peixe (g)). O K foi calculado de acordo com a fórmula:K=Wt/Ltb (Wt:
peso total do peixe (g), Lt: comprimento padrão (cm), b: coeficiente alométrico obtido através da
relação peso-comprimento).O intestino dos peixes foi submetido ao protocolo convencional para
microscopia de luz, com inclusão em Paraplast Pluse coloração com Hematoxilina e Eosina para
análise em microscópio óptico.O ILO foi calculado de acordo com a fórmula: ILO = FIP x S (FIP:
fator de importância patológica, S: extensão da lesão no órgão). O teste de Mann-Whitney U foi
utilizado para comparar os resultados do K, IHS e ILO do intestino entre as duas localidades e o
nível de significância adotado foi de p<0,05.Os valores de oxigênio dissolvido (p=0,15) e pH
(p=0,17) foram similares nos igarapés da RFAD e ITAR. a condutividade (p<0,01) e a
temperatura (p<0,01) foram significativamente maiores no ITAR.A área desmatada e a presença
de moradias no entorno do ITAR podem ter contribuído para o aumento destes parâmetros neste
ponto de coleta.O K foi significativamente maior nos exemplares de B. giacopinii da RFAD (p <
0,01). Indivíduos expostos a contaminantes podem apresentar valores mais baixos do K devido à
realocação de energia para os mecanismos de detoxificação, o que leva à depleção das reservas
que seriam destinadas ao crescimento. o IHS foi maior nos peixes do ITAR (p=0,01), o que
pode estar associado ao aumento da atividade hepática, que induziu a ocorrência de hiperplasia e
hipertrofia dos hepatócitos, elevando o peso do órgão. Em B. giacopinii, o intestino é formado por
quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e serosa. A camada mucosa é caracterizada pela
presença de vilosidades que se projetam em direção ao lúmen do órgão. O epitélio que reveste o
intestino é do tipo colunar pseudo estratificado e é composto principalmente pelos enterócitose por
células caliciformes. Alterações histopatológicas foram observadas nos peixes de ambos os
igarapés. As alterações foram classificadas como progressivas: hipertrofia e hiperplasia das
células caliciformes; e regressivas: descamação de vilos, fibrose, necrose e vacuolização.O ILO foi
similar entre os peixes da RFAD e ITAR. Dos 40 exemplares coletados na RFAD, 50%
apresentaram estrutura normal do intestino, 35% alterações leves, 10% moderadas, 5%
pronunciadas e nenhum indivíduo apresentou alterações severas no órgão. Em contrapartida, dos
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
31
36 exemplares coletados no ITAR, apenas 27,7% apresentaram estrutura normal do órgão, 47,2%
alterações leves, 16,6% moderadas, 5,5% pronunciadas e 2,7% apresentaram alterações severas.
O presente estudo mostrou que os exemplares de B. giacopinii estão sendo afetados pelo esgoto
doméstico e pelo chorume que infiltra a partir do aterro sanitário, pois os peixes apresentaram
redução do K, aumento do IHS e a ocorrência de alterações histopatológicas no intestino. Esses
resultados apontam para a necessidade da tomada de medidas que visem reverter a atual situação
dos igarapés do bairro Tarumã, bem como conter o impacto relacionado à presença do aterro
sanitário na região.
Palavras - chave: poluição aquática, aterro sanitário, peixes de igarapés, igarapés urbanos,
riachos urbanos.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
32
DESCOBERTA DE UMA ESPÉCIE NOVA DE MARILIA MÜLLER,
1880(TRICHOPTERA: ODONTOCERIDAE) PARA O BIOMA
CERRADO DO CENTRO-OESTE DO BRAZIL
Erica Silva Pereira1, Gleison Robson Desidério2 , Ana Maria Pes1; Neusa Hamada1
gleysonbio@gmail.com
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Pós-Graduação em
Entomologia (PPG Ent), Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos (LACIA), Manaus, AM,
Brasil
2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Programa de Apoio à Fixação de Jovens
Doutores no Brasil (PROFIX-JD), Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos (LACIA),
Manaus, AM, Brasil
Odontoceridae é composta por 15 gêneros, mas somente três deles, Anastomoneura Huamantinco
& Nessimian, 2004, Barypenthus Burmeister, 1839 e Marilia Müller, 1880,ocorrem na região
Neotropical. Os dois primeiros são monotípicos e com distribuição restrita ao bioma Mata Atlântica
da região Sudeste do Brazil. Marilia é o nero mais rico em espécies da família, com cerca de 80
espécies válidas distribuídas em quase todo o mundo, 49 dessas são reportadas para região
Neotropical. Até o momento, foram registradas 28 espécies de Marilia para o Brasil, distribuídas
principalmente para a Mata Atlântica do Sudeste do país. Recentemente nós pesquisamos insetos
aquáticos no bioma Cerrado do Distrito Federal, região Centro-Oeste do Brasil, e descobrimos uma
espécie nova de Mariliapara a ciência, dentre outros grupos de Trichoptera. Esse trabalho tem
como objetivos descrever e ilustrar essa espécie nova com base em adultos (machos e fêmeas) e
estágios imaturos (pupa e larva). Os espécimes foram coletados em igarapés em áreas dentro e
fora de unidades de conservação estaduais e federais do Distrito Federal. Os adultos foram
capturados com armadilhas de interceptação de voo (Malaise) e de luz (Pennsylvania). As larvas
foram coletadas manualmente, algumas delas foram transportadas ao laboratório para criação em
caixas de isopor. Essas larvas foram alimentadas a cada dois dias com larvas de dípteros até
empupar. Os adultos emergidos de larvas criadas foram alfinetados e mantidos à seco. Adultos
coletados com armadilhas e algumas larvas foram acondicionados em álcool 80%. Todo material
será depositado na Coleção de Invertebrados do INPA. O adulto macho da espécie nova de Marilia
é mais similar a M. major Müller, 1880 e M. mukurin Bonfá-Neto, Vilarino & Salles, 2023 pelo
formato geralda genitália, principalmente o tergo X em vista lateral e o apêndice inferior em vista
ventral, mas ela pode ser reconhecida com base no formato espatulado do apêndice pré-anal em
vista dorsal e pela posição e formato dos apóde, mas do segmento IX em vista lateral. A larva da
espécie nova lembra um pouco aquela de M. mulleri Camargos, Pes & Hamada, 2020 pelo padrão
de coloração e manchas da cabeça, mas a espécie nova é caracterizada por sua coloração geral
amarela clara (marrom escura em M. mulleri) ecom pequenas manchas escuras distribuídas por
toda cabeça (em M. mulleri elas tem forma de V próximas a sutura fronto clipeal). A descoberta e
descrição dessa espécie aumentam de cinco para seis e de três para quatro o número de espécies
conhecidas para o Cerrado e Centro-Oeste do Brasil. A larva associada e descrita aqui é a décima
do gênero no Brasil. Além disso, esse estudo representa o primeiro registro de uma espécie de
Odontoceridae para o Distrito Federal.
Palavras - chave: Insetos aquáticos; Odontoceridae; Larva; Pupa; Taxonomia.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
33
FECUNDIDADE DO CAMARÃO Palaemon ivonicus (HOLTHUIS,
1950) (CRUSTACEA: DECAPODA: PALAEMONIDAE) NA
AMAZÔNIA CENTRAL.
David Oliveira da Silvaa; Leandro Siqueira Fernandes b,c*; Lucas de Oliveira Simãoc; Isreele
Jussara Gomes de Azevedob,c; Fernando Henrique Teófilo de Abreua; Gustavo YomarHattorib,c
E-mail: siqueirafernandes22@gmail.com
aInstituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM-TEFÉ); b
Universidade Federal do Amazonas - Programa de Pós-Graduação Ciências Animal e Recursos
Pesqueiros (PPGCARP), Manaus, AM, Brasil; cUniversidade Federal do Amazonas (UFAM),
Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (ICET), Itacoatiara, AM, Brasil.
Os camarões de água doce apresentam diferentes estratégias que visam garantir o seu sucesso
reprodutivo. Exemplo disso é a fecundidade, que é expressa sobre o número de ovos aderidos aos
pléopodes de uma fêmea. A fecundidade pode ser influenciada por fatores ambientais e genéticos.
No caso dos camarões Palaemoinideos, as fêmeas apresentam grande variação no número de
ovos, sendo possível encontrar algumas espécies com poucos ovos, mas relativamente grandes.
Entre as espécies com tais características, podemos destacar o Palaemon ivonicus, que embora,
ainda não apresentem importância econômica, são primordiais para o funcionamento dos
ecossistemas onde vivem, comumente encontrados em águas com ph ácido, podendo atingir até
26 mm de comprimento total e pesar até 1,25 g, em algumas populações. As fêmeas são maiores
que machos. Essa espécie apresenta ampla distribuição no Brasil, apesar disso, são escassas
informações sobre a fecundidade dessa espécie, principalmente na região Amazônica.
Compreender a fecundidade de P. ivonicus é fundamental para determinar seu potencial
reprodutivo. Diante disso, objetivo deste estudo foi determinar a fecundidade de P. ivonicus
coletados no município de Tefé-Am. As amostras foram coletadas entre janeiro a fevereiro/2023,
no lago Comprido do Teena (3º14’36”S, 64º40’18”W) região do Capivara, situado em Tefé-Am. AS
coletas foram realizadas no período diurno, por 90 minutos, dois coletores em canoas usaram
peneiras (50cm de diâmetro e malha aproximadamente 2mm) próximos as bordas do lago e sobre
a vegetação local. Os exemplares foram transferidos para baldes contendo água e vegetação
local, posteriormente armazenados em recipientes contendo álcool 70% e transportados até o
laboratório da UFAM-Itacoatiara. Todos os animais foram identificados e sexados de acordo com a
literatura. Com um auxílio de paquímetro digital (0,01mm), as estruturas do comprimento: carapaça
(CC), abdômen (CA), total (CT), e a largura da segunda pleura (PL) foram mensurados. O peso
úmido (PE) foi mensurado usando uma balança digital (0,001g). As fêmeas tiveram os ovos
cuidadosamente retirados dos pleópodes e o número total de ovos (NO) registrados. Os estágios
dos ovos foram registrados através de um estereomicroscópio acoplado a um sistema de imagens
com registro fotográfico e classificados de acordo com os estágios de desenvolvimento
embrionário: inicial, intermediário e final. 10 ovos de cada fêmea foram retirados aleatoriamente
para determinar o volume dos ovos. O volume do ovo foi calculado usando a fórmula v=πlh2/6,
onde l e h são os eixos longo e curto do ovo elipsoidal. Os camarões foram agrupados em classes
de tamanho. A relação entre fecundidade e comprimento das fêmeas foi determinada por
regressão linear, considerando o número de ovos (NO) como variável dependente e o
comprimento da carapaça (CC), comprimento do abdômen (CA), comprimento total (CT), largura
da segunda pleura (PL) e o peso úmido (PE) como variável independente. Um total de 86 fêmeas
foram analisadas, sendo 67 não ovígeras e 19 ovígeras. O comprimento total dessa população
variou de 14,94 a 26,38mm, com média de 19,55±2,23mm. As fêmeas não ovígeras apresentaram
o comprimento total de 14,94 a 22,41 commédia de 18,91±1,98mm. O comprimento total das
fêmeas ovígeras foi de 19,94 a 26,38mm com média de 21,81±1,48mm. No geral, a classe de
tamanho com mais indivíduos foi 17|18 (N=17; 19,77%). A classe de tamanho com mais fêmeas
ovígeras foi 20|21 (N=6; 6,98%), sendo que a primeira fêmea ovígera foi encontrada na classe
de tamanho 19|20, isso significa, que fêmeas atingem a maturidade sexual morfológica com
~19,94mm de CT. O número de ovos variou de 22 (fêmea de 6,33mm) a 52 (fêmea de 7,29mm),
com o valor médio de 35,14±7,04mm. Todos os ovos apresentaram apenas o primeiro estágio de
desenvolvimento, ou seja, ausência de pigmentação ocular. Foram medidos 190 ovos, com
tamanhomédio de 1,80±0,51mm x 1,38±0,23mm (eixo maior x eixo menor). O volume médio dos
ovos foi de 0,98±0,49mm3, variando de 0,42 a 1,72mm3. A análise de regressão linear mostrou que
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
34
o comprimento da carapaça (CC) é a variável corporal que melhor se ajustou com a fecundidade
(NO) (R2=0,3594; F=9,5384; p=0,0067), ou seja, tendo um aumento proporcional no número de
ovos de acordo com o tamanho da fêmea. As demais variáveis não mostraram esse mesmo
padrão. Assim, é possível concluirmos que CC x NO são bons indicadores para estimar a
fecundidade da espécie. P. ivonicus apresenta baixa fecundidade, como reportados para outras
espécies do gênero que vivem em água doce. Uma vez que é evidente a redução no número de
ovos, isso também reforça o alto investimento energético na qualidade em vez da quantidade de
ovos. Os dados obtidos nesse trabalho podem servir de subsídios para estudos posteriores, além
de acrescentar o conhecimento da história de P. ivonicus em ambientes Amazônicos.
Palavras - chave: Caridea; Palaemon; reprodução; camarões de água doce; Bacia do Rio
Amazonas
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
35
EFEITOS DOS MICROPLÁSTICOS NO SISTEMA DIGESTORIO DO
CAMARÃO DE ÁGUA DOCE Macrobrachium amazonicum
Ramos, A.R1; Melo, L.I.S1,2; Kuradomi, R.Y1,2,3 & Hattori, G.Y1,3
1Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia em
Itacoatiara (ICET), Itacoatiara, AM. alexandre.r20@hotmail.com
2Programa de Pós-graduação em Ciências e Tecnologia para Recursos Amazônicos (PPGCTRA-
UFAM)
3Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Recurso Pesqueiro (PPGCARP-UFAM)
Os resíduos plásticos são poluentes encontrados nos ambientes aquáticos, a sua fragmentação
pelas intempéries ambientais resulta em partículas de tamanho reduzido (<5 mm), conhecidos
como microplásticos (MPs) que contaminam a biota aquática. O presente estudo visou analisar os
efeitos da presença de MPs, no intestino médio do camarão Macrobrachium amazonicum. Os
espécimes de M. amazonicum foram capturados no Rio Amazonas próximo a Itacoatiara (AM).
Cada camarão foi medido quanto o comprimento do cefalotórax e abdômen, para formar dois
grupos (controle e o exposto aos MPs). Cada grupo foi formado por 10 animais e foram cultivados
juntos durante 30 dias. Fibras de MPs (oriundas de restos de rede de malhadeira) foram
incorporados a ração (0,5%), na qual foram oferecidas diariamente aos animais de forma
individual. No grupo controle seguiu o mesmo protocolo apenas sem a adição dos MPs. Após o
período de 30 dias, os camarões foram sacrificados e amostras do intestino foram fixadas em
soluções de paraformaldeído a 4% e incluídas utilizando o método de impregnação em parafina.
Após microtomia em micrótomo rotativo manual, os cortes foram corados por hematoxilina-eosina.
O laminário foi fotografado com microscópio trinocular com câmera acoplada.Os camarões
expostos ao MPs apresentaram um comprimento total inicial de 5,56±1,0 cm e para o grupo
controle foi de 6,04±0,77 cm com ausência de diferença (P>0,05). Não foi registrado mortalidade
entre os tratamentos. A morfologia do intestino médio de M. amazonicum apresenta epitélio
simples e cilíndrico composto por células absortivas colunares com núcleo centro-basal e uma
região de bordas em escovas bem evidentes. As vilosidades do epitélio intestinal foram
observadas com frequência e foram medidas para cada grupo, não constando diferença
significativa (P>0,05). A conservação da estrutura do epitélio intestinal foi mantida em ambos os
grupos, indicando que a exposição de MPs por 30 dias não causou efeitos nos camarões, pois
também não registrou-se mortalidade. Estudos sobre um maior tempo de exposição ao MPs
devem ser realizados para verificar os possíveis efeitos desse poluente em longo prazo nos
tecidos intestinais e se pode ter influência na ontogenia dessa espécie. Considerando que o
camarão Macrobrachium amazonicum é pescado artesanalmente e amplamente consumido pelas
comunidades amazônicas, qualquer informação sobre os MPs presente nestes crustáceos tem
importância econômica e ecológica para região.
Palavras - chave: Crustacea; Decapoda; Palaemonidae; Histologia.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
36
INFLUÊNCIA DE FATORES LIMNOLÓGICOS E ESPACIAIS EM
COMUNIDADES DE MACROINVERTEBRADOS ASSOCIADOS À
HERBÁCEAS AQUÁTICAS DO LAGO CATALÃO/AM
Daniel Vitor Santos-Soares¹, Ândrocles Oliveira Borges¹, Giulia Faraco de Andrade Rodrigues¹,
Luan Campos Imbiriba¹, Jansen Alfredo Sampaio Zuanon¹
danvssoares@gmail.com
¹Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
O lago Catalão é uma região de confluência entre dois grandes rios da bacia Amazônica, Rio
Negro e Rio Solimões. É uma região sob forte influência sazonal e do pulso de inundação,
considerada uma área alagável com alto dinamismo nas comunidades bióticas. Os bancos de
herbáceas, que são abundantes na região, sofrem constante modificação devido a esse
dinamismo, tendo sua composição, abundância e riqueza alteradas ao longo do ano. Esses
bancos são imprescindíveis para a biota aquática, pois servem de alimento e abrigo. Dentre os
organismos mais abundantes e associados a esses bancos estão os macroinvertebrados, que são
importantes decompositores de detritos, amplamente utilizados como bioindicadores de qualidade
da água e refletem rapidamente às modificações ambientais na estrutura das suas populações e
comunidades. Além disso, características limnológicas, biomassa e espécies de herbáceas e
duração sazonal da vegetação estão atrelados a abundância de táxons de macroinvertebrados. A
pergunta que direcionou o estudo foi como fatores limnológicos, espaciais e diferentes espécies de
herbáceas aquáticas influenciam na riqueza, abundância e diversidade de macroinvertebrados
aquáticos do lago Catalão. As hipóteses científicas levantadas foram abundância, riqueza e
diversidade de macroinvertebrados são dissimilares em diferentes espécies de herbáceas
aquáticas; maior abundância, riqueza, diversidade de macroinvertebrados nas herbáceas
aquáticas próximas à margem do lago; quanto maior a profundidade da água no ponto do banco
de herbáceas, menor a diversidade, riqueza e abundância de macroinvertebrados; variáveis
limnológicas influenciam na estrutura das comunidades de macroinvertebrados associados às
herbáceas aquáticas. As coletas foram realizadas em 14 pontos amostrais com base nas espécies
que compõem o banco de herbáceas (Eichornia crassipes; n=4, Neptunia plena; n=5 e Paspalum
repens; n=5) no lago Catalão. Após a identificação das herbáceas foram registradas fotos dos
bancos, marcação dos pontos via GPS, profundidade (m) do ponto onde estavam os bancos de
herbáceas e distância da margem (m), junto a aferição dos parâmetros limnológicos (pH,
condutividade elétrica, temperatura e oxigênio dissolvido). Os macroinvertebrados foram coletados
com auxílio de puçá diretamente das raízes das herbáceas. Foi realizada análise multidimensional
não métrica (nMDS) e análise de similaridade para avaliar se houve similaridade na abundância
total de táxons entre as 3 espécies de herbáceas. Para verificar se houve influência das variáveis
espaciais e limnológicas sobre os táxons foram performadas regressões lineares simples. Para
averiguar se houve influência das variáveis limnológicas, espaciais e espécies de herbáceas sobre
a diversidade e riqueza de táxons foi realizado um GLM, família Gaussian, link=”log”. Foram
encontrados 2135 macroinvertebrados distribuídos em 11 táxons. Hemiptera (468), Ephemeroptera
(410), Diptera (372) e Coleoptera (341) foram os táxons mais abundantes, além disso, houve a
presença dos táxons Mollusca, Odonata, Acari, Crustacea, Megalopetra, Hirudinea e Trichoptera.
Houve similaridade entre as três espécies de herbáceas com os parâmetros analisados, as
variações de pH foram de 6,83 a 7,09, oxigênio dissolvido de 3,98 a 5,10 (mg/L), condutividade
elétrica de 74,8 a 78,2 (µS/cm) e Temperatura de 31,76 a 32,62 ºC. Houve similaridade na
abundância de macroinvertebrados entre as 3 espécies de herbáceas (ANOSIM, R=0,10,
p=0,193). Não houve relação significativa entre as variáveis espaciais, limnológicas e diferentes
espécies de herbáceas sobre a diversidade e riqueza de macroinvertebrados (GLM, p>0,1). Os
resultados indicam homogeneidade nas estruturas das comunidades de macroinvertebrados
associados às diferentes espécies de herbáceas no período de início da vazante (agosto). Dessa
forma, nenhuma das nossas hipóteses foi corroborada, pois esse padrão temporal de ausência de
diferenças na fauna desses organismos pode ser explicado pela fase do período hidrológico (com
água corrente em quase todo o Catalão, uniformizando as condições limnológicas e a mobilidade
das macrófitas (pela correnteza e vento).
Palavras - chave: Invertebrados; Diversidade; Riqueza; Macrófitas aquática; Amazônia.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
37
PESTICIDAS E METAIS NÃO ESSENCIAIS EM ORGANISMOS
AQUÁTICOS DA AMAZÔNIA: UMA ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA
Ândrocles Oliveira Borges1; Daniel Vitor Santos Soares1; Giulia Faraco de Andrade Rodrigues1;
Luan Campos Imbiriba1; Matheus Da Silva1; Francisco Daniel Migueis da Silva1; Maiby Glorize da
Silva Bandeira1
E-mail: androclesborges@gmail.com
1Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia, Amazonas, Brasil
A bacia Amazônica é a maior e mais diversificada bacia de água doce do mundo, compreendendo
15-17% da água total dos rios da Terra. A grande riqueza de organismos aquáticos da bacia está
intimamente relacionada à grande variação de tipos de ambientes aquáticos, tipos de água e
estabilidade climática da região. No entanto, estudos têm demonstrado que essa biodiversidade é
fortemente ameaçada pela pressão antrópica. Atividades antrópicas como a mineração e
construção de hidrelétricas favorecem o enriquecimento de metais não essenciais no solo e água,
tornando-os biodisponíveis e com alto potencial de contaminação dos organismos aquáticos. Outro
fator preocupante para os ecossistemas aquáticos é a agricultura que propicia a contaminação do
meio aquático por pesticidas. A contaminação dos organismos aquáticos por pesticidas e metais
não essenciais causa uma série de alterações e danos em diversos organismos como relatadas
alterações de hábitos alimentares e reprodutivos em invertebrados aquáticos, danos severos em
tecidos vitais como fígado e brânquias de peixes, indução de estresse oxidativo, genotoxicidade e
formação de células cancerígenas em peixes, quelônios e répteis aquáticos. Dessa forma, foram
avaliados a tendência temporal das publicações (número de publicações e citações por ano); quais
abordagens são mais utilizadas; quais palavras-chaves mais utilizadas; quais os países que
estudam esse tema na Amazônia; quais as instituições que mais publicaram acerca do tema; quais
os grupos de organismos aquáticos o mais estudados; em quais tipos de ambientes esses
trabalhos foram produzidos. As informações analisadas no presente estudo foram compiladas de
publicações inseridas na base de dados Web of Science (WoS, Clarivate Analytics). A pesquisa foi
relacionada à contaminação por metais não essenciais e pesticidas em organismos aquáticos da
Amazônia, sendo selecionada em uma janela temporal que cobriu o período de 1991 a 2022. A
busca desses artigos foi feita com base nas informações disponíveis no título, nas palavras-chave
e nos resumos, compreendendo os ambientes, os grupos de organismos, os componentes de
pesticidas e metais não essenciais e o local de estudo, com utilização do protocolo PRISMA para
filtragem dos estudos. Osseguintestermosforamutilizados para busca: TS=(Freshwater OR river
OR lake OR stream OR wetland*) and TS=(plankton OR invertebra* OR microcrustaceans OR fish
OR Chelonia OR Turtle OR Crocodylia OR Anura OR Mammalia OR Macrophyte OR plant OR
microorganism OR Fungus OR Amphibian) and TS=(Cadmium OR Mercury OR Arsenic OR Lead
OR pesticide* OR herbicide* OR insecticide* OR fungicide* OR molluscicide* OR glyphosate OR
atrazine OR fipronil OR dichlorophenacetic OR deltametrin OR malathion OR Paraquat OR
triclorfon or parathion) and ALL=Amazon*. Foi verificado aumento no número de publicações ao
longo dos anos, com correlação moderada positiva e significativa com o número de citações, com
os anos de 2020 e 2022 com maior número de publicações acerca do tema. As categorias mais
relevantes foram a Enviromental Science & Ecology, Toxicology, Public Environmental
&Occupational Health, Ecology e Biochemistry& Molecular Biology, demonstrando forte indício de
que os pesquisadores estão mais interessados em avaliar os efeitos de toxicidade desses
contaminantes na biota aquática. As palavras-chave mais frequentes foram “mercury”, “fish” e
“amazon”. Dentre todos os países que estudam o tema na Amazônia, o Brasil foi o que mais
contribuiu com estudos, tendo maior colaboração dos Estados Unidos, França e Canadá. As
instituições mais relevantes foram as pertencentes ao Brasil (e.g. UFPA, UFRJ, UNESP). Para os
grupos de organismos, os peixes foram os mais utilizados (72% dos estudos) como bioindicadores.
Os ambientes de estudo com maior frequência foram os rios (60% dos estudos), e menor
frequência lagos, experimentos laboratoriais e reservatórios de usinas hidrelétricas. Com esta
análise cienciométrica foi possível verificar que esse tema é de grande interesse da comunidade
científica, e que os pesquisadores brasileiros são os que mais se preocupam com o tema avaliado
e que maior preocupação com os efeitos deletérios do mercúrio em relação aos efeitos dos
pesticidas em organismos aquáticos. Os resultados identificaram algumas lacunas nessa temática,
como a alta ocorrência de estudos com peixes e baixa ocorrência com outros organismos. Grande
parte dos estudos foram realizados em rios. Portanto, espera-se que trabalhos futuros possam
explorar outros organismos e ambientes para obter informações mais detalhadas da situação da
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
38
biota aquática amazônica.
Palavras - chave: Biota aquática; Análise bibliométrica; Ecotoxicologia; Herbicidas; Mercúrio.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
39
BIOACUMULAÇÃO DE MERCÚRIO, BIOMARCADORES DE
ESTRESSE OXIDATIVO E GENOTOXICIDADE EM PEIXES DA
BACIA DO RIO BRANCO
Lídia Aguiar da Silva-Borges1, Ândrocles Oliveira Borges1,Bruno de Campos Souza2, Sylvio
Romério Briglia Ferreira2, Fabíola Domingos-Moreira1,3
androclesborges@gmail.com
1Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia, Amazonas, Brasil
2Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Brasil
3Coordenação de Dinâmica Ambiental, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,
Amazonas, Brasil
O mercúrio é um metal altamente tóxico capaz de desencadear efeitos fisiológicos severos na
saúde humana, como a indução de danos ao sistema nervoso, urinário e digestório. E ões
antrópicas têm intensificado a liberação deste elemento no meio aquático, sendo a atividade de
mineração a principal responsável pela poluição dos recursos hídricos por mercúrio, uma realidade
presente na bacia do rio Branco. O mercúrio é utilizado no processo de extração do ouro por
apresentar a habilidade de se agregar a este minério, permitindo sua separação dos sedimentos
obtidos do fundo dos rios. A principal rota de contaminação por mercúrio em humanos é a ingestão
de alimentos contaminados, dos quais se destacam os peixes. A absorção do mercúrio em peixes
está associada a uma cascata de efeitos fisiológicos que incluem a indução do estresse oxidativo,
aumento da expressão de proteínas responsivas a metais e consequente dano ao DNA. O
estresse oxidativo é um quadro caracterizado pelo desbalanço entre a produção de radicais livres,
ou espécies reativas de oxigênio (ROS), e os componentes do sistema de defesa antioxidante.
Peixes expostos a ambientes com intensa atividade de garimpo e consequente liberação do
mercúrio, podem apresentar alterações em componentes celulares que são reflexo da ocorrência
do estresse oxidativo. As proteínas que são essenciais para estruturação de células, sinalização
celular e participação no metabolismo, podem sofrer danos oxidativos pelas ROS em aminoácidos
como lisina, histidina, arginina, prolina e treonina, resultando na formação de carbonilas (grupo
químico não natural de proteínas) nessas biomoléculas, o que implica perda parcial ou total de
função dessas. Outro biomarcador que se destaca no controle homeostático de metais é a
metalotioneína (MT), que desempenha papel central na retenção do mercúrio e indiretamente
mitiga a indução do estresse oxidativo. De forma interligada, o DNA pode sofrer danos oxidativos
das ROS, o que compromete a expressão e conservação da informação genética. Essas
alterações no DNA (genotoxicidade) podem ser visualizadas através da morfologia dos núcleos de
eritrócitos. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivos averiguar as concentrações de
mercúrio, bem como verificar os níveis de carbonilação de proteínas e concentrações de
metalotioneínas no músculo e avaliar a genotoxicidade no sangue de espécies de peixes
comumente consumidas na Bacia do Rio Branco. Peixes (n=193) foram amostrados em cinco
localidades da bacia do Rio Branco (Rio Ajarani (n=48), Lago Apuí-Furode Maracá (n=46), Lago
Pau Roxo-Furo de Maracá (n=20), Furo Santa Rosa (n=21) e Igarapé Tiporém/Matrinxã (n=11)). As
concentrações de mercúrio total (THg) no músculo dos peixes foram determinadas através de
espectrofotometria com sistema de injeção em fluxo. Proteínas carboniladas (PCA) e
metalotioneínas no músculo foram quantificadas por espectrofotometria a 595nm e 412nm,
respectivamente. Esfregaços sanguíneos foram confeccionados em minas de microscopia, e
coradas em Giemsa para avaliação de genotoxicidade por meio da contagem de 2000 eritrócitos
por espécime de peixe com identificação e quantificação de micronúcleos e anormalidades
nucleares eritrocíticas (ANEs). A concentração média de THg nos peixes analisados (n=193) foi
0,12±0,16 mg.kg-1, e sete indivíduos de espécies carnívoras, 3 exemplares de Serralsamus
rhombeus, 2 exemplares de Pseudoplatystoma fasciatum, 1 exemplar de Serralsamus
eigenmannie 1 exemplar Hydrolicus tatauaia, apresentaram concentrações que ultrapassaram o
limite para consumo humano (0,5 mg.kg-1). Peixes carnívoros do Rio Ajarani apresentaram maiores
concentrações de THg do que os peixes carnívoros do Furo Apuí. Peixes do Rio Ajarani
apresentaram maiores concentrações de MT e proteínas carboniladas em relação às demais
localidades (p<0,001), o que indica que o Rio Ajarani, por estar a jusante, receberia grande aporte
de mercúrio (resultado corroborado pelas concentrações de THg nos peixes dessa localidade) e
possivelmente outros contaminantes provenientes da região a montante. Houve similaridade entre
as frequências de micronúcleos entre os peixes amostrados nas diferentes localidades. No
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
40
entanto, peixes carnívoros apresentaram maiores frequências de ANEs no rio Ajarani e Furo Apuí
em relação aos do Lago Pau Roxo (p<0,05), o que pode estar relacionado ao fato de que o Lago
Pau Roxo estava mais próximo de uma área de garimpo. As concentrações de biomarcadores
encontradas no período de amostragem foram maiores nos peixes carnívoros, fato que corrobora o
processo de biomagnificação e levanta a preocupação com o consumo de peixes desse hábito
alimentar na região.
Palavras - chave: Poluição aquática, Carbonilação de proteínas, Metalotioneínas, Micronúcleo,
Roraima
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
41
MICROPLÁSTICOS EM PEIXES SILURIFORMES
PTERYGOPLICHTHYS PARDALIS (CASTELNAU 1855) E O
Hoplosternum littorale (HANCOCK, 1828) COMERCIALIZADOS EM
ITACOATIARA, AMAZONAS, BRASIL
Isreele Jussara Gomes de Azevedoa*,Gabriel dos Anjos Guimarãesb, Leandro Siqueira
Fernandesa, Gustavo Yomar Hattoria,c
*E-mail: ijgazevedo@gmail.com
aUniversidade Federal do Amazonas, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal e
Recursos Pesqueiros Manaus (AM), Brasil.
bUniversidade Federal do Pará, Instituto de Geociências (IG/UFPA), Belém, Pará, Brasil.
cUniversidade Federal do Amazonas, Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia, Rua Nossa
Senhora do Rosário, 3863, Tiradentes, 69103-128, Itacoatiara, Amazonas, Brasil.
A poluição plástica ameaça ecossistemas globalmente devido à dependência econômica na
indústria plástica. Os microplásticos (MPs)são de tamanho igual ou inferior a 5 mm e estão
documentados em ambientes aquáticos, incluindo a região Amazônica, onde peixes e arraias
mostram ingestão, especialmente em riachos. Peixes comerciais como Pterygoplichthys pardalis e
Hoplosternum littorale, cruciais para a dieta local, revelam a presença de MPs em várias partes do
corpo. Esses achados ressaltam a necessidade de compreender os impactos na saúde humana e
na biodiversidade aquática. Os objetivos visam investigar a presença de MPs em duas espécies de
peixes siluriformes (P. pardalis e H. littorale), considerando sexo e partes do corpo. Identificar e
quantificar características físicas, como formato, cor, tamanho e tipo de polímero nas partículas
mais comuns, adquiridos em feiras de pescados do Município de Itacoatiara (AM).Um total de 150
indivíduos de cada espécie P. pardalis e H. littorale foram adquiridos entre julho e novembro de
2021. Em laboratório foram feitos as medições biométricas e identificação por sexo (inspeção das
gônadas).A extração de MPs envolveu dissecção do trato gastrointestinal (TG) e brânquias (B)
usando instrumentos de o inoxidável e colocados em béqueres de vidro (400 ml). Para a
digestão química do material orgânico foram utilizados 100 ml de solução com 15% v/v de H2O2 e
100 ml da solução saturada de NaCl (1,3g/cm3). Após, foram filtradas a vácuo e observadas em
estereomicroscópio acoplado a uma câmera digital. O comprimento dos MPs foi medido utilizando
o programa Motic Imagens Plus 2.0 ML. Analisaram-se dados usando análise de variância para
comparar médias de quantidade e tamanho de MPs. A correlação de Spearman foi empregada
para relacionar comprimento e peso com a contagem de MPs. As análises, realizadas no software
R Studio versão 4.2.1, apresentaram significância estatística com p<0,05. Utilizou-se
espectroscopia Raman para analisar 10 amostras dos MPs mais comuns nas B e TG,
diferenciando por cor e formato. As análises foram conduzidas no Departamento de Química
Fundamental da Universidade de São Paulo. Neste estudo, foram implementadas medidas de
controle de qualidade para prevenir a contaminação externa de MPs. Além disso, é crucial
ressaltar que nenhum animal foi sacrificado para este estudo. Os peixes analisados foram
adquiridos em mercados de pescados congelados, sendo utilizados para a pesquisa sem
comprometer o bem-estar dos animais. Um total de 683 MPs foram registradas, com média de
2,71±3,2 MPs/indivíduos. Os H. littorale obteve número de partículas (N=359; 52,6%), que variou
de 1 a 43 MPs/indivíduo. Enquanto para P. pardalis foram registradas (N=324; 47,4%), variando de
1 a 11 partículas por indivíduo. A quantidade de MPs não diferiu significativamente entre as
espécies (F = 0,0366; p>0,05), sexo (F e M) (F = 0,0000; p>0,05) e partes corpóreas (B e TG) (F =
1,7478; p>0,05). Ausência de diferença significativa também foi observada com relação ao
tamanho das partículas de MPs entre as espécies (F = 2,6554, p>0,05), sexo (F e M) (F = 0,0224,
p>0,05) e partes corpóreas(B e TG) (F = 0,8782, p>0,05).Os dados biométricos do comprimento do
corpo (cm) (rs= -0,029, p>0,05) e peso corporal (g) (rs= -0,117, p> 0,05) de P. pardalis e
comprimento do corpo (cm) (rs= -0,078, p>0,05) e peso corporal (g) (rs= -0,065, p>0,05) de H.
littorale não apresentaram correlações significativas com a contaminação por MPs.Dos 300 peixes
analisados foram registrados 252 indivíduos com presença de MPs, sendo 127 (85%) dos
espécimes de P. pardalis, que corresponde a 59,8% nas fêmeas (F) e 52,8% nas B. para H.
littorale foram registrados 125 indivíduos contaminados com MPs (83%), apresentando
contaminação 68% nos machos (M), sendo 52% no TG e B.A cor azul foi a mais abundante em P.
pardalis (85,5%)e H. littorale (85%), incluindo machos e fêmeas de P. pardalis(58% e 65%)e deH.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
42
Littorale (81% e 89%), localizados no TG, respectivamente. Quanto ao formato dos MPs a fibra foi
a mais frequente, correspondendo a 260 partículas em P. pardalis (80%) e de 331 nos H. littorale
(92%) e fragmentos com um total de 64 MPs em P. pardalis (20%) e de 28 nos H. littorale (8%).
Nas espécies P. pardalis, as fibras foram mais prevalentes em machos (81% TG, 85% B) do que
em fêmeas (77% TG, 81% B). Já nos H. littorale, as fibras foram menos frequentes em machos
(90% TG, 88% B) em comparação com fêmeas (96% TG, 89% B). As partículas foram identificadas
como polietileno tereftalato (PET) e poliestireno (PS). Conclui-se a ocorrência de partículas de MPs
em Pterygoplichthys pardalis e Hoplosternum littorale comercializados em Itacoatiara, Amazonas,
Brasil. Esta constatação é de suma importância para futuras pesquisas direcionadas para
compreender mais profundamente os efeitos dos microplásticos na saúde dos ecossistemas
aquáticos da Amazônia, bem como investigações sobre possíveis impactos na saúde humana.
Palavras - chaves: Contaminação; Pescado; Plásticos; Polímeros.
V Simpósio de Biologia Aquática e Pesca na Amazônia, 14 a 17 de novembro de 2023
© 2023 The Authors
43
USO DE EFLUENTE DE CULTIVO EM BIOFLOCOS (BFT) COMO
MEIO ALTERNATIVO PARA A PRODUÇÃO DE BIOMASSA DE
Scenedesmus acuminatus
Nascimento, R.G1; Mendes, R.C1. & Santos-Silva, E.N1
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Biodiversidade, Manaus,
AM. E-mail: renaan112@gmail.com
A biomassa de microalgas possibilita diversas aplicações, como a produção de biocombustíveis,
nutracêuticos, sequestro de carbono e na biorremediação de poluentes aquáticos. Mas, os altos
custos de produção em grande escala é um dos principais desafios para ampliar sua utilização.
Dentre estes custos, a redução dos preços elevados dos meios de cultivo é um dos principais
desafios. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi caracterizar o crescimento e a qualidade
nutricional da biomassa de Scenedesmus acuminatus cultivada em efluente de cultivo em bioflocos
(BFT) e, avaliar seu potencial como meio de cultura alternativo. Para isso, foram realizados dois
tratamentos: T1: efluente de sistema BFT e T2: meio de cultivo utilizando NPK (40:20:40). Para
cada tratamento foram utilizados três recipientes t PET (36x26x27 cm), com 25 litros de volume útil
cada. O experimento teve duração de 11 dias. A cada 48 horas foram retiradas alíquotas de 250 ml
de cada recipiente de cultivo, de cada tratamento, para estimar: curva de crescimento, densidade
celular máxima (DCM) e taxa de crescimento específico (µ). No final do experimento a biomassa
foi concentrada com o auxílio de uma centrífuga. Posteriormente, essa biomassa foi congelada a -
20 °C e submetida ao processo de liofilização (modelo L101, Liobras, Brasil), a - 55 °C e 0,13
mbar, durante 48 horas). Análise de composição aproximada: A composição centesimal (umidade,
cinzas e proteínas) foi determinada pela Associação dos Químicos Analíticos Oficiais (AOAC,
2016). Os lipídios totais foram extraídos e quantificados de acordo com Bligh e Dyer (1959) . Os
carboidratos totais foram calculados pela diferença entre os demais compostos, carboidratos = 100
(umidade + cinzas + proteínas + lipídios). Todas as análises foram realizadas pelo menos em
triplicata e expressas em g 100 g −1. Determinação de ácidos graxos: Os ésteres metílicos de
ácidos graxos foram analisados por cromatografia gasosa (GC) (modelo Shimadzu, Japão)
acoplada a um espectrômetro de massas (MS) (Plus, Kyoto, Japão) equipado com detector
de ionização de chama. Os compostos foram separados através de uma coluna capilar de sílica
fundida (RTxR-5, comprimento de 30 m, diâmetro interno de 0,25 mm e espessura de filme de 0,25
μm). As condições de operação foram as seguintes: temperatura programada da coluna, 80220
°C (5 °C min −1); temperatura do injetor de 230 °C; temperatura do detector de 240 °C; hidrogénio
como gás de arraste; velocidade linear do gás de 40 cm s −1; e proporção de divisão amostral de
1:50. Os ácidos graxos foram identificados comparando os tempos de retenção dos padrões de
éster metílico puro de ácidos graxos com os das amostras. A quantificação foi realizada por
normalização de área e os resultados foram expressos em mg 100 g −1. A curva de crescimento de
S. acuminatus nos dois tratamentos foi sigmoidal. A fase de latência para S. acuminatus foi de 0 -
4 dias nos dois tratamentos, seguida de uma fase exponencial. No tratamento BFT foi observado
uma fase exponencial mais longa, atingindo o pico da densidade celular 3x10³ cells/ml no nono dia.
No tratamento NPK a fase exponencial foi mais curta, atingindo o pico de densidade celular de
3x10³ cells/ml no sétimo dia. A taxa de crescimento específico no tratamento BFT foi de 0,18 dia-1
e 0,35 dia-1 para o tratamento NPK. A composição nutricional expressa em (g/100g) da biomassa
para os tratamentos BFT e NPK foram, proteína 16,68 e 17,18, cinzas 16,47 e 16,41, lipídeos 2,39
e 2,2, umidade 87 e 80,4 respectivamente. Nos dois tratamentos foram encontrados os seguintes
ácidos graxos: mirístico, palmítico, oleico e esteárico. Concluímos que o efluente de BFT pode ser
utilizado como meio de cultura alternativo para a produção de biomassa de Scenedesmus
acuminatus.
Palavras - chave: Biorremediação; Efluente Piscicultura; Microalgas.